Til Kingdom Come (2/10)

 

A continuação, um pouco mais esclarecedora que o primeiro cap.
Boa leitura e comentem!

Fic Original: Til Kingdom Come
Autoras: chloeas e dl_greenarrow
Classificação: M
Disclaimer: Os personagens pertencem a Warner e a DC Comics
Resumo: Baseada em Lazarus, futuro AU, envolvendo as consequências da troca que Chloe faz por Oliver.
Spoilers: Spoilers de Lazarus e Shield e especulações sobre a décima temporada em geral.

Capítulo 1

(2/10)

Ela havia adormecido, o cabelo loiro – mais longo do que ele lembrava ser – sobre a bochecha dela. Ele não se mexia há horas, observando, nem mesmo piscando direito, escutando o som da respiração regular e estável dela. Os dedos dela ainda estavam curvados ao redor dos dele e mesmo quando o médico apareceu na porta, falando suavemente com ele e Clark, dizendo que precisava falar com eles, ele não queria soltar. Depois de Clark ter ido até seu lado, colocado uma mão firme em seu ombro, ele suspirou levemente, dando um beijo na mão dela e cuidadosamente puxando a sua. Se levantou, o peito apertando ao ir até a porta, e ele olhou pra trás, certo de que se não olhasse, ela desapareceria novamente.

Chloe se virou na cama, indo pro lado que Oliver estava, mas não acordou, apenas suspirou profundamente e juntou as mãos pra compensar a perda da mão dele.

Clark também manteve os olhos em Chloe pelo máximo de tempo que pôde e depois de se certificar que ela não tinha acordado, foi pra fora com Oliver e o médico e então cruzou os braços, ainda não sabia por que Oliver parecia tão inquieto desde que ele voltou pro quarto, mas achava que estava prestes a descobrir.

Oliver esfregou a nuca, não se afastando muito da porta, e olhando pra trás mais uma vez antes de dedicar sua atenção ao médico. “O que está acontecendo? Porque ela não se lembra do que aconteceu?”

“Não temos certeza,” o medico disse a eles, olhando pra suas fichas antes de balançar a cabeça numa negação, “ela está perfeitamente saudável exceto por sua atividade cerebral estar mais alta que o normal e pela perda de memória, ambas sinais de estresse pós-traumático. Baseado em sua conversa com ela, a última memória dela é de quando?”

Os olhos de Clark estreitaram, a perda de memória era uma novidade pra ele, mas ele permaneceu calado.

Oliver fechou os olhos, deixando um suspiro escapar, os músculos tensos. “Seis anos atrás,” ele sussurrou.

“Ela não se lembra de nada desde—?” Clark perguntou, ficando tenso também.

“Não,” Oliver murmurou, abrindo os olhos e virando-se pra olhar para o outro homem. “Ela acha que bateu a cabeça quando ela... caiu.” Ele encontrou os olhos de Clark por um momento.

O maxilar de Clark travou um pouco e ele acenou com a cabeça, apenas podia imaginar que Oliver estava falando de quando ela usou o capacete, os dois tinham analisado os passos de Chloe naquele dia várias e várias vezes, e essa era a única vez que ela tinha caído, pelo que eles sabiam.

O médico os observou por um tempo, “vocês sabem se ela passou por algo que poderia ter feito com que ela entrasse em choque? Sei que a encontrou inconsciente, Sr. Kent, mas qualquer coisa pode nos ajudar a desvendar a fonte do trauma.”

A cabeça de Oliver virou bruscamente pra olhar pro doutor, sua expressão aflita e seu peito apertando novamente. Sua mente voltou para seu próprio cativeiro, para a tortura que suportou por vinte e quatro horas. As mesmas pessoas tiveram Chloe por seis anos. Seu estômago revirou, a cor sumindo de seu rosto.

“Sr. Queen?” O Doutor perguntou, franzindo a sobrancelha levemente pra expressão no rosto de Oliver.

Ele apenas sacudiu a cabeça, incapaz de falar e olhou pra Clark mais uma vez, os olhos vidrados.

Clark colocou uma mão no ombro de Oliver e depois olhou pro médico, “não a vemos há seis anos, não sabemos onde ela estava.”

O médico ficou em silêncio por um tempo. “Entendo,” ele murmurou. “No caso de trauma psicológico severo, os pacientes geralmente bloqueiam os eventos traumáticos que experienciaram. Acredito que a Srta. Sullivan fez algo semelhante.”

“O que podemos fazer pra ajudá-la?” Clark perguntou, mantendo a expressão neutra.

“Nesse momento, é melhor evitar qualquer coisa que possa chocá-la e causar mais dano psicológico do que ela já sofreu,” ele disse, olhando pros dois.

“Como o fato de que seis anos se passaram,” Oliver disse.

O médico concordou, “tente prepará-la pra isso, leve-a pra algum lugar familiar e lhe dê algum tempo pra que ela possa lentamente se ajustar antes de lhe contar sobre coisas que podem estar diferentes do que ela está acostumada.”

Ele passou a mão no rosto. “Certo. Sim. Podemos fazer isso.”

“Obrigado, Doutor.” Clark falou.

“Irei dar alta assim que ela acordar, não há razão pra mantê-la aqui no hospital já que ela está perfeitamente saudável fisicamente.”

Oliver concordou e olhou pra ele. “Qualquer conta hospitalar que ela tenha... mande-as pra mim,” disse.

“Avisarei a administração, por favor, me procurem se tiverem dúvidas,” o médico lhes disse com um aceno antes de sair.

Ele respirou tremulamente e expirou lentamente, olhando pra Clark. “Você acha que você e o Bart conseguem deixar a Watchtower e a Clocktower como elas eram antes?”

Clark fez que sim, “Vou ligar pro Bart e ver o que podemos fazer, te aviso quando tudo estiver pronto.”

“Obrigado,” ele sussurrou, virando-se pra olhar pra Chloe mais uma vez.

Ele olhou pra Oliver por um momento e depois pra dentro do quarto, os ouvidos focando na batida do coração de Chloe, não deixaria de ouvi-la novamente. “Ficarei atento.”

“Obrigado por me ligar,” ele murmurou, olhando pra ela atentamente.

“Eu sei que você iria querer saber,” Clark disse calmamente e se endireitou, “Te ligo quando terminarmos, você devia voltar lá pra dentro.”

Concordando, Oliver não hesitou antes de entrar no quarto de hospital mais uma vez, respirando fundo e tentando acalmar os nervos.

Clark escutou por mais um segundo, e então desapareceu.

Oliver não esperava que os olhos dela estivessem abertos ao ir pro lado dela. “Ei,” ele sussurrou. “Você está bem? Não dormiu muito.”

“Acho que não estava tão cansada assim,” ela disse a ele, se mexendo, “quando vou poder sair daqui?”

“Em breve,” ele prometeu, pegando uma mecha de cabelo dela e colocando atrás da orelha, seu polegar roçando levemente na bochecha dela.

“Quão breve?” ela perguntou, aproveitando o toque dele um pouco antes de se sentar, os olhos arregalados. “o Clark te avisou sobre o aviso do Jor-el?”

As sobrancelhas dele formaram uma linha. “Aviso do Jor-el?” ele se sentou na ponta da cama.

Chloe fez que sim com a cabeça, olhando pra ele com preocupação, “sobre um mal que Clark teria que enfrentar, e depois ele viu o Lex,” ela baixou o tom de voz, “ele acha que o Lex pode ter voltado de alguma forma.”

O peito de Oliver apertou um pouco com a preocupação no rosto dela. “Ah. Sim, ele eh- ele me falou,” murmurou, se inclinando e beijando a testa dela. “está tudo bem. Vamos dar um jeito.”

Ela deixou escapar o ar e pressionou os lábios, colocando uma mão no braço dele, “precisamos voltar pra Watchtower, eu me sinto bem, não sei por que ainda estou aqui.”

“Precaução,” ele lhe disse. “Você sabe como médicos são.”

“Não tinha necessidade de me trazer pra um hospital,” ela disse, sacudindo a cabeça, “Emil podia ter visto se estava tudo bem.”

“Ele precisou ir,” Oliver disse gentilmente, colocando uma mão em seu rosto. “Não se preocupe com isso. Vamos te tirar daqui antes que você perceba. Ok? Eu prometo.”

“Ele precisou ir?” Chloe franziu as sobrancelhas, olhando pra ele, “ir pra onde?”

Ele pensou rápido, agarrando-se a primeira explicação plausível que veio à mente. “AC precisava da ajuda dele na Flórida, então eu preparei o jato pra levá-lo até lá. Ele estará de volta logo.”

Ela olhou pra Oliver por um tempo e depois perguntou, “o Arthur está bem?”

“Ele está ótimo,” Oliver lhe garantiu. “Como está sua cabeça?”

“Melhor,” ela lhe disse, “tem certeza que você está bem?” Havia assistido ao vídeo dele sendo levado várias e várias vezes e estava surpresa por não ter cortes e arranhões visíveis porque sabia que não tinham sido gentis com ele.

Ele finalmente percebeu o que ela estava procurando, o motivo de ela estar preocupada. Seu peito apertou. “Ficarei bem. Não é tão ruim assim,” ele murmurou, beijando o canto da boca dela sem pensar direito no que fazia.

Prendendo a respiração, ela concordou, virando um pouco a cabeça, dando um beijo na boca dele e procurando sua mão, seu próprio peito apertando ao lembrar-se das imagens do satélite.

“Estou bem. Tá tudo bem, Chloe,” sussurrou, deslizando os braços ao redor dela e beijando sua testa.

Chloe o abraçou e concordou mais uma vez, fechando os olhos, “desde que você esteja bem,” disse baixinho.

“Estou bem.” Ele acariciou as costas dela gentilmente, os dedos subindo e descendo por sua espinha.

Ela tremeu um pouco com o toque e ergueu a cabeça, pressionando um beijo no maxilar dele. Mesmo com o que ele dizia, sabia que tinha alguma coisa de errado, provavelmente a mesma coisa que ele não quis lhe contar mais cedo, e essa era uma das razões pelas quais ela queria tanto voltar pra Watchtower, uma vez que estivessem lá, ela podia descobrir sozinha.

Mas se ela tivesse que chutar, apostaria no fato de que Lex estava realmente de volta.

***
Quando as enfermeiras e o médico foram dar recomendações a Chloe, Oliver se forçou a sair do quarto de hospital e ir até o corredor onde Bart esperava, andando de um lado pro outro. “Estão dando alta pra ela,” disse ao mais novo, o peito apertado.

Bart olhou pra Oliver e concordou, “ok, Clark e eu arrumamos tudo tão bem quanto a gente se lembrava.”

“Obrigado,” ele disse, esfregando o rosto com a mão cansadamente. “Preciso de outro favor.”

“Qual?” Bart perguntou, fazendo cara de confuso.

“Preciso que traga AC aqui.” A voz dele era baixa.

Ao ouvir isso, Bart arqueou uma sobrancelha, “pra que, cara?”

“Porque tem que ser real. Tem que parecer real.” Ele soltou o ar lentamente. “E na cabeça de Chloe, eu de alguma forma acabei de escapar de uma sessão de tortura.”

“Você quer que eu o traga aqui pra que ele possa te dar uma surra?” Bart perguntou num sussurro, os olhos arregalando, “cara, já é ruim o bastante vocês dois nem se falarem mais, não torne as coisas piores.”

“Talvez faça ele se sentir melhor.” Ele olhou pra Bart.

“Sem ofensas, cara, mas você dormiu com a garota dele, não acho que você pode fazer muita coisa.” Disse a Oliver.

Oliver se encolheu involuntariamente, desviando o olhar e fechando os olhos por um momento. “Isso não é sobre mim. Ou sobre o AC. É sobre a Chloe e o que ela precisa.”

Bart deu de ombros, “eu posso ir falar com ele, mas o que você quer que eu diga?”

“A verdade,” ele disse tranquilamente.

“Sim, ok,” Bart disse, “vou falar com ele, ver se ele concorda.” E sem mais uma palavra, saiu da sala de espera.

Oliver o observou ir, depois voltou para o quarto de Chloe, parando quando viu Clark. “Ei.”

“Ei,” Clark o cumprimentou enquanto ele parava de andar até o quarto, “como ela está?”

“Ok.” A voz dele era baixa. “Estão dando alta pra ela agora.”

Fazendo que sim com a cabeça, Clark colocou as mãos nos bolsos, “fui pra casa e expliquei tudo pra Lois, achamos melhor que ela espere um tempo antes de ver a Chloe.”

Oliver inspirou e expirou lentamente. “Ela tá bem?”

“Ela está... surpresa, e aliviada, eu acho.” Clark lhe disse.

“Tenho certeza disso,” ele murmurou, esfregando o rosto com a mão novamente.

Clark desviou o olhar rapidamente e depois voltou pra Oliver, “se você precisar de um tempo, eu posso levá-la de volta e você pode nos encontrar lá mais tarde,” ofereceu, mesmo sabendo que sua oferta não seria aceita.

Ele começou a dizer não, quando percebeu que iria precisar de tempo pra autenticar a evidência que sabia que Chloe exigiria ver assim que estivessem em algum lugar mais privado. “É, eu acho que é uma boa idéia.”

Parecendo confuso, Clark estudou Oliver por um momento e concordou, decidindo não fazer perguntas.

“Estarei lá em breve,” disse a Clark, depois deu um breve tapinha no ombro do amigo antes de sair do hospital.

Clark observou Oliver sair e então respirou fundo, entrando no quarto de Chloe.

***
Ele esperou, olhando vagamente pelas janelas da Clocktower. Escutou o som do elevador subindo até sua cobertura. Não vinha aqui há quase dois anos, não tinha colocado os pés nesse lugar. Parecia tudo igual, mesmo que soubesse que Bart e algumas vezes Vic o usassem quando estavam na cidade. Então ou eles não tinham mudado muita coisa, ou Bart e Clark fizeram um excelente trabalho. Não sabia qual das duas coisas e sinceramente não se importava. Realmente não era seu lugar mais.

AC não se moveu por um segundo inteiro depois do elevador ter chegado ao seu destino, esperou por mais um tempo antes de abrir a porta e entrar na Clocktower.

Oliver se virou lentamente, expirando enquanto seu olhar pousava no homem. “AC.” Sua voz era baixa.

“Oliver,” ele disse em retorno, olhando pra ele.

“Obrigado por vir.”

“Não poderia perder a oportunidade.”

Ele quase sorriu com isso. Quase. “Achei que não iria querer,” ele admitiu.

Arthur olhou pra Oliver por um momento, “a Dinah sabe?”

“Não,” Oliver disse baixo, olhando pro chão por um momento. “Ainda não.”

“Quando você vai contar pra ela?”

“Logo.” Ele esfregou os olhos. “Clark me ligou no meio da noite. Eu simplesmente... fui.”

“Você vai quebrar o coração dela.” AC lhe disse francamente.

Oliver não olhou pra ele. “Eu sei.”

“Bom.”

Oliver fechou os olhos por um momento. “Vamos fazer isso.”

AC se endireitou e concordou, olhando pra ele por um momento antes de dar um soco em sua barriga.

Oliver dobrou-se pra frente por um momento, e depois respirou fundo. “Faça parecer real.”

Franzindo a sobrancelha, AC deu um passo pra trás, olhando pra Oliver por um instante antes de chutá-lo com força com a ponta do pé contra as costelas dele.

Ele fez seu melhor pra não emitir um som, mesmo quando caiu com força no chão, ficando lá e deixando AC fazer sua parte. Sabia que isso era muito menos do que ele realmente merecia.

Capítulo 3