sábado, 26 de junho de 2010

Distant Echoes - Tradução - Cap 3 e 4 de 20.

Oi gente!! xD Pois então, só me corrigindo, não são 22 caps (infelizmente pq eu queria maaaaaais) e sim. Bem, eu continuo traduzindo e ficar melhor a cada capítulo, não vejo a hora de chegar nos meus faves. Espero que gostem, é muuuuuuuito bom. *preparem os lencinhos*


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Capítulo 3


14 de Maio de 2010



“Arrow, qual é o seu status?” Watchtower ordenou no comunicador dela enquanto seus olhos viajaram através da tela, ela não conseguia achar o ponto verde em lugar algum e ele tinha estado lá três momentos antes “Arqueiro” ela chamou de novo, a voz firme. Clark e Oliver tinham arranjado de juntar os Kandorianos na área mais isolada de Kansas e a luta estava atualmente ocorrendo em uma fábrica abandonada, longe de qualquer cidade grande para evitar que cidadãos inocentes fossem pegos no meio dela.

“Eu estou aqui” ele respondeu um momento depois, grunhindo involuntariamente enquanto tentava se manter em contato “Nós temos a maioria dele rodeados, Watchtower” Ele olhou em volta do depósito, respirando pesadamente “Procurando pelo líder do pacote.”

“Você está machucado” o queixo dela tremeu, ela poderia dizer pela respiração dele que ele estava em dor “Arqueiro volte pra cá, você está machucado”

“Eu estou bem” ele disse pra ela, se movendo através da volta suspendida até o chão do depósito. Ele parou, pegando um sinal de uma figura rápida se movendo por baixo e sumindo de vista “Eu vi alguma coisa. Eu não sei se foi o Escoteiro ou Zod” Ele segurou na grade.

“Não era o Escoteiro” Chloe o informou, ela podia ver o ponto azul de Clark fora do prédio, o estômago dela revirando “Ele está lá fora”

“Ele está em problemas?” Oliver perguntou imediatamente, olhando pelas portas e lá pra baixo e depois para o teto. Sem nenhum ponto de saída.

Chloe mudou de canais rapidamente “Escoteiro, qual é seu status?”

“Eles estão todos cercados por exceção de um. Eu estou voltando lá pra dentro” Clark disse, a voz dele cheia de determinação.

Ela rapidamente voltou o canal “Escoteiro está voltando pra dentro, Arqueiro, volta pra cá” ela pediu de novo “Nós estamos chegando no líder”

“Tudo bem. Saindo por esse daí” ele disse pra ela, dando a volta na grade quando teve o sinal de Clark entrando velozmente pra dentro.

Chloe fechou seus olhos e suspirou em alívio quando o ouviu, ativando o sinal de calor da vista do satélite e ela viu dois pontos, um quente como o normal, que ela sabia que era característico dos Kryptonianos, circulando um para o outro não tão longe de um ponto humano “Arqueiro, se mexa rápido, isso está pra ficar feio”

“No meu caminho pra sair, Watchtower” ele respondeu, se movendo para as escadas.

* * *

14 de Maio de 2016


Lois deitou do lado oposto da cama da Chloe, onde a prima estava, olhando palidamente para a grade. Ela poderia dizer pela respiração da Chloe que ela estava tão vividamente acordada quanto ela estava. Mia e Matthew tinham ido para cama horas antes, mas as primas permaneceram acordadas, falando sobre nada e tudo, do jeito que elas tinham desde que eram garotinhas. “Eu odeio todo esse mês” A voz dela calma.

“Eu também” disse Chloe quietamente, respirando fundo e olhando para o relógio, já tinha passado das duas da manhã e ela não tinha planos de dormir “Você pensaria que teria melhorado após seis anos.”

“Mas não tem, não é?” ela suspirou “Você acha que às vezes… Talvez existam feridas que simplesmente não se curam?”

“Não, não tem...” Chloe admitiu, a voz dela ficando um pouco engasgada ”Eu acho que talvez algumas não se curem” claro que não ajudou eles nunca terem achando o corpo dele, a única coisa que estava dentro do caixão de Oliver era uma foto dele, ela não tinha estado capaz de enterrar o arco dele e aljava como ela queria, em caso de alguém abrir.

“Me desculpa, eu não estou ajudando, né?” Ela se mexeu para o outro lado para encarar Chloe. Ela procurou e pegou na mão de sua prima.

Entrelaçando seus dedos com os de Lois e balançando a cabeça “É a verdade, Lo” ela disse quebrada “Eu ainda sinto falta dele todo dia, às vezes eu sinto como estivesse chorando só porque eu olho para o Matthew e a expressão dele é tão parecida com a do Ollie, eu acho que assusto ele às vezes… e quanto mais velho ele fica, o pior vai ser porque ele começará a fazer mais perguntas...e...as memórias simplesmente nunca irão embora. E não que eu queira que elas se vão…” Mas as lembranças constantes fizeram as feridas permanecerem novas.

Lois sentiu seus olhos se esquentarem com lágrimas pelo o que parecia ser a centésima vez naquele dia e ela engoliu seco. “Eu sei” Ela se forçou a dar uma respirada, apertando a mão de Chloe gentilmente “Eu sei” ela ecoou.

“E eu não consigo senão me perguntar se eu tivesse dito pra ele antes… se ele teria sido mais cuidadoso” Chloe disse em um sussurro, ela tinha dito isso a Lois pela milésima vez isso antes, mas ela ainda se perguntava. Tudo sobre a morte dele, cada todo detalhe era um final aberto. Ali não existia absolutamente nenhum fecho, nenhum conforto, nenhuma tranqüilidade, somente questões e dúvidas e “e se”s e ela teria estando imaginando os diferentes cenários na cabeça dela de novo e de novo por seis anos, e ela sabia que nada havia mudado, mas ela não conseguia se controlar.

“Chlo... você não pode continuar fazendo isso com você mesma” ela sussurrou de volta, uma lágrima escorrendo pela sua bochecha e caindo no travesseiro por debaixo de sua cabeça. “Ollie não gostaria que você fizesse isso” Ela ficou quieta por um momento “E se ele não tivesse feito o que ele fez…” A voz dela se extinguiu e ela enxugou os olhos.

“Eu sei” Chloe tomou uma profunda, tremida respiração, silenciosa por um longo tempo, a voz dela malmente sussurrou quando ela falou novamente “A única coisa que ele mais queria na vida dele era uma família... isso... isso não é justo”

Lois mordeu seu lábio inferior e se aproximou, colocando seu braço em volta da Chloe a protegendo. “Eu sei que não é. Eu também não entendo isso.”

Chloe se enrolou na sua prima, segurando o braço dela também, fechando bem os olhos.

“Eu te amo” ela sussurrou “Tente descansar um pouco”

“Eu te amo também” Chloe murmurou, lágrimas rolando pela sua bochecha enquanto segurava o braço de Lois.


* * *


Clark não tinha deixado a Fortaleza esse ano como ele normalmente fazia, ela tinha ido pelo mundo, salvando 3 pessoas por segundo, salvando tantas quanto ele poderia, tentando cobrir isso pela vida que ele tinha perdido seis anos atrás hoje, mesmo que ele soubesse que ele jamais poderia suprir pelo o que ele fez, ele sabia que jamais seria perdoado pelo o que aconteceu.

Uma vez que ele se cansou, ele desceu no topo da antiga Watchtower e sentou. Mesmo que ele tenha tentado não fazer, ele não conseguiu não ouvir Chloe e Lois enquanto conversavam. Ele e Chloe não tinham realmente se falado nesses últimos anos, tirando o fato de serem sociais um com o outro na frente de Lois e Matthew, ele sabia que ela não queria ele por perto do garoto, que ela o acusava pelo o que aconteceu e ele realmente não poderia culpá-la por isso...

As palavras dela da última vez que eles realmente se falaram, depois da morte de Oliver, ainda ecoavam na cabeça dele. Um dos lados ruins da herança dele era que ele nunca esquecia nada, estava na memória dele como se tivesse acabado de acontecer cinco minutos atrás e toda vez que ele pensava na conversa deles, a mente dele reprisava o que tinha acontecido naquela fábrica abandonada, e o que poderia ter feito de diferente para salvar Oliver...


* * *


14 de Maio de 2010


Oliver estava na metade do caminho das escadas quando foi pego pelo sinal de alguma coisa na mão de Clark. As sobrancelhas dele enrugaram um pouco e pressionou o botão do comunicador. “Watchtower, vem cá” A voz dele estava baixa.

“O que foi, Arqueiro?” Chloe perguntou, os olhos dela arregalando quando ela viu o ponto dele parando na tela “continue se mexendo”

“O que aquela coisa azul faz?” ele perguntou na incerteza, observando os super poderosos seres lutando pelo controle da peça.

Demorou um segundo para ela entender sobre o que Oliver estava falando e em seguida seu coração parou “faz com que retire os poderes deles, Oliver, quem está aí?” Ela perguntou, esquecendo codinomes, se Zod tirasse os poderes de Clark, eles estavam em um grande problema.

“Eu não consigo dizer” ele admitiu, colocando uma flecha em sua aljava “Espera aí”

Ela poderia dizer que ele estava se mexendo, mas continuava no mesmo ponto “O que você está fazendo?”

“Preparando pra acabar com isso de uma vez por todas” ele disse calmamente, colocando seu arco para trás.

Os olhos dela se arregalaram com isso “Seja cuidadoso, ele provavelmente ouviu você!” Chloe disse urgentemente, mas mantendo a voz devagar.

Olhos de Oliver se focaram na forma de Zod quando este se impôs para agarrar a kryptonita azul de Clark. O maxilar dele tremeu e pegou a pontaria, malmente notando que os olhos de Zod já haviam parado nele. Ele sentiu seu coração começar a bater mais aceleradamente contra seu peito e sem nenhum momento de hesitação, ele mandou a flecha voando bem em direção ao coração do Kryptoniano.

Chloe se acalmou quando viu todos os pontos das três pessoas no local ainda completas.

“Arqueiro, o que está acontecendo?” Os olhos selvagemmente se abrindo quando ela viu um dos Kryptonianos começando a se mover, ela não poderia dizer quem era quem “Ollie o que aconteceu???”

Ele ouviu a pergunta da Chloe no ouvido dele, mas não teve a chance de responder enquanto repentinamente uma explosão muito barulhenta acabou com todo o depósito.

E em seguida tudo ficou escuro.

“Ollie?” O estômago dela se apertou quando toda a tela ficou vermelha, laranja, o calor na fábrica tinha se intensificado por milhares de vezes “Ollie!” Ela chamou pelo comunicador mesmo quando a tela começou a dar flashs com mensagens fazendo ela saber que as comunicações com Arqueiro Verde e Escoteiro tinham sido perdidos “Ollie, me responda!”

Mas tudo que ela conseguiu foi um silêncio mortal.


* * *


15 de Maio de 2016


Mia se contorceu contra a grade da varanda da Torre do Relógio, olhando fragilmente por toda a cidade. Ela sabia que ela deveria estar ficando preparada para sair por aí e patrulhar, mas ela não estava em um momento pra isso. Não essa noite. Não na noite anterior também. Ela suspirou suavemente e se empurrou para longe da varanda. Não importava se ela estava ou não em um momento pra isso, ela lembrou a ela mesma. Não teria importado ao Ollie se ele estivesse ali. Ele ainda teria saído por aí e ajudado quantas pessoas ele pudesse, e ela poderia fazer a mesma coisa. Ela parou quando se deparou com Chloe entrando pela porta. “Hey”

“Hey” Chloe falou quietamente e parou do lado de fora na varanda também “Ficando essa noite?”

Ela balançou a cabeça um pouco. “Não, Eu só estava indo me preparar na verdade”

Com uma respiração profunda, Chloe acenou fracamente com a cabeça “Como você está indo?” Ela perguntou para a jovem mulher, estudando ela. Após Ollie morrer, Chloe quase perdeu Mia também. Não porque ela quase morreu, mas porque ela quase fugiu. Elas somente se encontraram pouquíssimas vezes antes de tudo acontecer e foi no funeral de Ollie que ela notou o quanto Mia estava tão machucada quanto ela, levou meses até chegarem ao ponto de confiarem uma na outra, e ficarem confortáveis ao redor da outra, mas após Matthew nascer, eles três se tornaram mais como uma família. Mia tinha ajudado Chloe cuidar dele mais do que ninguém e os três tinham estado vivendo juntos desde o funeral, Chloe sentia como se ela quisesse estar perto de Matthew porque ele era única conexão que eles todos tinham com Oliver.

Miga deu os ombros um pouco, não encontrando os olhos de Chloe “Eu acho” Ela estava silenciosa por um momento “Eu continuo achando que deveria ficar fácil, mas não fica”

“Eu sinto o mesmo” Chloe admitiu, se aproximando e esfregando uma mão gentilmente pelo braço de Mia.

Ela abaixou a cabeça, seu cabelo escuro cobrindo sua face “Eu continuo achando que eu deveria estar lá. Você sabe, pra ajudar. Talvez se eu estivesse lá, as coisas poderiam ter sido diferentes”

“Então eu teria perdido vocês dois” Chloe disse fracamente, apertando o braço de Mia e olhando tristemente pra ela.

“Você não me conhecia realmente naquela época.” Mia pontuou.

“Não” Chloe concordou e respirou fundo “mas você me ajudou imensamente a passar por tudo isso”

“É, bem... Era o mínimo que eu poderia fazer, considerando” Ela olhou para longe.

“E Ollie teria sido grato por você ter me ajudado” Chloe sussurrou “e que você me ajudou a tomar conta dele”.

Mia se abraçou com seus braços. “Eu sei”. O peito dela se sentindo tão sufocada, como se não conseguisse respirar.

“Vem cá” Chloe disse calmamente, colocando seus braços e volta de Mia gentilmente.
Os olhos dela queimaram com lágrimas, mas ela os piscou de volta, determinada a não chorar mesmo ela relutante abraçando Chloe em retorno “Ta tudo bem comigo”

“Eu sei como se sente, Mia” ela disse a jovem mulher “você sabe que não tem que ser brava por mim” mesmo depois de todo esse tempo, Mia ainda tinha problemas em se abrir com Chloe às vezes, não que ela a culpasse, considerando a vida que ela teve, mas Mia tinha se tornado como uma irmã mais nova pra ela, Chloe sentia que precisava tomar conta dela, mas ela sabia que Mia estava lá para apoiá-la no que precisasse.

“Eu tenho que ser brava por mim mesma” ela respondeu calmamente “E pelo Matthew. E por todas as pessoas que precisam de ajuda” Ela silenciou por um momento. “Você vai ficar bem essa noite?” Tinha um tom incerto no tom dela.

Suspirando profundamente, Chloe confirmou, observando Mia por um momento, muito como Ollie, ela sabia que patrulhar era como terapia pra ela “Eu vou me preparar e estar online se você precisar de assistência” Chloe parou “talvez faça uma pequena patrulha essa noite?” Chloe sugeriu.

Mia não poderia discordar com essa sugestão em particular. Ela estava cansada, sugada pelos últimos dias. ”Sim eu vou” Ela forçou um pequeno sorriso, depois entrou na cobertura, indo para a sala secreta escondida por detrás das estantes de livros. Ela apertou o botão e esperou as portas deslizarem se abrindo, e depois entrou. O uniforme dela era simples – couro vermelho com amarelo, e óculos como os que Oliver costumava usar. Ela parou, olhando para o uniforme que ainda estava lá esse tempo todo. Ela tocou o couro verde por um momento, o coração se apertando mais uma vez.


Depois balançou a cabeça, o maxilar se firmando. Ela não tinha tempo pra isso. Não agora. Ela precisava sair por aí e patrulhar.


Era o trabalho dela agora.


* * *


15 de Maio de 2010


Chloe não tinha idéia de quanto tempo ela tinha estado sentada lá, no chão, curvada nela mesma, seus braços protegendo sua barriga, até que em algum momento, ela tinha parado de soluçar, observando enquanto o fogo estava extinto e somente um dos pontos mexeu, um dos pontos kryptonianos mexeu. Ela sabia o que tinha acontecido, ela sabia que havia perdido ele.

Ela tinha perdido ele e ela nunca tinha dito a ele que eles estavam indo ter um bebê. Ela nunca tinha dito a ele que ela o amava.

Não foi até as portas do elevador se abrirem atrás dela que ela piscou, mas ela não se moveu, ela não queria porque mexendo ou falando ou fazendo qualquer coisa faria aquilo real.
A expressão de Clark era uma de culpa, de arrependimento. “Chloe”. A voz dele malmente audível.

Quando ela ouviu a voz dele, tudo que Chloe fez foi fechar os olhos e apertar ainda mais os braços em volta dela, ela não queria ouvir aquilo.


“Sinto muito” ele sussurrou “Chloe, Oliver está-“


“Não” ela sussurrou, escondendo o rosto dela em seus joelhos. Estava acontecendo de novo, depois de um ano isso estava acontecendo de novo, e ela não poderia nem conseguiria agüentar, não por de baixo dessas circunstâncias.

“Ele salvou a minha vida. Ele salvou a todos nós” Ele engoliu seco, chegando perto “Zod está... ele matou ele”


Ela não estava notando que ela estava chorando de novo até um soluço a atingir, seus braços apertando sua barriga ainda mais.

“Não havia tempo. Tudo simplesmente… tudo aconteceu tão rápido, Chloe. O prédio...”


Tudo o que ela queria fazer era dizer a ele para calar a boca, para deixá-la em paz, mas não conseguia achar nela capacidade para falar.


“Me desculpa” ele sussurrou, hesitantemente se aproximando dela, seu casaco chamuscado de fuligem e fumaça.

Chloe poderia sentir o cheiro dele, o cheiro de fumaça, de queimação, colocou ela perto da realidade, o fato de que ele Ollie tinha simplesmente sido queimado vivo. Ela queria estar doente.

“Fala comigo” A voz de Clark estava cansada.

Ela não conseguia, ela não queria falar com ele, ela queria que Ollie fosse aquele que voltasse pra casa.

Ele se abaixou, agachando-se em frente a ela e pondo suas mãos nos ombros dela “Chloe”

Chloe se desviou pra longe do toque dele, soluçando forte quando ele a tocou.
Ele começou a dizer alguma coisa quando ele ouviu um som… alguma coisa que soava como se estivesse distante, mas não estava. Era um batimento cardíaco. Não era dele. Não era da Chloe. Mas de outro. Muito fraco, porém rápido. Ele prendeu a respiração. “Você está…”

Ela tremeu completamente, braços ainda em torno da barriga, mesmo ela não estando totalmente avisada sobre isso, no fundo de sua mente, ela sabia o que Clark tinha ouvido.

“Meu Deus. Você está grávida?”

Chloe fechou seus olhos com força, abaixando a cabeça, “Eu preciso dele” ela ordenou, sua voz quebrando em um soluço secamente.

Ele voltou um pouco para trás. “Eu não acredito que ele fez isso a você!”

Os olhos dela se arregalaram as palavras dele e ela finalmente virou para o encarar.

“Ele nunca deveria ter ido em frente! Ele deveria ter ficado aqui, com você!”

“Ele não sabia!” A voz de Chloe estava tão alta, tão poderosa, ela não sabia da onde aquilo tinha vindo “Você o apressou, você não me deixou falar pra ele!”

Clark recuou com isso “Eu também não sabia!”

Ela se forçou a uma posição em pé, o corpo dela inteiro tremendo com raiva subitamente “Essa era sua guerra e você pediu pela ajuda dele! Você supostamente era para proteger ele, trazer ele de volta seguro!”

“Eu fiz o melhor que eu pude, Chloe!”

“Não, você não fez!” Ela deu passos a frente, mãos fechadas “você não fez o que tinha que fazer, você não nos deixou fazer o que tinha que ser feito enquanto nós ainda podíamos fazer e agora é tarde demais!”

Ele deu outro passo para trás, olhos arregalados e a encarando em choque. “Isso não é verdade”
“Como não é verdade! Zod deveria ter sido morto meses atrás, muito antes de ter poderes, todos eles deveriam ter morrido” Chloe disse duramente, outro soluço seco a atingiu “Nós esperamos, você queria isso! E agora Ollie se foi, porque você não conseguiu matar Zod quando você teve a chance”

“Porque assassinar nunca é a resposta, Chloe! Eu não sou um assassino!” Dessa vez a voz dele foi dura também.

“Você é um covarde!” Ela gritou, voz tremendo de raiva “e por causa de que você não consegue limpar sua própria bagunça, meu bebê vai crescer sem um pai, por causa de você Oliver nunca vai encontrar a família dele, por causa de você, Eu perdi outra pessoa que eu amei!”.

Ali estava um respiro ofegante vindo do elevador e Clark se virou para ver uma jovem morena mulher parada ali. Ele piscou os olhos algumas vezes, tentando lembrar do nome dela, mas nada veio a mente.

Chloe tremeu completamente mais uma vez e se virou para olhar o elevador, olhos arregalados, “Mia”, ela sussurrou, mal conseguindo respirar, ela estava tão zangada, tão devastada, sua cabeça estava girando.

“Ele está morto?” A voz dela estava chocada.

Engolindo seco, Chloe tomou uns passos a frente e confirmou com um aceno de cabeça.

Clark estava congelado no lugar dele, nem notando que a jovem menina rapidamente havia fechado a porta do elevador uma vez mais.

“Mia, espera” Chloe andou, tentando pará-la mas só observou enquanto o elevador se moveu pra longe da porta parada.

“Deixe ela ir” Clark disse.

O som da voz de Clark trouxe a raiva de Chloe toda de volta e quando ela se virou para encará-lo de novo, ela estava respirando com dificuldade, seus olhos obscuros, “Sai daqui” lentamente falando, perigosa “sai daqui e fique longe da minha família”.

Ele a encarou “Chloe, você não quer dizer isso”

O maxilar dela estava tão firme, que ela estava surpresa de seus dentes tão terem se quebrado. Chloe foi pra longe dele, dentro da sala secreta que Oliver mantinha seu uniforme e saiu de lá, segurando um dos punhais de kryptonita que eles tinham feito meses antes por de trás de seu antigo melhor amigo “Sai. Fora”

Quase instantaneamente uma náusea veio sobre ele e ele se desequilibrou. “Chloe... não… faça isso”

“Agora!” Ela gritou bem alto, sua mão tremendo com raiva quando ela pôs o punhal na direção dele, lágrimas rolando em seu rosto.

Ele se afastou dela, indo para o elevador, um braço em seu abdômen. “Me desculpa” ele sussurrou.

Uma vez que a porta do elevador fechou, ela atirou o punhal com todas as forças possíveis que ela poderia, e então colidiu cansadamente no chão, seu corpo todo tremendo de raiva enquanto ela se enrolava, escondendo seu rosto em seus joelhos, começando a chorar fortemente de novo.

***fim do cap 3***


Capítulo 4


30 de Maio de 2016



Depois de levar Matthew para a escola, Chloe fez o caminho dela para as Indústrias Queen para a reunião mensal com Tess. De acordo com o testamento de Ollie, todos os bens deles foram deixados para Chloe, Mia, Bart, AC, Victor, Lois e Dinah, incluindo a sócia de sua companhia. Quando o time descobriu que Chloe estava grávida, todos eles concordaram em devolver o dinheiro, eles sentiram que a companhia deveria ser herança de Matthew, através de Chloe e eventualmente, Chloe aceitou seu papel.

Ela não ordenava nenhum dos negócios. Tess Mercer fazia. Por tudo que ela tinha feito, Tess era uma boa mulher de negócios e Chloe tinha que lidar com muita coisa pra pensar nisso também, então como a presidente da LuthorCorp, ela também pegou o comando das Indústrias Queen, e com o tempo, Chloe começou a ficar mais envolvida e requisitando notícias de Tess, para ter certeza dela que o futuro financeiro de seu filho estava seguro e tudo que Ollie e seus pais tinham trabalhado estava salvo, que foi quando eles levantaram esse itinerário.

Chloe andou para dentro do escritório que costumava ser o de Ollie e agora pertencia a ela sempre que ela optasse ir a companhia e trabalhar, e esperou por Tess enquanto pegou os relatórios que tinham sido cuidadosamente colocados a mesa para ela na noite anterior. Ela tinha cancelado a última reunião, que deveria ter sido no dia 15 de Maio, indo de encontro a outra data, mas Tess tinha estado esperando isso, ela sempre cancela essa reunião do ano.

Tess entrou no escritório exatamente às 11:30, dando a ela um rápido aceno de cabeça. “Chloe” ela cumprimentou.“Tess” Chloe cumprimentou de volta, sentando na cadeira e se cuvando para por os braços em cima da mesa “Eu já acabei de ver os relatórios”

Ela se sentou na cadeira em frente a mesa de Chloe. ”Não demorou tanto assim” ela casualmente observou.

“Eu cheguei aqui mais cedo do que o usual” Chloe disse, um sorriso leve em sua face, agora que o ano escolar estava quase terminando, Matthew estava na verdade gostando de ir a escola e não estava mais fazendo birra ao sair do carro pela manhã.

Tess levantou a cabeça para o lado, estudando ela por um longo momento. “Bem, depois disso, vamos direto aos negócios. Alguma pergunta sobre os relatórios?”

“Não” Chloe disse a ela “parece que quase nada tinha mudado no mês passado.”

“Não tinha” Tess confirmou “As coisas estão estáveis”

“Você está fazendo um ótimo trabalho” Chloe disse com um aceno, e um elogio sincero “você disse no seu email que tinha algo que você queria discutir?”

“Eu disse” estudando Chloe. “Há alguns negócios que estão surgindo em Star City que precisarão de atenção. Eu não posso ir. Eu pensei que talvez você quisesse a oportunidade”

Isso fez Chloe parar, Star City era sempre um estranha experiência para ela, ela nunca esteve lá com Oliver enquanto ele estava vivo, mas ela tinha estado algumas vezes no passado há uns anos atrás com propósitos profissionais e ainda, cada esquina da cidade lembrava ele a ela, o nome Queen ainda estava em todo o lugar e o povo o celebrava por tudo que ele tinha feito a cidade “Que tipo de negócio?”

“Um evento de caridade para as crianças de Hospital Geral de Star City” Ela parou por um momento. “Os Queens sempre tiveram sido os maiores contribuidores” A voz dela cresceu, porém um pouco mais cautelosa.

Chloe respirou fundo e olhou para os arquivos por um momento, “Quando é?”

“24 de Junho” Tess respondeu, a observando. “Existe um monte de planejamento para ser feito em um curto espaço de tempo, mas se alguém além de mim é capaz de cuidar disso, tenho certeza que é você.” O elogio foi sincero da parte dela também.

Estando recebendo um elogio vindo de Tess ainda fazia Chloe levantou uma sobrancelha toda vez agora e depois, mas ela se acostumou a ir com isso, ela não confiaria a outra mulher mais do que negócios, mas ela a respeitava e agora a entendia e os motivos dela muito melhor do que fazia no passado.Com um aceno, Chloe levantou “As férias de verão do Matthew começam semana que vem, então eu devo estar disponível para levar ele e Mia comigo”

A expressão de Tess suavizou só com a pequena menção do filho de Chloe. “Como Matthew está?”

“Ele está bem” Chloe disse quando respirou fundo “parecendo mais e mais como o pai dele todo dia”

Os olhos dela se baixaram para a mesa “Deus nos ajude”

Chloe na verdade sorriu com isso “Ele carrega o arco dele em todo lugar também, eu não sei se deveria estar orgulhosa ou preocupada”

Um fraco sorriso apareceu nos lábios da ruiva ao ouvir isso “Se eu fosse você? Provavelmente ambos.”

“Muito de como eu me sinto” ela concordou, o sorriso se alargando mais e ela mirou para a mesa também, ela sabia qual seria a reação de Ollie ao interesse de Matthew, ele estaria radiante sobre isso a cada chance que tivesse, falando que Matthew tinha um talento natural e que deveria ser encorajado.

Tess sorriu um pouco mais, mas depois acabou. “Bem, você mais perguntas? Ou eu deveria simplesmente lhe dar toda a informação que eu tenho sobre o último evento de caridade?” Ela se ajeitou em seu assento.

“Me mande um email com tudo e uma vez que eu o tiver, talvez tenha alguma questão, mas eu acho que está tudo ok por hoje” Chloe disse, seu sorriso desaparecendo também e voltando ao clima profissional.

“Tudo bem” Tess encarou seus pés, respirou fundo e saiu pela porta, seu peito mais apertado que o normal, normalmente era toda vez que ela via Chloe ou pensava sobre Matthew ou Oliver.
Chloe observou enquanto Tess andou para fora da sala e esperou até a porta estar fechada para suspirar profundamente, passando suas mãos pelo seu rosto antes pegar os arquivos e sair, Matthew tinha estado apenas duas e únicas vezes em Star City, ela se perguntava como ele pensaria agora que está mais velho.


* * *


16 de Setembro de 2010.



Tess Mercer fez o caminho dela para o elevador na torre do relógio de Metrópolis, uma pasta de arquivo presa debaixo do braço. O queixo dela estava firmado com determinação. Ela não tinha visto Chloe Sullivan desde o dia que as duas tinham sido presas juntas no que a loira chamou de Watchtower. E ela não estava exatamente procurando por um reencontro, mas tinha que ser feito. Negócios requeriam isso. Ela ainda estava fracamente chocada que Oliver tenha deixado a companhia dele em mãos de não sabiam nada de como tocar um negócio, mas afinal, ele sempre tinha um jeito de surpreendê-la quando ela menos esperava.

Ela pressionou o botão da cobertura e esperou, olhando para a câmera com uma expressão neutra. Sem dúvidas ela estava sendo observada.

E ela estava sendo observada, Chloe franziu as sobrancelhas quando viu a mulher subindo com papéis em sua mão em vez de uma arma, mas Chloe não iria aproveitar nenhuma chance, ela já teve um pouco de dificuldade, ela estava quase com 7 meses de gravidez agora e o impacto do bebê dela estava ficando maior e mais pesado a cada dia. Ela andou até o armário secreto de Oliver e pegou uma arma, esperando para que a outra mulher entrasse na Torre do Relógio.

Tess saiu do elevador e olhou em volta, parando quando ela viu uma arma apontada para ela.

“Você deveria ter aprendido a não brincar apontar brinquedos que você não agüenta, Chl…” A voz dela sumiu quando ela pegou o sinal da loira e realmente olhou pra ela. Seus olhos se arregalaram em choque.

Bem, Chloe teve o fator surpresa ao lado dela, então ela ajustou a arma em sua mão, não disparou, “O que você está fazendo aqui?”

A ruiva parou por um longo momento, seu olhar preso na barriga da loira. “Você está grávida.”

“Dez pontos pela habilidades de observação” Chloe disse duramente, seus olhos estreitando, ela não teria sentido tão ameaçada pela presença de Tess se ela não sentisse que precisava proteger seu bebê, mas claramente não era o caso.

Demorou um bom momento até se recuperar do choque e achar sua voz novamente. Ela não fez menção de chegar perto da mulher. “Há quanto você está…?”

“Vinte e quatro semanas” Chloe respondeu, não se mexendo enquanto estudava Tess, não parecia que a mulher estivesse armada, mas ela não daria oportunidades.

”Do Oliver” ela murmurou, a expressão dela aparecendo com um misto de emoções.

Depois de um momento, Chloe baixou a arma, agora que Tess chegara a essa conclusão, Chloe não achou que fosse um grande empecilho, mas ela ainda segurava a arma firmemente. “Tão esperta” ela disse defensivamente.

Tess estava silenciosa, depois puxou a pasta do braço dela “Aqui está alguns papéis que você precisa ver. Ele deixou praticamente tudo pra você e seu clube secreto.”Chloe considerou Tess por um momento e andou para perto, segurando os papéis com uma mão.

“Eu sei que ele deixou.”Ela ouviu essa sem muitas palavras, observando Chloe pelas costas.

“Eu estava começando a pensar nisso como um ato insensato da parte dele considerando que muitos de vocês falharam em fazer seja lá o que for com a Companhia dele.

“Mas agora você mudou de idéia?”Chloe perguntou revirando os olhos, abrindo os documentos depois de colocar a arma na mesa atrás dela, bem longe de Tess.

"Agora eu vejo que pelo menos um de vocês tem estado ocupado” ela respondeu, colocando suas mãos cruzadas em seu peito.

"Os outros não estão interessados na Companhia” Chloe a informou “Eles tem coisas mais importantes com o que se preocupar.”

Tess silenciou por um momento. “Claramente você também”

Chloe fechou a pasta e franziu as sobrancelhas para Tess “Sim, eu tenho e claramente você está mais interessada no fato de que eu estou tendo um bebê do Ollie do que na razão a qual você veio aqui em primeiro lugar.”

“É… inesperado” ela disse cuidadosamente.

Com uma respiração profunda, Chloe olhou para longe e acenou confirmando “Sim, é sim.”

Ela observou Chloe por alguns segundos, depois soltou lentamente. “Tudo tem estado bem?”

Chloe parou perante a questão e depois franziu as sobrancelhas, olhando de volta para Tess “Com a minha gravidez?”

“Sim” Tess respondeu, a analisando.

Ela olhou Tess desconfiadamente e passou sua mão livre sobre sua barriga de forma protetora “Sim, ele é saudável”

As palavras da loira a pegaram fora de guarda mais uma vez e ela sentiu seu peito se apertar.

“Bom”. Tess hesitou um momento, depois se voltou para o elavador. “Vá ver os relatórios quando você tiver tempo. Se você tiver alguma dúvida, sinta-se livre para me ligar ou mandar um e-mail.”

Chloe olhou para os documentos e respirou fundo, antes de olhar Tess novamente, “Você está tomando conta da Companhia?”

“Sim” ela disse simplesmente, olhando de volta para Chloe também “Eu tenho isso sob controle”

Com um aceno de cabeça, Chloe segurou o olhar de Tess “Eu devolverei isso a você em breve”

“Tenha seu tempo” Ela parou quando foi fechar a grade do elevador. “E tome conta de você”. Sem esperar por uma resposta, ela fechou rapidamente.

***fim do cap 4***

próximo

quinta-feira, 24 de junho de 2010

I’ll Explain Everything When It’s Friday – Capítulo 4

Bom, gente, aqui está mais um capítulo. Quero logo dizer que o próximo capítulo tem cenas NC-17, a própria Chloe avisa no fim deste capítulo. ^^ Só pra deixar claro para quem não se sentir a vontade. E pra quem estava se perguntando porque essa fic está no blog JUSTCHLOLLIE, o próximo capítulo vai mostrar isso também. =D A parte em itálico é flashback.

Boa leitura!

[Personagens e história não nos pertencem.]

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16 de Outubro, 2008 (Dia 2)

Chloe acordou assustada, de novo, ela tinha a sensação de que alguém a estava olhando, de novo. “Eu te comprei um colchão muito bom e muito caro.” Oliver disse. Chloe sentou confusa. “Eu testei pessoalmente. Fui à loja fisicamente e deitei no colchão pra ter certeza de que era confortável.” Ele sorriu.

“Você entrou sozinho do novo?” Chloe perguntou bocejando. Ela olhou ao redor tentando entender como foi parar no sofá.

“De novo?” Ele a olhou confuso. “Sou o dono do prédio.” Oliver argumentou. “Eu bati por vinte minutos. Então, por que você está dormindo no sofá?” Ele perguntou.

“Eu fui dormir na cama e o colchão é realmente incrível.” Ela coçou a cabeça. “Devo ter levantado no meio da noite e não ter conseguido voltar dormir.” Ela andou para a cozinha e franziu a testa quando notou que a cafeteira estava desligada da tomada. Ela sacudiu a cabeça e a ligou, começando um pote de café.

“Desculpa.” Oliver disse. “Se eu entrar só te incomoda posso sair e bater de novo.” Oliver ofereceu.

“Não, está bem, não se preocupe.” Ela ligou a cafeteira, com algo chamando a atenção dela subconscientemente, e a cafeteira explodiu. Chloe pulou para trás e pegou uma toalha, batendo nas chamas quando de repente a luz se foi. Ela gemeu e pegou uma luva para tirar o cabo da tomada. “Pensei que o eletricista tivesse consertado isso.” Chloe suspirou.

“Esqueci de chamar o eletricista.” Oliver disse. “Desculpa. Você deixou o computador ligado ou algo assim?” Oliver perguntou.

“O eletricista veio ontem e disse ter consertado tudo.” Chloe reclamou, pegando uma faça do balcão e indo em direção ao corredor.

“Ei, pessoal, que barulho é esse?” AC falou e então bateu contra a mesa. “Merda!” Chloe ouviu algo quebrar de novo. Ela deu a volta no vidro quebrado e foi abrir a caixa do registro só para ver o papel de parede intacto novamente. “Você consertou isso ontem?”

“O quê?” AC perguntou, ainda meio dormindo e congelado no lugar.

Chloe sacudiu a cabeça e pegou um pedaço de vidro do chão, rasgando o papel novamente. “O que você está fazendo?” Oliver perguntou chocado enquanto Chloe terminava de cortar o papel e o afastar revelando o registro. “Como você sabia que isso estava aí?”

“Eu...” Chloe parou enquanto mexia no interruptor principal e as luzes voltaram. Ela notou que o pedaço de vidro era o mesmo que ela usou no dia anterior. Um pedaço do vaso que tinha sido quebrado e jogado no lixo. “Vocês colaram isso de volta?” Ela perguntou a AC e Oliver, confusa.

“Ontem?” AC ergueu uma sobrancelha enquanto Chloe mexeu no armário e pegou uma vassoura.

“Deixa isso comigo. Porque você não vai arranjar um café?” Oliver tirou a vassoura dela e começou a varrer.

Chloe balançou a cabeça, calçou os sapatos e pegou uma jaqueta, não conseguindo ignorar a sensação de que tinha algo estranho com esse dia. Ela quase bateu contra a mesma garota de ontem, a garota que ela podia jurar que tinha sido expulsa do prédio. “Espera, espera, eu tenho aqui, eu tenho aqui!” A garota mostrou algumas moedas e o guarda nem parou enquanto imprimia o ticket. “Não.” A garota gemeu. “Eu estava bem ali, eu estava bem ali.”

“Tarde demais.” O guarda passou para o próximo carro. Chloe virou à esquina ouvindo a mulher começar uma briga com o guarda. Ela saiu do caminho de novo quando o mesmo office-boy de bicicleta, o que ela viu ser colocado em um saco no dia anterior, quase a atropelou e correu para a rua. De repente ela sabia o que ia acontecer e esticou a mão, mas era tarde. Chloe ouviu de novo, pneus cantando, pessoas gritando e uma forte batida. Ela parou e fechou os olhos, não queria se virar, tinha que se virar. Ela sabia o que ia ver, mas ainda sim foi pega de surpresa. E lá estavam o ciclista e a bicicleta, bem como no dia anterior, e a mesma BMW fumaçando e amassada. “Isso está virando loucura.” Chloe se virou, a ambulância gritando à distância enquanto ela corria para o jornaleiro mais próximo.

Ela pegou o Planeta Diário e franziu a testa ao ver a data. “16 de Outubro, 2008.” Ela sacudiu a cabeça. “Você já tem o jornal de hoje?” Chloe perguntou para o homem.

“Esse é o jornal de hoje.” Ele resmungou.

“Não, esse é o jornal de ontem.” Chloe mostrou. “16 de Outubro.”

“Moça, hoje é dia 16 de Outubro.” O homem disse.

“Não, hoje é dia 17 de Outubro, sexta-feira.

“Hoje é quinta-feira.” O homem sacudiu a cabeça e foi até o próximo cliente.

“Mas que diabos?” Chloe murmurou. Ela pagou pelo jornal e quatro copos de café e caminhou de volta para a Fundação Ísis. Passou rápido pelo local do acidente enquanto colocavam o ciclista no saco de novo. Ela passou pela mesma mulher, gritando com o motorista do guincho de novo. Ela sacudiu a cabeça e correu escada acima, agora realmente assustada, e abriu a porta, só para escorregar pelo chão, de novo. “Merda.” Ela tentou não cair de bunda quando Bart saiu do nada e a segurou.

“Cuidado.”

“O que...” Ela olhou para o banheiro de onde vazava água. “Você usou o vaso.”

Ela suspirou.

“Esqueci, Chloe. Desculpa.”

“Veja se não está vazando lá para baixo, hein?” Ela o empurrou do caminho e foi até o banheiro onde Oliver estava sentado no chão com Victor ao seu lado.

“Não, a água ainda está ligada.” Oliver falou ao telefone. “Porque estou olhando para ela enquanto ela está se derramando do vaso.” Ele pausou. “Eu não sei que válvula você virou, mas obviamente não era essa.”

“Desliga a válvula atrás do vaso.” Chloe disse ao Oliver.

Oliver espiou e se esticou atrás do vaso. “Hum. Que tal isso.” Ele sorriu enquanto virou a válvula e a água parou. “Consertei.”

“Não, você parou a água.” Chloe foi até o armário e pegou mais toalhas e o encarou.

“Eu sei, esqueci de chamar o encanador e o eletricista.” Oliver disse timidamente.

“Tem café na cozinha.” Ela deu uma toalha a ele e saiu. “Este dia está familiar para você?”

“Como assim?” Oliver perguntou. “Como Dèjà vu?”

“Tipo assim.” Chloe parou quando uma porta bateu e a gritaria começou de novo.

“Jeremy, isso não foi culpa minha.” A garota do apartamento ao lado gritou.

“Você fez com que o meu carro fosse guinchado.” Uma voz masculina gritou de volta.

Você fez com que seu carro fosse guinchado.” A garota gritou. “Eu posso ter me esquecido de colocar dinheiro no registro do estacionamento, mas as outras três multas foram suas, lembra?”

“Esse era pra ser o meu primeiro dia no trabalho novo. Meu primeiro dia. Sem esse trabalho não podemos pagar o aluguel, se não pagarmos o aluguel vamos ser expulsos. Jesus, Julia! É melhor eu conseguir pegar o ônibus e chegar lá a tempo.” Eles ouviram a porta bater de novo e então soluços de choro.

“Uau. Paredes finas.” Oliver disse. “Provavelmente devemos nos lembrar de não gritar pela sala sobre nossas identidades secretas.” Ele sorriu.

“Vou pendurar um aviso.” Chloe disse distraída. “Eles vão ser expulsos.”

“Você não sabe disso, talvez ele consiga e tudo fique bem.” Oliver olhou para o relógio. “Vou trocar de roupa. Vou estar em reuniões o dia todo, mas apareço mais tarde.” Chloe simplesmente fez que sim com a cabeça. “Ei, não quero que você pense que eu penso que não sei o que você está fazendo. Eu simplesmente gosto da companhia.” Ele pontuou. “E do café.” Ele ergueu o copo e andou em direção à porta.

“Eletricista e encanador.” Chloe gritou para ele. “E uma cafeteira nova!”

“Saquei!” Oliver gritou de volta.

Chloe sentou à mesa e refez e trabalho que fez no dia anterior enquanto os rapazes consertavam a bagunça. De novo, Oliver mandou um mensageiro com a mesma máquina de café e cappuccino de alta tecnologia envolta no mesmo laço verde bonito. “Caramba.” Chloe olhou para ela e suspirou, sabendo que não teria um café fresco hoje, de novo. Enquanto Victor e Bart tentavam fazê-la funcionar Chloe os interrogou.

“Então, nada disso é familiar para vocês?” Chloe perguntou. “Nada?”

“Se isso fosse familiar para mim, você acha que me levaria duas horas para entender como ligá-la?” Victor perguntou.

“Ok, não estou falando da máquina, estou falando sobre hoje, digo, você não estão sentindo como se já tivessem vivido isso antes?” Chloe perguntou.

“Como Dèjà vu?” Bart perguntou.

“Não, quero dizer...” O telefone de Chloe tocou e ela desistiu da conversa para atendê-lo. “Oi, Lois.”

“Oi, Chloe.” Lois disse. “Como vai esse ótimo trabalho novo sobre o qual você não me fala nada?” Lois perguntou.

“Você precisa de fiança?” Chloe se lembrou do dia anterior.

“Eu... Como você sabia?” Lois perguntou confusa.

“Chute de sorte.” Chloe pegou a bolsa. “Vai custar cinco mil dólares, você vai ficar me devendo.”

“De jeito nenhum vai ser cinco mil, isso é para roubo.”

“Chegou aí em um minuto.” Chloe desligou. “Pessoal, desistam. Confiem em mim, vocês não vão conseguir.”

“Não vamos nos render nunca.” Victor brincou enquanto Bart apertou um botão e uma rajada de vapor acertou Victor no rosto.

Chloe terminou de assinar os papéis enquanto eles traziam Lois dos fundos. “Como te disse, cinco mil dólares.”

Lois encarou o policial enquanto ele soltava as algemas dela. “E como eu te disse, roubo.” Ela pegou os papéis, leu e fungou. “Espionagem corporativa? Eu peguei alguns documentos e tirei umas cópias.”

“De ativos financeiros confidenciais da LuthorCorp.” Chloe pontuou e quando Lois abriu a boca para protestar Chloe a interrompeu. “Eu sei que ele está desviando milhares de dólares com corporações fantasma que ele diz estarem indo para a caridade, mas você não pode encurralar o Lex assim. Ele é dono do jornal e seu chefe e ele não vai deixar você fora das rédeas, só está soltando a corda o suficiente para você se enforcar.” Chloe suspirou. “Digo isso por experiência própria.”

“Como você sabia sobre as corporações fantasma?” Lois perguntou confusa.

“Tenho meus meios.” Chloe sorriu. “Entra aí, Lex fez seu carro ser guinchado, te dou uma carona por um copo de café.”

“Combinado.” Lois suspirou.

Quando Chloe chegou ao Planeta Diário seu telefone tocou e ela o tirou, havia uma mensagem de texto do Victor. “Você poderia trazer Starbucks na volta?” Ela sacudiu a cabeça e entrou no prédio, pegando seu passe de visitante e caminhando até a mesa da Lois enquanto ela foi pegar café.

“Ei, o que você está fazendo aqui?” Clark perguntou enquanto Chloe absorvia a sala de notícias, com a sensação de que estava esquecendo alguma coisa.

“Pagando a fiança da sua parceira para tirá-la da cadeia por uma variedade de acusações.” Chloe sorriu.

“Em primeiro lugar,” Lois colocou o copo de café na mão da Chloe, “parceiros não, parceiros nunca. Trabalhamos juntos às vezes, quando acho que devemos.” Lois se sentou. “E eu disse que te pagaria.”

“Você se importa em tentar o financeiro para me reembolsar? Tipo, antes cedo do que nunca.” Chloe perguntou.

Lois pareceu confusa, mas balançou a cabeça e saiu. “Oliver não está te pagando o suficiente?” Clark perguntou.

“Não, eu preciso falar com você a sós por um minuto.” Chloe segurou o braço do Clark. “Algo está estranho aqui. Estou presa em algum tipo de loop de tempo ou algo assim.”

“O quê?” Clark perguntou confuso.

“Eu já vivi este dia antes.” Chloe disse. “Tudo isso, a cafeteira explodindo, o vaso sanitário transbordando, Lois sendo presa, tudo isso.”

“Você viveu este dia antes?” Clark perguntou. “Nunca ouvi falar de nada assim, quero dizer, você tem certeza? Tem certeza de que não teve simplesmente um sonho muito vívido ou talvez seja Dèjà vu?”

“Clark, não foi um sonho, não é Dèjà vu.” Chloe sacudiu a cabeça. “Lois vai voltar e arrancar o controle remoto do Tim ali porque...” Chloe parou relembrando. “Oh droga, Lex.”

“Lex?” Clark perguntou e assistiu enquanto Chloe arrancou o controle remoto de Tim e ficou mudando os canais. Assim que ela achou o que procurava, o salão ficou barulhento e Lois chegou correndo.

“Vocês nunca vão acreditar nisso.” Lois disse e Chloe acenou para a televisão.

“Repetindo, há cinco minutos foi confirmado que Lex Luthor faleceu a caminho do Hospital Geral de Metrópoles às 6:05 da tarde.” O apresentador disse. Clark, Lois e Chloe encostaram-se à mesa, atônitos. “Não há confirmação da causa da morte até agora, porém um dos paramédicos disse haver sinais de envenenamento e problemas respiratórios. A polícia está interrogando todos que tiveram contato com o Sr. Luthor nas horas anteriores à sua morte então é possível dizer que eles não acreditam ter sido acidental.”

“Lex Luthor morreu?” Chloe disse chocada. “De novo?”

“Não posso acreditar nisso.”

“Não posso acreditar que não estávamos lá.” Lois retrucou. “Acorda Smallville, essa é a história do século e estamos aqui conversando.” Ela pegou sua bolsa e então o braço do Clark e o puxou para a porta.

“Caramba.” Chloe sacudiu a cabeça, imaginando pela centésima vez o que diabos estava acontecendo com ela.

“Então, já divulgaram a causa da morte?” Oliver falou da cozinha.

“Não.” Chloe sacudiu a cabeça sentando no sofá, tentando imaginar porque isso estava acontecendo.

“Eu vi os vizinhos sendo expulsos quando cheguei.” Oliver olhou para Chloe. “Como você sabia que ele não conseguiria?”

Ela abriu a boca para responder quando ele deu a ela um copo de café. Ela queria dizer tudo a ele, queria que ele a ajudasse a descobrir o que estava acontecendo, mas estava cansada, já viveu esse dia duas vezes e só queria ir para a cama e esquecer tudo isso. “Chute de sorte.” Ela sorriu. “Você não conseguiu fazer a outra funcionar, não foi?”

“Não, comprei uma nova e mais simples.” Ele sacudiu os ombros e notou que ela parecia muito distraída, meio fora de si. “Chloe...” Oliver começou a falar quando o eletricista entrou.

“Tudo pronto moça.” Ele sorriu e Chloe o levou até a porta.

“Eu devo ir também.” Oliver sorriu. “Bem, com tudo o que aconteceu, você bem que podia dormir cedo hoje.”

“Poderia dormir na minha própria cama.” Chloe sorriu.

“O colchão é realmente incrível.” Oliver assegurou.

“Boa noite, Oliver.” Chloe sorriu e fechou a porta.

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16 de Outubro, 2008 (Dia 3)

Chloe acordou assustada, de novo, com a sensação de que alguém a olhava, de novo. “Eu te comprei um colchão muito bom e muito caro.” Oliver disse. Ela sentou rapidamente e olhou ao redor. “Eu testei pessoalmente. Fui à loja fisicamente e deitei no colchão pra ter certeza de que era confortável.” Ele pontuou.

“Que data é hoje?” Chloe perguntou.

“O quê?” Oliver perguntou confuso. “É quinta-feira, 16 de Outubro.”

“De novo?” Chloe caiu de volta no sofá e gemeu. “Você só pode estar brincando.”

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16 de Outubro, 2008 (Dia 147)

“Ele foi envenenado no segundo dia também?” McClane perguntou. “Pensei que, como você disse, cada vez fosse diferente.”

“Bem, nos primeiros dois dias foi envenenamento, sempre envenenamento. Só quando eu comecei a mudar as coisas que ele começou a morrer de forma diferente.” Chloe explicou.

“Então o quê, você mudou algo e ele morreu de forma diferente?” Powell perguntou. “Como isso funciona exatamente?”

“Não estou completamente certa, mas é como o efeito borboleta.” Chloe sacudiu os ombros. “Sabe, uma borboleta bate as asas em Nova Iorque e você tem um furação na Índia.”

“O que foi a sua borboleta?” McClane perguntou.

“O office-boy ciclista.” Chloe disse.

“O que foi atropelado pela BMW?” McClane disse confusa.

“Eu o salvei, o derrubei da bicicleta, então ele não correu para a rua, o carro não o atropelou e ele não morreu.” Chloe encolheu os ombros.

“E isso fez com que Lex morresse de forma diferente?” Powel disse.

“Não diferente, só que mais cedo.” Chloe explicou. “O acidente causou um engarrafamento nas primeiras vezes. Lex deveria ir para um almoço de negócios no Pino, mas por causa do acidente ele não pôde ir e remarcou para o jantar. Sem o acidente ele manteve o almoço e foi envenenando no almoço ao invés de no jantar.”

“Então alguém no Pino estava o envenenando?” McClane perguntou.

“É, eu descobri essa.” Chloe revirou os olhos. “Era um garçom. Tinha sido o garçom pessoal do Lex por anos e foi demitido. Lex estava constantemente o humilhando, o denegrindo, mas ainda assim pedia por ele. O cara se cansou. Ele estava com raiva e foi estúpido. Ele só queria fazer com que Lex ficasse doente ou até humilhá-lo para variar, mas ele não pensou que colocar o negócio na bebida alcoólica dele o tornaria mais forte.”

“Então na próxima vez você o deteve?” Powell disse. “O garçom?”

“O prendi no freezer.” Chloe sorriu. “Lex almoçou, não foi envenenado e voltou para o trabalho e então...”

“E então o quê?” McClane perguntou.

“Enquanto ele saía da LuthorCorp mais tarde naquela noite, ele foi assaltado no estacionamento.”

“Então não importava o que você fizesse, Lex morria.” Powell se recostou em sua cadeira.

“Não importava o que eu fizesse.” Chloe encolheu os ombros. “E acredite, eu tentei de tudo.”

“Por quê?” McClane perguntou.

“Por que o quê?” Chloe olhou confusa.

“Por que você continuava tentando salvá-lo?” McClane perguntou.

Chloe suspirou. Ela já se perguntou a mesma coisa inúmeras vezes. “Eu precisava.” Ela encolheu os ombros. “A morte do Lex era a única constante. Eu conseguia parar o office-boy de bicicleta, podia evitar que os vizinhos fossem expulsos, podia evitar que Lois fosse presa, mas não podia evitar que Lex morresse, não conseguia mudar isso.” Ela encolheu os ombros. “Eu só, acho que pensei que se eu pudesse evitar que ele morresse, eu chegaria até a sexta-feira. Isso me deixou meio doida, mas ao mesmo tempo, me manteve sã.”

“E como?” Powell perguntou.

“Isso me deu algo a fazer, uma razão para continuar. Mas ainda assim, essa não é a primeira vez que eu sou presa neste dia, vocês não são os primeiros a erroneamente acreditar que sou responsável pela morte do Lex.” Chloe sorriu. “Eu fiz tudo o que pude imaginar para evitar que ele morresse, o segui, o avisei, escondi as chaves do carro dele, nada funcionava então eu exagerei.”

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16 de Outubro de 2008 (Dia 43)

“Sullivan, visita.” Chloe ergueu a cabeça dos joelhos e estendeu as pernas.

“O horário de visitas já acabou.” Chloe disse, confusa.

“Bem, você é tão especial.” O policial a olhou. Ela se levantou lentamente e se esticou. Não havia razão para pressa. Ela seguiu o guarda pelo corredor e para dentro de uma sala, e a mandaram sentar.

Alguns segundos depois a porta se abriu e ela ergueu um pouco a cabeça da mesa para ver o rosto surpreso e preocupado de Oliver Queen a encarando.

“Chloe?” Ele sussurrou fracamente. Foi definitivamente um choque quando ele recebeu a ligação do Clark e mais ainda por ele estar em uma sala, na Delegacia de Metrópolis, vendo Chloe Sullivan sentada à frente dele com algemas em seus pulsos e tornozelos, vestindo um macacão alaranjado. Ela ergueu a cabeça mais um pouco e Oliver praticamente se jogou na mesa e segurou o rosto dela nas mãos. “O que aconteceu com você?”

“Nada.” Chloe disse, baixando a cabeça novamente para esconder o olho roxo, o lábio cortado e a bochecha machucada.

“Isso não é nada.” Oliver indicou o rosto dela antes de sentar-se na frente dela. “Chloe, me diz o que aconteceu?”

“Só um engano sobre desacato a autoridades. Deixa pra lá, Oliver.” Ela pediu.

“Você pode, por favor, tirar isso dela?” Ele indicou as algemas para o guarda.

“Não.” Ele sacudiu a cabeça e Oliver ergueu uma sobrancelha. “As acusações são de assassinato de primeiro grau. As algemas ficam.”

Chloe engoliu seco quando ouviu o homem dizer isso. “Assassinato.” Ela sacudiu a cabeça e forçou um sorriso nos lábios. “Está tudo bem, Oliver, não é tão ruim.” Ela o assegurou. “O que você está fazendo aqui?”

“Como assim o que eu estou fazendo aqui?” Ele pareceu surpreso. “Você está na cadeia.”

“Você pode perguntar. Não vou ficar ofendida.” Chloe ofereceu.

“Eu não preciso perguntar.” Oliver disse, tristemente.

“Sim, você precisa. Você não acredita em nada a não ser que você ouça da boca da pessoa, você precisa perguntar.” Chloe o incitou.

“Chloe...” Oliver implorou para que ela não o obrigasse a fazer isso. Ele queria acreditar que o que ela disse polícia e para Lois era verdade, mas ela estava certa. Ele não conseguiria a não ser que perguntasse a ela pessoalmente. “Você matou Lex?”

“Não.” Ela sacudiu a cabeça e não tirou seus olhos dos dele por nenhum segundo. “Eu o odiava, desejei que ele morresse em mais de uma ocasião, isso até já passou pela minha cabeça, várias vezes, mas eu não o matei.”

“Mas você invadiu a cobertura dele. Você confessou isso.” Chloe balançou a cabeça. “Eles acharam você ao lado do corpo dele segurando o revólver que o matou.

“Eu... Nada.” Chloe disse tão de repente que Oliver soube que ela estava mentindo.

“Chloe...” Oliver suspirou. “Há registros de ligações do escritório e do celular dele. Você o telefonou vinte vezes só hoje. Por quê?”

“Você não acreditaria em mim se eu dissesse.” Chloe sorriu e sacudiu a cabeça para ele. Ela mesma ainda não acreditava e ela estava lá.

Mais cedo naquele dia

O plano de Chloe não era o melhor que ela já tinha feito, nem era bom, mas era o dia 43 e ela estava a uma cafeteira explodindo de ficar completamente doida. Depois de apagar o fogo na cozinha, ver o carro da Julia ser guinchado, derrubar o ciclista da bicicleta, deixar cinco mensagens para Lois desejando que elas a impedissem de invadir a LuthorCorp e então voltar para casa para mais uma sala inundada, nem o sorriso esperançoso do Bart podia fazer com que ela se sentisse melhor. Ela ficou parada na sala, olhando sem acreditar por mais ou menos cinco minutos enquanto a água continuava a escorrer do banheiro e Oliver gritava com AC pelo telefone. Quando ela ouviu Jeremy entrar furioso no apartamento ao lado depois de ser demitido do emprego e começar uma disputa de gritos com Julia, ela não pôde mais agüentar.

Ela desceu para a Fundação Ísis, abriu o cofre escondido e pegou o revólver que Lana mantinha lá. Ela o prendeu por trás na calça e saiu do prédio. Decidiu fazer uma aproximação direta. Ligou para Lex e o disse diretamente que ele iria morrer hoje. Ele riu na cara dela, disse que ele não reagia bem a ameaças vazias e desligou. Ela ligou de novo e caiu na caixa postal dele, então ela formulou o que agora chamava de “Operação Chloe É Uma Idiota”. Ela seguiu Lex pelo resto do dia, tentando encontrar uma oportunidade, continuou a telefonar só para cair na caixa postal e quando ele voltou para casa lá pelas sete para se trocar, Chloe viu a brecha.

Ela invadiu a cobertura e o encontrou no quarto. Ela puxou o revólver da cintura e o destravou, o barulho fez com que Lex se virasse. Ele a olhou, olhou para a arma e sorriu. “Espera um minuto.” Ele disse a ela. “Você estava falando sério?” Ele se virou e Chloe o olhou, confusa.

Ela não entendeu o que ele quis dizer e então se lembrou da arma que tinha na mão. “O quê, isso?” Ela sacudiu a cabeça. “Se eu quisesse que você morresse tudo que precisava fazer era sentar em casa e ler uma revista. Acredite, não estou aqui para matá-lo.”

“Sério?” Ele sentou na cama e desamarrou os sapatos. “A invasão e a arma não dão suporte a essa teoria.”

“Isso é só para proteção.” Chloe disse.

“De mim?” Ele perguntou com um tom ainda divertido.

“Não, para você.” Chloe se sentou em uma cadeira no canto e colocou os pés em um banco. “O que você saberia, se tivesse se importado em atender seu telefone.”

“Do que exatamente você está falando, Chloe?” Lex percebeu algo no tom de voz dela.

“Eu te disse, Lex, você vai morrer hoje.” Chloe repousou a arma no joelho e fez um gesto com a cabeça. “Pode terminar de se arrumar. Você tem um jantar de negócios no Pipper, não tem?”

“Como você sabe disso?” Ele puxou a gravata por sobre a cabeça.

“Eu sei muitas coisas.” Chloe disse. “E eu sei que em algum momento deste dia você vai morrer. Exceto que hoje, eu vou estar aqui para impedir.”

“Então agora você acha que vou morrer hoje e tomou para você a responsabilidade de ser meu guarda-costas pessoal, querendo eu ou não?” Lex zombou, caminhando até o closet para se trocar.

“É exatamente isso.” Chloe balançou a cabeça.

“Então qual é o plano?” Ele falou do banheiro. “Você vai só me seguir por aí?”

“Grudar do seu lado até 00:01.” Chloe disse.

“Como é que isso acontece exatamente?” Lex voltou, abotoando a camisa. “A minha morte?”

“É diferente todas as vezes.” Chloe sacudiu os ombros.

“Todas as vezes?” Lex pausou.

“É.” Os olhos de Chloe viajaram pelo quarto, procurando por algum perigo em potencial e riu. “Ontem você caiu em um bueiro. Por essa eu não esperava.”

“Ontem?” Lex perguntou lentamente. “Eu morri ontem?”

Chloe se virou para olhá-lo. “É. Caiu em um bueiro aberto atravessando a rua, falando ao telefone.”

“Ok.” Lex andou até ela lentamente e ela se retesou.

“Ah não, você não me olhe assim.” Chloe se levantou irritada.

“Assim como?” Lex perguntou.

“Com esse olhar que diz que você estava só me agradando antes porque não parecia ser perigoso e agora você acha que eu fiquei completamente doida.” Chloe deu um passo para longe dele e foi até o telefone. Ela puxou o cabo da parede. Lex deu um passo para o lado e se esticou para pegar sua jaqueta. “E ainda é pior porque você sabe da minha mãe.” Ela ergueu a arma e apontou para ele e ele congelou. “Você sabe que eu tenho um histórico de doença mental na família.” Ela balançou a arma para o lado indicando que ele deveria se sentar. Ele obedeceu e ela pegou a jaqueta dele, puxou o celular de um bolso, desligou e colocou no bolso dela. “Eu não sou louca, Lex.”

“Claro que não.” Ele disse em um tom pacífico. “Você veio aqui para me proteger e agora está me fazendo refém. Diz que vou morrer hoje porque morri ontem. Você é perfeitamente sã.”

“Bem, quando você diz desse jeito.” Chloe suspirou e esfregou o rosto com uma mão. “Parece mesmo loucura.”

“É.” Lex balançou a cabeça.

“Então você vai amar isso.” Chloe riu e contou tudo a ele, sobre como ela estava revivendo o dia, sobre como Lex havia morrido 42 vezes, como ela tinha que impedir que ele morresse se ela quisesse chegar à sexta-feira. “O quão louco é isso?”

Lex simplesmente a encarou por um segundo. “Você está falando sério?” Ele perguntou. “Quero dizer, completamente sério.”

“Olha, você viveu em Smallville. Sabe que todas as coisas são possíveis nesse mundo.” Chloe disse a ele. “Agressores invisíveis, ladrões que podem atravessar paredes, e muito mais. E você me conhece. Você me conhece, Lex, me dê cinco horas. Só isso, cinco horas. Se nada acontecer, se o relógio bater 00:01 e você ainda estiver aqui e eu ainda estiver aqui, você pode chamar a polícia, pode chamar Belle Reeve, pode fazer o que quiser.”

“Eu vou morrer hoje?” Lex perguntou depois de um minuto. Chloe pareceu surpresa por ele ter aceitado tão facilmente. “Cinco horas, hã?” Ele esfregou o pescoço e a olhou. “Nesse quarto com você?” Ela riu da expressão horrorizada no rosto dele. “Você tem um baralho?”

Eles ficaram sentados por duas horas, olhando o relógio, evitando se falar o máximo possível. Chloe sabia que estava em vantagem, estava em uma situação única, trancada em um quarto com Lex e um revólver. Havia tantas coisas que ela poderia descobrir, sobre 33.1, sobre o trabalho dele, tantas coisas que ela queria dizer a ele sobre coisas que ele fez a ela, coisas que ela fez a ele, mas nada disso importava agora. Lex parecia perceber isso também. Era quase como se, sem dizer nada, ambos tivessem decidido pedir uma trégua, ao menos até 00:01. A arma foi colocada no banco e Chloe e Lex estavam no chão jogando uma versão improvisada de Texas Hold’em. Eles não conseguiram achar um baralho então criaram um com um bloco de cartões de visita do Lex. “Full House.” Chloe disse, baixando suas cartas no chão. Lex gemeu e se recostou na cama.

“Ok, já chega.” Ele se levantou e Chloe se levantou rapidamente.

“Para onde você está indo?” Ela colocou uma mão no peito dele para impedi-lo e ele a olhou confuso.

“Ao banheiro.”

“Espera, deixa eu dar uma olhada primeiro.” Chloe atravessou a porta.

“Você quer dar uma olhada no meu banheiro?” Lex disse. “Você acha que tem um ralo homicida lá dentro?”

“Você ficaria surpreso.” Chloe disse em voz baixa enquanto entrava no banheiro.

“Espera.” Lex falou com um tom divertido. “Talvez você devesse levar o revólver.” Ele o pegou do banco e foi em direção ao banheiro. “Caso a cortina do Box tente te atacar.”

“Lex, pára.” Chloe disse da porta com um monte de toalhas nas mãos. Era tarde. Ele viu a poça de água vazando da pia um segundo antes de seu pé tocar o chão. Ele escorregou e caiu de costas e a arma voou enquanto Chloe largou a toalha e se jogou para frente. As pessoas dizem às vezes que certas situações se movem em câmera lenta, mas essa não era uma delas. Antes que as toalhas chegassem ao chão, o revólver bateu contra a porta disparando acidentalmente. Chloe pulou e a pegou antes que ele caísse ao chão e disparasse novamente e respirou fundo. “Graças a Deus. Essa foi por pouco.” Ela sorriu para Lex, pronta para ajudá-lo a se levantar quando viu o sangue na camisa dele, viu a poça se formando no chão ao redor dele.

“Só pode ser brincadeira.” Chloe gritou. Foi aí que os seguranças explodiram para dentro do quarto e a encontraram ao lado do corpo de Lex com a arma na mão.

“Chloe.” A voz de Oliver a trouxe de volta para o presente, de volta à delegacia.

“O quê?” Ela sorriu para ele.

“Você estava trabalhando para o Lex?” Chloe sacudiu a cabeça indicando que não. “Ele estava te chantageando?” Chloe novamente sacudiu a cabeça. “Você estava dormindo com ele?” Oliver disse mais lentamente.

“Oh Deus, não.” Chloe sacudiu a cabeça mais enfaticamente.

Oliver não entendeu porque se sentiu tão aliviado. Ele lentamente esticou a mão por sobre a mesa e Chloe sorriu, colocando a dela na dele. “Meus advogados estarão aqui o mais rápido possível. Não se preocupe, você não vai ficar aqui por muito tempo.”

“Eu sei.” Ela sorriu fracamente.

Oliver suspirou e passou a mão pelo rosto. “Eu tenho que ir agora, vou estar de volta amanhã, prometo.” Ele apertou a mão dela levemente.

“Sem pressa, não vou estar aqui.” Ela sorriu para ele.

O guarda fungou e Chloe simplesmente se recostou na cadeira. “Você não vai estar aqui?” Oliver perguntou confuso.

“Não.” Chloe sacudiu a cabeça. “Mas isso não vai importar porque amanhã não vai ser amanhã, vai ser hoje, de novo.”

“Chloe, você tem certeza de que está bem?” Oliver se inclinou sobre a mesa.

“Não se preocupe comigo, Oliver.” Ela pegou o pulso dele e puxou para ela para que pudesse ver o relógio dele. 23:58. “Em dois minutos você nem vai se lembrar disso porque isso não vai ter acontecido.”

“Vai tentar alegar insanidade?” O guarda disse andando até ela. “O tempo acabou. Vamos.” Chloe sorriu para Oliver enquanto era levada para fora da sala de visitas e de volta para sua cela.

“Vi a sua visita, Sullivan. Era o seu advogado?” A mulher na cela do outro lado perguntou,

“Não.” Chloe sacudiu a cabeça. Cinquenta segundos. “Só um amigo.”

“Queria ter um amigo assim.” Outra mulher falou.

“Deve ter dinheiro, parecia ter dinheiro.” Outra disse.

“Dinheiro é a única forma de entrar aqui à meia-noite.” A primeira falou.

“Não nos disse que você tinha dinheiro.” A mulher com quem Chloe dividia a cela e que colocou o novo visual no rosto dela, disse interessada.

“Não tenho.” Chloe sorriu para ela. Vinte segundos, ela pensou. Ela esteve contando desde que olhou o relógio do Oliver e viu a hora.

A mulher da cela dela fungou.

“Desligando as luzes, moças.” O guarda gritou do começo do corredor.

“Você vai dormir?” A mulher perguntou à Chloe.

“Eu não durmo.” Chloe sacudiu a cabeça. Cinco segundos. “Não mais.” Chloe disse sorrindo. Três, Dois, Um.

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16 de Outubro de 2008 (Dia 44)

Chloe se sentou bruscamente, analisando as coisas ao redor. “Eu te comprei um colchão muito bom e muito caro.”

“Eu sei.” Chloe se levantou. “Você o comprou pessoalmente. Ele é ótimo mesmo.”

Oliver parou por um segundo, confuso. “Você está bem?”

“Ótima.” Chloe sorriu para ele. “É que eu tenho um dia cheio pela frente.

Chloe viu a casa pegar fogo, as chamas lambiam o céu escuro e se ela se concentrasse, podia bloquear a visão e o som dos carros da polícia e dos caminhões dos bombeiros. Se ela se esforçasse mais um pouco conseguia bloquear tudo, e então eram só ela e o fogo, e as ruínas do que antes era a Mansão Luthor, e era tão bom. Ela assistiu uma ala grande do teto tremer e cair no chão, com um barulho diferente de qualquer outro que ela já ouviu, e ela riu. “Do que você está rindo?” O policial ao lado dela gruniu e Chloe virou para ele sorrindo.

“Nada.” Chloe sacudiu os ombros, o que era meio difícil com as mãos algemadas nas costas.

“Dê uma boa risada agora, não vai poder fazer isso por muito tempo.” Ele fungou antes de se virar para seu parceiro. Chloe deu uma olhada no relógio no painel do carro da polícia, 23:53, ela ainda tinha alguns minutos para aproveitar a vista.

“Chloe!” Uma voz frenética gritou do meio da multidão e ela se virou para ver Oliver abrindo caminho pelo monte de gente que saiu da cama para ver o castelo pegar fogo. O sorriso dela falhou, ele parecia preocupado, e assustado, e irritado.

Ele foi até a frente da multidão, tentou passar da barricada, mas foi impedido por outro oficial. “Estou bem!” Chloe gritou para Oliver. Ele chegou o mais perto que pôde, caminhando pelas barreiras e parando na frente dela.

“O que está acontecendo?” Ele perguntou, notando pela primeira vez as algemas que ela usava. “Por que você está presa?”

“Incêndio criminoso.” O policial que a prendeu disse. “Entre outras coisas.”

“Incêndio criminoso? Mas ela... ela não poderia...” Oliver gaguejou.

“Ela foi pega em flagrante, até nos deu uma confissão.” O policial sorriu.

“Chloe, vou conseguir um advogado para você, não diga mais nada.” Oliver disse seriamente. Ela olhou para o relógio novamente, 23:54.

“Está tudo bem, Oliver.” Ela sorriu para ele. “Eu consegui, finalmente consegui. Só faltam 6 minutos para acabar o dia e ele ainda está vivo.”

“Quem ainda está vivo, do que você está falando?” Oliver perguntou.

“Lex, ele ainda está vivo. Veja bem, estava tudo acontecendo em Metrópolis, sempre em Metrópolis, então eu descobri que só tinha que tirá-lo da cidade, mas nada funcionava. Tentei marcar encontros, inventar reuniões, até inventei uma premiação e um banquete em homenagem a ele, mas ele mandou outra pessoa para receber por ele.” Oliver estreitou os olhos para tentar acompanhá-la, mas falhou. “Mas finalmente eu deduzi que se algo acontecesse com o precioso lar dele ele viria, e ele veio. O policial disse que ele está a caminho, então ele ainda está vivo e isso significa que amanhã vai ser sexta-feira.”

“Você não ouviu?” Oliver enrugou a testa para ela.

“Ouvi o quê?” Chloe congelou. “Ouvi o quê?”

“Acabou de acontecer então acho que ainda não deu para você ficar sabendo.” Oliver disse tentando imaginar o que isso tinha haver. “Houve um engavetamento de dez carros na via a caminho daqui. Eu fiquei preso no engarrafamento por uma eternidade. O carro do Lex foi esmagado por um caminhão de dezoito rodas. Disseram que ele morreu no impacto.”

“Como?” Chloe perguntou. “Como isso é possível?”

“O motorista dormiu ao volante, era o que estavam dizendo no noticiário. Acho que ele estava vindo para cá por causa do...” Ele hesitou e olhou para o incêndio.

“Ótimo, agora eu que estou causando a morte dele.” Chloe fechou os olhos. “Não sei mais por quanto tempo posso continuar com isso, Oliver.”

“Com o quê? O que está acontecendo?” Oliver perguntou a ela.

Chloe checou o relógio. 23:59. “Não temos tempo agora, explico tudo quando for sexta-feira, se for sexta-feira algum dia.” Ela se recostou contra o carro e fechou os olhos.

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16 de Outubro de 2008 (Dia 45)

Chloe não se incomodou em abrir os olhos, ela sabia o que veria. Oliver de pé ali, sobre ela, com um sorriso no rosto. “Eu te comprei um colchão muito bom e muito caro.” Oliver disse e Chloe simplesmente gemeu, puxando o cobertor sobre a cabeça.

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16 de Outubro de 2008 (Dia 147)

“Eu desisti por um tempo. Simplesmente chutei todo mundo da casa e me tranquei. Pensei que talvez se não fizesse nada... mas não funcionou, ele voltou a ser envenenado no Pinno’s.” Chloe sacudiu os ombros.

“Então o que você fez?” McClane perguntou.

“Você está intrigada.” Chloe parecia estar satisfeita consigo mesma. “Sabia que ficaria intrigada.”

“É melhor que fazer relatórios.” McClane gemeu.

“É, você acha que poderíamos ter alguma sobremesa, um café?” Chloe disse e McClane gemeu. “Eu conto a vocês sobre o dia em que tudo mudou.” Ela deixou a informação suspensa no ar e eles trocaram olhares, aqueles olhares que parceiros davam um ao outro, parceiros que trabalharam juntos por tanto tempo que uma conversa inteira poderia acontecer usando somente expressões faciais.

“Você gosta de tiramisu?” Powell perguntou, finalmente.

Chloe sorriu.

Vinte minutos depois Chloe estava tomando o melhor café que ela já experimentou em mais ou menos seis dias e o melhor tiramisu que ela já experimentou na vida. “Onde mesmo você comprou isso?” Ela perguntou, raspando o resto de creme e chocolate do prato.

“Um lugar italiano escondido na Rua Baxter.” Powell disse jogando a embalagem dele na lixeira.

“Eu quero comer isso todos os dias.” Chloe suspirou quando finalmente terminou o dela e jogou a embalagem na lixeira. “Estava muito bom.”

“Ok, você teve sua sobremesa, então vamos, o dia em que tudo mudou.” McClane disse, comendo lentamente e, obviamente aproveitando seu tiramisu.

“Certo, bem vai ficar um pouco delicado perto do fim então se suas orelhas virgens não puderem encarar um NC-17, vocês devem sair agora.”

“Tudo bem comigo.” McClane sorriu.

“Eu tentei mudar algumas coisas, tentei não mudar nada, nenhuma dessas táticas funcionaram. Então eu decidi testar uma nova, tentei mudar tudo. Não funcionou no começo, lentamente o dia se desenvolvia, mas Lex ainda morria e eu sabia que ele era a chave. Então eu continuei e, eventualmente, tinha desenvolvido uma ciência.”

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próximo

quarta-feira, 23 de junho de 2010

The Smell of Green, tradução

Essa é uma fic bem pequena da Smallvillefics. Muito fofa, como todas com a família Queen. ^^

Espero que gostem.

[Personagens e história não nos pertencem.]

Original: http://www.fanfiction.net/s/5822224/1/The_bSmell_b_of_bGreen_b

The smel of Green

“Esse não é o lençol do Connor?” Oliver perguntou, se inclinando contra a porta enquanto olhava sua esposa se aconchegar no sofá, um macio lençol enrolado em volta dela.

Olhos cansados espiaram contra a luz que ele estava deixando entrar no quarto escuro. Ela cobriu a boca, bocejando, e se esticou ao sentar. “Quando ele dorme não sente falta.”

“Você rouba coisas pertencentes ao nosso filho para uso próprio normalmente? Eu preciso comprar um chocalho pra você?” ele sacudiu a cabeça fingindo desapontamento, indo para perto dela. Ao levantar as pernas dela ele chegou mais perto e repousou-as no colo dele.

A mão dela tateou ao redor procurando pela dele na luz fraca. Ela amava conseguir reconhecer ele só pelas mãos. Desde os familiares calos causados pelo arco até o aperto firme que ele sempre dava. “Cheira como você,” ela explicou. “Você estava abraçado com o Connor, segurando ele contra o peito e agora o lençol tem esse cheiro da sua colônia combinado com o cheiro de bebê dele.”

“Você sabe que ele vai querer isso de volta.”

“Vamos ver.”

Um choro alto encheu o ar naquele exato momento e Oliver riu. “Acho que ele te ouviu.”

Chloe levantou do sofá e foi até o berçário. A porta rangeu um pouco e ela mentalmente tentou lembrar-se de colocar óleo na dobradiça depois. Com um suspiro arrependido ela cobriu o bebê, que ainda não estava exatamente acordado, com o lençol. Murmurando uma música aleatória ela acariciou o cabelo na cabeça dele e deu um beijo na bochecha macia dele. Ele aquietou-se quase instantaneamente, e ela viu a paz cobrir o rosto dele.

Ela sentiu uma mão em sua cintura, puxando-a contra seu corpo. Ele baixou a cabeça, acariciando o rosto dela com o dele.

“Ele está crescendo,” ele comentou.

“Mmnhum,” ela concordou, sonolenta. “Ele quase não cabe mais nas suas roupinhas de seis meses. Logo vamos ter que colocá-lo em roupas de nove meses. E ele tem fome o tempo todo, então eu sei que vamos ter mais uma arrancada no crescimento também.”

“Ele vai ser alto,” Oliver supôs, soando agradado.

Ela inclinou a cabeça para cima e para o lado para olhá-lo. “Você mal pode esperar para que ele seja como o papai,” ela brincou.

“Isso seria tão ruim? Uma lasca do velho bloco?”

“Não, não seria,” ela sorriu docemente. “Para mim. Você gosta de si mesmo agora, mas espera até você ter que lidar consigo mesmo. Obstinado, super auto confiante, muito charmoso para o próprio bem...”

“Eu lido com isso depois. Agora... você acha que sou charmoso, hein?”

Um riso saiu dos lábios dela antes que ela pudesse cobrir a boca, e ela o empurrou para porta. “Se ele acordar...” ela ameaçou.

“Você sabe outra coisa que cheira como eu? Eu. Por que não colocamos umas paredes em volta de nós para não precisarmos nos preocupar com o barulho que fazemos?” ele sugeriu, usando a força dela mesma contra ela, guiando-a até o quarto.

“Então esse era o seu plano principal...” ela disse como se estivesse em grande contemplação.

“... e o quarto principal e o banheiro principal,” ele terminou pomposo, fechando a porta com um chute atrás dele.

O monitor do bebê saltou para a vida com os berros do filho deles. Os ombros do Oliver caíram e ele fez careta, percebendo o efeito dos seus atos.

Chloe tentou segurar o riso. “Ele é todo seu, Papai.”

Ele rosnou, apontando um dedo para ela enquanto se dirigia de volta ao corredor. “Isso não acaba por aqui,” ele disse a ela.

“Isso depende se eu ainda estiver acordada quando você voltar,” ela respondeu. Incitando-o mais ainda, ela puxou a camisa por sobre a cabeça. “Não esqueça, ele gosta que cantem para ele,” ela acenou com as mãos expulsando-o.

Ele marchou corredor abaixo e a ouviu suspirar dramaticamente ao deitar-se. Ele fez uma careta. Todos disseram que a paternidade era o mais árduo e o mais recompensador trabalho que ele teria. Esqueceram de dizer o quão incrivelmente frustrante isso também era.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Complicated, tradução

Uma oneshot no meio dessas multichapters incríveis que a Nathalia e a Silvia estão traduzindo. Esse particularmente me chamou a atenção porque mostra, ao contrário de Smallville, o Oliver tendo problemas com assumir a relação, não a Chloe. Tem o pessoal da liga também, um Clark bem mais simpático, mas já avisando que ao contrário de Extraordinarily Ordinary em que muitos até gostaram da Dinah, nessa provavelmente a única vontade que sentirão vai ser de matá-la, ou ao menos foi o que eu senti. ¬¬’
Boa leitura pra todo mundo e comentem depois :D

Complicated é de autoria do Quicksilver19

Complicated

“Porque você está gritando?” ela observou o loiro normalmente tranquilo se preparar pra outro discurso longo sobre como era uma má idéia contar pra Liga da Justiça, pro mundo, que eles estavam juntos. “Não é tão complicado assim. Pessoas já se envolveram em relacionamentos públicos antes.”

“Não é tão complicado assim? Chloe, eu sou Oliver Queen, presidente bilionário das Indústrias Queen. Minha vida é constantemente observada e analisada pela imprensa e pela competição. Eu também sou o Arqueiro Verde. Pessoas me querem morto, pessoas querem me machucar de qualquer forma que puderem através de todos os meios possíveis. Efeito colateral não é nada pra eles.

Ela balançou a cabeça, frustrada. “Você também é Oliver Queen, meu namorado. E eu sou Chloe Sullivan. Tenho pessoas que me querem morta também, que observam e analisam minha vida também. Você tem que aproveitar a vida com o que você tem, Oliver. Você me prometeu, Oliver. Você prometeu que seria capaz de lidar com isso! Eu te dei tempo pra ficar confortável com a idéia, mas você age como uma pessoa completamente diferente quando está perto dos outros. Você sabe como eu me sinto quando Dinah não tira as mãos de você e você não a afasta porque não pode já que todo mundo pensa que você é solteiro e então seria estranho? Porque ela é a gostosa com a meia arrastão e eu sou a parceira.” Ela estava quase chorando, o que a fazia ainda mais brava. Ela disse a si mesma que não deixaria isso a incomodar, que não era nada demais.

Ele suspirou. Sabia do que ela estava falando.

Chloe saiu do elevador e encontrou os garotos da Liga da Justiça nos sofás, pesquisando em papéis espalhados ao redor. Ela estava feliz. Oliver havia prometido uma curta noite de trabalho pra que depois eles pudessem ficar juntinhos e assistir um filme sem interrupção. Ela até mesmo sorriu pra Dinah quando ela saiu da cozinha.

Bart apareceu do lado dela. “Ei, Chloelicious. Precisa de ajuda com esses arquivos?”

“Obrigada, mas eu estou bem.” Ela olhou pra Oliver enquanto andava até a mesa pra se arrumar, os arquivos presos entre os braços. “Peguei aqueles arquivos que você queria. Fácil demais.”

Ele se permitiu sorrir pra ela. “Essa é minha garota. Podemos analisá-los mais tarde.”

“E eu, Ollie?” Dinah perguntou, sentando-se ao lado dele e passando a mão pelo seu braço até a bochecha e trazendo sua atenção pra si. “Eu não sou sua garota?”

Sua resposta foi interrompida por uma pilha de arquivos caindo na mesa.

Todos olharam pra uma Chloe que não se desculpou.

“Deve ter escorregado.”

Oliver pigarreou. “Vamos voltar ao trabalho.”

Dinah pegou um arquivo e se aproximou ainda mais de Oliver. “O que estamos procurando mesmo... chefe?”

Ele se inclinou na direção dos papéis, lendo algumas linhas. “Algo que sugira que a Luthorcorp está abrindo uma nova instalação em qualquer lugar do mundo. Atividades suspeitas ou equipamentos anormais.”

“O que é considerado anormal? Todo mundo tem seu próprio gosto quando se trata de equipamento.” Ela olhou pra ele através dos cílios fartos. “Eu deveria estar procurando algo grande?”

Clark parecia estar sofrendo falta de ar, Bart e A.C. tentaram esconder o riso, Victor revirou os olhos e Chloe fez uma careta zangada.

“Oliver? Os arquivos?”

Ele acenou pra ela, querendo resolver esse assunto com Dinah e terminar logo as coisas pra que eles ainda tivessem tempo de assistir o filme. “Num minuto, Torre de Vigilância. Veja, Dinah, uma grande quantidade de chumbo foi mandada pra instalação em Larchwood, Roma, o que quer dizer-” Ele retraiu-se quando outra pilha de arquivos caiu na mesa e fechou os olhos, o rosto congelado numa careta. Dessa vez o som foi seguido de um ríspido “Ótimo.” e do barulho do salto enquanto Chloe subia as escadas pro seu escritório particular.

Ele abriu os olhos e viu Clark indo até as escadas. Ele levantou-se e praticamente saltou o sofá pra chegar antes do fazendeiro. “Eu falo com ela, Clark. É minha culpa que ela está brava e você não precisa ser submetido às infinitas descrições sobre a minha estupidez, inutilidade, egocentricidade, etc e etc. Está ficando tarde, de qualquer forma. Deveríamos encerrar a noite.”

“Claro, chefe. Alguém quer ir comer uma pizza?” Bart perguntou, já indo em direção ao elevador.

AC concordou, olhando pra Victor que deu de ombros, também concordando. “Clark?”

“Talvez eu deva...” Clark olhou pras escadas.

Oliver deu mais alguns passos, movendo-se entre o alien e sua melhor amiga. “Realmente não é sua briga, Clark, mas obrigado pela oferta.”

“Ok.” Ele relutantemente seguiu os outros.

“Quer que eu passe aqui depois da patrulha com as atualizações?” Dinah perguntou com um sorriso.

“Não, eu provavelmente estarei na cama nessa hora.” Ele tinha esperanças disso, caso conseguisse acalmar Chloe.

O sorriso dela ficou ainda maior. “Eu não me importo.”

“Boa noite, Dinah.” Ele virou de costas pro grupo e começou a subir as escadas. Mas não rápido o bastante pra perder o sussurro de Bart pra AC momentos antes do elevador se fechar.

“Ela vai fazer pedacinhos dele.”

Quando ele abriu a porta, teve a impressão de que Bart não estava muito errado.

Ela estava definitivamente com raiva e definitivamente dele. Ela não virou, não reconheceu sua presença de qualquer forma. Ele esperou alguns segundos. Os únicos sons no escritório eram o tique-taque do relógio e o farfalhar raivoso dos papéis.

“Chlo?”

Mais farfalhar raivoso.

Ele deu alguns passos cautelosos, pronto pra abaixar e desviar se ela quisesse atirar alguma coisa. Então ele ouviu. Era fraco, tão baixo que ele não teria notado se o escritório não tivesse tão quieto. Uma fungada. Ele suspirou. A única coisa pior que uma Chloe raivosa era uma Chloe chateada chorando. Ele quase desejou que ela tivesse atirado alguma coisa. Era essa sua fraqueza, sua kryptonita. “Me desculpa,” ele disse baixinho. “De verdade, me desculpa.”

“Você fica tão ocupado em ter cuidado diante deles que nem me trata como um ser humano.” A voz dela estava cheia de lágrimas e isso quebrou seu coração.

“Chloe... Eu...” Mas não havia nada que ele pudesse dizer. “Eu sinto muito. Não tem desculpa pra isso, mas ainda assim eu sinto muito.” Ele foi até ela e se ajoelhou enquanto virava a cadeira pra que ela o olhasse. “Podemos recomeçar a noite? Estamos sozinhos, eu não tenho que patrulhar, tenho a cozinha cheia de besteiras... Podemos esquecer a Liga da Justiça essa noite e assistir aquele filme?”

Ela estava prendendo os arquivos contra o peito como um escudo, o rosto cheio de lágrimas. “Não, Oliver. Não podemos. Você age como um idiota e depois tenta jogar isso pra debaixo do tapete. Eu não posso deixar isso pra lá. Você é outra pessoa ao redor dos outros. Você está tentando ser tão legal e calmo ao redor deles que você pisa nos meus sentimentos. E você sabe que Dinah é obcecada quando se trata de você e não faz nada sobre isso. Então não, não posso recomeçar a noite.” Ela atirou os arquivos nele e saiu.

“Olha,” ele disse desesperadamente. “Eu só preciso de mais tempo. Pensar em você em perigo por causa de mim me assusta muito. Eu só não estou pronto.”

Ela balançou a cabeça. “Isso é besteira, Oliver. Porque todo mundo sempre usa essa desculpa? Eu vou estar em perigo de qualquer jeito, a gente estando juntos ou não. Provavelmente estarei mais segura com você. Isso é uma desculpa. Se isso é difícil demais pra você, se é demais, então talvez não deveríamos sequer estarmos juntos. Porque não acho que é muito justo comigo. Eu estou disposta a sacrificar coisas por você. Qualquer possibilidade de uma vida normal, não poder ficar com você o tempo todo, ter que dividir você com o resto do mundo, mas eu me recuso a me tornar um fantasma. Você não pode me manter, manter essa relação escondida e demonstrar as coisas sempre que sente que precisa de normalidade em sua vida. Simplesmente não é justo.”

Ele sentou ao lado dela, os cotovelos apoiados nos joelhos, deixando as mãos caírem debilmente. Ele estava sendo repreendido. Chloe Sullivan apontou exatamente o que havia de errado e estava fazendo pedacinhos dele por isso. E ele não tinha resposta. Porque ela estava certa. Ele estava sendo egoísta, mantendo-a em seu bolso enquanto ele fazia o que tinha que fazer e a tirando dele e tendo um relacionamento quando era conveniente pra ele, quando ele precisava de conforto humano. “Eu não... Eu não sei o que dizer.”

Ela acenou com a cabeça pesadamente. “É esse o problema. Eu quero acreditar em você quando você diz que vai dar certo, que vai ficar tudo bem. Eu tento, Oliver, estou tentando muito acreditar em você, mas não posso mais. Então eu simplesmente cansei. Não sei como isso pode dar certo.” Ela estava tremendo, tentando não chorar.

Ele se moveu pra abraçá-la, consolá-la, mas ela ergueu uma mão, a outra indo cobrir a boca pra suprimir um soluço.

“Se eu deixar, nunca vou ser capaz de superar isso.”

“Chloe, eu posso mudar,” ele disse desesperado. “Posso fazer isso. Podemos fazer isso. Posso ser melhor.”

“Você diz isso, mas eu não acredito mais em você. Eu venho esperando há oito meses pra você se acostumar com a idéia. Sempre dependeu de você e eu simplesmente não posso mais. Não estou mais bem com isso. Então acabou. Adeus, Oliver.” Ela pegou sua jaqueta.

Ele se levantou e observou silencioso e imóvel ela ir até o elevador, entrar nele e a porta se fechar. Apenas nesse momento ele se permitiu cair no sofá mais uma vez, a cabeça nas mãos e os ombros tremendo com os soluços. Ele sabia que teria sido inútil tentar impedi-la, convencê-la do contrário. Ela era teimosa, determinada, e havia se decidido. Ele lembrou-se do começo do relacionamento deles. Quando tudo era novidade e ele se sentia tão vulnerável quando ela olhava pra ele, tão exposto.

Ela assumiu integralmente seu posto quando Clark também o fez, três anos depois da Liga da Justiça ter completado aquela primeira missão na instalação em Ridge. Clark estava com plenos poderes, tendo completado seu treinamento e meio que estava com Lois, o que surpreendentemente não incomodava Oliver.

Aquele fatídico dia em que Chloe Sullivan voltou pra sua vida, mudou-a pra sempre. Ela já havia participado de algumas missões com eles como Torre de Vigilância, sempre cuidando deles, ajudando, hackeando, mas ele não a via desde o incidente com a Canário Negro.

Ele lembrava-se distintamente. Acordou naquela manhã, lavou o rosto e quando olhou no espelho, não mais reconhecia a pessoa que olhava de volta. Ele se sentia vazio, como se estivesse quebrado e não mais uma parte viável da raça humana. Ele ergueu escudos, muros pra manter os outros longe. Ainda era capaz de trabalhar e os outros pensavam que ele estava apenas mais sério, mas nada mais despertava seu interesse. Ele era o trabalho. Não o surpreendia, mas ele quase não sabia mais pelo que lutava. Era pela Justiça? E o que era alcançado? Valia à pena? Ele balançou a cabeça. ‘Lide com isso Queen’. E ele continuava seu dia normalmente. Fazendo as coisas sem nem acreditar no valor delas.

Mas aí ela saiu do elevador atrás de Clark. Ele não a viu inicialmente, Clark e todo seu tamanho a bloqueando até o último segundo. Ela lhe lançou um olhar e os escudos dele despedaçaram-se, os muros foram derrubados e ele não tinha idéia do que iria fazer. Ele a olhou chocado e chegou até a tropeçar em choque.

Clark estava ao lado dele em segundos. “Você está bem, Oliver?”

Ele concordou lentamente, olhando pra Chloe. Engolindo seco, tentou encontrar sua voz. Tudo que ele conseguiu foi “Chloe.”

“Bom ver que se lembra de mim, Sr. Queen.” Ela sorriu maliciosamente pra ele, como se ela soubesse. Como se ela sempre tivesse sabido. Como se ela soubesse de uma piada esse tempo todo e só agora contou pra ele o final.

Ele acenou com a cabeça. A voz dela era doce, mas parecia aço, cortando-o como se ele fosse um tecido. Nos últimos seis meses, eles apenas se comunicaram por email por que ela era uma das repórteres tops do Planeta Diário, e havia sido mandada ao Centro-Leste pra cobrir os últimos genocídios que andavam acontecendo. Apesar do caos, ela foi capaz de continuar trabalhando pra ele. Ela era incrível.

Clark se endireitou e foi cumprimentar os outros membros da equipe.

Ele nem mesmo notou o fato de Victor estar murmurando alguma coisa pra Clark sobre Oliver estar trabalhando sem parar e não estar sendo ele mesmo nos últimos tempos. Que talvez ele estivesse surtando? Ao invés disso, todo seu ser estava inteiramente focado em Chloe enquanto ela balançava a cabeça e seu sorriso mudava de largo pra compreensivo. Preocupação passou pelos olhos dela, mas ela não forçou. Ao invés disso, ela ergueu uma mão, uma pequena, clara mão e perguntou, “Se importa se eu me acomodar na sua mesa?” Ele concordou silenciosamente e ela passou por ele, o cheiro de citrus e baunilha o provocando por alguns momentos.

Mais tarde, enquanto ele a observava trabalhar, não conseguia entender como ele estava reagindo do jeito que estava. Ela era Chloe afinal de contas, Parceira, Torre de Vigilância. Nada estava diferente, mas ao mesmo tempo nada estava igual. Ela parecia a mesma: cabelos loiros na altura do ombro, agora lisos, olhos verdes penetrantes que encrespavam-se e brilhavam quando ela ria, o que era frequente, roupas estilosas e bem ajustadas mas que não eram muito reveladoras. Talvez fosse o jeito com que ela capturava seu olhar, mesmo no meio de uma conversa com Victor sobre novas habilidades como hacker, nunca perdendo nada da conversa, mas ainda mantendo o olhar nele. Ou talvez fosse como o olhar parecia – forte e confortante, de tirar o fôlego e sexy, como se ela pudesse ver através dele e não estivesse com medo do que estava dentro. Ele nunca sentiu esse tipo de olhar sobre si e atiçava algo dentro dele que ele pensou que havia desaparecido pra sempre.

A primeira vez que ele a tocou, eles estavam fazendo jantar. Bem, eles estavam transferindo a comida chinesa das caixas pras vasilhas. Eram três horas da manhã e o resto da Liga estava espalhada pelo apartamento, com energia baixa e quietos.

“Oliver, me passa o arroz com frango, por favor?”

Ele acenou. Não parecia ter conseguido recuperar sua fala ao redor dela mesmo pra palavras monossilábicas. Quando ele entregou pra ela, seus dedos roçaram e fogo pareceu subir pela sua mão, braço, até o seu peito onde ele ficou, enrolado, contente. Ele olhou pra ela, pra ver se ela tinha sentido isso também.

Ela lhe sorriu aquele sorriso novamente. “Oliver, precisamos conversar.”

“O-Ok.”

“Você está bem? Os garotos disseram que você está mais quieto e fechado.”

Ele concordou. “Mais trabalho, mais responsabilidade,” disse lentamente.

Ela soltou a caixa e se virou pra se apoiar no balcão de forma que pudesse olhá-lo nos olhos. “Não é isso que estou perguntando. Estou perguntando se você está bem.”

Aqueles olhos. Ele não podia mentir pra aqueles olhos. “Não. Não estou.”

“Ok.” Foi baixo, decisivo.

A primeira vez que ela o beijou, ele estava esperando por isso, mas foi totalmente surpreendente. Já havia se passado duas semanas desde que Chloe apareceu em sua porta, bom, na porta da Liga e todas as noites, ela ligava pra ele, o fazia conversar com ela. E tudo foi escapando de sua boca, e ele não podia evitar. Ela era como um soro da verdade e todos os pensamentos dele, suas preocupações, sua dor, seu medo foram indo embora e ela tinha todas as palavras certas e sabia quando ficar quieta. Era chocante, desconcertante e confortante ao mesmo tempo.

Daí ela apareceu no meio de uma conversa, ainda falando no celular enquanto se aproximava dele. Foi aí que ele realmente soube como era acreditar em alguém quando diziam aquelas três palavras.

“Tudo vai ficar bem. Estou aqui agora.”

“Estou aqui agora.”

E ela soltou o telefone, soltou a bolsa, se esticou, o puxou pela lapela da camisa e o beijou.

E ele finalmente se sentiu como se estivesse em casa. Ele não tinha mais nada, nem escudos, nem muros. Ele não podia afastá-la porque ela sabia de tudo e havia aceitado tudo.

Quando ele pediu pra ela ficar naquela noite, ela deu aquele sorriso largo e perguntou se parecia tão fácil assim.

Ele riu. Pela primeira vez em muito tempo.

Ele fechou os olhos com força para a deliciosa dor que a lembrança trazia, tentando agarrar-se a ela, saboreá-la. Eles tinham sido tão inocentes, tão confiantes de que tudo ia dar certo. Mas aí isso mudou. Ele mudou isso. Ele ergueu aqueles muros novamente, mas dessa vez Chloe estava presa do lado de dentro, mantida perfeita e congelada, exatamente como ele queria. Mas ela murchou sem o sol e o relacionamento também.

A dor que ele sentia não se comparava a nada que havia sentido antes. Nenhuma ferida cortou tão profundamente e essa era uma que ele achava que não iria curar.

E a pior parte? Ele não tinha idéia do que fazer em relação a isso. Ele simplesmente se fechava, cobria a feria e desejava que curasse, tentava esquecer isso, sabendo perfeitamente bem que não curaria, que iria continuar sendo uma ferida aberta que ele carregaria pro resto da vida? Antes de Chloe era o que ele teria feito, ele não podia ignorar mais isso, não podia fingir que era tão ignorante assim. Mas ele teria que carregar isso por um tempo. Carregar como uma penitência, até que soubesse como poderia consertar isso.

Então, ele foi até Lois. Bom, ele planejou ir até Lois. Levou duas semanas pra ele tomar coragem.

“Ollie, ela está magoada. Esquecer você não é fácil.” Ela se inclinava sobre sua mesa, o encarando.

Ele se sentia como se estivesse mais uma vez na sala do diretor da escola e no meio de uma encrenca. Uma grande encrenca. “Lois, não estou perguntando como ela está. Estou perguntando como posso consertar.”

Ela o olhou fixamente. “Você quer? Quero dizer, realmente quer. Porque você não pode simplesmente fazer isso com ela. Estou surpresa por ela sequer ter me contado. Ela não teria feito isso se eu não tivesse a encontrado encolhida como uma bola, morrendo de chorar depois de ter ligado pro trabalho pelo sétimo dia seguido dizendo estar doente. Eu estava com raiva, Ollie, com tanta raiva. Você é idiota? Quero dizer, Chloe? Ela é delicada. Ela passou por tanta coisa e você joga mais isso em cima dela. E não apenas joga isso em cima dela, mas a faz viver em segredo. Não é de se imaginar porque ela chutou seu traseiro.” Ela se recostou novamente na cadeira, analisando a aparência descuidada dele com o que parecia um quê de satisfação. “Estou pensando em juntá-la com o Jimmy novamente.”

O maxilar dele travou. Ela só estava tentando irritá-lo. “Não vou desistir dela, Lois. Eu a amo.”

“Já disse isso alguma vez pra ela?”

Ele se forçou a olhá-la nos olhos. Era muito pessoal, mas Lois era a família de Chloe e quando se tratava de família, todas as regras saiam voando pela janela. “Não. Mas não posso agora.”

“Não. Sinceramente, eu não tenho idéia do que você pode fazer. Ela parecia bem determinada a te cortar da vida dela. Sabe como é, maus hábitos e tudo mais...”

“E eu? Estou infeliz sem ela.”

“Buá buá. Você teve sua chance.”

“Mas eu a amo.”

Ela deu de ombros. “E daí? Eu também.”

“Eu posso fazê-la feliz. Sei que posso.”

Ela se inclinou pra frente novamente, mais séria agora. “Eu. Não. Posso. Te. Ajudar. Eu não a quero com você porque você vai magoá-la de novo. Não há como você fazê-la feliz porque você tem medo demais de amá-la completa e livremente porque você ainda não sabe lidar direito com sua dupla identidade. Ela ama você, Ollie, mas amor não é o bastante. Nunca é o bastante.”

O rosto de Clark estava violento, mas demonstrando controle. “Estou me esforçando muito pra não te matar agora, quero que entenda isso. A única razão pra não fazer isso é porque você é meu amigo também e eu sinceramente acredito que você a ama. Eu sei o que você está passando, Ollie, eu sei. Lana e eu dançamos essa dança vezes demais. Talvez seja melhor você desistir?”

Oliver fez uma careta, sentindo-se mais determinado do que nunca. “Não é a mesma coisa, Clark. Chloe sabe do meu segredo praticamente desde o começo. Ela aceitava isso e não fugiu. Eu a amo e eu sei que ela me ama. Eu só estraguei tudo e tenho que descobrir como consertar isso.”

A morena alta deu de ombros. “Eu não sei o que dizer. Queria poder te ajudar, mas ela nem fala comigo sobre isso. Ela está realmente magoada, Oliver. Talvez dê algum tempo?”

“Quanto tempo? Isso está me matando.”

“Talvez deva ser assim. Talvez agora você aprenda. Ela precisa de tempo.”

Ele deu seis meses a ela. Era agonia. Ele continuava a cuidar dela, um anjo verde guardião mantendo-se às sombras, mas mantendo-a em segurança. E quando ele não estava na cidade, ele fazia um dos outros cuidar dela. Ele contou pra liga inteira, especialmente para o desapontamento de Dinah, e todos eles aceitaram, mesmo um pouco hesitantes de que daria mesmo certo. Chloe, afinal de contas, havia desaparecido da vida de Oliver e não dava nenhuma indicação de que queria voltar.

Ela havia começado as aulas na MetU novamente, tentando formar-se em jornalismo. Ela acomodou-se numa vida normal, ou tão normal quanto podia ter e pareceu florescer. Mas ela se encontrava olhando pela janela várias noites, imaginando o que Clark e os outros estavam fazendo. Ela sentia falta da agitação. Mas ela se forçava a não pensar em Oliver. Era doloroso demais.

E então ela encontrou com ele e tudo mudou novamente.

Foi bem idiota, na verdade. Ela não devia ter pegado aquele atalho pelo beco do Planeta Diário ao estacionamento e seu carro, mas estava frio e ela estava cansada e realmente não pensando direito.

O assaltante pegou a bolsa dela e porque ela não estava prestando atenção, a mão dela permaneceu nas alças. Ele a girou contra a parede numa tentativa de pegar a bolsa.

Ela gritou quando caiu no chão.

Em seguida houve um grito de dor quando o pulso do assaltante quebrou e ele foi atirado contra a parede e uma sombra a cobriu.

Ele a ofereceu a mão pra ajudá-la a se levantar e ela aceitou, sem palavras. Ele lhe entregou a bolsa, olhou nos olhos dela e se virou pra ir.

“Espera.” Ela nem sequer percebeu que estava dizendo as palavras até que elas saíram de sua boca. “Espera.”

“Vou te acompanhar até o carro.” A voz dele estava rude, irreconhecível com o distorcedor de voz.

Ela seguiu, pensamentos e sentimentos girando dentro dela como um redemoinho e ela estava com medo. Ela sabia que ele estava de olho nela esse tempo todo. Ele havia mudado? Ele poderia mudar? Alguém realmente mudava?

E aí eles estavam lá.

Ele esperou silenciosamente enquanto ela procurava as chaves atrapalhadamente, deixando-as cair e as pegando novamente.

Quando ela abriu a boca pra agradecê-lo, ele rapidamente a cortou. “Eu vou embora. Não sei quando ou se eu vou voltar.” Ele não sabia.

“Ok” Era isso que ela queria, não era? Então porque machucava tanto?

“Apenas precisava que você soubesse disso. E que eu te amo e que isso não vai mudar.”

Ela congelou, se amaldiçoou quando derrubou as chaves de novo. Ela se abaixou pra pegar e quando levantou, ele havia ido.

Ele entrou no elevador e se apoiou na parede, exausto. Oito instalações da Luthorcorp em seis meses tinham sido difíceis mesmo com a ajuda do Homem de Aço. Um ponto brilhante no meio da escuridão de Lex foi a descoberta de Diana Prince no laboratório da Costa do Ouro.

Ela era incrível, quase como Clark – forte, poderosa, com senso de moralidade e verdade, tranquila, calma e sangue frio. Ela era um excelente acréscimo a LJA. Como a liga se expandia, Oliver pensava globalmente – montar ligas no mundo inteiro pra combater o mal crescente.

Mas ele estava se precipitando. Agora tudo que ele queria era cair na cama e dormir tantas horas quanto possível. E, por mais que ele desejasse muito contrário, pediu um sono sem sonhos porque, aparentemente, o tempo não cura todas as feridas. Já havia se passado seis meses desde que tinha visto Chloe e ele ainda sonhava com ela toda noite – a pele macia e sedosa dela, os olhos verdes brilhantes, os lábios maravilhosos e o sorriso, o corpo perfeito dela o prendendo...

Ele suspirou. Tanto esforço pra isso... talvez um banho gelado e depois cama.

A porta se abriu e ele deslizou pra fora do elevador, os olhos passeando pela sala. Parecia uma versão distorcida de Cachinhos Dourados – coisas espalhadas como se alguém tivesse e... espera...não tivesse ido. Ali. Os cachos loiros despenteados da Cachinhos Dourados saindo debaixo de um cobertor no sofá.

Ele chegou mais perto, sem fazer barulho, esperando, desejando.

Por fim ele ficou ao lado dela. Ela parecia tão perfeita, como na primeira vez que ele a viu no celeiro de Clark – imaculada, ilesa das feridas que ele a causou.

O sexto sentido dela despertou e ela começou a se mexer.

“Você não devia estar na minha cama?”

Os olhos dela abriram, desorientados por causa do sono e depois focaram-se nele. “Como disse?”

“Quando os três ursos foram pra casa, eles encontraram a Cachinhos Dourados na cama deles, não desmaiada no sofá.” Ele cruzou os braços pra causar efeito, tentando dar leveza ao clima.

Ela ergueu a cabeça desafiadoramente. “Não é essa a história.”

“Qual é a história então?”

Ela sacudiu a cabeça. “Não é história alguma. Ninguém nunca descreveu isso antes... Garota ama garoto, garoto namora o primo da garota, garoto na verdade é um super-herói e parte o coração da prima da garota porque não pode confiar seu segredo a ela, garoto desaparece, garoto volta querendo ajuda da garota, se apaixona novamente pela prima da garota, garota trabalha, arranja outra garota que se atira em cima do garoto, garoto parte o coração da prima da garota, desaparece de novo, o melhor amigo da garota encontra seu potencial completo de super-herói, os dois se juntam a liga da justiça do garoto, garoto finalmente se apaixona pela garota mas não sabe lidar com isso, estraga tudo, garoto vai embora como sempre faz quando as coisas ficam difíceis-”

“Garota sente falta do garoto, passa a noite no sofá do apartamento do garoto até ele voltar pra casa, repreende o garoto, garoto beija a garota. Eles vivem felizes pra sempre.” Ele sorriu fracamente.

Ela o encarou, olhos cheios de esperança tingidos com um pouco de hesitação. “Vivem? Felizes pra sempre?”

Ele deu de ombros. “Eles poderiam. Mas eu não sei. É só uma história.”

Quando ela respondeu, a voz dela era tão fraca, que ele quase não a ouviu. “Eu gostaria que eles vivessem.”

Ele sentou perto dela e deslizou um braço ao seu redor enquanto ela se aninhava nele. “Eu também.”