Don't Give Up On Me Now 7/?

Titulo: Don't Give Up On Me Now
Autora: Roberta Clemente
Classificação: PG-13(por enquanto, não me decidi)
Nota: Essa fic fez parte de uma enquete, ficando em segundo lugar. E como ainda recebo pedidos para dar continuidade... Ai está, para vocês, leitoras mais que queridas. Obrigada.
Resumo: Pense na história de Chloe e Oliver até Lazarus, depois é por minha conta
PROLOGO 1 2 3 4 5 6

 7

Oliver olhou para baixo e apertou um pouco mais sua mão na de Ellie, percebendo como os dedos dela sumiam entre os seus e como naquele momento ele era o responsável por sua segurança. Se fosse algumas horas atrás estaria correndo na direção contrária, mas agora mal podia conter o sorriso. Nunca pensou que um dia uma simples caminhada o faria tão feliz.

-Então. Cadê minha surpresa? – Ellie perguntou olhando para cima, segurando mais uma vez a alça da sua mochila vermelha com a mão livre.

-Surpresa? – Oliver riu e olhou para ela. – Eu não me lembro de ter dito nada sobre surpresa.

-Mas você deveria me levar para sua casa e ela fica do outro lado. E você está quieto, papai – ela explicou simplesmente.

-Sim?

-Quando a mamãe sai comigo e fica quieta por muito tempo é por que está preparando uma surpresa. Ou por que está triste... mas normalmente é surpresa e ela não quer que eu saiba. – Ellie deu de ombros.

-Uau. Você conhece sua mãe – Oliver disse em tom sonhador.

-É por que ela é a minha mamãe. – Ellie concordou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

-Sim. – e ele o pai, pensou. Só podia esperar para que um dia Ellie tivesse esse tipo de ligação com ele também. – Mas... você está certa. Eu tenho uma surpresa pra você. –  admitiu e esperou por uma reação dela.

-Mesmo? – os olhos castanhos de Ellie cresceram e ela sorriu para ele. – E falta muito?

-Na verdade – ele parou e se inclinou, tombando a cabeça para o lado, indicando a ela para onde ir.

Ellie franziu a testa por um segundo, então acompanhou o olhar do pai. O prédio tinha um letreiro grande e bonito, mas ela não conseguia ler direito.

-Vamos, eu te mostro. – ele a levou pela mão diante da sua dificuldade de criança. Eles passaram pela porta e o rosto de Ellie mudou.

-Uau – ela disse baixinho, tentando olhar em volta. Era como uma grande casa de bonecas, quartos e mais quartos, um ao lado do outro, de todas as cores e tamanhos possíveis. – Quantas pessoas dormem aqui?

Oliver riu da pergunta. Ele sabia que ela ficaria impressionada pelo tamanho e variedade na loja, se fosse sincero queria que ela ficasse, queria fazer algo inesquecível com sua filha.

-Ninguém dorme aqui, princesa. É uma loja, não uma casa ou quarto de verdade. É para as pessoas escolherem. – ele explicou enquanto andava segurando sua mão.

-E eu vou escolher? – ela o sondou.

-Bem – ele olhou para os quartos montados e para os temas infantis. –Não ficaria bem um homem da minha idade com um quarto do... Batman? – ele franziu a testa quando viu uma mobília preta com o desenho de um morcego amarelo no meio.

-Seria engraçado – Ellie riu.

-Vergonhoso, seria a palavra certa – ele corrigiu com uma careta e depois se abaixou, ficando na mesma altura que ela. – Então, princesa. O que me diz? O seu quarto no meu apartamento é muito sem graça pra toda a sua graça. Que tal deixá-lo a sua cara pra quando vier dormir comigo? – ele perguntou a ela, com o coração acelerado no peito. Sabia que aquela era uma grande promessa e estava pronto para isso, se ela estivesse.

-Quer dizer que eu vou pra sua casa mais vezes? – ela perguntou com os olhos brilhando, mas se encolhendo involuntariamente. Ele já havia dito e não cumprido algumas promessas.

-Se você quiser – ele respondeu com carinho, sabia que não podia dizer a ela que ficaria em Metropolis antes de Chloe, começaria a honrar suas promessas a começar por essa. – Quantas vezes você quiser.

-Eu quero – ela respondeu timidamente, com um sorriso pequeno.

-Eu quero também – ele sorriu e tocou uma mecha do cabelo dela. –Vamos escolher então?

-Vamos – ela deu um pulo entusiasmado.

Oliver sorriu mais uma vez e ficou de pé novamente, acenando para a vendedora que os aguardava. Talvez aquele estivesse sendo um começo ou recomeço para os dois. Um bom recomeço.

Mais de uma hora depois Ellie já havia passeado por quase todos os setores da loja e Oliver aproveitou cada minuto para conhecer um pouco melhor os gostos de sua filha. Sentia que a cada item escolhido ou descartado a conhecia mais e mais.

A vendedora mostrava o mais um quarto modelo para Ellie quando Oliver observou um padrão que se repetia nas escolhas dela. Vermelho. Um baú, uma estante de livros, uma cadeira e muitos acessórios de decoração se destacavam entre uma outra cor muito familiar. Amarelo.

-Sei que eu disse que você podia escolher o que quisesse, mas não acha que já está bom de vermelho, princesa? Você escolheu para uns dois quartos... Que tal tentar outra cor? Verde talvez? – ele especulou como quem não quer nada.

-Eu não gosto muito de verde – Ellie disse distraidamente, prestando mais atenção em um urso muito parecido com o seu.

-O que? Você não gosta de verde?  - ele disse alto, mais alto do que pretendia.

Ellie parou e olhou para o pai. Ela se encolheu automaticamente e desviou o olhar, envergonhada.

-Desculpe. Você está bravo, papai? –ela perguntou olhando para ele por baixo.

-Claro que não- ele respondeu sem hesitar, se sentindo ridículo. – Foi só uma surpresa.  Mas eu não estou bravo, nem poderia. – ele sorriu para ela e enrolou um dedo em uma mecha do cabelo dela.

-Que bom. Por que a mamãe quase chorou quando eu disse que não queria um computador. – ela fez uma careta com a lembrança.

-Oh, meu deus. – Oliver levou a mão à boca, realmente chocado agora. – Você disse a sua mãe que não queria um computador? – ele riu e não aguentando gargalhou.

-Sim. Eu disse – ela deu de ombros.

-Você tem sorte garota, por ela ser sua mãe e te amar de qualquer jeito – ele balançou a cabeça desarrumou o cabelo dela.

-Eu preferi um livro – ela respondeu tentando arrumar a bagunça que ele estava fazendo.

-Isso explica muita coisa, bela jogada. Você se salvou de ficar de castigo pelo resto da vida. – ele pegou Ellie no colo.

-Jura? – ela perguntou com os olhos arregalados.

-Juro... Mas agora me diga de onde veio esse amor por vermelho e amarelo? – ele perguntou desconfiado.

-É minha cor preferida – ela respondeu com naturalidade, já olhando em volta mais uma vez. – E do tio Bart.

-Eu sabia!  - Oliver bateu levemente o indicador na ponta do nariz dela.

-O que? – ela perguntou sem entender.

-Nada – ele respondeu gentilmente, de repente com uma pontada de saudosismo no peito. Se fosse há alguns anos ligaria para Bart para lhe dar um belo sermão, hoje só poderia dizer muito obrigado. – Agora que tal terminar essas compras e almoçar? Não sei você, mas eu estou morrendo de fome.

-Uh, eu também – Ellie apertou os lábios e cerrou os olhos, como se estivesse imaginando algo muito bom.

Oliver sorriu, mas não disse nada, só suspirou. Poderia se acostumar com aquilo, com eles, juntos.

Não muito longe dali, apenas algumas ruas distantes, Chloe olhou para o letreiro do instituto Isis antes de entrar na Watchtower. Era domingo e o prédio estaria vazio, então teria um luxo ao qual somente neste dia podia desfrutar, silêncio.

Durante a semana os primeiros andares ficavam cheios de seus adolescentes, as salas completamente tomadas por quem quisesse ajuda e orientação. Não era fácil ser um adolescente, muito menos um adolescente com habilidades. Então oferecia praticamente tudo que eles não teriam em casa ou na escola.

Chloe saiu do elevador no décimo andar, o limite do instituto e caminhou em direção a sua sala. Demorou um ano e após conseguir patrocínio da Wayne Enterprise para deixar tudo como queria. Chloe construiu um andar inteiro só de inteligência. Poucos alunos tinham acesso a aquele nível e apenas escolhido podiam subir até a escondida Watchtower. Mais dez andares separavam os aprendizes dos membros da Liga. Era como se um mundo inteiro existisse dentro daquele prédio.

-Hei.

Chloe se assustou e se virou para a voz familiar. Ela respirou aliviada quando viu Mia sair de uma das salas.

-Hei – ela repetiu levando uma mão ao peito. –Eu não esperava por ninguém.

-Entrando sem checar quantas pessoas tem no prédio? – Mia se aproximou cruzando os braços.

-Sim – Chloe ergueu uma sobrancelha. – Aos domingos o prédio fica vazio e se tivesse alguma coisa errada eu saberia antes de pisar na calçada – Chloe respondeu, não gostando do olhar que estava recebendo.

-Claro. Não tem nada a ver com o final de semana cheio que está tendo, tem? – Mia questionou Chloe, tentando conter um sorriso.

-E que final de semana não é cheio nesta cidade? – Chloe revirou os olhos para a insinuação, então devolveu o olhar questionador. – E você, o que está fazendo aqui em um domingo?Nada melhor pra fazer? 

A vida adulta finalmente está te entediando?

-Não. Nem um pouco, estou indo embora na verdade. Vim antes para preparar a palestra de amanhã. Eu nunca falei com tantos alunos de uma só vez. Então quis deixar tudo pronto pra não fazer besteira. – Mia sorriu timidamente.

-Oh! Vai ser ótima, tenho certeza. – Chloe tentou incentivá-la. - E mesmo que não seja, e você vomite no meio do salão, está tudo bem. Eles te adoram – ela piscou e deu as costas a Mia.

-Obrigada? – Mia fez careta e ergueu os braços.

-Tchau, Mia – Chloe acenou sem olhar para trás.

-Tchau, Chloe – Mia respondeu entrando no elevador. – Ah, caso queira saber, tem mais uma pessoa no prédio, na sua sala na verdade... E Lois está certa, ele é bonito. – ela acrescentou antes das portas se fecharem por completo.

Chloe parou diante da porta aberta da sua sala, olhando para Charlie enquanto podia imaginar Mia e Lois rindo dela. Ela forçou um sorriso e deu um aceno constrangido a ele. Ele obviamente havia escutado o comentário e estava olhando para ela com um sorriso divertido e extremamente charmoso.

-Então. – Oliver colocou uma garfada de nhoque na boca e engoliu antes de continuar, antes de fazer a pergunta que queria ter feito há dois dias. Agora, sozinhos em seu apartamento de novo e mais a vontade um com o outro simplesmente sentiu que podia.  –Esse tal de Charlie.

-O que tem? – Ellie perguntou sem tirar os olhos de seu prato, ele era grande e delicioso.

-Chloe fala muito nele? Ele já foi até a casa de vocês? – ele perguntou tentando parecer casual.

-Não muito. Tia Lois é quem fala nele o tempo todo – Ellie respondeu enquanto tentava fisgar um nhoque que teimava em escorregar no molho.

-Eu imagino – Oliver disse com desgosto e pegou uma colher, oferecendo a ela – Aqui, princesa.

-Obrigada. – Ellie agradeceu e sorriu.

-De nada. – Oliver sorriu antes de ficar em silêncio mais uma vez. – E ele já visitou a mamãe?

-Não. Nunca – ela respondeu conseguindo colocar a massa na boca.

Oliver balançou a cabeça e se sentiu ridículo por estar sondando sua filha assim, mas também aliviado por ela não ter tido contato com o outro homem. Já havia gente demais a sua frente.

-Papai?

-Sim. – ele olhou para ela.

-Você faz o melhor nhoque do mundo todo – ela disse a ele com os olhos brilhando de orgulho, após terminar.

-Obrigada. – Oliver agradeceu com o peito aquecido.

-Eu também quero provar – Clark disse da sacada.

-Jesus – Oliver fechou e apertou os olhos após ver quem estava invadindo sua cobertura.

-Tio Clark – Ellie deu um pulo da cadeira e correu na direção de Clark, se jogando em suas pernas.

-Oi, garota. Parece que faz uma eternidade desde a ultima vez que te vi – ele tirou Ellie do chão e a examinou. – Você cresceu?

-Cresci – Ellie respondeu simplesmente, adorando a ideia, como se fosse possível.

Oliver ficou de pé e assistiu a cena. Ellie e Clark pareciam bem à vontade um com o outro, tanto que ele não se importou quando Ellie o beijou com a boca suja de molho de tomate. Pelo contrário, foi como se Clark estivesse recebendo o melhor dos beijos. E pela segunda vez no dia Oliver se sentiu estranhamente triste e agradecido.

-Parece que alguém ainda tem problemas com campainhas e elevadores. – Oliver cruzou os braços assim que Clark o alcançou na sala de jantar.

-Velhos hábitos – Clark colocou Ellie no chão e se aproximou do velho amigo. – Como vai, Oliver? – e o abraçou com um sorriso.

-Bem, escoteiro. Eu estou bem – Oliver devolveu o abraço rápido.  –E você?

-Bem ocupado no momento. O Planeta anda movimentando como sempre, tem dias que eu acho que aquele lugar vai explodir. Mas de resto está tudo bem. Chloe cuida de nós e nos mantém na linha – Clark explicou e bagunçou o cabelo de Ellie, que se colocou entre os dois para assisti-los melhor.

-Eu imagino. Se me lembro bem – Oliver riu com a lembrança de Chloe, tão pequena comandando a todos apenas com um comunicador. Ela era capaz de calar ou acalmar a todos em dois segundos. Sentia falta de trabalhar com ela.

-Eu soube que... – Clark olhou para Ellie e parou. –Ellie, por que você não vai até seu quarto e escolhe cinco dos brinquedos novos pra me mostrar?

-Ok – Ellie concordou e correu para o quarto eufórica.

-Como você... –Oliver cerrou os olhos e encarou Clark, que estava ficando vermelho. – Eu não acredito que você estava ouvindo.

-Eu estava esperando a hora certa de entrar. – Clark se explicou e empurrou os óculos nariz acima.

-Claro. – Oliver concordou a contragosto.

-Agora que estamos sozinhos. Eu soube que vai ficar na cidade, então eu quis vir dizer que tem meu apoio.

-Ainda vai depender da Chloe. Eu sinto que ela está me testando. Se eu não estragar tudo neste fim de semana eu posso ficar... Mas mesmo assim, obrigado. – Oliver sorriu agradecido. – Sei que não deve ser fácil para você fazer isso.

-Não, não é. – Clark deu a Oliver um olhar amedrontado e riu em seguida. – Eu sei que o passado foi cruel, mas vocês tiveram seus motivos e eu quero que vocês sejam felizes. Principalmente Ellie, que não tem nada a ver com as nossas escolhas de vida. – ele deu um sorriso simpático a Oliver.

-Desculpe dizer isso, mas é engraçado que de todos, você tenha sido o único que não me julgou, mesmo quando eu mereci, mesmo depois de tudo o que eu fiz, principalmente a Chloe. – Oliver deu uma risada curta, sem muito humor.

-Eu fiquei ao seu lado quando ela foi sumiu, eu vi o quanto te afetou. E sim, eu fiquei furioso com você, várias vezes, mas ao mesmo tempo eu dizia a mim mesmo que se a amando o tanto que você a amava, você foi embora sem olhar para trás... algum motivo muito forte você teve.

Oliver sentiu um aperto familiar na garganta e antes que se entregasse a velhos sentimentos ele se afastou daquele transe eminente e olhou para o amigo, ainda mais agradecido. Foi julgado e condenado por todos os seus amigos. Ainda era respeitado como membro da Liga e um dos lideres, mas ninguém o queria mais por perto. Não conseguiam conceber a ideia de que ele pudesse deixar Chloe e Ellie para voltar a viver a vida de playboy, então o mínimo de simpatia era bem-vinda.

-É por ela que eu quero e vou ficar, Clark. Eu decidi que não vou mais errar com minha filha ou deixar que o medo me domine quando tudo o que ela quer de mim é... amor – Oliver deu de ombros, mas com um sorriso suave nos lábios.

-É bom finalmente ouvir isso. – Clark o olhou meio por baixo.

-É bom finalmente sentir isso.  – Oliver desabafou.

-Bem-vindo de volta,então – Clark o cumprimentou com a mão em seu ombro.

-Obrigada.  –Oliver agradeceu com um aceno de cabeça.

-Ah, e boa sorte também. Lois não vai facilitar para você, desculpe – Clark fez careta e deu um tapa no ombro do amigo antes de começar a ir na direção da mesa.

-Estou preparado – Oliver coçou a nuca e hesitou uma vez antes de continuar. – E Clark. Obrigada. Por cuidar dela – ele balançou a cabeça na direção do quarto onde Ellie estava.

Clark parou e quando estava pronto para dizer a Oliver que não fez muita coisa além de estar presente e que Chloe foi à responsável por tudo, por se reerguer e criar Ellie e transformá-la na garota incrível que era, escutou os seus passos no corredor. Então só sorriu e assentiu. Aquela parte da conversa ficaria para outro dia.

Já era noite do lado de fora quando Chloe percebeu estar trabalhando por horas sem nenhum intervalo. Ela esfregou os olhos e girou a cadeira, da sua sala podia ver o globo do Planeta Diario girando bem alto. Sorriu pensando em Lois e em todas as suas intromissões em forma de conselhos. Sua prima era espaçosa, às vezes agressiva, mas não sabia se teria conseguido chegar onde estava sem alguém para oferecer um ombro. E só deus sabia quantas vezes Lois desempenhou este papel.

Chloe girou a cadeira de volta e ficou de pé, ela correu em volta da mesa e caminhou para o sofá onde sua bolsa e seu celular estava. Ela o alcançou e começou a chamar sua prima quando escutou a campainha do elevador tocar e o som mecânico das portas se abrindo percorreu o corredor.

Chloe franziu a testa e esperou. O único na cidade aquela noite além de Mia era Clark e ele não tinha o costume de usar o elevador quando sabia que ela estava sozinha, ele simplesmente invadia. Ela se preparou para fazer um sermão em Mia por deixar que um quase desconhecido esperasse sozinho em sua sala quando Oliver surgiu e parou do lado de fora da sua porta, com Ellie adormecida em seu ombro.

-Oi – ele sussurrou a ela.

-Oi. – ela respondeu sem conter a surpresa na voz.

-Esperando outra pessoa? – Oliver perguntou diante da sua confusão.

-Não. Na verdade eu perdi a noção do tempo e só quando vocês entraram que eu percebi o quanto era tarde. – ela passou uma mão sobre a testa.  –Como foi o dia? Acho que virou um costume, ela voltar apagada. – Chloe riu quando olhou para Ellie.

-Eu poderia me acostumar com isso. – Oliver aproveitou a brecha. Ele olhou diretamente nos olhos dela, para deixar claro suas intenções, vendo o sorriso dela sumir. – Enquanto eu conseguir carregá-la, óbvio. – e riu em seguida, dando um passo para dentro da sala.

-Se ela puxar a sua família não vai demorar muito – Chloe riu e tocou as costas da filha quando a alcançou.

Oliver sorriu com o comentário e imaginou Ellie parecida com sua mãe, então balançou a cabeça.

-Só os olhos. O resto é todo seu – ele disse sem nenhuma lamentação. Ter uma filha parecida com Chloe era uma honra inquestionável.

Chloe desviou automaticamente o olhar dos cabelos macios de Ellie e encontrou o dele.

-Mamãe – Ellie murmurou saindo do sono pesado em que estava desde o fim da tarde, após brincar tanto com seu pai que implorou por uma soneca.

-Oi, meu amor. – Chloe sussurrou e abriu os braços quando Ellie pulou para o seu colo. – Como você está?

-Meu dia foi perfeito. Mas agora eu estou muito cansada – Ellie respondeu dramaticamente, coçando os olhos e se aconchegando em sua mãe.

-Culpado. – Oliver ergueu uma mãe e se encolheu.

-Tudo bem. É ótimo que ela esteja cansada essa altura do dia. Isso significa uma noite inteira e ininterrupta de sono. A mamãe aqui agradece.

Oliver não soube por que, mas se sentiu aliviado. Qualquer coisa que pudesse aborrecer Chloe poderia se tornar um momento de tensão ou se transformar em uma barreira a mais entre eles. Mal podia esperar pelo momento em que a convivência entre eles estivesse melhor.

-O papai e eu escolhemos um quarto para mim. Ele é lindo! – Ellie disse a mãe, tocando seu cabelo comprido com seus dedos minúsculos.

-Mesmo? – Chloe olhou para Oliver agora e o sorriso torto que ele lhe devolveu apertou seu peito de forma estranha. – Aposto que ele é todo vermelho e amarelo. – Chloe esperou e quando não recebeu resposta buscou os olhos dela.

-Acho que ela apagou, de novo. – Oliver informou a Chloe e retirou a mochila de Ellie das costas, colocando ao lado das duas no sofá.

-Obrigada, Oliver. – Chloe agradeceu, apertando Ellie contra o peito.

-Não precisa agradecer. A felicidade dela escolhendo cada peça foi... um presente. – ele admitiu com um sorriso ainda triste. –É claro que o momento em que ela me disse que não gosta de verde foi difícil, mas então eu me lembrei que ela negou um computador e me senti menos miserável.

Chloe segurou a risada e balançou a cabeça com a lembrança.

-Acho que eu chorei – ela disse baixinho, embalando Ellie.

-Eu reagi como um garoto de cinco anos fazendo birra – Oliver confessou a ela.

Chloe riu e por um segundo a tensão entre eles sumiu. Mas ela voltou em seguida, quando nenhum dos dois soube mais o que dizer ou para onde levar a conversa. Eles não eram mais os mesmos.

-Acho que eu vou indo. – Oliver apontou para a porta. –Obrigada, Chloe. Pela chance de poder passar esses dois dias com ela. – e caminhou de volta para a saída.

Chloe pensou por um segundo e pesou tudo em apenas três. Precisava chegar logo a uma decisão e assumi-la para si.

-Até amanhã então. – ela falou e esperou.

Oliver parou e olhou de novo para ela, se perguntando se estava ouvindo direito.

-Você foi até nossa casa, pediu uma chance e pelo que eu estou vendo, está vivo após passar dois dias com a sua filha – ela foi mais dura com ele agora, precisava ser. – Eu só posso chegar a uma conclusão. Você vai ficar, não vai?

-Sim, eu vou – ele respondeu sem hesitar.

-Ok. Então eu te vejo amanhã, lá em cima. Nós vamos te encaixar na rotina da casa, Arqueiro – Chloe o informou sem esperar uma resposta. Ela se inclinou mais sobre o sofá e ajeitou Ellie nos braços.

Oliver assentiu em silêncio e com um sorriso no rosto voltou ao corredor. Há tempos, anos, não saboreava uma vitória como essa e de repente era como se metade da sua força tivesse voltado a correr em suas veias. E pensar que estava preparado para fazer daquele final de semana mais uma marca no seu caderno de fracassos e agora ele estava mudando sua vida de novo.

CONTINUA...

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