Flames

Titulo:Flames
Autora: Roberta Clemente
Classificação: R
Nota: O nome da fic é uma música da banda VAST. Uma versão alternativa da 10ª temporada.
PARTE 1 PARTE 2 E 3 PARTE 4 PARTE 5 PARTE 6 PARTE 7 PARTE 8 PARTE 9 PARTE 10 PARTE 11 PARTE 12 PARTE 13 PARTE 14 PARTE 15 PARTE 16 PARTE 17

PARTE 18

Com movimentos suaves e lentos Chloe conseguiu sair da cama sem acordar Oliver. Ela colocou a camisola que era constantemente ignorada e saiu do quarto em direção a cozinha. Havia sido forçada a comer qualquer coisa, mas só agora, horas depois estava realmente sentindo fome.

Além disso estava se sentindo calma e relaxada. As horas com Oliver, rolando pelos cômodos da cobertura, o caminho até a cama e o sono em seu peito eram a combinação perfeita, um remédio para qualquer coisa. Correria de volta para seu porto seguro assim que desse algo para o seu estomago.

Mas ao passar pelo elevador Chloe sentiu um nó se formar em seu estomago e não era de fome. Ela parou olhando para a porta fechada e de repente se sentiu ansiosa. Não sabia por que, nem de onde vinha aquele sentimento. Então a campainha soou avisando que alguém estava no elevador.

Chloe caminhou devagar até o monitor ao lado da porta e relaxou um pouco quando viu Lois aguardando para ser atendida. Ela observou sua prima por um segundo e percebeu por sua postura que Lois estava nervosa, como se fosse atravessar uma das quatro paredes do elevador a qualquer momento. Chloe respirou fundo e colocou a combinação numérica para destravar a porta.

-Hei, Lois - Chloe disse assim que as portas se abriram.

-Hei - Lois respondeu com um pequeno sorriso. - Posso entrar?

Chloe não respondeu imediatamente. Ela olhou sua prima nos olhos por alguns segundos antes de qualquer coisa. Havia defendido Lois para Oliver, mas agora, diante dela novamente, a lembrança daquela noite e de tudo o que poderia ter dado errado e que teria sido definitivo se não tivesse os seus poderes, era demais.

-Pode - ela respondeu enfim, controlando as próprias emoções e se moveu para o lado, dando espaço para Lois entrar.

-Obrigada - Lois engoliu seco e deu alguns, poucos passos para fora do elevador.

Fazia dias desde a noite em que quase se matou e matou Oliver e Chloe. A culpa estava lhe consumindo e o silencio de rádio entre ela e Chloe não estava ajudando a acalmar o sentimento. Precisava pedir desculpas de novo e só torcia para que sua prima conseguisse lhe perdoar por ser tão inconsequente.

-Me desculpe, Chlo.  - Lois disse sem rodeios.

-Sem papo furado? - Chloe cruzou os braços. - Você já disse isso antes, não vejo por que dizer de novo se...

-Eu nunca mais vou ser tão irresponsável.  - Lois interrompeu antes que sua prima tivesse a chance de dizer mais. - Eu não pensei. Eu simplesmente... não pensei.

Chloe quase balançou a cabeça de desgosto. Era exatamente esse o problema, mas esperou que Lois teria pelo menos algo a mais para dizer.

-E Oliver quase morreu por isso. Você realmente achou que ele a deixaria voltar para o prédio e não faria nada? Você o conhece pelo menos um pouco? - Chloe a questionou.

-Claro que eu conheço. Oliver é um herói. E eu sou uma reporter - Lois se justificou.

-Uau. Não pensei que esse dia chegaria. O dia em que você admitisse ser daquelas repórteres que nós sempre odiamos. Que pensa que nada nem ninguém é mais importante que a primeira capa.

-Eu não sou. Você sabe disso - Lois se defende. - Mas aquela podia ser a única chance de colocar os responsáveis por te machucar atrás das grades.

-Mas em troca de que?... A vida do homem que eu amo? Não obrigada. - Chloe respondeu com raiva e deu as costas a prima.

-Claro que não... Como eu disse, eu não pensei. Eu só me lembrei de ter sido obrigada a me despedir da minha prima - Lois engoliu seco e uma lágrima correu por seu rosto.

Chloe sentiu o peito apertar com as lembranças. Não tinha sido fácil para ninguém, sabia disso. Seus amigos foram obrigados a dizer adeus a ela e esperarem a sua morte. Ela olhou sua prima e viu a dor em seus olhos.

-Não podemos usar esses momentos como desculpa, Lois. As consequências são grandes demais. Eu sei, acredite em mim. A dor é grande demais para carregar sozinha depois. - Chloe falou. Sabia muito bem o que era agir e ter que sobreviver ao próprios atos depois.

-Você tem razão. Eu vejo agora. Eu entendo melhor. Eu não vivo mais no mundo da fantasia que vivia antes, Chloe. Meu namorado é um alienígena e minha prima um sargento de alto escalão dos mundo dos super-heróis. Agora eu sei. - Lois disse duramente. Estava começando a aceitar que sempre foi a única a não saber a verdade. Que todos em sua vida escondiam algo dela.

Com um suspiro Chloe relaxou um pouco. Toda a calma e paz que estava sentindo há alguns minutos havia deixado seu corpo e o sofrimento de Lois ameaçava tirar de seu coração também. Não podia deixar aquela situação assim. Suas vidas não permitiam coisas mal resolvidas. Ela se aproximou de Lois.

-Você tem que entender. A partir de agora não podemos mais pensar só em nós, existe algo muito maior. E nossas vidas é o nosso bem maior. E eu amo Ollie demais. Se algo tivesse acontecido...

-Mas não aconteceu. Graças a você e seu superpoder, ele está bem - Lois disse com uma euforia contida. Pela primeira vez estava conseguindo ver uma luz no fim do túnel para ela e Chloe.

-Lois - Chloe a repreendeu.

-Eu estou brincando. Eu entendo. Nada de entrar em prédio prontos para explodir. - Lois jurou cruzando os dedos diante dos lábios, jurando.

-OK - Chloe reprimiu um sorriso diante da infantilidade de Lois. Não sabia o que estava acontecendo com ela, mas não conseguia não se deixar levar pelo entusiasmo de Lois.

-OK? - Lois perguntou dando um passo a frente.

-OK? - Chloe respondeu confusa. Estava ridiculamente feliz, como se não tivesse escolha ou opção.

-OK! - Lois gritou e se jogou sobre Chloe.

Chloe riu, aceitou o abraço e se preocupou em seguida. Aquilo era estranho demais. Não estava no comando de suas emoções.

-Certo. Resolvido nosso problema. Eu tenho que passar para o próximo e o caminho é longo até Smallville - Lois se afastou e deu um tapa no ombro de Chloe. Ela sorriu em seguida. - Nós vamos ficar bem, não vamos?

-Sim. Vamos - Chloe respondeu, sorrindo de volta.

-De um abraço no meu primo por mim - Lois se deu por satisfeita e girou sobre os calcanhares.

Chloe observou a prima sumir dentro do elevador e o sentimento de felicidade desaparecer junto com a caixa de metal. De repente tudo fazia muito sentido e era assustador. Sua empatia estava crescendo desgovernadamente dentro dela.  Teria sido ingênua ao pensar que poderia controlar seus poderes?

Sem pensar em mais nada Chloe correu para o quarto, para os braços de Oliver. Ela pulou na cama sem se importar em ser sutil e aproveitou quando Oliver se mexeu para se aninhar em seu peito. O lugar mais seguro do mundo.

Oliver apertou os braços envolta dela sem acordar e se acalmou. Chloe fechou os olhos e os apertou quando a sensação ruim, o aperto no peito não cedeu. Algo estava para dar muito errado e podia sentir sua vida saindo do controle mais uma vez. Ela arriscou abrir os olhos e fitou o sono tranquilo de Oliver.

Mas alguns dias se passaram sem que nada acontecesse. Chloe contou a Oliver suas aflições e ele fez força para não se preocupar, sabendo que sua angustia só a afetaria. Mas era impossível dormir tranquilamente com uma ameaça rondando novamente a vida de Chloe, por isso reuniu os melhores pesquisadores que as Industrias Queen possuíam e deu a eles, liderados por Emil, a missão de encontrar uma solução para os poderes de Chloe.

Só que enquanto isso não acontecia eles eram obrigados a seguir com a vida. E foi isso que fizeram, mesmo Oliver notando que Chloe deliberadamente começou a passar menos tempo na cobertura. No fundo ele achava que era o melhor... por enquanto.

Em uma manhã Chloe acordou com uma pontada no peito. Ela girou na cama e imediatamente se sentiu em alerta. Foi preciso alguns segundos para entender que não era nada físico. A dor não estava em seu corpo, mas em seu coração. Uma angustia parecia fechar sua garganta.

Ela deu um pulo da cama e correu para fora do quarto, chamando por Oliver, preocupada que aquele sentimento estivesse vindo dele. Ela correu todos os cômodos e se acalmou quando percebeu que estava sozinha, ele já tinha ido para o escritório. Chloe suspirou de alivio e caminhou até a janela com uma mão sobre o peito.

Olhando para fora, para os carros e pessoas na calçada Chloe entendeu resignada. O momento havia chegado. Sentia a angustia de alguém muito longe e era tarde demais para ela. Seu poder acabava de dar um passo adiante e iria arrastá-la junto.

CONTINUA...