Don't Let Me Down 2/2

Titulo: Don't Let Me Down

Autora: Roberta Clemente

Nota: Chloe e Oliver não são um casal.

Resumo: Uma missão errada e muita coisa pode vir a tona.

2/2

Oliver marchou para dentro do seu apartamento e não parou até chegar ao bar. Uma boa dose de álcool talvez fosse capaz de acalmar seus nervos em frangalhos. Não saberia dizer qual sentimento era mais forte dentro dele naquele momento. Raiva, medo, confusão.

Não conseguia entender como Chloe pôde se colocar em perigo daquele jeito, era tão inocente da parte dela achar que conseguiria sozinha lidar com um homem treinado que havia ferido outras pessoas, que a insistência dela em defender a ideia só lhe tirava mais do sério.

Oliver suspirou depois de virar o copo e sentir a garganta arder. "Estou virando o Clark",  ele disse em desgosto, se lembrando que ali mesmo, naquela sala, Clark o acusou de colocar Chloe em perigo e ele se defendeu usando o argumento de que Clark era superprotetor, que Chloe estava sendo subestimada e agora, estava fazendo o mesmo.

Mas não de propósito, isso não era aceitável. Oliver debateu consigo mesmo. Ela era inteligente e poderia sair de qualquer situação, acreditava nela, mas ao mesmo tempo Chloe era tão pequena e frágil. Não conseguia se lembrar da quantidade de sangue em que a encontrou e não ficar a beira de perder o juízo. 

Deveria ter ficado alguns minutos a sós com aquele ladrãozinho.Só que o medo que sentiu quando chegou até eles e o viu avançar sobre ela com uma faca foi muito maior. Não conseguiria nem explicar o que sentiu, foi como se seu coração parasse por um segundo. Chegou a pensar que tivesse chegado tarde demais e foi assustador. Por isso acabou sendo tão agressivo com Chloe quando percebeu que tudo não tinha passado de um grande susto.

Agora ela estava furiosa e decepcionada com ele. Oliver caminhou até o sofá e desabou sobre ele. Tinha feito com ela o mesmo que todo mundo, a subestimado. Chloe tinha toda a razão do mundo, teria feito exatamente o mesmo, teria se feito de isca se fosse necessário. Então por que estava tão bravo?

"Mas que merda", Oliver esbravejou, mais confuso que nunca. Se orgulhava de ser um líder a busca de justiça, a qualquer preço e agora recriminava os seus por fazer o mesmo? Talvez o estúpido fosse ele no final das contas. "Ela vai me odiar eternamente".

Alguns minutos depois sua raiva se transformou em temor. De que Chloe não o perdoasse por ser tão idiota ou que a dinâmica nunca mais fosse a mesma. Ela era tão corajosa e companheira, eles eram tão iguais, não podia tê-la tratado daquele jeito. Não era como se ele a achasse fraca, ela era forte, na verdade a mais forte entre eles, era só que... não podia perdê-la. Não podia suportar a ideia de perdê-la.

E tão rápido sua mente clareou ela foi tomada pelo irrefutável fato de que Chloe sempre esteve presente na sua vida, mesmo quando não percebeu ou deu importância. Ela o salvou de tantas formas e maneiras que nunca seria capaz de retribuir, mesmo que tentasse por uma vida inteira. Era ela quem estava lá com ele todas as noites, rindo no seu ouvido, guiando seus passos. Sem ela, sem sua presença, seus olhos gigantes sobre ele, não seria ninguém. "Eu estou perdido". Oliver cobriu os olhos em realização.

Chloe tentou dormir, mas foi inútil. Após uma longa viagem de volta e um longo banho quente sua mente foi incapaz de se desligar dos acontecimentos daquela noite. Talvez as dores no corpo, que apareceram uma a uma estivessem ajudando, mas fato era que o tamanho da decepção que estava sentindo era grande demais para suportar. Podia esperar aquilo de qualquer pessoa, de qualquer um, menos Oliver.

Ele era o seu amigo, seu companheiro, parceiro no crime, um igual. E ser tratada como se fosse inferior doeu mais do que ela imaginou. Havia se iludido, pensou que as rotinas, as noites em claro o guiando, a história de superação dos dois os tivesse aproximado, mas estava enganada.

"Parabéns, Chloe. Mais uma vez" ela disse a si mesma. Depois de mais alguns minutos lutando contra os próprios pensamento ela girou na cama e levantou devagar, segurando as costelas, que realmente começavam a incomodar bem como Emil disse. Talvez fosse um castigo por ser mesmo tão burra. Ela revirou os olhos com o pensamento.

Podia escutar Oliver chamando-a de estúpida duas vezes. "Estúpida, você é estúpida", ela se corrigiu enquanto caminhava até a geladeira, abrindo e olhando para dentro sem conseguir enxergar nada que quisesse. Sem perceber seus olhos ficaram borrados por culpa das lágrimas paradas. Ela se endireitou e respirou fundo, se negando a derrubar a primeira, mesmo que por ele.

O pensamento foi suficiente para desencadear o surgimento de novas lágrimas, que empurraram as que estavam prontas para transbordar e Chloe se odiou por chorar. Mas estava além de tudo, magoada. Acima de tudo, Oliver era seu amigo, seu melhor amigo na verdade. Tinham se aproximado tanto, se sentia tão a vontade com ele, podendo ser ela mesma, que seu coração estava tendo muito trabalho para aceitar o que tinha acontecido. Chegou a pensar que talvez ele poderia se importar com ela o tanto que se importava com ele, sentir por ela o que ela escondia todos os dias sentir por ele.

Chloe estava voltando para o quarto de mãos vazias quando escutou uma batida na porta. Ela franziu a testa, não conseguindo imaginar quem bateria aquele horário, já passara de meia noite há muito tempo. Ela apertou o cinto do roupão e foi até a porta, abrindo devagar. E apesar de estar pensando nele se surpreendeu quando viu Oliver parado do outro lado. "O que você está fazendo aqui."

Oliver engoliu seco, se sentindo nervoso de repente. Ele se endireitou, esperando o tratamento. Até pensou em lhe dar um tempo, mas precisava estar ali, falar com ela. "Eu posso entrar?" ele pediu humildemente.

Chloe refletiu um instante, então se afastou da porta, deixando aberta para ele entrar. "Para que, me dizer mais uma vez o tamanho da minha burrice? Você poderia ter usado o telefone, não precisava viajar até aqui", ela parou encostando as costas no balcão.

"Não", ele respondeu, fechando a porta atrás de si. "Eu queria ver como você está", ele deu alguns passos na direção dela, examinando seus machucados, observando a mão que ela estava usando para segurar as costelas. "Quão ruim é dor?"

Chloe desviou o olhar, incomodada com a analise dos olhos dele sobre ela. "Uma 5, com chances de um nível seis pela manhã"

Oliver ainda estava tendo dificuldade com aqueles sentimentos, em uma situação normal ele se preocuparia, mas passaria, ali e agora tudo o que ele queria era levá-la ao peito e confortá-la até a dor passar. Ele umedeceu os lábios secos e assentiu. "Você tomou alguma coisa?"

"Sim, eu tomei", ela respondeu sem muita convicção.

Ele ergueu uma sobrancelha a resposta, conhecia aquele tom. "Mesmo?"

Chloe se impediu de bufar, ela só olhou para ele, com um olhar ofendido. "O que você está fazendo aqui, Oliver?"

Oliver deu mais um passo na direção dela, criando coragem. "Eu disse. Vim ver como você está", ele deixou os olhos cair sobre o circulo roxo e inchado em volta do olho esquerdo dela. Odiando vê-la machucada."Mas também pedir desculpas".

Chloe engoliu seco e se afastou dele. "Ok. Muito bem. Agora eu preciso descansar, então se você puder..." ela parou perto da porta, não querendo ser tão direta.

"Você quer que eu vá embora?", ele perguntou sem sair do lugar.

Ela desviou o olhar por um segundo antes de encará-lo de novo. "Eu não quero ficar perto de você. Não hoje", ela disse sinceramente.

"Chloe".

"Está doendo Oliver. Eu estou magoada, ok?", ela ergueu levemente os ombros.

"Eu estou pedindo desculpas, Chloe." ele insistiu, começando a ficar impaciente.

"E eu não estou preparada para desculpar", Chloe respondeu, se encolhendo.

"Deus, como você é teimosa", ele fechou os punhos no ar. "Você está magoada, ok, mas você pode por favor, se colocar no meu lugar por um instante e imaginar como eu ficaria se tivesse chegado um minuto depois e tivesse te encontrado morta naquele beco?", Oliver praticamente gritou, fazendo tudo o que tinha jurado para si não fazer antes de sair de casa.

Chloe observou a explosão dele sem acreditar. Ela abriu e fechou a boca duas vezes antes de conseguir dizer alguma coisa. "Como você acha que eu vivo? Todas as noites eu me pergunto a mesma coisa. E se eu não tivesse conseguido desativar o alarme a tempo. Se não tivesse visto o segundo assaltante, se a sua roupa não fosse resistente o suficiente... Eu posso te perder todas as noites, mas escondo isso por que é quem você é e isso não vai mudar."

"Ok. Talvez você seja melhor que eu em esconder o pavor de perder alguém que eu amo" ele respondeu com naturalidade.

Seu rosto ficou em branco e demorou um segundo para Chloe encher o peito de ar novamente. Estaria além de cega de raiva, escutando coisas também? Tinha acabado de escutar Oliver dizer que a amava? "O que?"

Ele se mexeu no lugar e respirou fundo. "É isso mesmo. Eu ainda estou furioso e acho que enquanto você estiver machucada eu vou continuar assim. Então lide com isso. Pois é assim que eu vou reagir toda vez que um qualquer encostar na mulher que eu amo", ele admitiu, dando um passo na direção dela e mais outro quando ela não correu para longe dele.

"Oliver. Eu também te amo. Você é meu melhor amigo", ela ficou nervosa com a proximidade dele e tentou aliviar a conversa caso estivesse entendendo errado.

"Não, Chloe. Não é desse tipo de amor que eu estou falando. É além dele. " ele tocou gentilmente o rosto dela e olhou fundo em seus olhos. "Eu te amo", ele se declarou.

Chloe sentiu o coração saltar no peito. E sentiu também as lágrimas voltando, mas agora por um motivo completamente diferente. Ela inclinou a cabeça e fechou os olhos por um instante, aproveitando o toque antes de olhar para ele mais uma vez. "Eu também te amo", ela sussurrou de volta para ele. Dizendo o que esteve guardado em seu coração por meses.

Oliver suspirou aliviando e sorriu antes de se inclinar e tocar os lábios dela com os seus. E nada o prepararia para o que sentiu enquanto os moviam sobre os dela. Como seu coração acelerado se acalmou e bateu com a certeza de que aquilo era certo... e perfeito. Como voltar para casa.

Chloe se sentiu tão segura com os braços dele envolta dela que por alguns minutos se esqueceu de tudo o que aconteceu. Quando eles se afastaram em busca de ar ela quis se aproximar, mas não conseguiu. Suas costelas rapidamente a lembrou da noite quase desastrosa que teve. Ela gemeu baixinho, mais de frustração que de dor e encostou a testa na dele.

"Vem. Eu vou cuidar de você", Oliver a levou pelas mãos para o quarto.

"Mas...", ela tentou protestar.

"Sem 'mas', isso é uma ordem... Torre", ele falou em tom de brincadeira, mas ao mesmo tempo deixando claro de que não havia espaço para discussões. "Se você quer ser um membro de campo tem que saber lidar com seus ferimentos. E eu estou pronto para te passar algumas... técnicas".

"Hum. Por que não disse antes, Arrow?" ela sorriu e se deixou ser guiada por ele.

FIM.

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