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Chloe analisou a sala de interrogatório escassa em que estava presa. Antes mesmo que ela pudesse começar a se preocupar se esse era o caminho certo, Agente Especial Powell e Agente Especial McClane entraram na sala carregando comida e bebidas. “Não entendo porque saímos para pegar comida pra ela.”
“Porque eu não comi o dia todo, é uma longa história, e admita Agente Especial McClane, você está intrigada.” McClane fungou. Chloe se esticou por sobre a mesa e pegou seu sanduíche.
“Eu também não comi o dia todo.” Powell olhou diretamente para McClane. “Eu estava tão perto, mas tão perto da melhor refeição da minha vida e você teve que sair perseguindo assassinatos.” Chloe tossiu propositalmente. “Desculpa, acusações de assassinatos.” Ela encolheu os ombros, isso era um pouquinho melhor.
“Por favor, me diz que não estamos falando daquele bife estúpido de novo.” McClane murmurou.
“Primeiro, nunca se refira a ele como ‘aquele bife estúpido’.”
“É só um bife, Powell.” McClane gemeu.
“Não é só um bife; não chega nem perto de só um bife.” Powell ficou com um olhar distante. “É uma arte de carne, vacas crescem sonhando um dia virar aquele bife.”
“Vacas crescem desejando serem abatidas e virar o seu jantar? “ McClane sorriu pra ele.
“Quando é preparado por Jonathan Pipper? Pode apostar que sim.” Powell disse. “Levei oito meses pra conseguir aquela reserva. Estive sonhando com aquele bife por oito meses e ao invés disso olha o que eu tenho.” Ele olhou para o sanduíche e franziu a testa.
“É um bife... mais ou menos.” McClane sacudiu os ombros. “Um sanduíche de bife.”
“Você pediu picles extra?” Chloe interrompeu.
“Por fora.” Powell disse dando a bebida a Chloe. “Então comece no começo, no seu começo.”
“Claro, sem problemas.” Chloe deu uma mordida no seu sanduíche e sorriu. “Então como eu disse, isso começou em 10 de Outubro, cento e cinqüenta dias atrás.”
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10 de Outubro, 2008 (158 dias atrás)
“Você prometeu.” Chloe chorou enquanto Lois pegava várias pilhas de papel de diferentes lugares pela sala e empurrou tudo dentro da sua pasta que já transbordava.
“Eu sei e sinto muito.” Lois pegou a xícara de café da mão da Chloe e tomou um gole rápido antes de devolver.
“Um dia de meninas. Íamos fazer as unhas das mãos, e dos pés, e tratar do rosto, e fazer uma refeição ridiculamente cara e depois íamos tomar uns drinks.” Chloe a lembrou.
”E então alguém do Greenpeace decidiu esquecer a parte da paz e explodir um tanque de óleo.” Lois argumentou, parando pra se virar e sorrir. “Se você ainda fosse uma repórter entenderia.”
“Isso não é justo.” Chloe franziu a testa e suspirou rejeitadamente. “Preciso de sorvete.”
“Você precisa sair do seu pijama.” Lois ergueu uma sobrancelha. “E tomar um banho.”
“Não vou tomar banho até o Tibete ficar livre.” Chloe a encarou.
“Você não dá a mínima pro Tibete, está na fossa.” Lois argumentou. “Esteve na fossa por duas semanas.” Ela pendurou a pasta no ombro. “Toma um banho, se veste, vai lá fora, sente o ar fresco, dá uma caminhada, e toma outro banho porque, sério,” Lois enrugou o rosto, “você está fedendo.” Ela sorriu levemente e então abriu a porta e saiu.
“Eu me importo sim com o Tibete.” Chloe resmungou pra si mesma então cheirou sua blusa e recuou. “Ok, talvez eu esteja fedendo, mas não estou na fossa.” Ela disse, tomando o último gole do café e colocando a xícara na pia. “Talvez, talvez eu deva trocar de roupa, e um ar fresco não machucaria, e agora eu estou falando sozinha. Deus, eu preciso mesmo sair dessa casa.” Ela entrou no banheiro e ligou o chuveiro.
Depois de quarenta e cinco minutos, galões de água, e uma esponja acabada, Chloe saiu do banheiro com nada menos do que duas camadas de pele a menos, se sentindo melhor do que se sentiu há semanas. Ela suspirou e abriu o guarda-roupas pensando se se sentiria diferente vestindo roupas normais e contemplando queimar os pijamas que ela tinha vestido nas últimas duas semanas. Pegou algumas roupas, colocou na cama e suspirou. Que diferença faria se vestir? Ela estaria vestida, mas e daí? Podia dar uma volta, respirar ar fresco, mas depois disso não tinha nada pra fazer.
Três meses atrás ela tinha tudo esquematizado. Decidiu colocar a vida nos trilhos, tomar conta da Fundação Ísis. Mas quando ligou pra Lana e ofereceu tomar a liderança, Lana informou que apesar de ser uma oferta generosa ela estava desativando o lugar, retirando os fundos no fim do mês, e ainda teve a audácia de pedir que Chloe empacotasse tudo pra ela. No início Chloe pensou em tentar sozinha, arranjar seu próprio fundo financeiro e manter o lugar vivo, mas não teve sorte. O banco não deu a ela um empréstimo porque ela não iria ter lucro e não teria como pagar. Ela não conseguiu um fundo particular com Organizações de Caridade já que não podia explicar porque sua Fundação era diferente e porque atendia somente uma parcela tão pequena da sociedade, não que eles fossem acreditar se ela explicasse. Então duas semanas atrás ela empacotou o escritório e usou suas últimas economias pra pagar pelo armazenamento já que ela não conseguia nem considerar se livrar de nada. Por alguns segundos ela considerou arrumar as coisas no apartamento e trabalhar no Talon, mas enquanto ela estava morando com a Lois isso não funcionaria.
Chloe encarou as roupas que escolheu e gemeu, deitando-se na cama e fechando os olhos. Talvez tomar banho já fosse suficiente, talvez ela não precisasse fazer nada mais hoje. Ela devia ir devagar, a passinhos de bebê seria melhor. Seu telefone tocou e ela tapeou a mão por perto procurando, sem se incomodar em abrir os olhos. Ela o pegou e atendeu. “Alô.”
“Posso falar com Chloe Sullivan, por favor?” Era a voz de uma mulher mais velha.
“É eu.” Chloe abriu os olhos pra olhar pro teto.
“Sou eu.” A mulher corrigiu.
“Uau, seu nome também é Chloe Sullivan, quais são as chances?” Chloe sorriu.
“Não, desculpa, veja, quando eu pedi para falar com Chloe Sullivan você disse ‘É eu’, a resposta correta é ‘Sou eu’, eu estava simplesmente corrigindo você.” A mulher disse.
“Sim, eu percebi isso. Quando eu sugeri que seu nome era Chloe Sullivan, eu estava fazendo uso do sarcasmo em uma má tentativa de fazer uma piada.” Chloe pegou um travesseiro e o abraçou contra o peito.
“Entendo, bem, não posso julgar algo assim; já me disseram com freqüência que não tenho senso de humor.” A mulher disse.
“Foi uma piada ruim mesmo assim, não se preocupe. Sinto muito, estou por fora do jogo aqui, podemos começar de novo, eu poderia pensar em algo melhor pra dizer, mais engraçado, ou talvez você pudesse ligar amanhã, aí eu teria um dia inteiro pra pensar em algo.”
Chloe suspirou. “Eu era boa nisso, as respostas rolavam da minha língua.”
“Não vai ser necessário, obrigada.”
“Desculpa, você se importa se eu perguntar com quem tô falando?” Chloe de repente percebeu que não tinha idéia de quem era.
“Com quem estou falando, querida.” A mulher a corrigiu novamente. “Eu ligo em nome de Oliver Queen.”
“Nunca ouvi falar.” Chloe brincou.
Isso pareceu pegar a mulher de surpresa. “O líder das Indústrias Queen?” Ela acrescentou como se fosse fazer diferença.
“É o cara que faz os iPods? Porque o meu fica dando erro e eu sei que enviei um e-mail bem ofensivo para o Suporte Técnico, mas não pensei que o líder da empresa fosse me telefonar pessoalmente.” Chloe sorriu.
“Acredito que você esteja falando de Steve Jobs da Apple, Sr. Queen é...” A mulher parou. “Você está fazendo outra piada, não é?”
“Não se sinta mal, essa também era bem ruim.” Chloe disse a ela.
“Então entendo que você conhece o Sr. Queen?”
“Alto, loiro, bonito demais pro seu próprio bem? Sim, nos conhecemos.” Chloe balançou a cabeça.
“Sim, bem, Sr. Queen gostaria de agendar um encontro com você para as dez desta manhã. Você está disponível?” Ela perguntou.
“Na verdade, Emma, pras onze. Esqueci que tenho uma reunião com o departamento de Pesquisas & Desenvolvimento às nove e eles sempre passam da hora.” Oliver falou no fundo.
Chloe se sentou com um olhar confuso no rosto. “Ele tá sentando bem aí?”
A linha ficou em silêncio. “Sim.”
“Me deixa falar com ele.” Chloe revirou os olhos e vestiu a blusa que tinha escolhido mais cedo.
“Na verdade não é necessário, você está livre às onze?”
“Ele está sentado bem ao seu lado?” Chloe vestiu as calças.
“Sim, senhora.”
“Então imagino que ele esteja próximo do telefone?” Chloe pegou os sapatos e os calçou.
Houve uma pausa e então um suspiro. “Sim, senhora.”
“Mas ele não podia me ligar pessoalmente?” Ela sentou de volta na cama.
“Sr. Queen gostaria--”
“Sim, eu sei do que o Sr. Queen gostaria.” Chloe disse. “Só pra ter certeza que eu entendi. Ele quer marcar um encontro comigo, está sentado ao seu lado e ainda assim não pôde me ligar pessoalmente?”
“Mesmo, senhora, ele simplesmente gostaria de--“
Chloe a cortou. “Sim, obrigada.” Ela desligou o telefone e digitou o número do celular do Oliver.
“Chloe.” Ele atendeu na metade do primeiro toque com um tom divertido.
“Você fez sua assistente me ligar?” Ela falou contrariada pra ele.
“Eu precisava marcar um encontro.”
“Você fez sua assistente me ligar enquanto ela estava a vinte centímetros de você?” Chloe andou até a cozinha.
“Eu estou ocupado.” Oliver se defendeu. “E esse é o trabalho dela.”
“Se chama multi-tarefa, Oliver. Você já deveria ser um gênio nisso até agora.” Chloe brincou com ele enquanto começava um pote de café.
“Se chama delegar.” Ele rebateu.
“Você acha que sou a pessoa com quem você deveria estar delegando?” Chloe perguntou.
“Isso seria um não.” Ele admitiu.
“Do que você precisa?”
“O quê? Não posso só te ver? Ver como você está? Eu tenho que precisar de alguma coisa?”
Ela se encostou no balcão enquanto ele fingia indignação. “Do que você precisa, Oliver?”
“Só um favor.” Ele disse. “Um favorzinho.”
“Um favorzinho?” Ela sorriu. “É um favorzinho tipo ‘você pode guardar uma coisa pra mim’ ou é mais pra um favorzinho tipo ‘eu preciso que você intercepte um documento, você provavelmente não vai ser atacada por uma ninja doida lançadora de facas’?
“Bem, a Dinah decidiu que trabalha melhor sozinha e prometeu não interferir mais nos nossos assuntos, então posso quase garantir que não vai ter uma ninja doida lançadora de facas.” Oliver brincou.
“Você pode quase garantir. Não está me inspirando muita segurança, Queen.”
“Qual é, Parceira, ninjas são notoriamente imprevisíveis, eu nunca posso garantir nada com ninjas, especialmente as doidas, está no meu contrato de recrutamento.” Ele parou por um segundo quando ela riu. “Então, o que você diz?”
Chloe tomou um longo gole do café. “Não é como se eu tivesse algo melhor pra fazer. Mas se houver ninjas, eu quero pagamento extra.”
“Combinado.” Oliver riu. “Me encontre na Clocktower às onze.”
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Chloe abriu o portão do elevador e entrou na Clocktower. “Olá?” Ela olhou o relógio, faltavam cinco minutos para as onze então ela estava um pouco adiantada, mas já deveria ter alguém lá.
“Estamos aqui atrás.” Oliver gritou. Ela deixou a bolsa e foi para a sala atrás do relógio. Assim que ela chegou à porta uma flecha voou perto da orelha dela e se enterrou na parede bem ao lado. Chloe olhou da flecha para o Oliver, que parecia chateado, mas Chloe tinha a sensação de que não era porque ele quase a acertou.
“Uau. Impressionante.” Victor disse sarcasticamente em um tom tedioso atrás dele.
“Ainda está em estágio de testes.” Oliver baixou o arco.
“O que ela deveria fazer?” AC puxou a flecha da parede e imediatamente a largou no chão, sacudindo a mão. Todos olharam enquanto a flecha se congelou e então formou um círculo de gelo na ponta.
“Isso, só que em bem mais larga escala.” Oliver foi até lá e juntou a flecha cuidadosamente e guardou numa sacola.
“Essa coisa quase me acertou.” Chloe pontuou quando adentrou o salão.
“Eu tenho uma boa mira.” Oliver revirou os olhos e Chloe o encarou. “Não ia acertar você.”
“Ei, Chloe.” Victor interrompeu pra aliviar a tensão e a abraçou. AC e Bart seguiram a dica.
“Então vocês estão juntos agora?” Chloe olhou pra equipe.
“Melhor juntos que separados.” Victor sacudiu os ombros.
“Sei como é.” Chloe o assegurou. “Então, o que está havendo, qual é o favorzinho?”
“É direto ao assunto com você.” Oliver sacudiu a cabeça. “Você não pode relaxar um pouco? Nos deixar à par de tudo?”
“Certo.” Chloe sorriu. “Como vai você? Eu, estou bem. Não tenho emprego, não tenho certeza sobre o que vou fazer da vida ou como vou pagar meu aluguel. Estamos todos à par? Bom. Você tem café?”
“Pronto não, mas tem na cozinha.” Oliver indicou com a cabeça para trás dela.
“Então qual é a grande emergência?” Chloe abriu o armário e começou o café.
“Ninguém disse emergência.” Oliver desceu as xícaras e o creme. “Eu não disse emergência.”
“Você só me liga com emergências.” Chloe se inclinou contra o balcão. “Quando já gastou todas as opções.”
“Isso não é verdade.” Oliver sacudiu a cabeça. “Você geralmente é a nossa única opção.” Ela cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha. “Mas mesmo que não fosse a única opção seria ainda a primeira opção.” Ele redimiu.
“Boa redenção.” Ela cutucou o ombro dele. “Então qual é o não emergencial favorzinho?”
“Eu posso ter mentido.” Oliver fez careta e deu a ela uma xícara de café.
“Sobre a emergência?”
“Sobre o favor.” Oliver se sentou. “Sobre ser um favorzinho.”
“Então é um favorzão?” Chloe sentou do outro lado. “O quão grande?”
“Grande de mudar a vida.” Oliver admitiu.
Chloe o olhou por um segundo e Oliver pôde perceber que ela estava pesando algo em sua cabeça. “Eu me daria bem com algo de mudar a vida agora mesmo.”
“Eu quero reabrir a Fundação Ísis.” Oliver disse. “Clark me contou sobre o que você esteve fazendo, ou esteve tentando fazer. Eu quero que você possa fazer isso.”
Chloe olhou pro Oliver e inclinou a cabeça. “Você quer jogar dinheiro em mim pra que eu possa reabrir a Fundação Ísis e aconselhar os infectados por meteoro?” Oliver fez que sim com a cabeça.
“Não.”
“Não?” Oliver sorriu confuso.
“Não.” Chloe sacudiu a cabeça e bebeu o café, se recostando na cadeira. “Você é um cara ótimo, um herói, o Arqueiro-Verde, defensor dos fracos e oprimidos, mas antes e primeiramente você é um homem de negócios, então me diz qual a real razão pra isso?”
Ele sorriu pra ela. “Você está certa.” Ele respirou fundo e a olhou. “Eu quero você faça o que faz; durante o dia eu quero que você lidere a Fundação Ísis e ajude as pessoas que precisam de ajuda.”
“E à noite?”
“Eu quero que você lidere a LJA.” Oliver disse.
“O que é LJA?” Chloe olhou confusa.
“Nós somos.” Bart correu cozinha adentro e mexeu no refrigerador.
“Liga da Justiça da América.” Victor explicou.
“Então agora vocês têm um nome?” Chloe os olhou.
“Finalmente conseguimos concordar em algo.” Oliver disse. “Então o que você diz?”
“Antes de decidir eu quero que fique absolutamente claro aqui o que vocês esperam que eu faça.” Chloe disse a ele.
“Eu quero que você arrume a Fundação Ísis como seu escritório. Você tem suprimentos e você tem equipamento. Eu quero ter um hub central onde toda a inteligência seja armazenada, onde o pessoal possa dar notícias regularmente, talvez até trabalhar lá não seja tão suspeito quanto a Clocktower ou o prédio da Queen. E eu quero que você lidere isso. Quero que você seja nossa Watchtower, que você trabalhe com os detalhes, que você faça as investigações. Ouvi dizer que você está bem equipada pra esse tipo de trabalho, agora.”
“Então Clark falou das minhas habilidades loucas com o computador.” Chloe deu um sorriso torto.
“Ele deve ter mencionado.” Oliver balançou a cabeça. “Eu fiquei confuso sobre como você descobriu o veneno tão rapidamente.”
“Uau, não tinha percebido que o rei dos segredos não podia manter os dos outros.”
“Ele tem medo de ser culpa dele e que isso te machuque, acho que ele estava preocupado, só queria alguns conselhos.” Oliver defendeu Clark.
“Não, tudo bem. Não é como se ele tivesse postado no MySpace.” Chloe suspirou. “O que você está me pedindo pra fazer é bem grande.”
“Eu sei.” Ele sorriu pra ela. “Confia em mim, eu sei o que estou te pedindo. Como eu disse, é um favor de mudar a vida, com ênfase em favor. Você não tem que fazer isso.”
Chloe revirou os olhos pra ele. “É claro que eu vou fazer isso. Eu só não tenho certeza se você pegou a pessoa certa pro trabalho.”
“Eu acho que peguei a pessoa perfeita pro trabalho.” Ele assegurou.
“Você é o chefe.” Chloe respirou fundo e se levantou. “Eu posso tirar as coisas do armazém mais tarde e começar a arrumar tudo.”
“Na verdade...” Oliver fez uma careta.
“Estou dizendo, chefe, não a deixe ver ainda, nos dê mais um tempo.” Bart fingiu sussurrar.
“Deixar ver o quê?” Chloe olhou do Oliver para o Bart.
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Vinte minutos depois Chloe encarou o salão de entrada da Fundação Ísis com a boca escancarada. Depois de alguns falsos começos, ela conseguiu articular alguma coisa. “Eu estou literalmente sem palavras.” Ela tentou passar por sobre uma pilha de caixas meio desempacotadas e falhou miseravelmente. “O que vocês... como isso... porquê?” Ela se virou e analisou o estrago que estava na sua frente. Havia caixas sobre caixas empilhadas de qualquer jeito um em cima da outra, mesas e cadeiras nos lados empilhadas até o teto, eletrônicos e cabos enrolados num canto.
Bart, Victor e AC deram um passo para o lado e olharam para o Oliver. “Você?” Chloe perguntou.
“Eu trouxe tudo que tinha e o Clark me falou da unidade de armazenamento. O plano era ter isso tudo pronto antes que você chegasse, mas no meio do caminho Victor pontuou que talvez você mesma fosse querer arrumar já que é quem vai ficar aqui na maior parte do tempo.”
“Isso é a metade do caminho? Como isso estava antes?” Chloe se sobressaltou.
“Certo, talvez devêssemos mostrar a parte boa pra ela agora?”
“É.” Oliver disse, entusiasmado. Ele estava com medo de que se ela ficasse olhando por mais tempo pra essa bagunça que eles fizeram ela fosse hiper-ventilar, ou bater nele, ou os dois.
“Isso é provavelmente o melhor a se fazer. Vem comigo.” Ele estendeu a mão e ajudou Chloe a escalar o caminho de volta para a porta. Ao invés de sair Oliver virou à direita levou Chloe escadas acima. Ela o seguiu, e ficou confusa quando eles chegaram a um corredor com portas alinhadas.
“O que é isso?” Chloe perguntou quando Oliver parou na primeira porta.
“Abre.” Ele deu a chave a ela. Ela deu mais um olhar confuso e abriu a porta, só pra ficar presa no lugar.
“Essa é a parte que eu terminei.” Ele foi até ela. Chloe encarou o apartamento completamente renovado e lindamente decorado. Havia uma área de cozinha com móveis novinhos em folha, uma sala de jantar com um bom tamanho e uma sala de estar completamente funcional. Tinha um corredor que levava para o fundo onde Chloe sabia que encontraria quartos e um banheiro.
“Não estou entendendo.” Chloe entrou suavemente, pisando bem levemente no piso novo de madeira.
“É para você.” Oliver fechou a porta depois que todos entraram. Bart foi direto para cozinha e abriu o refrigerador, que Chloe percebeu estar completamente abastecido. “Eu pensei que, se você quisesse, poderia morar aqui.”
“Morar aqui?” Chloe arrancou o olhar da sala, atônita.
“Vai haver várias longas noites e eu pensei que seria mais fácil. Smallville é bem longe pra uma comutação diária e morar em cima do Talon já deve estar ficando ultrapassado, pra não dizer que eu tenho certeza de que com a Lois lá, não é o melhor lugar pra um casal de noivos recentes. Talvez fique mais difícil manter as coisas do Jimmy, mas--”
“O Jimmy não...” Ela sacudiu a cabeça. “O Jimmy não é mais um fator na equação agora, ou para sempre.”
“Ah, mas eu ouvi falar do noivado e a história bonitinha do anel de plástico da máquina de chicletes.”
“Não faça piada disso.” Chloe franziu a testa pra ele. “Eu não devia ter dito sim em primeiro lugar. Estava presa em Montana por tanto tempo e quando eu saí só queria fazer alguma coisa, queria viver, e achei que dizer sim pro Jimmy era a coisa certa. Mas quando as coisas com a Ísis começaram a ir por água abaixo e eu não podia explicar pra ele porque isso era tão importante pra mim, isso deixou uma grande brecha.”
“Não era algo que você pudesse consertar?” Oliver perguntou.
“Possivelmente, mas aí...” Ela hesitou, deslizando a mão pelos balcões novinhos da cozinha.
“Aí o quê?” Oliver pressionou.
“Bem, você.” Chloe olhou pra ele. “Naquela noite, quando você foi envenenado e eu trouxe você pra cá, o Jimmy apareceu e eu não podia explicar pra ele o que estava acontecendo, não podia explicar porque estava tomando conta de você ao invés de levar você a um hospital, não podia nem explicar como te conhecia. No começo isso não o incomodou, ele pensou que eu queria uma exclusiva. Quando ele percebeu que eu não só não o deixava tirar nenhuma foto, mas não ia escrever nenhuma estória, houve outra briga. Sobre segredos e projetos e todas as coisas na minha vida que pareciam vir antes dele. Ele gritou e eu gritei e então dei o anel pra ele e não nos falamos mais desde lá.”
“Sinto muito, Chloe.” Oliver disse depois de um minuto.
Ela encolheu os ombros. “Eu pensei que poderia desistir disso e me tornar uma esposa e um membro normal da sociedade, mas não posso, e nunca poderia dizer isso a ele. Jimmy é um cara muito legal, mas ele não é assim...” Ela mexeu os braços na direção deles. “Ele não entenderia o que eu faço, não seria capaz de viver com isso e acho que, de certa forma, foi por isso que fiquei com ele, ele era minha ligação com uma vida normal.”
“Vidas normais são superestimadas.” Oliver ofereceu.
“É.” Chloe sorriu e se virou. “Oliver, esse lugar é muita coisa.”
“Não para o que eu estou pedindo de você.” Ele sacudiu a cabeça. “Não é nada. Eu comprei o prédio inteiro e esses apartamentos estavam aqui, é bom que eles sejam úteis.”
“Apartamentos?”
“Tem mais dois apartamentos.” Oliver explicou. “Eu os arrumei para o caso da galera querer usar.” Ele bateu as palmas das mãos e sorriu pra ela. “Então, o que você diz?”
“Eu digo...” Chloe olhou ao redor do apartamento e respirou fundo antes de se virar de volta pra ele. “Estou dentro.”
“Pega!” Bart gritou do outro lado do apartamento e Chloe riu.
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16 de Outubro, 2008 (dia 147)
“Espera um pouco.” McClane levantou a mão pra pausar a história da Chloe. “Você está sentada aqui me dizendo que Oliver Queen, o líder das Indústrias Queen, terceiro homem mais rico do planeta--”
“Segundo.” Chloe a corrigiu. “Jacob Steinman acabou de perder um monte no mercado de ações.”
“Ok, segundo homem mais rico do planeta, é o Arqueiro Verde?”
“É, mhumm.” Chloe fez que sim com a cabeça. “Você vai terminar as batatas-fritas?” Ela apontou para Powell, que empurrou seu prato.
“Oliver Queen é o Arqueiro Verde.” McClane repetiu, interpretando o pensamento na cabeça.
“É, essa não é a moral da história então se você puder parar de se distrair.” Chloe checou o relógio. “Só tenho mais cinco horas antes que o dia comece de novo e, como eu disse, é uma longa estória.”
ahhhhhh, eu adoro a JL, tão bom quando todos estão juntos :D
ResponderExcluirO negócio está ficando bom.
ResponderExcluirQue lindo teria sido que se Oliver tivesse oferecido um apê pra Chloe.
Acho tão estranho ela e Lois dividirem o apartamento da Talon, a mesma cama e tal...rsrsr
Esperando a continuação.