quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Flames - Parte 5

Olá!Olá meninas!Mais uma parte da fic para vocês. Obrigada pelos comentários e incentivos, é muito importante pra mim, valeu mesmo...Então é isso. Boa leitura!!...E façam uma autora feliz, comentem!!

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Titulo: Flames
Autora: Roberta Clemente
Classificação: R
Spoiler: Não
Nota: O nome da FIC é uma música da banda VAST.


PARTE 5



A água quente caia sobre o corpo machucado de Chloe, aliviando as dores que uma por uma apareceram. Mas só conseguia pensar que em alguns minutos, com sorte poucos, estaria de novo com sua mãe. Enquanto deixava a ducha bater em sua nuca Chloe só pensava que queria um abraço de Moira. Um abraço apertado que só uma mãe sabe dar.

Queria poder contar a ela tudo o que tinha acontecido com ela desde a ultima vez. Contar as coisas ruins e ser consolada. Dividir as coisas boas e ganhar um conselho. Falar sobre o trabalho importante que tinha agora, sobre como amadureceu anos em apenas um e sobre a pessoa que tinha encontrado. Oliver.

Depois de deixar a sujeira descer pelo ralo Chloe procurou em sua mala por uma roupa e sem paciência escolheu o que estava por cima mesmo. Uma regata preta e um par de jeans.

O apartamento de Oliver seria sua distração. A porta trancada e chaves fora do seu alcance ou conhecimento impediriam que sumisse, então sem ter o que fazer enquanto esperava nervosa por sua mãe, exploraria a cobertura relativamente modesta para a conta bancária de Oliver.

Entrou no escritório e pra sua surpresa ele era como um quarto de garoto, um garoto crescido que ainda escondia gostos do passado. Chloe sorriu vendo alguns carrinhos expostos em prateleiras, carros bonitos e caros demais para serem de uma criança, mas ainda sim, carrinhos.

Continuou a olhar em volta e parou os olhos em uma fotografia em cima da mesa. A única do lugar. Chloe reconheceu as três pessoas nela. Um casal feliz e um garoto no centro. Os pais de Oliver e ele, em talvez o ultimo momento deles juntos. Era incrivelmente triste pensar que Oliver, aquele homem especial, tinha crescido sem os pais. Como ela cresceu.

Ficou sem a mãe cedo e como conseqüência perdeu parte do pai, que para compensar o vazio se entregou ao trabalho e logo depois se afastou dela como a mãe fez. Com isso aprendeu a se virar sozinha muito cedo. Ela e Oliver eram mais parecidos do que imaginava.

Pensar nisso fez o coração de Chloe acelerar e quando ameaçava hiper-ventilar saiu de lá e continuou a andar pelo apartamento. Caminhou pela sala esfregando as mãos, fazendo força para não correr para o computador. Tinha prometido a Oliver que esperaria por um sinal dele e cumpriria.

Prometeu esperar, mas não deixar de pensar e sonhar. Sua mente sem controle imaginava Moira entrando pela porta, linda como se lembrava dela, com os gentis olhos verdes, à única herança da mãe.

Sorria sem parar com a imagem. Por isso rezava em silêncio pra que ela estivesse bem, consciente o bastante. Desta vez protegeria Moira do mesmo jeito que ela a protegeu e não sairia de perto dela. Tinha recurso suficiente para nunca mais terem que se separar. Era só Oliver trazê-la em segurança.

Depois de encarar a porta trancada por alguns segundos Chloe relaxou e então sentiu o tornozelo incomodar. Não queria ficar parada, isso significaria pensar demais e pensar no que não queria, mas sozinha isto ficava impossível. Poder me curar agora iria ajudar muito.

Sua costumeira praticidade lhe fez ter um pensamento inesperado, mas que em seguida lhe fez cair no buraco do medo de novo... Ainda era uma infectada. Isso fazia uma onda fria subir por sua espinha até a nuca. Ser uma infectada era algo tão incerto. Uma loteria que ela já havia acertado uma vez, conseguindo, entre todos, um poder que no fim pareceu mais um dom do que um fardo. Suas chances agora eram pequenas.

Esquecendo do tornozelo ela continuou a andar. Caminhou pelo corredor até o quarto, parando na porta e olhando para dentro, a cama arrumada com lençóis novos era convidativa. Tinha prometido para si mesma quando saiu de Metropoles passar dias nela com Oliver. Mas as coisas mudavam tão rápido em sua vida que o fim de semana logo se transformou em sumiço, invasão de propriedade particular e ganho de poderes.

Ainda perdida em seus pensamentos Chloe sentiu algo passar por seu ombro direito, não era um peso, nem um vento, não soube explicar, por que não soube entender. Virando rápido ela não encontrou nada além do corredor largo. Respirando rápido ela procurou em volta, mesmo sabendo que estava sozinha. Uma sensação estranha cresceu dentro dela enquanto seu corpo todo se arrepiava. Como se alguém falasse dentro da cabeça dela algo que não conseguia compreender.

Era Moira. Ela queria lhe dizer alguma coisa, não era uma ordem, mas um recado. O coração acelerado de Chloe começou a sofrer em agonia. Não conseguiu mais manter o foco, o raciocínio.

Rápido a noção de seu corpo sumiu e sentiu os sentidos enfraquecerem um a um até que o teto do corredor foi a ultima coisa que viu antes de desmaiar. Morrer deve ser assim.

Sem saber quanto tempo depois, Chloe abriu os olhos, ainda era o mesmo teto e o mesmo corredor. Diferente agora era o silencio mental e a sensação de vazio e solidão que lhe invadiu. Tinha perdido a ligação com a mãe. E sem saber o que fazer ela correu para o computador em cima da mesa. A pressa e nervoso a fez digitar errado algumas vezes e assim demorar um pouco mais para achar o que queria. A ficha de Moira em tempo real.

Sentiu sair e voltar ao corpo mais uma vez e em um segundo quando viu o alerta – SEM ATIVIDADE – na tela. Era tarde. Tarde demais.

O trajeto que o elevador fez entre o térreo e a cobertura foi especialmente rápido naquele dia para Oliver. Precisava de tempo para saber o que dizer, pararia se não tivesse a necessidade de estar com Chloe e confortá-la. Mas o que diria? O que faria o coração de Chloe não se partir quando o dele estava partido ao meio.

Não conseguiu tirar a imagem de Moira morrendo da cabeça enquanto dirigiu para casa. Ainda estava em choque, surpreso. Sem chão com os últimos momentos dela. Quando chegou ao quarto de Moira ela estava em choque, amparada por todos os enfermeiros e médicos, mas fixou os olhos nele, como se o reconhecesse de antes e precisasse desesperadamente lhe dizer algo.

Infelizmente ela só conseguiu se agarrar a mão dele, morrendo em seguida e deixando para ele um cordão de prata. Tudo tão rápido e surreal que ainda não conseguia digerir, acreditar.

Oliver saiu do elevador com os ombros caídos. Nitidamente derrotado e perdido. Prometeu a Chloe que voltaria com a mãe dela e em vez disso voltava com a pior noticia de todas. Isso a destruiria. Entrou prometendo não sair do lado dela um minuto se quer.

Procurou em volta por algum sinal, seus olhos eram urgentes. Tinha pressa agora de acabar logo com aquilo, quanto mais rápido falasse, mais rápido Chloe se recuperaria. Entrou no quarto e encontrou Chloe aparentemente esperando por ele. De costas olhando pela janela, corpo duro, imóvel, braços cruzados na frente do peito. Oliver sentiu o estomago contrair.

-Chloe?- ele chama, em um tom de voz suave.

-Ela está morta, não está? – pergunta Chloe, fria, firme e direta.

Oliver silencia em choque. Pela pergunta, pelo tom de voz e definitivamente pela expressão fria no rosto dela quando se virou para lhe encarar. Seus olhos eram duros e firmes. Ela não cederia.

-Sim!Está! – responde Oliver apertando os olhos, tentando mostrar o quanto sentia por ela.

Mas Chloe desvia o olhar. Encarando o chão agora ela concorda com a cabeça. Informação pedida, informação conseguida. Agora era fato, sua mãe estava morta, nada mais poderia ser feito. Teria sim, que lidar com isso a partir de agora.

Chloe inspira rápido e depois de segurar por três segundos o ar nos pulmões ela expira, deixando ali seu ultimo pesar, seu ultimo suspiro de lamentação. Sua esperança.

-Ok! – ela concorda, sem emoção. –Ela estava... – Chloe pausa, respirando rápido, estava difícil encontrar palavras, até as mais simples fugiram dela naquele momento. – Disseram o que aconteceu?Por que ontem ela estava acordando e hoje... Eu não entendo.

-Disseram que é normal, o corpo depois de tanto tempo sem alguém no comando simplesmente... enfraquecer. O que aconteceu ontem nem os médicos sabem explicar, foi como... – Oliver hesita, sabia que o que diria em seguida seria doloroso. – Um adeus!

Ele observa o olhar de Chloe se esvaziar. Sabia que seria um duro golpe e odiava ser ele a desferir. Moira se isolou por ela e agora perdera a vida por isso. Chloe se culparia, tinha certeza. Ele se culparia, no lugar dela, mesmo não sendo culpado.

-Ela disse alguma coisa?Antes... – ela pergunta com a voz firme.

-Não!Ela só conseguiu me entregar isto, antes de morrer – diz tirando do bolso o cordão.

Chloe desfaz os braços cruzados quando vê o cordão se desenrolar da mão de Oliver. Ela começa a caminhar devagar na direção dele, hipnotizada pelo balançar dele. Aquele era objeto que ligava ela a mãe, que depois de algum tempo mandou entregar a ela, desejando, talvez inconscientemente, manter o elo entre elas.

Quando olhou de perto para ele a mente de Chloe viajou no tempo. Para o dia em que ganhou aquela corrente. Em como era feliz e achava que sua vida seria perfeita. Depois voltou ao tempo atual, onde seus sonhos eram frustrados, um a um. Onde tinha que lidar com mais decepções que qualquer um agüentaria.

Ela desperta antes que seus dedos toquem a prata gelada. Recuando Chloe olha para Oliver e a pena nos olhos dele atravessam seu corpo. Não merecia pena, não merecia chorar, nem sofrer por Moira.

-Vou, avisar meu pai! – ela diz ignorando o cordão na mão de Oliver.

-Chloe! – ele chama por ela, mas também é ignorado.

Consolar Chloe seria missão das mais difíceis para Oliver, ainda mais por ela não querer ser consolada. Sentiu-se perdido por alguns instantes. Sem saber o que dizer ou fazer. Nunca tinha estado deste lado, de consolador, era sempre ele o com a alma quebrada, torta precisando de conserto.

Esperou alguns minutos Chloe falar com o pai por telefone, daria tempo a ela. Mas para sua surpresa a conversa foi rápida, rápida demais para a seriedade do assunto. Entrou na sala e encontrou Chloe sentada no sofá encarando o telefone em sua mão. Ela ergueu a cabeça para lhe encarar quando notou sua presença.

-Falou com ele? – pergunta Oliver com a voz baixa.

-Sim!... Mas por que acharia que o homem que nem sequer foi ao meu casamento se importaria com a morte da mulher que o abandonou? – ela diz dando de ombros.

-Por que ela é sua mãe! – responde Oliver.

-Não pra ele!Não desde o dia em que ela saiu pra comprar cigarros e nunca mais voltou!É um clássico, você não sabia? – ela finge brincar.

Oliver deixa o canto de boca fingir também um sorriso. Tentava mas não conseguia achar aquela reação ou falta de reação de Chloe normal. Preferia vê-la se desesperar, do que assim, sem sentir nada.

-Chloe, eu sinto muito! – desabafa Oliver. Mostraria o que estava sentindo para tentar trazê-la até ele.

-E eu tenho que fazer muita coisa – desconversa Chloe. Levantando e indo em direção do quarto.

Oliver segura seu braço, impedindo ela de fugir mais uma vez.

-Eu cuido disso para você! – ele toma a frente. – Acho que você vai querer levá-la para Metrópoles.

-Obrigada! – ela agradece, sorrindo desta vez. Em seguida seu olhar se perde de novo. – Mas eu não sei, não posso deixar o corpo dela em um cemitério, alguma coisa me diz que não é seguro. Eu não sei o que fazer. – os olhos dela se apertam.

Oliver aperta os dedos no braço dela.

-Eu estou aqui com você. Nós vamos fazer o que for melhor pra ela... e pra você.

Chloe concorda com a cabeça e Oliver vê uma abertura. Ele a puxa para seus braços e Chloe não oferece resistência. Aceita o abraço do homem que estava lhe oferecendo abrigo.

-Você pode chorar se quiser – diz Oliver oferecendo seu ombro.

Chloe então se solta dele. Em um segundo ela enrijece o corpo e a expressão. Oliver mal a reconhece. Por um segundo parecia outra mulher lhe olhando.

-Não, eu não posso. Minha mãe desistiu da vida dela por mim e morreu por isso... Eu nem me despedi quando ela precisou de mim. Eu não mereci o sacrifício dela, então não posso chorar por ela. Não sou digna.

Ela se solta de Oliver e continua seu caminho. Oliver fica em choque. Aquela não era Chloe. Sua Chloe. Reconhecia aquele olhar frio e sem vida. Viu o mesmo em Tess, uma mulher sem alma. Uma onda de terror percorreu seu corpo. Chloe não terminaria como Tess, não permitiria isso.






CONTINUA...

9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. a detalhe a música Flames é muito chlollie rsrs

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  3. Confesso que desta vez, vc quebrou minhas pernas total...
    Se eu fosse fazer um top 10 ou top 5 de favoritas "amor meu grande amor" estaria no pódio, levando a medalha de ouro rsrs

    mas este capítulo foi perfeito, sério uma das suas melhores escritas, foi muito interessante vendo você escrevendo uma fic "triste" abordando o lado familiar da Chloe que não foi muito explorado nem nas Fics, nem na série.
    O que falar sobre o cap, eu to sem palavras,vc escreveu sem firulas, apenas as coisas do jeito que são...a revolta da Chloe, o consolo do Oliver, as ligações com o já havia acontecido...Vc escreve o Ollie muito bem, mas nunca tinha visto alguém escrever este lado da Chloe tão bem...enfim
    Adoro seu jeito brasileirinho de escrever bjs e por favor continue!!!

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  4. Ah Le disse tudo!!
    Adoro seu jeito brasileirinho de escrever bjs e por favor continue!!![2]
    Vilm@

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  5. Oi meninas!!!

    Que lindas!!!
    Leticia...Nossa, que honra. Minha fic levando a medalha de ouro...Nossa, emocionei.
    Que bom que gostou do texto, fico sempre com duvidas...Valeu mesmo.


    Ah!!!Vast é muito Chlollie, sempre achei, agora então..hahaha
    Chloe nunca fala da mãe nem do pai e sempre fiquei com isso na cabeça.

    Jeito brasileirinho...hehehe

    Vilm...valeu, leitora fiel!...vou continuar sim...Logo tem mais dela...Tenho até o capitulo 11 pronto...E já estou adiantando aqui.

    Beijos queridas

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  6. ai... Que capítulo mais lindo, Roberta! Sério, me deixou emocionada do começo ao fim :D

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  7. Ahhh, a senhorita leu!...hehehe

    Que bom, odiaria que não gostasse depois de ficar curiosa.

    Valeu!!!=)

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  8. God!!! Preciso ler o resto logo, please!!! Parabéns, Roberta...

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  9. Essa fic tem uma história muito interessante, gosto desse mistério, das coisas sendo explicadas aos poucos, realmente demais... parabéns Roberta e estou aqui ansiosa pelo resto...

    Adriana

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