terça-feira, 22 de junho de 2010

Complicated, tradução

Uma oneshot no meio dessas multichapters incríveis que a Nathalia e a Silvia estão traduzindo. Esse particularmente me chamou a atenção porque mostra, ao contrário de Smallville, o Oliver tendo problemas com assumir a relação, não a Chloe. Tem o pessoal da liga também, um Clark bem mais simpático, mas já avisando que ao contrário de Extraordinarily Ordinary em que muitos até gostaram da Dinah, nessa provavelmente a única vontade que sentirão vai ser de matá-la, ou ao menos foi o que eu senti. ¬¬’
Boa leitura pra todo mundo e comentem depois :D

Complicated é de autoria do Quicksilver19

Complicated

“Porque você está gritando?” ela observou o loiro normalmente tranquilo se preparar pra outro discurso longo sobre como era uma má idéia contar pra Liga da Justiça, pro mundo, que eles estavam juntos. “Não é tão complicado assim. Pessoas já se envolveram em relacionamentos públicos antes.”

“Não é tão complicado assim? Chloe, eu sou Oliver Queen, presidente bilionário das Indústrias Queen. Minha vida é constantemente observada e analisada pela imprensa e pela competição. Eu também sou o Arqueiro Verde. Pessoas me querem morto, pessoas querem me machucar de qualquer forma que puderem através de todos os meios possíveis. Efeito colateral não é nada pra eles.

Ela balançou a cabeça, frustrada. “Você também é Oliver Queen, meu namorado. E eu sou Chloe Sullivan. Tenho pessoas que me querem morta também, que observam e analisam minha vida também. Você tem que aproveitar a vida com o que você tem, Oliver. Você me prometeu, Oliver. Você prometeu que seria capaz de lidar com isso! Eu te dei tempo pra ficar confortável com a idéia, mas você age como uma pessoa completamente diferente quando está perto dos outros. Você sabe como eu me sinto quando Dinah não tira as mãos de você e você não a afasta porque não pode já que todo mundo pensa que você é solteiro e então seria estranho? Porque ela é a gostosa com a meia arrastão e eu sou a parceira.” Ela estava quase chorando, o que a fazia ainda mais brava. Ela disse a si mesma que não deixaria isso a incomodar, que não era nada demais.

Ele suspirou. Sabia do que ela estava falando.

Chloe saiu do elevador e encontrou os garotos da Liga da Justiça nos sofás, pesquisando em papéis espalhados ao redor. Ela estava feliz. Oliver havia prometido uma curta noite de trabalho pra que depois eles pudessem ficar juntinhos e assistir um filme sem interrupção. Ela até mesmo sorriu pra Dinah quando ela saiu da cozinha.

Bart apareceu do lado dela. “Ei, Chloelicious. Precisa de ajuda com esses arquivos?”

“Obrigada, mas eu estou bem.” Ela olhou pra Oliver enquanto andava até a mesa pra se arrumar, os arquivos presos entre os braços. “Peguei aqueles arquivos que você queria. Fácil demais.”

Ele se permitiu sorrir pra ela. “Essa é minha garota. Podemos analisá-los mais tarde.”

“E eu, Ollie?” Dinah perguntou, sentando-se ao lado dele e passando a mão pelo seu braço até a bochecha e trazendo sua atenção pra si. “Eu não sou sua garota?”

Sua resposta foi interrompida por uma pilha de arquivos caindo na mesa.

Todos olharam pra uma Chloe que não se desculpou.

“Deve ter escorregado.”

Oliver pigarreou. “Vamos voltar ao trabalho.”

Dinah pegou um arquivo e se aproximou ainda mais de Oliver. “O que estamos procurando mesmo... chefe?”

Ele se inclinou na direção dos papéis, lendo algumas linhas. “Algo que sugira que a Luthorcorp está abrindo uma nova instalação em qualquer lugar do mundo. Atividades suspeitas ou equipamentos anormais.”

“O que é considerado anormal? Todo mundo tem seu próprio gosto quando se trata de equipamento.” Ela olhou pra ele através dos cílios fartos. “Eu deveria estar procurando algo grande?”

Clark parecia estar sofrendo falta de ar, Bart e A.C. tentaram esconder o riso, Victor revirou os olhos e Chloe fez uma careta zangada.

“Oliver? Os arquivos?”

Ele acenou pra ela, querendo resolver esse assunto com Dinah e terminar logo as coisas pra que eles ainda tivessem tempo de assistir o filme. “Num minuto, Torre de Vigilância. Veja, Dinah, uma grande quantidade de chumbo foi mandada pra instalação em Larchwood, Roma, o que quer dizer-” Ele retraiu-se quando outra pilha de arquivos caiu na mesa e fechou os olhos, o rosto congelado numa careta. Dessa vez o som foi seguido de um ríspido “Ótimo.” e do barulho do salto enquanto Chloe subia as escadas pro seu escritório particular.

Ele abriu os olhos e viu Clark indo até as escadas. Ele levantou-se e praticamente saltou o sofá pra chegar antes do fazendeiro. “Eu falo com ela, Clark. É minha culpa que ela está brava e você não precisa ser submetido às infinitas descrições sobre a minha estupidez, inutilidade, egocentricidade, etc e etc. Está ficando tarde, de qualquer forma. Deveríamos encerrar a noite.”

“Claro, chefe. Alguém quer ir comer uma pizza?” Bart perguntou, já indo em direção ao elevador.

AC concordou, olhando pra Victor que deu de ombros, também concordando. “Clark?”

“Talvez eu deva...” Clark olhou pras escadas.

Oliver deu mais alguns passos, movendo-se entre o alien e sua melhor amiga. “Realmente não é sua briga, Clark, mas obrigado pela oferta.”

“Ok.” Ele relutantemente seguiu os outros.

“Quer que eu passe aqui depois da patrulha com as atualizações?” Dinah perguntou com um sorriso.

“Não, eu provavelmente estarei na cama nessa hora.” Ele tinha esperanças disso, caso conseguisse acalmar Chloe.

O sorriso dela ficou ainda maior. “Eu não me importo.”

“Boa noite, Dinah.” Ele virou de costas pro grupo e começou a subir as escadas. Mas não rápido o bastante pra perder o sussurro de Bart pra AC momentos antes do elevador se fechar.

“Ela vai fazer pedacinhos dele.”

Quando ele abriu a porta, teve a impressão de que Bart não estava muito errado.

Ela estava definitivamente com raiva e definitivamente dele. Ela não virou, não reconheceu sua presença de qualquer forma. Ele esperou alguns segundos. Os únicos sons no escritório eram o tique-taque do relógio e o farfalhar raivoso dos papéis.

“Chlo?”

Mais farfalhar raivoso.

Ele deu alguns passos cautelosos, pronto pra abaixar e desviar se ela quisesse atirar alguma coisa. Então ele ouviu. Era fraco, tão baixo que ele não teria notado se o escritório não tivesse tão quieto. Uma fungada. Ele suspirou. A única coisa pior que uma Chloe raivosa era uma Chloe chateada chorando. Ele quase desejou que ela tivesse atirado alguma coisa. Era essa sua fraqueza, sua kryptonita. “Me desculpa,” ele disse baixinho. “De verdade, me desculpa.”

“Você fica tão ocupado em ter cuidado diante deles que nem me trata como um ser humano.” A voz dela estava cheia de lágrimas e isso quebrou seu coração.

“Chloe... Eu...” Mas não havia nada que ele pudesse dizer. “Eu sinto muito. Não tem desculpa pra isso, mas ainda assim eu sinto muito.” Ele foi até ela e se ajoelhou enquanto virava a cadeira pra que ela o olhasse. “Podemos recomeçar a noite? Estamos sozinhos, eu não tenho que patrulhar, tenho a cozinha cheia de besteiras... Podemos esquecer a Liga da Justiça essa noite e assistir aquele filme?”

Ela estava prendendo os arquivos contra o peito como um escudo, o rosto cheio de lágrimas. “Não, Oliver. Não podemos. Você age como um idiota e depois tenta jogar isso pra debaixo do tapete. Eu não posso deixar isso pra lá. Você é outra pessoa ao redor dos outros. Você está tentando ser tão legal e calmo ao redor deles que você pisa nos meus sentimentos. E você sabe que Dinah é obcecada quando se trata de você e não faz nada sobre isso. Então não, não posso recomeçar a noite.” Ela atirou os arquivos nele e saiu.

“Olha,” ele disse desesperadamente. “Eu só preciso de mais tempo. Pensar em você em perigo por causa de mim me assusta muito. Eu só não estou pronto.”

Ela balançou a cabeça. “Isso é besteira, Oliver. Porque todo mundo sempre usa essa desculpa? Eu vou estar em perigo de qualquer jeito, a gente estando juntos ou não. Provavelmente estarei mais segura com você. Isso é uma desculpa. Se isso é difícil demais pra você, se é demais, então talvez não deveríamos sequer estarmos juntos. Porque não acho que é muito justo comigo. Eu estou disposta a sacrificar coisas por você. Qualquer possibilidade de uma vida normal, não poder ficar com você o tempo todo, ter que dividir você com o resto do mundo, mas eu me recuso a me tornar um fantasma. Você não pode me manter, manter essa relação escondida e demonstrar as coisas sempre que sente que precisa de normalidade em sua vida. Simplesmente não é justo.”

Ele sentou ao lado dela, os cotovelos apoiados nos joelhos, deixando as mãos caírem debilmente. Ele estava sendo repreendido. Chloe Sullivan apontou exatamente o que havia de errado e estava fazendo pedacinhos dele por isso. E ele não tinha resposta. Porque ela estava certa. Ele estava sendo egoísta, mantendo-a em seu bolso enquanto ele fazia o que tinha que fazer e a tirando dele e tendo um relacionamento quando era conveniente pra ele, quando ele precisava de conforto humano. “Eu não... Eu não sei o que dizer.”

Ela acenou com a cabeça pesadamente. “É esse o problema. Eu quero acreditar em você quando você diz que vai dar certo, que vai ficar tudo bem. Eu tento, Oliver, estou tentando muito acreditar em você, mas não posso mais. Então eu simplesmente cansei. Não sei como isso pode dar certo.” Ela estava tremendo, tentando não chorar.

Ele se moveu pra abraçá-la, consolá-la, mas ela ergueu uma mão, a outra indo cobrir a boca pra suprimir um soluço.

“Se eu deixar, nunca vou ser capaz de superar isso.”

“Chloe, eu posso mudar,” ele disse desesperado. “Posso fazer isso. Podemos fazer isso. Posso ser melhor.”

“Você diz isso, mas eu não acredito mais em você. Eu venho esperando há oito meses pra você se acostumar com a idéia. Sempre dependeu de você e eu simplesmente não posso mais. Não estou mais bem com isso. Então acabou. Adeus, Oliver.” Ela pegou sua jaqueta.

Ele se levantou e observou silencioso e imóvel ela ir até o elevador, entrar nele e a porta se fechar. Apenas nesse momento ele se permitiu cair no sofá mais uma vez, a cabeça nas mãos e os ombros tremendo com os soluços. Ele sabia que teria sido inútil tentar impedi-la, convencê-la do contrário. Ela era teimosa, determinada, e havia se decidido. Ele lembrou-se do começo do relacionamento deles. Quando tudo era novidade e ele se sentia tão vulnerável quando ela olhava pra ele, tão exposto.

Ela assumiu integralmente seu posto quando Clark também o fez, três anos depois da Liga da Justiça ter completado aquela primeira missão na instalação em Ridge. Clark estava com plenos poderes, tendo completado seu treinamento e meio que estava com Lois, o que surpreendentemente não incomodava Oliver.

Aquele fatídico dia em que Chloe Sullivan voltou pra sua vida, mudou-a pra sempre. Ela já havia participado de algumas missões com eles como Torre de Vigilância, sempre cuidando deles, ajudando, hackeando, mas ele não a via desde o incidente com a Canário Negro.

Ele lembrava-se distintamente. Acordou naquela manhã, lavou o rosto e quando olhou no espelho, não mais reconhecia a pessoa que olhava de volta. Ele se sentia vazio, como se estivesse quebrado e não mais uma parte viável da raça humana. Ele ergueu escudos, muros pra manter os outros longe. Ainda era capaz de trabalhar e os outros pensavam que ele estava apenas mais sério, mas nada mais despertava seu interesse. Ele era o trabalho. Não o surpreendia, mas ele quase não sabia mais pelo que lutava. Era pela Justiça? E o que era alcançado? Valia à pena? Ele balançou a cabeça. ‘Lide com isso Queen’. E ele continuava seu dia normalmente. Fazendo as coisas sem nem acreditar no valor delas.

Mas aí ela saiu do elevador atrás de Clark. Ele não a viu inicialmente, Clark e todo seu tamanho a bloqueando até o último segundo. Ela lhe lançou um olhar e os escudos dele despedaçaram-se, os muros foram derrubados e ele não tinha idéia do que iria fazer. Ele a olhou chocado e chegou até a tropeçar em choque.

Clark estava ao lado dele em segundos. “Você está bem, Oliver?”

Ele concordou lentamente, olhando pra Chloe. Engolindo seco, tentou encontrar sua voz. Tudo que ele conseguiu foi “Chloe.”

“Bom ver que se lembra de mim, Sr. Queen.” Ela sorriu maliciosamente pra ele, como se ela soubesse. Como se ela sempre tivesse sabido. Como se ela soubesse de uma piada esse tempo todo e só agora contou pra ele o final.

Ele acenou com a cabeça. A voz dela era doce, mas parecia aço, cortando-o como se ele fosse um tecido. Nos últimos seis meses, eles apenas se comunicaram por email por que ela era uma das repórteres tops do Planeta Diário, e havia sido mandada ao Centro-Leste pra cobrir os últimos genocídios que andavam acontecendo. Apesar do caos, ela foi capaz de continuar trabalhando pra ele. Ela era incrível.

Clark se endireitou e foi cumprimentar os outros membros da equipe.

Ele nem mesmo notou o fato de Victor estar murmurando alguma coisa pra Clark sobre Oliver estar trabalhando sem parar e não estar sendo ele mesmo nos últimos tempos. Que talvez ele estivesse surtando? Ao invés disso, todo seu ser estava inteiramente focado em Chloe enquanto ela balançava a cabeça e seu sorriso mudava de largo pra compreensivo. Preocupação passou pelos olhos dela, mas ela não forçou. Ao invés disso, ela ergueu uma mão, uma pequena, clara mão e perguntou, “Se importa se eu me acomodar na sua mesa?” Ele concordou silenciosamente e ela passou por ele, o cheiro de citrus e baunilha o provocando por alguns momentos.

Mais tarde, enquanto ele a observava trabalhar, não conseguia entender como ele estava reagindo do jeito que estava. Ela era Chloe afinal de contas, Parceira, Torre de Vigilância. Nada estava diferente, mas ao mesmo tempo nada estava igual. Ela parecia a mesma: cabelos loiros na altura do ombro, agora lisos, olhos verdes penetrantes que encrespavam-se e brilhavam quando ela ria, o que era frequente, roupas estilosas e bem ajustadas mas que não eram muito reveladoras. Talvez fosse o jeito com que ela capturava seu olhar, mesmo no meio de uma conversa com Victor sobre novas habilidades como hacker, nunca perdendo nada da conversa, mas ainda mantendo o olhar nele. Ou talvez fosse como o olhar parecia – forte e confortante, de tirar o fôlego e sexy, como se ela pudesse ver através dele e não estivesse com medo do que estava dentro. Ele nunca sentiu esse tipo de olhar sobre si e atiçava algo dentro dele que ele pensou que havia desaparecido pra sempre.

A primeira vez que ele a tocou, eles estavam fazendo jantar. Bem, eles estavam transferindo a comida chinesa das caixas pras vasilhas. Eram três horas da manhã e o resto da Liga estava espalhada pelo apartamento, com energia baixa e quietos.

“Oliver, me passa o arroz com frango, por favor?”

Ele acenou. Não parecia ter conseguido recuperar sua fala ao redor dela mesmo pra palavras monossilábicas. Quando ele entregou pra ela, seus dedos roçaram e fogo pareceu subir pela sua mão, braço, até o seu peito onde ele ficou, enrolado, contente. Ele olhou pra ela, pra ver se ela tinha sentido isso também.

Ela lhe sorriu aquele sorriso novamente. “Oliver, precisamos conversar.”

“O-Ok.”

“Você está bem? Os garotos disseram que você está mais quieto e fechado.”

Ele concordou. “Mais trabalho, mais responsabilidade,” disse lentamente.

Ela soltou a caixa e se virou pra se apoiar no balcão de forma que pudesse olhá-lo nos olhos. “Não é isso que estou perguntando. Estou perguntando se você está bem.”

Aqueles olhos. Ele não podia mentir pra aqueles olhos. “Não. Não estou.”

“Ok.” Foi baixo, decisivo.

A primeira vez que ela o beijou, ele estava esperando por isso, mas foi totalmente surpreendente. Já havia se passado duas semanas desde que Chloe apareceu em sua porta, bom, na porta da Liga e todas as noites, ela ligava pra ele, o fazia conversar com ela. E tudo foi escapando de sua boca, e ele não podia evitar. Ela era como um soro da verdade e todos os pensamentos dele, suas preocupações, sua dor, seu medo foram indo embora e ela tinha todas as palavras certas e sabia quando ficar quieta. Era chocante, desconcertante e confortante ao mesmo tempo.

Daí ela apareceu no meio de uma conversa, ainda falando no celular enquanto se aproximava dele. Foi aí que ele realmente soube como era acreditar em alguém quando diziam aquelas três palavras.

“Tudo vai ficar bem. Estou aqui agora.”

“Estou aqui agora.”

E ela soltou o telefone, soltou a bolsa, se esticou, o puxou pela lapela da camisa e o beijou.

E ele finalmente se sentiu como se estivesse em casa. Ele não tinha mais nada, nem escudos, nem muros. Ele não podia afastá-la porque ela sabia de tudo e havia aceitado tudo.

Quando ele pediu pra ela ficar naquela noite, ela deu aquele sorriso largo e perguntou se parecia tão fácil assim.

Ele riu. Pela primeira vez em muito tempo.

Ele fechou os olhos com força para a deliciosa dor que a lembrança trazia, tentando agarrar-se a ela, saboreá-la. Eles tinham sido tão inocentes, tão confiantes de que tudo ia dar certo. Mas aí isso mudou. Ele mudou isso. Ele ergueu aqueles muros novamente, mas dessa vez Chloe estava presa do lado de dentro, mantida perfeita e congelada, exatamente como ele queria. Mas ela murchou sem o sol e o relacionamento também.

A dor que ele sentia não se comparava a nada que havia sentido antes. Nenhuma ferida cortou tão profundamente e essa era uma que ele achava que não iria curar.

E a pior parte? Ele não tinha idéia do que fazer em relação a isso. Ele simplesmente se fechava, cobria a feria e desejava que curasse, tentava esquecer isso, sabendo perfeitamente bem que não curaria, que iria continuar sendo uma ferida aberta que ele carregaria pro resto da vida? Antes de Chloe era o que ele teria feito, ele não podia ignorar mais isso, não podia fingir que era tão ignorante assim. Mas ele teria que carregar isso por um tempo. Carregar como uma penitência, até que soubesse como poderia consertar isso.

Então, ele foi até Lois. Bom, ele planejou ir até Lois. Levou duas semanas pra ele tomar coragem.

“Ollie, ela está magoada. Esquecer você não é fácil.” Ela se inclinava sobre sua mesa, o encarando.

Ele se sentia como se estivesse mais uma vez na sala do diretor da escola e no meio de uma encrenca. Uma grande encrenca. “Lois, não estou perguntando como ela está. Estou perguntando como posso consertar.”

Ela o olhou fixamente. “Você quer? Quero dizer, realmente quer. Porque você não pode simplesmente fazer isso com ela. Estou surpresa por ela sequer ter me contado. Ela não teria feito isso se eu não tivesse a encontrado encolhida como uma bola, morrendo de chorar depois de ter ligado pro trabalho pelo sétimo dia seguido dizendo estar doente. Eu estava com raiva, Ollie, com tanta raiva. Você é idiota? Quero dizer, Chloe? Ela é delicada. Ela passou por tanta coisa e você joga mais isso em cima dela. E não apenas joga isso em cima dela, mas a faz viver em segredo. Não é de se imaginar porque ela chutou seu traseiro.” Ela se recostou novamente na cadeira, analisando a aparência descuidada dele com o que parecia um quê de satisfação. “Estou pensando em juntá-la com o Jimmy novamente.”

O maxilar dele travou. Ela só estava tentando irritá-lo. “Não vou desistir dela, Lois. Eu a amo.”

“Já disse isso alguma vez pra ela?”

Ele se forçou a olhá-la nos olhos. Era muito pessoal, mas Lois era a família de Chloe e quando se tratava de família, todas as regras saiam voando pela janela. “Não. Mas não posso agora.”

“Não. Sinceramente, eu não tenho idéia do que você pode fazer. Ela parecia bem determinada a te cortar da vida dela. Sabe como é, maus hábitos e tudo mais...”

“E eu? Estou infeliz sem ela.”

“Buá buá. Você teve sua chance.”

“Mas eu a amo.”

Ela deu de ombros. “E daí? Eu também.”

“Eu posso fazê-la feliz. Sei que posso.”

Ela se inclinou pra frente novamente, mais séria agora. “Eu. Não. Posso. Te. Ajudar. Eu não a quero com você porque você vai magoá-la de novo. Não há como você fazê-la feliz porque você tem medo demais de amá-la completa e livremente porque você ainda não sabe lidar direito com sua dupla identidade. Ela ama você, Ollie, mas amor não é o bastante. Nunca é o bastante.”

O rosto de Clark estava violento, mas demonstrando controle. “Estou me esforçando muito pra não te matar agora, quero que entenda isso. A única razão pra não fazer isso é porque você é meu amigo também e eu sinceramente acredito que você a ama. Eu sei o que você está passando, Ollie, eu sei. Lana e eu dançamos essa dança vezes demais. Talvez seja melhor você desistir?”

Oliver fez uma careta, sentindo-se mais determinado do que nunca. “Não é a mesma coisa, Clark. Chloe sabe do meu segredo praticamente desde o começo. Ela aceitava isso e não fugiu. Eu a amo e eu sei que ela me ama. Eu só estraguei tudo e tenho que descobrir como consertar isso.”

A morena alta deu de ombros. “Eu não sei o que dizer. Queria poder te ajudar, mas ela nem fala comigo sobre isso. Ela está realmente magoada, Oliver. Talvez dê algum tempo?”

“Quanto tempo? Isso está me matando.”

“Talvez deva ser assim. Talvez agora você aprenda. Ela precisa de tempo.”

Ele deu seis meses a ela. Era agonia. Ele continuava a cuidar dela, um anjo verde guardião mantendo-se às sombras, mas mantendo-a em segurança. E quando ele não estava na cidade, ele fazia um dos outros cuidar dela. Ele contou pra liga inteira, especialmente para o desapontamento de Dinah, e todos eles aceitaram, mesmo um pouco hesitantes de que daria mesmo certo. Chloe, afinal de contas, havia desaparecido da vida de Oliver e não dava nenhuma indicação de que queria voltar.

Ela havia começado as aulas na MetU novamente, tentando formar-se em jornalismo. Ela acomodou-se numa vida normal, ou tão normal quanto podia ter e pareceu florescer. Mas ela se encontrava olhando pela janela várias noites, imaginando o que Clark e os outros estavam fazendo. Ela sentia falta da agitação. Mas ela se forçava a não pensar em Oliver. Era doloroso demais.

E então ela encontrou com ele e tudo mudou novamente.

Foi bem idiota, na verdade. Ela não devia ter pegado aquele atalho pelo beco do Planeta Diário ao estacionamento e seu carro, mas estava frio e ela estava cansada e realmente não pensando direito.

O assaltante pegou a bolsa dela e porque ela não estava prestando atenção, a mão dela permaneceu nas alças. Ele a girou contra a parede numa tentativa de pegar a bolsa.

Ela gritou quando caiu no chão.

Em seguida houve um grito de dor quando o pulso do assaltante quebrou e ele foi atirado contra a parede e uma sombra a cobriu.

Ele a ofereceu a mão pra ajudá-la a se levantar e ela aceitou, sem palavras. Ele lhe entregou a bolsa, olhou nos olhos dela e se virou pra ir.

“Espera.” Ela nem sequer percebeu que estava dizendo as palavras até que elas saíram de sua boca. “Espera.”

“Vou te acompanhar até o carro.” A voz dele estava rude, irreconhecível com o distorcedor de voz.

Ela seguiu, pensamentos e sentimentos girando dentro dela como um redemoinho e ela estava com medo. Ela sabia que ele estava de olho nela esse tempo todo. Ele havia mudado? Ele poderia mudar? Alguém realmente mudava?

E aí eles estavam lá.

Ele esperou silenciosamente enquanto ela procurava as chaves atrapalhadamente, deixando-as cair e as pegando novamente.

Quando ela abriu a boca pra agradecê-lo, ele rapidamente a cortou. “Eu vou embora. Não sei quando ou se eu vou voltar.” Ele não sabia.

“Ok” Era isso que ela queria, não era? Então porque machucava tanto?

“Apenas precisava que você soubesse disso. E que eu te amo e que isso não vai mudar.”

Ela congelou, se amaldiçoou quando derrubou as chaves de novo. Ela se abaixou pra pegar e quando levantou, ele havia ido.

Ele entrou no elevador e se apoiou na parede, exausto. Oito instalações da Luthorcorp em seis meses tinham sido difíceis mesmo com a ajuda do Homem de Aço. Um ponto brilhante no meio da escuridão de Lex foi a descoberta de Diana Prince no laboratório da Costa do Ouro.

Ela era incrível, quase como Clark – forte, poderosa, com senso de moralidade e verdade, tranquila, calma e sangue frio. Ela era um excelente acréscimo a LJA. Como a liga se expandia, Oliver pensava globalmente – montar ligas no mundo inteiro pra combater o mal crescente.

Mas ele estava se precipitando. Agora tudo que ele queria era cair na cama e dormir tantas horas quanto possível. E, por mais que ele desejasse muito contrário, pediu um sono sem sonhos porque, aparentemente, o tempo não cura todas as feridas. Já havia se passado seis meses desde que tinha visto Chloe e ele ainda sonhava com ela toda noite – a pele macia e sedosa dela, os olhos verdes brilhantes, os lábios maravilhosos e o sorriso, o corpo perfeito dela o prendendo...

Ele suspirou. Tanto esforço pra isso... talvez um banho gelado e depois cama.

A porta se abriu e ele deslizou pra fora do elevador, os olhos passeando pela sala. Parecia uma versão distorcida de Cachinhos Dourados – coisas espalhadas como se alguém tivesse e... espera...não tivesse ido. Ali. Os cachos loiros despenteados da Cachinhos Dourados saindo debaixo de um cobertor no sofá.

Ele chegou mais perto, sem fazer barulho, esperando, desejando.

Por fim ele ficou ao lado dela. Ela parecia tão perfeita, como na primeira vez que ele a viu no celeiro de Clark – imaculada, ilesa das feridas que ele a causou.

O sexto sentido dela despertou e ela começou a se mexer.

“Você não devia estar na minha cama?”

Os olhos dela abriram, desorientados por causa do sono e depois focaram-se nele. “Como disse?”

“Quando os três ursos foram pra casa, eles encontraram a Cachinhos Dourados na cama deles, não desmaiada no sofá.” Ele cruzou os braços pra causar efeito, tentando dar leveza ao clima.

Ela ergueu a cabeça desafiadoramente. “Não é essa a história.”

“Qual é a história então?”

Ela sacudiu a cabeça. “Não é história alguma. Ninguém nunca descreveu isso antes... Garota ama garoto, garoto namora o primo da garota, garoto na verdade é um super-herói e parte o coração da prima da garota porque não pode confiar seu segredo a ela, garoto desaparece, garoto volta querendo ajuda da garota, se apaixona novamente pela prima da garota, garota trabalha, arranja outra garota que se atira em cima do garoto, garoto parte o coração da prima da garota, desaparece de novo, o melhor amigo da garota encontra seu potencial completo de super-herói, os dois se juntam a liga da justiça do garoto, garoto finalmente se apaixona pela garota mas não sabe lidar com isso, estraga tudo, garoto vai embora como sempre faz quando as coisas ficam difíceis-”

“Garota sente falta do garoto, passa a noite no sofá do apartamento do garoto até ele voltar pra casa, repreende o garoto, garoto beija a garota. Eles vivem felizes pra sempre.” Ele sorriu fracamente.

Ela o encarou, olhos cheios de esperança tingidos com um pouco de hesitação. “Vivem? Felizes pra sempre?”

Ele deu de ombros. “Eles poderiam. Mas eu não sei. É só uma história.”

Quando ela respondeu, a voz dela era tão fraca, que ele quase não a ouviu. “Eu gostaria que eles vivessem.”

Ele sentou perto dela e deslizou um braço ao seu redor enquanto ela se aninhava nele. “Eu também.”

9 comentários:

  1. Ivy, tu não tens idéia do quanto eu procurei por essa fic. \o/
    Tinha lido há um tempo atrás e queria ler de novo mas não achava porque não lembrava de quem era nem qual era o nome.

    Ela é linda! ^^ Obrigada!

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  2. Quem disse que o Clark tem querer ?kkkkkkk
    Ele foi a pessoa que mais fez a Chloe sofrer e agora quer ser o " amigo protetor".
    Fala sério!!!!!!!!!

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  3. Que fic lindaaa!! adorei qndo Ollie disse "Garota sente falta do garoto, passa a noite no sofá do apartamento do garoto até ele voltar pra casa, repreende o garoto, garoto beija a garota. Eles vivem felizes pra sempre.” fofoooo!
    ^^

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  4. Bem diferente mesmo, Ollie confuso.
    Não escondo que prefiro o homem correndo atrás, como foi na real.
    Mas adorei.
    Encontros e dramas.

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  5. Espero não ser muito tarde para comentar nessa fic maravilhosa! :D
    Que troca perfeita de casais, amei!

    Ps: Dia Dinah, Die! =X

    Mônica/Shann

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  6. Que bom que gostaram da fic. :D Ela realmente é bastante diferente do que aconteceu em SV, pra mim ela se encaixaria perfeitamente se o Oliver e a Chloe ficassem juntos pós Siren, na sétima temporada e não tivesse acontecido aquela idiotice de casamento e nem Doomsday.

    E nunca é tarde demais pra comentar na fic! Sempre que vocês deixam um comentário em qualquer coisa aqui, a gente recebe um email avisando ;D Então se alguém comentasse hoje no primeiro post, nós ainda veríamos

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  7. kkkkkkkk

    achei muito adolescente... e fora dos personagens

    mas ri com a fic

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  8. Acho que ela se encaixa no contexto que foi, considerando pós-siren... Sem todo o drama que foi a nona temporada, que querendo ou não os amadureceu e deixou muitas feridas...
    Como a Roberta adoro ver os homens correrem atrás também, afinal na maior parte do tempo somos nós que temos que correr atrás e apesar da culpa não ter sido do Oliver, foi muito refrescante ver alguém correr atrás da Chloe pra variar (afinal ela sempre correu e esteve lá para o Clark) sempre foi realmente bom ver o Oliver (bilionário, LINDO e herói nas horas vagas) interessado e realmente valorizando a nossa queridíssima loira. Ainda assim a fic realmente é ótimo e foi uma mudança de contexto bem interessante!

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