Flames - Parte 12

Olá meninas. Perdão pela demora, confesso que dei uma empacada nesta parte por que estou pensando no fim desta fic. Mas está ai. Muuuito obrigada pelos comentários, agradeço de coração... Então já sabem, façam uma autora feliz. Boa leitura

Autora: Roberta Clemente

Classificação: R

Spoiler: Não

Nota: O nome da FIC é uma musica da banda VAST

PARTE 1 PARTE 2 E 3 PARTE 4 PARTE 5 PARTE 6 PARTE 7 PARTE 8 PARTE 9 PARTE 10 PARTE 11 

PARTE 12

Um corredor!Um lugar comum, se não tivesse se tornado a base da Liga nos últimos dois dias. Há apenas alguns metros do leito de Chloe, um por um se apresentou. Solidários e preocupados com ela, que de forma natural tinha se tornado uma das lideres.

Nem os poderes, os recursos, valiam de algo a aquela altura. Tudo dependia dela, aos outros só restava cumprir suas missões e esperar por boas noticias.

Oliver era a imagem da exaustão. Do lado dela o tempo todo, só se afastava o suficiente para delegar aos outros suas partes na missão para apagar os rastros de Chloe. Apagar a memória de Harry não era suficiente. Chloe Sullivan tinha que se tornar uma cidadã comum aos olhos do mundo ou ela sempre correria riscos.

Livre disso Oliver pode se concentrar só nela, na recuperação dela, que a cada hora ficava mais difícil. Foram dois dias de muitas incertezas. Não era todos os dias que alguém chegava ao hospital com uma overdose de meteoro. Nem Emil tinha muita certeza do que fazer.

O médico não deixou Chloe um segundo, estudou e pensou em todas as possibilidades, mas aquilo tinha sido demais para ela, para o corpo dela. Nenhum tratamento surtia efeito.

Oliver observava Emil examinar Chloe pelo lado de fora e implora mentalmente por uma melhora. Tentava ler nas expressões de Emil algo que indicasse isso, mas ela era de derrota e frustração, como nas horas anteriores.

Acompanhou com o olhar Emil sair do lado dela e caminhar até ele do lado de fora e antes que o médico chegasse a ele respira fundo, se preparando.

-E então? – ele pergunta, sem muita força na voz.

Emil olha para Chloe do lado de dentro.

-Nós fizemos de tudo, mas o coração dela simplesmente... não reage. – Emil deixa os ombros encolhidos cair.

Oliver deixa o ar escapar de seus pulmões e olha para ela. Queria acordar daquele pesadelo interminável.

-Não!Deve ter algo que possamos fazer. – se negaria a aceitar.

-Você já fez tudo o que podia fazer Oliver. Trouxe todos os especialistas que os laboratórios Queen possuem. Ela não tem mais nenhum traço de meteoro na corrente sanguínea...

-Então...

-A menos que tenham outro coração pra ela, não há o que fazer – Emil é firme.

-Nada? - Oliver tenta mais uma vez. Tinha que tentar.

-A não ser deixá-la confortável?...Nada! – Emil desvia os olhos dos de Oliver. Dizer a um homem que ele tem que desistir da mulher que ama não era a tarefa mais fácil do mundo.

Oliver sente os olhos arder e em segundos transbordar. Não conseguia raciocinar nem assimilar a idéia, não estava preparado para aquilo. Ninguém está. Sempre pensou que se algo fosse acontecer, seria com ele. Ele seria abatido, não Chloe. Ela era à força dos dois, a mulher que lhe salvava e agora nada podia fazer por ela. Sentia-se perdido e impotente.

-Quanto tempo? – ele pergunta, com a voz fraca.

-A qualquer momento! – Emil olha nos olhos dele ao dar a noticia final, a sentença.

Dolorosamente Oliver reuniu forças, respirou fundo mais uma vez, a cada respiração ficava mais difícil, mas tinha que se acalmar se controlar. Puxou ar até que não coubesse mais nos pulmões e entrou. Queria ficar com ela, até o fim.

E a figura vulnerável dela lhe tirou o chão e antes que percebesse estava fazendo o caminho até a cama chorando. Se segurando para não cair nos pés dela aos prantos. Chloe merecia dele mais que lagrimas.

Apesar de extremamente debilitada Chloe tinha um ar sereno e a face calma. E isso em alguns momentos, em que beirava o desespero, consolou Oliver.

Antes de se sentar ele secou o rosto, passando os punhos repetidas vezes sobre os olhos, deixando o corpo cansado e anestesiado cair sobre a cadeira ao lado dela.

Queria tocá-la, mas seria admitir a derrota, deixá-la partir. Sem conseguir se despedir ele chorou mais uma vez, seu estomago se contraia e ele estava a um passo de perder o controle quando escutou a voz dela:

-Ollie? – a voz dela era quase inaudível, com muito esforço ela abriu os olhos depois de escutar o choro dele.

Antes que ela visse seu rosto molhado Oliver o esfregou repetidamente.

-Oi! – ele diz forçando um sorriso enquanto se aproximava dela.

Ela para os olhos na face arrasada a sua frente, e ela sabe.

-Emil te falou?Não foi? – ela pergunta baixinho sabendo a resposta.

Oliver desvia o olhar, apertando a boca, franzindo o nariz, mas não impedindo as lagrimas de caírem e ela tem sua resposta.

-Está tudo bem, Ollie! – ela tenta acalmá-lo colocando a mão no rosto dele. A reação de Oliver, fechando os olhos ao seu toque faz seus olhos e seu coração fraco apertar.

-Não!Não está, eu tenho que fazer alguma coisa! – ele olha de novo nos olhos dela, momentaneamente com esperança.

-Ollie!  - ela suspira, sem força. – Não há tempo, então, só... Fique comigo – ela suplica e chora.

Não queria morrer, não queria deixá-lo, queria que seu corpo obedecesse a seus comandos, se fortalecendo, mas não conseguia. E se era assim, se tinha que ser assim, deste jeito, que pelo menos em seus últimos instantes ela estivesse com o amor de sua vida.

Oliver se rende e não hesita em ir até ela, praticamente se jogando na cama junto dela. Ele a coloca em seus braços. Se ele estava apavorado ela estava sofrendo muito mais.

-Claro que fico! – beijando os cabelos dela ele a conforta ou pelo menos tenta, se esforçando. – Eu não vou sair do seu lado, não vou a lugar algum.

Aninhada no colo dele Chloe relaxa, tudo era mais fácil com ele.

-Obrigada! – ela sussurra.

Oliver procura o rosto pálido dela e encontra olhos agradecidos.

-Por me salvar.

-Eu não te salvei! Se tivesse você não estaria aqui agora. – Oliver desvia o olhar, culpado. – Eu deixei aquele... – a raiva invade suas veias e ele para. – injetar mais meteoro em você e por isso seu coração...

-Oliver!Não se culpe, nem por um segundo, eu não te culpo, sabe por quê? – ela busca ar. – Por que se não fosse por isso, não poderia dizer a você o quanto sou agradecida.

-Pelo que?

-Por não desistir de mim quando todos, inclusive eu, tinham desistido... Por me mostrar que eu merecia ser amada. – Chloe toca o rosto dele e ela estremece quando Oliver beija sua mão. O sofrimento dele era mais doloroso pra ela do que o próprio.

-Eu não posso, Chloe. Viver sem você! – ele chora, sem se importar mais, não conseguia, estava fora de seu controle impedir que cada parte sua entrasse em total desespero.

-Claro que pode – ela diz sem hesitar.

-Não! – ele nega.

-Você tem o coração de um herói e heróis se reerguem, sempre – ela sussurra com um sorriso no rosto.

-Não sou um herói! Eu cometi muitos erros e estou sendo punido por isso. – a voz dele é cheia de amargura e dor.

-E eu te amei por cada um deles!... – ela respira fundo buscando força. - Cada pecado, cada erro fez de você este homem que é hoje. Eles servem pra isso, te fortalecer, não pra te punir... Oliver, você é um homem de coração nobre, um herói, meu herói – ela sussurra.

Oliver chora e as lagrimas dele descem pelos cabelos dela. Estava perdendo a pessoa que mais tinha fé nele. Que sempre enxergou algo que ele mesmo não conseguia. Sua força. Seu primeiro amor.

-Obrigado por acreditar em mim! – ele sussurra beijando o templo de Chloe.

-Obrigada por me amar! – ela responde fechando os olhos, deixando a fraqueza que era mais forte que ela, tomar conta de seu corpo. Relaxando, se sentindo estranhamente em paz ela adormece nos braços seguros de Oliver com um sorriso singelo no rosto.

Ele congelou quando sentiu o abraço dela afrouxar a sua volta e apertou o dele. Seria o que ela esperava dele. Seu protetor. Ele não soltaria, ele não a deixaria. Não se sentiu merecedor, mas pediu a Deus que não o deixasse sozinho de novo, que salvasse Chloe. Ela mais que qualquer um merecia uma segunda chance, chance de uma vida longa.

Pedindo Oliver se permitiu fechar os olhos e por um segundo sucumbiu à exaustão, adormecendo enquanto cheirava o cabelo dela pela ultima vez.

Oliver não estava sonhando, nem estava dormindo profundamente para isso, mas um algo estava chamando sua atenção. No fundo de sua consciência, como um aviso, um alerta. Era um som, definitivamente. Ele era constante e interrupto, como uma linha reta.

De repente aquele som começou a ganhar volume e em segundos ficou ensurdecedor, finalmente lhe trazendo a consciência de seu significado.

Ao abrir os olhos percebeu que o som tomava conta do quarto. Confuso ele apertou Chloe contra o peito e o braço dela que estava sobre seu peito escorregou.

-Chloe? – ele chama, mas nem mesmo pode ouvir a própria voz, o batimento acelerado de seu próprio coração ameaçava tomar conta de seu raciocínio.

Antes que esboçasse qualquer reação Emil invadiu o quarto acompanhado de três enfermeiras. Eles imediatamente rodearam Chloe e Oliver pulou, saindo do caminho deles. Ela precisava deles.

Ele cambaleou para trás até suas costas colidirem com a parede e ele esperou, com o coração cada vez mais acelerado, doía, ele parecia querer escapar pela garganta. Ela estava indo embora. Não podia fazer nada, mas Emil podia. Só que era doloroso demais ver. O choque, a massagem, as injeções. Oliver fechou e apertou os olhos tanto quanto pode quando Chloe se retorceu quando a carga elétrica atravessou seu corpo. Queria que aquilo acabasse logo e o silencio se fez.

Oliver abriu os olhos e viu o rosto calmo de Chloe quando percebeu todos parados olhando o mesmo que ele. E não entendeu o que estava acontecendo.

-O que vocês estão esperando? – ele gritou chocado enfim desviando o olhar dela.

Emil abriu a boca algumas vezes antes de conseguir falar.

-Você quer mesmo trazê-la de volta? – ele pergunta repreendendo-se internamente.

-O que? –Oliver não conseguia compreender. Por que ele estava perdendo tempo com perguntas enquanto ela precisava dele.

-Não vai adiantar Oliver! Ela vai voltar pra partir de novo. Não é justo com ela.

Como assim?Do que ele estava falando?... Claro que não era justo, nada disso é. Oliver olha no fundo dos olhos de Emil tentando entender e recebe um olhar completamente desesperançado.

Aquele som de novo invade seu pensamento, não o deixando pensar com clareza. Ele segue o som até o monitor e vê a linha reta, sem movimento, sem vida. E ao lado dele, ela. Sua Chloe, sua Torre, sua rainha.

Ele busca em Emil uma ultima chance e Emil parece esperar só uma ordem, uma palavra. Por ele, pela amizade traria Chloe de volta quantas vezes fosse preciso, até o fim.

O fim. Por uma fração de segundos Oliver entendeu. Não importava o esforço ou a vontade dele, o fim seria sempre o mesmo. Ela morreria seguidas e seguidas vezes por que ele não conseguia se despedir... Não, não era justo com ela. Ele a amava demais para fazê-la sofrer assim.

Sem perceber que se movia Oliver caminhou até a cama, tocando a mão ainda quente dela. Levando até seu rosto, até sua boca, queria sentir a pele dela mais uma vez antes que... Não conseguia, não conseguiria.

-Me deixem sozinho com ela – ele exige, frio.

Esperou até estarem sozinhos, somente ele e ela, como sempre foram, eles contra o mundo e deitou ao lado e dela de novo. Devagar, com cuidado, com carinho ele deitou ao lado dela como em todas as noites em que passaram juntos. Com zelo acomodou Chloe em seus braços e segurando a mão dela deu um beijo demorado na palma, acomodando contra seu peito em seguida, como ele e ela sempre faziam quando exaustos. Ele estava exausto.

Beijando os lábios imóveis dela mais uma vez Oliver acalmou. Sentiu o coração desacelerar e pensou por um segundo que se ele diminuísse até parar de vez não se importaria. Ela estava levando com ela parte dele, a mais importante, a mais nobre, a melhor. Não seria mais um homem completo, nunca mais.

Adormeceu temendo e esperando que a qualquer momento viessem para levá-la. Não viu quando um a um os membros da equipe pararam atrás do vidro e saldaram a companheira. Não viu quando Clark ficou parado imóvel por uma hora olhando para Chloe, perdido em seus pensamentos... E não viu também quando o olhar desolado de John se transformou em um sorriso agradecido.

De repente sentiu o coração bater tão forte que foi despertada por ele. Chloe precisou desesperadamente de ar e assim que ele chegou aos pulmões sua visão clareou, até que pode ver.

Oliver dormindo ao seu lado, com os olhos queimados de tanto chorar, perturbado e triste. Nada lembrava aquele rosto de menino que ela adorava observar e velar.

Sentindo uma necessidade maior que ela própria de ser ele em seus braços e não o contrário, tocou suavemente a pele castigada do rosto perfeito de Oliver e beijou o queixo marcado e forte. Um beijo macio e ele despertou reconhecendo o toque.

-Chloe? – ele chama sem ter coragem de abrir os olhos.

CONTINUA