sábado, 4 de setembro de 2010

I'll Explain Everything When it's Friday - Capítulo 8

Aqui vai mais um capítulo. Esse foi um dos mais fáceis de traduzir pq tem poucas transições de um dia para outro. Entretanto, porém, contudo, todavia, é bem dramático lá pelo fim. Só lembro da minha ansiedade pela continuação. Desculpa fazer isso com vocês. xD

Boa leitura. ;D

[Personagens e história não nos pertencem.]

anterior


-- 8 --

16 de Outubro de 2008 (Dia 148)

Chloe suspirou e abriu os olhos, vendo Oliver sorrindo para ela da mesa de centro. “Isso é muito desconcertante.” Chloe disse se sentando e recebendo seu beijo de bom dia.

“Sei o que você quer dizer.” Ele sorriu e estendeu a mão para ela. “Então para ter certeza de que você não vai ligar a cafeteira essa manhã...” Ele a levou até a cozinha e ela sorriu ao ver dois copos do Starbucks no balcão.

“Porque exatamente levamos 148 dias pra fazer isso?” Ela perguntou tirando a tampa do copo dela para colocar açúcar e creme.

“Humanos são muito estranhos, nós gostamos de repetição, gostamos de rotina, não gostamos de mudança.” Oliver sacudiu os ombros e bebeu do seu copo.

“É, mas vendo por outro lado, a definição de insanidade é repetir a mesma ação e esperar um resultado diferente.” Chloe pontuou bebendo seu café. “E é basicamente isso que eu tenho feito nos últimos 148 dias.”

“Hoje vamos mudar isso tudo.” Oliver sorriu para ela.

“Já posso até sentir, hoje vai ser diferente.” Chloe suspirou contente e caminhou até o quarto para trocar de roupa. Quando ela saiu vestida para o dia Oliver estava sentado à mesa lendo o Haiku. “Então, isso ainda é um poema ruim.” Ele sacudiu o papel.

“Ou a chave para tudo.” Chloe sacudiu os ombros ao pegar seu casaco.

“Para onde você está indo?” Oliver se levantou confuso.

“Bem, Lois não vai roubar aquela lista até as duas, então ainda tenho um tempo para passar. Julia é uma garota muito legal então eu prefiro que ela não seja expulsa e aquele ciclista ainda vai correr para o meio da rua.” Chloe pontuou. “E eu preciso ir até o Pino.”

“O garçom?” Oliver pegou sua jaqueta.

“Se Lex conseguir chegar para o almoço antes que eu possa juntar todas as peças, não vai adiantar, vai?” Chloe sorriu.

“Vou estar no Pino.” Oliver sorriu e se inclinou para beijar Chloe.

“Café?” A voz de AC perguntou enquanto ele se arrastava para a cozinha.

“Hum, não.” Chloe sacudiu a cabeça e checou se tinha suas moedas. “Tenho algumas coisas pra resolver, mas volto mais tarde.”

AC gruniu e entrou na cozinha. Chloe e Oliver não perceberam até ser tarde demais e ele já tinha ligado a cafeteira. A tomada explodiu. “Caramba.” AC estava completamente acordado agora enquanto tentava apagar as chamas, e as luzes piscaram e se foram. Chloe foi até o corredor, cortou o papel de parede expondo o registro, ligou o interruptor e virou com um olhar atônito para Oliver.

“Deus odeia aquela cafeteira.” Chloe disse.

“Aparentemente.” Oliver sorriu e se inclinou para beijá-la. “Tenho um garçom pra trancar no freezer.” Ele sorriu antes de sair.

AC jogou no lixo os restos da cafeteira e olhou para Chloe confuso. “Vocês são estranhos pela manhã.” AC bocejou. “E que beijo foi esse?” Ele perguntou acenando para Chloe e para a porta por onde Oliver tinha acabado de sair. “Quando isso começou?”

“Uns 60 dias atrás.” Chloe sacudiu os ombros.

AC franziu a testa. “Há 60 dias estávamos no Brasil.” Ele disse confuso.

“Pra você.” Chloe murmurou.

“Você está realmente estranha esta manhã.” AC sacudiu a cabeça.

“Volta logo pra cama, trago Starbucks pra você quando eu voltar.” Chloe prometeu, indo para a porta, e desceu as escadas sorrindo. Ela correu até o registro quando o fiscal terminou de analisar o carro em frente ao carro da Julia. “Bom dia.” Chloe sorriu enquanto colocava as moedas no registro.

“Bom dia.” O fiscal disse, indo para o próximo carro.

“Bom dia Julia.” Chloe falou por sobre o ombro quando Julia saiu correndo do se apartamento e escada abaixo acenando freneticamente. “Diga ao Jeremy boa sorte com o trabalho.”

“Obrigada.” Julia andou mais devagar quando viu que o registro tinha sido alimentado. “Vou dizer.” Ela disse confusa da rua antes de se virar e voltar para dentro.

Chloe sorriu e respirou o ar fresco da manhã enquanto relembrava do Haiku. Ela chegou à esquina junto com o ciclista. Ela esticou o braço, segurou a jaqueta dele e o puxou de volta bem quando a BMW virou a esquina com velocidade. “Ok, Brian. Isso tá ficando ridículo.” Chloe disse quando o cara prendeu a respiração e percebeu o que poderia ter acontecido. “Você precisa me prometer que vai começar a prestar atenção, porque eu não vou estar ao seu lado pra ajudar o tempo todo.” Chloe sacudiu a cabeça e caminhou em direção ao carrinho de café.

“Ei!” Ele a chamou. “Como você sabe meu nome?”

Chloe estava pagando pelo café quando recebeu uma mensagem do Oliver, ‘Garçom no gelo.’ Ela sorriu, respondeu a mensagem e se dirigiu de volta à Fundação, enquanto Julia estava desejando a Jeremy boa sorte no seu primeiro dia. Ela sorriu e acenou para eles antes de subir as escadas e ir para seu apartamento. Assim que ela abriu a porta, ela escorregou pelo chão e gritou surpresa, e Bart correu e a segurou antes que ela caísse.

“Sinto muito mesmo...” Ele começou.

“Ótimo.” Chloe sorriu genuinamente para ele. “Você usou o vaso! Vou checar as salas lá embaixo, diz ao AC que eu trouxe o café dele.”

“Mas a água...” Bart falou confuso.

“Tem uma válvula atrás do vaso, ela desliga a água.” Ela gritou por cima do ombro. Ela desceu as escadas correndo e entrou na Fundação Ísis tentando se localizar. “Sala de estar, sala de jantar, cozinha...” Ela imaginou a planta do apartamento em cima. “Então isso significa que o banheiro seria aqui.” Ela se virou e sorriu. No canto da sala tinha um monte de caixas que ela não tinha analisado ainda ficando encharcadas com um vazamento vindo do teto. “Perfeito.”

“Sinto muito Chlo.” Bart disse de trás dela, fazendo careta quando viu as caixas encharcadas. “Eu esqueci completamente do vaso.”

“Você fez bem.” Ela virou para ele sorrindo. “Perfeito. Obrigada.”

“Você está sendo sarcástica?” Bart perguntou lentamente.

“Eu sei que não faz muito sentido, mas você fez exatamente o que eu queria que fizesse.” Chloe o assegurou.

“Você queria que eu alagasse o apartamento e estragasse o seu trabalho?” Bart franziu a testa.

“Mais ou menos, prometo que vou explicar tudo quando for sexta-feira.” Chloe disse a ele. “Por enquanto você podia ir buscar os rapazes pra ajudar a tentar salvar o que pudermos disso?”

“Claro.” Bart disse. “O que você quiser que eu faça.” Ele subiu as escadas correndo enquanto Chloe puxou as caixas para longe do vazamento e colocou uma lixeira para aparar a água.

Oliver voltou uma hora depois e entrou no escritório só para parar na porta. Para todo lugar que ele olhava havia papéis, pendurados no teto, em cima de mesas e se acumulando no chão. “Bom. Bart usou o vaso.” Oliver sorriu. “Já teve sorte?”

“Nada.” Chloe suspirou rasgando duas páginas no meio. “Pelo menos ainda não. Você pegou o filhotinho?”

“Comprado e entregue.” Oliver balançou a cabeça entrando no escritório e se abaixando para ajudar.

“Não vou nem perguntar sobre o filhotinho.” AC disse. “Mas se vocês pudessem dizer o que estamos procurando, seria mais fácil saber se achamos.”

“Já disse, não sei bem o que estamos procurando.” Chloe disse. “Mas talvez eu saiba quando acharmos.”

“Obrigado, isso ajudou bastante.” AC suspirou.

“É pra isso que estou aqui.” Chloe sorriu para ele. Ela pensou por um segundo e puxou um pedaço de papel do bolso. “Vejam se algumas dessas palavras fazem sentido pra vocês.” Ela passou para AC o Haiku e ele o leu confuso. Ele sacudiu a cabeça e passou para Victor, que franziu a testa e passou para Bart.

“Que diabos é isso?” Bart perguntou passando de volta para Chloe.

“Não sei.” Chloe suspirou. Era isso que realmente a estava matando, depois de 148 dias sabendo tudo, não saber algo a estava deixando frustrada.

“Que tal uma pausa para o almoço, pessoal?” Oliver ofereceu e todos se apressaram para se levantar e sair dali.

“Valeu, cara.” Bart deu um tapinha nas costa do Oliver enquanto Victor e AC discutiam sobre comida Indiana ou Chinesa, já indo para a porta.

“Você tá bem?” Oliver se sentou no chão ao lado de Chloe.

“Não sei. O que é que estou fazendo?” Chloe acenou para os papéis. “Não sei o que estou procurando, não vou nem saber quando achar, se achar.”

“Você vai achar.” Oliver a puxou contra seu peito. “Você vai achar e você vai consertar isso.”

“Sua fé em mim é completamente injustificável, sabia disso?” Chloe pontuou se aconchegando contra ele.

“Nah.” Ele sacudiu a cabeça. “Você já provou a si mesma vária vezes. Você só está se sentindo um pouco cansada, um pouco desesperançosa.” Ele esfregou as costas dela. “Sabe do que você precisa?” Ele olhou para ela e pegou algo de trás das costas.

Os olhos da Chloe brilharam. “Tiramisu?”

“Um pra cada.” Ele disse pegando as caixas e dando uma a ela junto com uma colher.

“Vou desvendar isso.” Ela sacudiu a cabeça. “Eu vou.”

“Esse é o espírito.” Oliver disse. “Vai parecer mais fácil amanhã, ou hoje, ou... você sabe o que quero dizer, quando os papéis nas caixas não estiverem encharcados e grudados uns nos outros.” Chloe sorriu e balançou a cabeça.

16 de Outubro de 2008 (Dia 155)

Oliver rolou na cama e franziu a testa ainda dormindo quando suas mãos encontraram o colchão vazio. Ele abriu os olhos e olhou para o relógio. Eram 23:48, ele e Chloe tinham ido para a cama às 22:00 naquela noite depois de falhar ao tentar salvar Lex de um atropelamento que ela não previu. Tendo estado mais preocupada com mortes mais incomuns, ela se esqueceu de prestar atenção para as mais mundanas.

Oliver colocou as calças e caminhou até a sala de estar, que estava vazia. Ele suspirou e desceu a escada para os escritórios. Ela a encontrou sentada no chão, analisando os papéis das caixas pela ducentésima vez. “Alguma coisa?” Ele perguntou sentando no chão ao lado dela.

“Nada.” Ela deixou os papéis caírem no chão. “Nem uma única coisa que signifique alguma coisa pra mim. Não entendo, eu realmente pensei que isso fosse funcionar, que isso fosse certo. Pensei que McClane e Powell tinham acertado em algo, mas acho que era só mais beco sem saída.” Ela repousou a cabeça no ombro do Oliver. “Aquela lista que pegamos da Lois não nos disse nada exceto nomes de Corporações Fantasmas. Eu ainda não entendo o Haiku, e não tenho idéia do que ele tem haver com tudo, mas eu posso recitar ele dormindo, e as caixas, essas caixa estúpidas...” Chloe as chutou com força, fazendo com que elas desabassem ao chão.

“Então começamos tudo de novo, de volta ao básico.” Oliver sacudiu os ombros. “Vamos expandir para fora de Metrópolis se for preciso. Vamos-“ Chloe ergueu uma mão.

“Shh.” Ela disse a ele.

“O quê?” Oliver olhou em volta enquanto ela encarava a parede com a visão levemente desfocada.

“Tem algo lá, bem na ponta da língua e eu não consigo pegar.” Ela se levantou e começou a andar, murmurando para si mesma, revisando tudo de que podia pensar, tentando descobrir o que desencadeou essa sensação, aquela sensação de ‘quase descobrindo’. Ela parou e encarou o chão ao lado do Oliver. “As caixas, Oliver.” Ela virou para ele excitada. “As estúpidas, malditas, belas caixas.”

“O que têm as caixas?”

“Nós estávamos fazendo tudo errado.” Agora Chloe já estava pulando. “Bem, não errado, só de trás pra frente, ou de dentro pra fora.”

“Estou boiando aqui, Chloe.” Oliver sorriu para ela.

“Era…” O relógio do Oliver bipou indicando a hora, era meia-noite e a visão da Chloe se apagou, e então ela acordou e sorriu.

16 de Outubro de 2008 (Dia 156)

“As caixas.” Chloe gritou enquanto Oliver estava na frente dela segurando um copo de café.

“Sim, o que tem as caixas, já estou morrendo de curiosidade.”

“Só se passaram uns seis segundos.” Chloe fungou tomando um gole do café.

“Pra você.” Oliver pontuou. “Você não se deu conta de que eu acordo uma hora antes de você na Torre do Relógio? Eu tomo banho, eu me visto, eu te compro café e então eu venho pra cá.”

“Ah.” Chloe sorriu timidamente. Por alguma razão ela sempre imaginou que quando o relógio marcava meia-noite Oliver simplesmente voltava para sua posição na mesa de centro de frente para ela, assim como ela voltava para o sofá.

“As caixas.” Oliver instigou.

“Certo.” Ela pulou do sofá e se dirigiu à porta e então parou, voltou e foi até a cozinha, pegou a cafeteira e jogou no lixo, correu até o banheiro e fechou a água e então voltou para a sala. “Desculpa, vem comigo.” Ela falou para Oliver e desceu as escadas. Ela entrou correndo no escritório e congelou. “Merda, será que você poderia correr lá fora e interceptar o office-boy enquanto eu alimento o registro?”

“Você está me matando com essas caixas.” Oliver disse. “Não pode logo me dizer?”

“Mas tudo depende do mistério.” Chloe sorriu. “Vai salvar o ciclista.” Ela o empurrou pela porta e procurou moedas pela mesa e pelas gavetas. Ela alimentou o registro e se virou, vendo Julia descer as escadas correndo. “Ei.” Chloe sorriu e acenou, e então percebeu que este poderia ser o último dia, este poderia ser o dia de que Julia lembraria ao acordar na sexta-feira. “Chloe Sullivan, me mudei aqui para o lado, eu dirijo a Fundação Ísis. Eu fui pegar uma coisa no meu carro e vi que já tinha expirado, espero que não tenha problema.” Ela estendeu a mão para Julia apertar.

“Não, isso foi ótimo, obrigada.” Julia sorriu. “Aqui, deixa eu te pagar.” Ela colocou a mão no bolso. “Por falar nisso, meu nome é Julia.”

“São só algumas moedas.” Chloe recusou. “Me paga um café qualquer dia.”

“É, tá bom.” Julia sorriu para ela e seu sorriso cresceu quando Oliver chegou perto delas.

“Pronto.” Ele disse envolvendo os braços na cintura da Chloe. “Ei.” Ele acenou para Julia.

“Oi.” Julia respondeu e olhou para Chloe dando o olhar universal das garotas para ‘belo partido’. Chloe só sorriu. “Nos vemos outra hora, ok? Vamos tomar aquele café qualquer dia.”

“Claro.” Chloe balançou a cabeça enquanto Oliver a arrastava de volta para dentro do prédio.

“Ok, explicação, caixas, agora.” Oliver disse depois de fechar as portas. “Por favor, me tire da miséria.”

Ela sorriu e correu para o canto onde as caixas estavam empilhadas e pegou a do topo. “Estávamos certos, as caixas são importantes.” Ela abriu a caixa, jogou todo o conteúdo no chão e foi até o Oliver. “Mas não o que tem nelas, mas elas, na verdade.” Ela colocou a caixa na mesa e apontou para a logo estranha no lado. “Onde você pegou essas caixas?” Chloe perguntou. “Elas são suas, não minhas.”

Oliver olhou para a logo e franziu a testa, não era de nenhuma de suas companhias, mas era familiar. “Ah meu Deus, pegamos do laboratório.” Oliver se virou para Chloe. “Por alguma razão assumimos que o laboratório seria todo computadorizado, mas eles tinham montanhas de arquivos impressos que não esperávamos encontrar, então não tínhamos como trazer. Bart achou as caixas em algum lugar do laboratório e nós as usamos.”

“Que laboratório?” Chloe foi até o computador e o ligou.

“San Antonio.” Oliver disse e Chloe pegou todas as informações que pôde achar sobre o laboratório de San Antonio.

“Ok, de onde ele pegou, elas estavam no lixo? Estavam em algum escritório?” Chloe digitava rapidamente.

“Não sei, foi Bart que pegou.” Oliver disse e Chloe se virou e o encarou. “Eu deveria ir acordar ele e perguntar, não é?”

“É, e traz meu café.” Chloe gritou, enquanto Oliver já subia as escadas.

Dez minutos depois Oliver voltou arrastando Bart atrás dele. Ele ainda não estava completamente acordado. “O que diabos está havendo?”

“Ok, preciso que você acorde agora.” Chloe disse a ele. Bart balançou a cabeça. “Seis meses atrás, em San Antonio, vocês derrubaram um 33.1.”

“Foi.” Bart balançou a cabeça. “A explosão foi épica.” Ele sorriu.

“Ok, você era o encarregado de salvar os registros.” Chloe o lembrou. “Você pegou umas caixas do laboratório pra guardar os papéis.” Bart balançou a cabeça lentamente. “Preciso que você me fale das caixas.”

Bart franziu a testa, ele estava acompanhando até ali. “Ok, elas eram quadradas, feitas de papelão, montadas pra guardar coisas.” Chloe o olhou feio. “Sinto muito, eram caixas, o que você quer saber?”

“Onde no laboratório você as encontrou? Estavam no lixo? Tinha coisas dentro que você precisou jogar fora?”

“Elas só estavam lá em uma prateleira do armário de suprimentos.” Bart disse. “Foi a coisa mais fácil de achar naquele lugar. Eu me virei e lá estavam as caixas. Achar fita pra montá-las, isso foi difícil.”

“Elas não estavam montadas?” Chloe perguntou. “Estavam abertas?” Bart balançou a cabeça. Chloe sorriu e se virou para o computador.

Bart olhou para Oliver. “Posso voltar pra cama agora?” Oliver balançou a cabeça. Ele se virou e subiu as escadas, encontrando com AC e Victor que estavam descendo.

“O que foi?” Oliver perguntou a eles.

“Sua cafeteira tá na lixeira.” AC falou para Chloe.

“E não tem água no seu banheiro.” Victor disse.

“Vocês têm o banheiro de vocês do outro lado do corredor com a água de vocês, não têm?” Chloe perguntou. “E uma cafeteira novinha também?” Ela não tirou o olhar do monitor.

“Bem, é, mas foi Oliver quem comprou, então é estranhamente complicada e não sabemos como funciona.” AC disse. “O que você está fazendo?”

“Ela tá trabalhando. É um novo conceito que vocês poderiam experimentar qualquer dia.” Oliver disse a eles e pegou uma nota de 20 do bolso. “Vai comprar um café.” Ele disse para AC e então se virou para Victor. “E por que você não usa seu próprio banheiro?”

“Não preciso ir ao banheiro.” Victor olhou para Oliver como se ele fosse louco e foi até a Chloe.

Oliver sacudiu a cabeça. “Então por que você... deixa pra lá.”

Victor olhou o monitor mais de perto. “San Antonio? Nós já demos um jeito nesse lugar há alguns meses, não foi?”

Algo saiu da impressora e Chloe pegou. Ela olhou a lista e então jogou as mãos para cima e ficou girando, fazendo uma dança improvisada.

“O que é isso?” Victor assistiu Chloe atônito enquanto ela cantava ‘descobri’ repetidamente.

“Acho que isso seria uma dança da vitória.” Oliver disse cautelosamente.

“Pode apostar que é.” Chloe sorriu para ele. “Abasteça seu jato e prepare o castelo, porque amanhã vai ser sexta-feira, baby.” Ela se esticou e beijou Oliver bem nos lábios e então se virou e subiu as escadas correndo.

“Pra onde você está indo?” Oliver riu dela.

“Temos que ir, eu descobri.” Ela falou por sobre o ombro.

“Encontrou o quê, exatamente?” Victor perguntou. “E que beijo foi esse?”

“Explico tudo quando for sexta-feira.” Oliver disse a ele. “Vai chamar o Bart, temos trabalho a fazer.”

Chloe checou o prédio novamente com os binóculos e anotou a hora que os guardas passaram pela entrada frontal. Ela passou as anotações para Oliver. “Explica de novo, por que estamos aqui?” Ele perguntou a Chloe.

“As caixas que o Bart achou eram de transporte. Então eu cruzei os dados de cada lugar que o laboratório de San Antonio fazia transportes com os nomes na lista da Lois.”

“Que lista?” AC perguntou confuso e eles o ignoraram.

“Encontrei um resultado, toda semana o laboratório de San Antonio mandava quatro caixas do que eles diziam ser suprimentos de escritório para as Industrias Macon, que é uma corporação fantasma que a LuthorCorp usa pra lavar milhões de dólares, que estava na lista da Lois, mas não tínhamos um endereço porque eles nunca se registraram no Better Bussiness Bureau*.”

“Então você pegou o endereço das informações de transporte do San Antonio.” Oliver acompanhou a história.

“E aqui estamos.” Chloe sorriu.

“Mas por quê?” Bart perguntou. “Eu entendi como você achou este lugar. Bem, na verdade não, mas sinta-se livre pra não explicar de novo. Mas por que estamos aqui?”

“Não sei.” Chloe sacudiu os ombros.

“Estamos procurando por algo?” Victor perguntou.

“Não sei.” Chloe sacudiu os ombros.

“Você sabe de alguma coisa?” AC perguntou.

“Eu sei que temos seis minutos antes que aqueles guardas voltem.” Chloe acenou para eles a seguirem. Os rapazes todos suspiraram e seguiram Chloe até a entrada. Ela acenou para Victor dar um jeito na porta e eles ficaram ao redor esperando impacientemente.

“Parados.” Uma voz disse atrás deles e Chloe se virou praguejando. “Se afastem da porta.”

Todos colocaram as mãos para cima. “Alguma idéia?” Oliver perguntou pelo canto da boca. Chloe sacudiu a cabeça e ele respondeu balançando a cabeça dele. “Olha, isso tudo é um terrível mal-entendido.” Ele deu um passo à frente e Chloe ouviu o estalido da arma antes de ver a bala.

Quando as pessoas diziam que em situações intensas o tempo passa mais lentamente, Chloe sempre pensou que só estavam loucas ou em choque, até ela mesmo viver isso. Ela viu Bart pelo canto do olho, se movendo agonizantemente devagar e ela instintivamente sabia que isso não estava certo. Bart só se movia devagar quando era a vez dele de lavar os pratos ou na hora de tomar banho, não quando as pessoas estavam atirando. Ela pôde ver cada pé dele tocar o chão e percebeu que era a percepção dela que estava estranha e não a velocidade do Bart quando ela viu a bala entrar no peito do Oliver antes que o Bart estivesse na frente dela. O tempo voltou ao normal quando o sangue espirrou no rosto da Chloe. Bart se tornou nada mais do que um borrão, desarmando o guarda e Victor o derrubou. Oliver tropeçou para trás e bateu contra Chloe, derrubando os dois no chão.

“Me ajuda.” Chloe chamou AC, que tirou Oliver de cima dela. “Deita ele.” Ela tirou o cabelo do rosto e respirou fundo. “Não, ah Deus.” Ela pressionou a ferida, desejando que o poder dela funcionasse, mas ele tinha sido falível desde toda a coisa com Braniac. “Por favor, funciona, agora, preciso que funcione agora.” Ela chorou.

“Chloe.” AC se ajoelhou ao lado dela. “Temos que chamar uma ambulância.”

Ela balançou a cabeça e Oliver suspirou e tossiu. “Ambulância não.” Ele sacudiu a cabeça. “Não posso explicar.”

“Oliver, não consigo te curar.” Chloe ergueu as mãos. “Não está funcionando. Não posso.”

“Hospital não.” Ele tossiu e os olhos dele fecharam.

“Chloe?” Victor perguntou. “O que vamos fazer?”

“Eu não...” Ela percebeu que todos estavam olhando para ela esperando o próximo passo, que ela tinha acabado de tomar o cargo de líder. “Ok.” Ela se levantou e respirou fundo. “Deixa comigo.” Ela pegou o telefone e percebeu que suas mãos estavam tremendo tanto que ela não conseguiu digitar na primeira vez. Ela se acalmou e tentou de novo. “Clark...” Ela se virou e explicou o que aconteceu. Trinta segundos depois ele estava lá, encarando o corpo de Oliver Queen. “Não pude chamar uma ambulância, ninguém pode saber que estamos aqui.”

“Ele levou um tiro, Chloe. Vão fazer perguntas de qualquer forma.”

“Eu sei disso, só...” Chloe implorou com o olhar. Era raro Chloe tirar vantagem das habilidades do Clark, mais raro ainda ele ter uma chance de ajudá-la, então ele não argumentou, só pegou Oliver e saiu correndo.

“Vamos.” Chloe levou os rapazes de volta para o carro para se dirigirem para Metrópolis. “Você não.” Ela colocou uma mão no peito do Bart. “Preciso que você pegue o documento verde da última gaveta na minha mesa e leve para o hospital.”

“Tá.” Bart balançou a cabeça lentamente.

Quando eles chegaram ao hospital, Clark já tinha deixado Oliver, que tinha sido levado para a cirurgia. “Eles não me dizem nada, não vão te dizer nada.” Clark disse a ela. “Tentei explicar que ele não tem família, mas...”

“Não se preocupe.” Chloe sorriu tristemente. “Eu cuido disso.” Bart chegou alguns segundos depois com o documento verde e Chloe foi até o balcão. A enfermeira olhou o documento por um minuto e então chamou um médico.

“O que tá acontecendo?” Bart perguntou.

“Não sabemos.” AC disse enquanto o médico conversava com Chloe por mais alguns minutos. Ela balançou a cabeça e caminhou de volta para os rapazes respirando erroneamente.

“Ele tá mal.” Chloe explicou. “Aparentemente a bala o acertou no lugar exato para causar o máximo de dano. Atravessou o intestino e perfurou um pulmão. Ele tem uma hemorragia e os rins dele estão falhando.”

“Qual é o prognóstico?” Victor perguntou.

“Não é bom.” Chloe disse com lágrimas caindo dos olhos. “Eles não vão saber ao certo até ele sair da cirurgia, mas o médico disse que isso pode levar até cinco horas.”

“O que fazemos?” Bart perguntou.

“Esperamos.” Chloe foi até uma cadeira e se sentou.

“Como você...” Clark olhou para a enfermeira. “Como você conseguiu que eles te dissessem tudo isso?”

Chloe deu a ele a pasta verde e ele olhou o conteúdo. “Procuração Médica?”

“Fizemos há algumas semanas.” Chloe enxugou as lágrimas, mas isso não ajudou, mais lágrimas continuavam caindo. “Nós sabíamos que se alguma coisa acontecesse, um de nós precisaria ser capaz de tomar decisões médicas.” Ela fungou. “Oliver tem uma pra mim, e nós dois juntos temos para AC, Victor e Bart. Nunca pensei que fossemos ter que usar, muito menos duas semanas depois de termos feito.”

Clark encarou Chloe por um segundo e percebeu o quanto ele perdeu nas últimas semanas. Ele pensou que com a Chloe trabalhando para Oliver, o relacionamento deles ficaria mais tenso, que eles não seriam mais tão próximos como uma vez foram, mas ele acabou de perceber o quanto isso era verdade. O fato de que Oliver tinha controle sobre o estado médico da Chloe, o fato de que Chloe nunca pediu ou ao menos pensou no Clark. “Ele vai ficar bem.” Clark colocou um braço em volta da Chloe e era quase como se ele estivesse dando permissão para que ela se soltasse. Ela desabou, chorando no ombro dele e mesmo enquanto tentava consolá-la, não podia evitar pensar que ele estava um pouco por fora. Havia algo entre Chloe e Oliver que ele ainda não entendia completamente.

Cinco horas depois, Bart estava caindo no sono quando Chloe pulou de pé e correu para o corredor. Eles olharam e viram o médico saindo lentamente pela porta. Antes que ela pudesse perguntar alguma coisa ele sacudiu a cabeça lentamente. Chloe caiu no chão, o ar sugado para fora de seus pulmões, como se os ossos e músculos dela tivessem se transformado em gelatina. “Não.” Ela sacudiu a cabeça. “Não, isso não está certo, isso não pode estar certo.” Chloe sussurrou.

“Sinto muito.” O médico disse tristemente. Ele explicou que havia muitas complicações por causa do ferimento da bala e que eles fizeram tudo o que podiam, mas não foi suficiente. Chloe, porém, não ouviu nada disso, não importava. Nada mais importava. Não em um mundo onde Chloe foi levada à beira da insanidade, revivendo o dia de novo e de novo, tentando tão esforçadamente fazer tudo certo, tentando tão esforçadamente salvar um homem que não trouxe nada ao mundo além de dor e sofrimento, que não trouxe nada mais do que dor e sofrimento para Chloe, só para perder alguém como Oliver no meio de tudo.

“A polícia vai estar aqui em alguns minutos.” O médico disse desajeitadamente.

“Polícia?” Clark perguntou.

“É procedimento padrão em casos com tiroteios.” Ele disse. “Sinto muito, mais uma vez.”

O médico saiu. “Victor.” Clark olhou preocupado para ele e ele saiu do transe em que estava.

“Eu sei.” Ele pareceu se recuperar de repente, deslizando os braços por baixo de Chloe e a carregando. “Temos que ir.” Ele explicou a ela.

“Não.” Chloe sacudiu a cabeça. “Não podemos deixar ele aqui, não podemos deixar ele sozinho.”

“A polícia está vindo, Chloe. Não temos nada pra dizer pra eles.” Victor explicou para ela lentamente. “Temos que ir.”

“Ele vai ficar só.” Chloe argumentou.

“Vamos voltar para buscá-lo.” Victor disse. “Vamos pensar em alguma coisa amanhã.”

Chloe de repente olhou para Victor, surpresa, como se tivesse acabado de acordar. “Amanhã?” Ela perguntou lentamente. “Amanhã.” Ela sussurrou para si mesma e então acabou. Não estava mais chorando, não estava mais fazendo nada além manter um olhar vazio para frente, uma expressão estranha de esperança e pesar em seus olhos.

“Vamos.” Victor falou puxando Chloe para fora do hospital.

“Vocês acham que ela está bem?” AC perguntou. Quando eles voltaram para o apartamento da Chloe, a colocaram no sofá. Ela estava fora de si, murmurando sozinha e encarando a parede.

“Não acho que nenhum de nós está bem.” Victor pontuou virando sua segunda dose de whisky.

“Não, eu sei, mas tem algo realmente errado.” AC olhou para Chloe de novo, que ainda estava murmurando sozinha enquanto Bart limpava o sangue das mãos dela.

“O que ela está dizendo?” Victor perguntou.

“Começa de novo.” AC disse a ele. “Ela só fica falando ‘começa de novo’. Repetidamente.”

“Chloe?” Bart limpou o resto de sangue das mãos dela. “Vou limpar seu rosto agora.” Ele levou lenço até a bochecha dela e ela abriu os olhos e franziu a testa e fechou os olhou de novo.

“Começa de novo, vamos, começa de novo.” Ela sussurrou.

“Chloe.” Victor foi até ela. “Chloe, olha, todos estamos chateados...” Ela de repente se virou para ele.

“Tudo bem.” Ela sorriu tristemente para ele através das lágrimas. “Vai ficar tudo bem.”

“Sim, vai, mas...”

“Só espere até meia-noite.” Ela disse a ele. “Então ele vai voltar.”

“Chloe.” Clark interrompeu. “Ele não vai voltar. Ele morreu.”

“Não, ele vai voltar amanhã. Lex morreu hoje, foi envenenado no almoço, esqueci do garçom, então ele vai voltar.” Ela disse a eles. “Ele vai voltar depois da meia-noite.” Eles se olharam confusos. “Ele vai voltar.” Chloe os assegurou antes de fechar os olhos. “Começa de novo, começa de novo, começa de novo.” Ela murmurou novamente.

“Alguém devia ligar para a Lois.” AC disse. “Vai virar notícia logo, ela não deveria ficar sabendo assim, e eu acho que a Chloe precisa de ajuda.”

“Deixa comigo.”

Lois chegou lá três horas depois e Victor tentou explicar o que aconteceu, mas já que ele não estava certo do que aconteceu, tudo o que pôde dizer foi que Oliver tinha levado um tiro e estava morto, e parecia que a Chloe tinha ficado louca. “Ela acha que ele vai voltar?” Lois perguntou. “Ela disse que ele vai voltar depois da meia-noite?”

“Pois é, mas ela não explica o que isso significa.” Victor disse.

“Não entendo o que aconteceu. Não entendo o que vocês estavam fazendo lá. Por que ela estava com vocês?” Lois pegou o whisky que Victor ofereceu a ela e então ergueu a cabeça quando pensou em algo. “Ela estava trabalhando para ele.” Lois percebeu. “Oliver era o chefe misterioso, não era?” AC balançou a cabeça.

“Momento da verdade, hein?” Bart perguntou ao entrar na cozinha enquanto Clark ficou na vez para tomar conta de Chloe. Todos viraram para ele confusos. “Um minuto para meia-noite.” Ele acenou para o relógio.

“Você sabe que ele não vai realmente voltar, não sabe?” AC perguntou.

“Ela parece bem certa disso.” Bart pontuou. “E coisas estranhas têm acontecido.”

“Caso você não tenha notado, eu tenho certeza de que a Chloe ficou louca.” Victor estourou. “Que por falar nisso, confia em mim, eu entendo a inclinação voltada à insanidade, porque estou há uma dose de ficar louco também.”

“Calma.” Bart ergueu as mãos.

“Ele salvou a minha vida.” Victor pontuou. “Se não fosse por ele, eu provavelmente estaria... Não quero nem pensar onde eu estaria.”

“Nós sabemos.” AC assegurou. “Ele fez o mesmo por nós.”

“Dez segundos.” Bart disse calmamente e todos se viraram para o relógio, e então para Chloe, que estava com os olhos o mais apertados que podia.

“Começa de novo, começa de novo, começa de novo, começa de novo.” A voz dela estava mais alta agora, mais desesperada, imploradora, quando o relógio bateu meia-noite.

--

próximo

domingo, 29 de agosto de 2010

I'll Explain Everything When it's Friday - Capítulo 7

Mais um capítulo. Ação chegando. =D

[Personagens e história não nos pertencem.]

-- 7 --

16 de Outubro de 2008 (Dia 147)

Mais cedo naquele dia

Chloe acordou e sorriu para Oliver, que estava sentado na mesa de centro. “Bom dia.” Ele disse e ela se sentou lentamente. “Eu já coloquei dinheiro no registro da Julia então você tem um tempinho extra.” Ele deu a ela uma sacola e ela abriu e viu um muffin de morango, o favorito dela.

“Já te disse o quanto eu amo esse negócio de você também estar revivendo o dia?” Chloe sorriu para ele e ele se inclinou e a beijou. Ela se afastou e olhou para a sacola e então para o Oliver. “Espera um pouco. O que tá acontecendo aqui?”

“Como assim?” Oliver a olhou inocentemente.

“Estou falando do muffin.” Chloe disse dando uma mordida. “Você nunca me trouxe café da manhã antes, o que tá acontecendo?”

“Eu estive pensando.” Oliver se levantou e foi para a cozinha.

“Isso nunca é bom.” Chloe brincou e o seguiu.

“Talvez você devesse repensar o seu plano.” Oliver disse.

“Não.” Ela sacudiu a cabeça e deu outra mordida no muffin.

“Não tá funcionando.” Oliver a lembrou. “Lex ainda tá morrendo e no fim isso tudo só nos faz perder tempo.”

“Não é perda de tempo!” Chloe disse ficando irritada. “E não é que não esteja funcionando, é só que ainda não está funcionando.”

“Nem sei bem o que você tá tentando fazer?”

“Salvar o Lex, fazer com que o mundo tenha uma sexta-feira.” Chloe sorriu. “A mesma coisa que eu tenho feito pelos últimos 146 dias.”

“E como isso está indo pra você?” Oliver jogou o jornal para ela e ela encarou a data no topo.

“Você lembra dois minutos atrás quando eu disse que amava o fato de você também estar revivendo o dia?” Chloe se virou e foi até a cafeteira, colocando de forma distraída o café no filtro. “Eu retiro.”

“Não faça isso.” Oliver revirou os olhos. “Não aja como uma criança tola só porque eu sugeri...”

“Você não sugeriu.” Chloe se virou e o encarou. “Você nunca sugere Oliver, você ordena. É parte do que você é, está no seu tom, e na maior parte do tempo tudo bem. Tecnicamente você é meu chefe no que diz respeito à Fundação, e definitivamente meu chefe no que diz respeito à LJA. Quando você é o Arqueiro-Verde eu comeria o meu computador se você mandasse, mas este é o meu dia, é o meu negócio, ok.” Ela colocou água no recipiente.

“Mas Chloe...” Oliver ergueu a mão.

“Você não pode simplesmente chegar e tomar conta.” Ela recolocou o recipiente na cafeteira.

“Ok, entendi isso, mas sério Chloe...” Oliver deu um passo à frente.

“Não, eu não acho que você entende isso.” Chloe o olhou feio. “Alguém está me fazendo reviver o dia, eu. De alguma forma você conseguiu vir também, mas isso é o meu negócio, ok? Então aqui eu dou as ordens. Depois de 146 dias, eu tenho tudo sob controle, ok.”

“Ok.” Oliver balançou a cabeça.

“Agora, você queria dizer alguma coisa?”

“Não, nada.” Oliver sorriu levemente, um olhar que Chloe não conseguia decifrar. Ela ligou a cafeteira e ela pegou fogo, desligando a eletricidade.

Chloe apagou as chamas e desligou a cafeteira da tomada enquanto Oliver coçava a cabeça. Ela virou para ele boquiaberta. “Você não podia ter me avisado?”

“Eu ia avisar.” Oliver disse. “Mas já que depois de 146 dias você tem tudo sob controle...”

“Cala a boca.” Chloe sorriu e então caiu na gargalhada, Oliver a acompanhou e logo os dois estavam segurando a barriga e tentando desesperadamente ficar de pé.

“Que barulho todo é esse aqui?” AC falou do corredor e chutou a mesa. Antes que Chloe e Oliver pudessem reagir, eles ouviram o vaso se despedaçar no chão e, por alguma razão, isso os fez rir mais ainda. “Ok, pessoal. Não temos energia, tem vidro quebrado pelo chão todo, por mais hilário que vocês achem isso, vocês não acham que possam talvez fazer algo a respeito?”

“Deixa comigo.” Chloe disse quando conseguiu controlar o riso. Ela pegou uma faca e cortou o papel de parede, ligando o registro e depois varreu o vidro. “Você tem coisas a fazer.”

“Dia cheio.” Oliver concordou, dando um beijo na bochecha dela. “Não esqueça que eu já alimentei o registro da Julia, mas você ainda tem que evitar que o office boy seja atropelado pela BMW e trancar um garçom no freezer. Enquanto isso, eu tenho uma montanha de coisas que eu não entendo perfeitamente, ou ao menos saiba o motivo, pra fazer, mas eu faço porque você manda.” Ele sorriu para ela. “Oh, destemida dama.”

Chloe o empurrou até a porta e terminou de varrer. “O que foi isso?” AC a olhou divertido. “Esse negócio de beijo, flerte e fofura por aqui.”

“É que...” Chloe tentou explicar. “Quer saber, tenho coisas a fazer.” Ela deu a ele a vassoura.

“Ah, você quer dizer salvar um ciclista de uma BMW ou trancar um garçom em um freezer?” AC sorriu e Chloe franziu a testa. “Viu, você acha que eu não escuto, mas eu escuto. Não faço idéia do que isso significa, mas eu escutei.”

“Eu trago um café pra você, depois de trancar o garçom no freezer.” Chloe assegurou. Ela saiu do prédio e acenou para Jeremy, que saía para o trabalho.

****************************************

Três horas depois Chloe encarava diligentemente a porta do prédio da Secretaria Estadual de Fronteiras, imensamente entediada. Ela pegou o telefone e digitou o número do Oliver. “Então, aquilo foi uma briga?” Ela perguntou quando ele atendeu. “Mais cedo, aquilo seria considerado uma briga?”

“Beirando.” Oliver disse a ela. “Houve gritos envolvidos, mas na minha experiência, brigas não terminam em gargalhadas descontroladas.”

“Ah é, como elas terminam?”

“Bem, tem a gritaria, aí às vezes tem aquele negócio de jogar objetos caros e quebráveis na minha cabeça, aí tem a saída enfurecida, e então o sexo pra fazer as pazes.” Oliver disse. “Mas nenhuma gargalhada descontrolada. Então eu chamaria aquilo de desentendimento.”

“Ah bem.” Chloe suspirou. “Quem sabe um dia, hein?”

“Nunca tinha conhecido uma garota tão ansiosa por uma briga.” Oliver riu dela.

“Você fez parecer tão atraente.” Chloe disse. “Aparentemente eu não só posso gritar e jogar coisas em você, mas também tem uma saída dramática e o sexo para fazer as pazes. Quem não ia querer isso?”

“Certo, esses jeans que você vestiu hoje de manhã fazem sua bunda parecer gigante.” Oliver disse em um tom divertido.

“Boa tentativa, mas não posso jogar coisas em você pelo telefone.” Ela disse. “Ou bater a porta. Não posso nem bater o telefone. Só posso apertar o botão de desligar com força.”

“Então como vai o plano?” Oliver mudou de assunto.

“Eu retiro tudo o que disse.” Ela disse em um tom entediado.

“Retira o que?” Oliver perguntou do outro lado da linha.

“O que eu disse essa manhã.” Chloe balançou os pés para trás e para frente e ficou encarando a porta do prédio do outro lado da rua. “Esse é um horrível, horrível plano, uma colossal perda de tempo e nós nunca vamos fazer isso novamente.”

“Você tá entediada, não tá?” Oliver sorriu.

“Tão entediada.” Chloe gemeu. “Sabe, achei que seguir Lex seria fácil, poderia segurar as coisas antes que elas acontecessem ao invés de me matar correndo pela cidade, mas nunca percebi que, fora o universo que quer o Lex morto, ele é uma pessoa extremamente tediosa.”

“Então a vida do executivo corporativo não é exatamente do jeito que você imaginou?” Oliver brincou com ela.

“Ele sai do carro, entra em um prédio, senta em uma reunião por duas horas, volta para o carro, dirige para outro prédio onde recomeçamos o mesmo processo. Minha bunda está ficando dormente, estou congelando e estou tão entediada que contei os tijolos no prédio do Planeta Diário.”

Oliver ficou em silêncio por um minuto. “Todos eles?”

“Bem, contei um lado, aí multipliquei por quatro pra chegar a um número aproximado do exterior do prédio.” Chloe explicou.

“Certo, e?” Oliver se pegou intrigado.

“134.029 tijolos, cem a mais ou a menos.” Chloe respondeu bocejando.

“Bem, olhe pelo lado bom.” Oliver disse. “São 7:30, Lex ainda está vivo, então você pode jantar no Pipper de novo.”

“Não que eu tenha conseguido aproveitar alguma vez.” Chloe pontuou. “Aquele restaurante é uma armadilha mortífera. Tenho que ir, Lex está em movimento.”

“Deveríamos ter um codinome legal pra ele ou algo assim.”

“Você acha mesmo que alguém tá ouvindo a nossa conversa?” Chloe perguntou, divertida.

“Tipo ‘bola de bilhar’, ou ‘Sr Liso’.” Oliver continuou como se ela não tivesse dito nada.

“Ok, se isso é o que você chama de codinomes legais, não acredito que deixei você escolher o meu.” Chloe desligou o telefone e entrou no carro, seguindo a limusine do Lex.

****************************************

Lex saiu do Pipper e ficou caminhando com um sócio dos negócios. Chloe esperou alguns minutos e então o seguiu. Chloe afanou a reserva de uma mulher chamada Jennifer Ross que, se Oliver tiver feito seu trabalho direito, está presa no elevador entre dois andares no prédio em que trabalha e não ia precisar mesmo de uma reserva. Chloe não tinha nada pessoal contra Jennifer Ross, era só que a mesa dela estava no ponto perfeito. Próxima a mesa do Lex, mas em um lugar em que Chloe podia ficar de olho nele sem que ele pudesse vê-la. Ela educadamente ouviu os especiais do dia e pediu o que conseguiu lembrar do que o garçom recitou e o mandou em seu caminho.

Os olhos dela não pareciam sair do Lex, mas ela estava absorvendo tudo. Ela sabia que o casal sentado três mesas atrás e duas filas ao lado estava de mãos dadas e em mais ou menos dez segundos ele ia pedir ela em casamento. Ela diria sim e choraria e o restaurante todo iria aplaudir. Ela sabia que o garçom no canto tinha acabado de pegar um pedaço de pão que caiu no chão e colocado de volta na cesta antes de servir à mesa da janela, e ela sabia que em cinco segundos as portas se abririam e um homem e uma mulher entraria.

Sala de interrogatório

“São vocês, pessoal.” Chloe interrompeu a história.

“Nós deduzimos.” McClane revirou os olhos.

Restaurante Pipper

As portas se abriram e a mulher entrou na frente, parecendo irritada e um pouco enfezada. Chloe podia ver a protuberância da arma em baixo da jaqueta dela e tinha a sensação de que se o cara não parasse de falar nos próximos cinco segundos ela iria dar um tiro nele. O homem estava abstraído quanto a isso e simplesmente continuou falando. Chloe não estava perto o suficiente para ouvir a conversa, mas podia supor o que estavam dizendo.

“E ele não usa molhos chiques. E á carne pura, carne do jeito que Deus queria.” Powell disse sonhadoramente.

“Eu estou a três segundos de te arrastar pra fora, te matar e esconder o corpo. Só pra arruinar o seu dia, porque eu sou uma pessoa muito infeliz e não agüento quando as pessoas perto de mim estão felizes.” McClane grasnou.

“Você está certa. Você é uma pessoal severamente desagradável e não sei como eu agüento ficar perto de você todos os dias.” Powell disse a ela.

Sala de interrogatório

“Ok, não foi assim que aconteceu.” McClane a olhou feio.

“Você quer contar a história?” Chloe perguntou.

“Ficaria feliz em fazer isso.” McClane balançou a cabeça, continuando a história.

Restaurante Pipper

McClane desceu do carro enquanto Powell dava as chaves para o manobrista. Ele ainda estava falando daquela droga de bife, ele esteve falando dessa droga de bife por oito meses. Esteve ficando pior quanto mais perto eles ficavam da data que eles iriam comer lá e hoje ele estava completamente insuportável. Ela estava surpresa por ainda não ter atirado nele. Eles entraram no restaurante e ainda assim a narração dele sobre o jantar que estavam pra ter não parou. “E ele não usa molhos chiques. E á carne pura, carne do jeito que Deus queria.” Powell explicou.

McClane se virou para Powell e olhou feio. “Já chegar de falar sobre a carne?” Powell perguntou e McClane balançou a cabeça. “Saquei.”

Eles estavam sentados e olharam o menu e por um segundo McClane pensou que Powell ia ler item por item e ia expor cada aspecto da comida. Ao invés disso ele pegou o menu dela e devolveu ao garçom. “Nós já sabemos o que vamos querer.” Ele disse e então fez o pedido pelos dois.

McClane aproveitou a oportunidade para dar uma boa olhada no restaurante, ela pode estar de folga, mas você nunca pode tirar o tira da pessoa. Havia um casal no canto que estava para noivar, um garçom que estava rindo com o lava-pratos nos fundos, e Lex Luthor à esquerda em um, ao que parecia, jantar de negócios. O mais interessante que chamou a vista de McClane, entretanto, foi uma garota no fundo. Ela estava só e não era a melhor mesa do lugar, muito perto da cozinha e dos banheiros e escondida atrás de uma planta enorme. O que era mais interessante sobre ela era que ela sabia que a garota estava fazendo o mesmo que ela, analisando o restaurante. A garota não era uma policial, isso era óbvio à primeira vista, então a questão era porque a garota estava analisando o lugar.

Um minuto depois tudo ficou claro quando a atenção dela ficou firmemente colocada na mesa na frente dela, a mesa em que Lex Luthor estava. “Powell.” McClane o chamou. “O que você acha dela?”

“Quem?” Powell virou e olhou para Chloe. “Garota jovem, bonita, esperando o encontro talvez.”

“Sério?” McClane virou para ele atônita.

“O que?” Powell perguntou confuso e olhou para Chloe de novo.

“Como você conseguiu sair da academia?” McClane sacudiu a cabeça. “Ela está aprontando alguma coisa.”

“Poderia ser o jantar?” Powell perguntou e McClane olhou feio. “Não, claro que não poderia porque nunca é com você.”

“O que isso quer dizer?”

“Quer dizer que você faz isso o tempo todo, em todo lugar você vê bandidos.” Powell disse. “Lembra quando fomos ao jogo de futebol da Eva e você estava convencida de que o juiz era um criminoso?”

“Ele era.” McClane o lembrou. “Ele estava vendendo drogas.”

“Ok, exemplo ruim.” Powell disse. “Ela é só uma garota tentando jantar, deixa isso pra lá e relaxa por um dia, por favor.”

“Ela tá olhando pra ele.” McClane tentou explicar.

“Aquele é Lex Luthor. Talvez ela nunca tenha visto uma pessoa famosa antes, talvez ela só esteja fascinada, talvez ela o ache bonito?” McClane ergueu uma sobrancelha para a última. “O quê? Algumas pessoas gostam do visual careca.”

“Não é isso.” McClane disse. “Ela não está dando olhadinhas, ela tá vigiando ele.”

“Você é paranóica.” Powell suspirou irritado, mas como McClane, manteve o olhar na Chloe. Um minuto depois Lex pediu licença e saiu da mesa e Chloe se escondeu atrás do menu quando ele passou. McClane deu uma olhar significativo para Powell e em um segundo Chloe se levantou e o seguiu.

“Vamos.” McClane se levantou e Powell gemeu bem alto.

“Não.” Ele sacudiu a cabeça. “Não, vou ficar sentado aqui, vou comer minha carne e vou aproveitá-la.”

Houve um barulho alto de algo quebrando, um segundo de silêncio e então um grito. Powell olhou feio e se levantou enquanto McClane correu para os fundos e encontrou uma garçonete gritando histericamente enquanto um garçom tentava confortá-la. “Lá atrás.” O garçom disse nervoso.

McClane e Powell sacaram as armas e se dirigiram através da porta e viram Lex Luthor no chão e Chloe pairando sobre ele com uma faca ensangüentada. “Você tá começando a me irritar seriamente.” Chloe disse para o corpo de Lex no chão.

“Te avisei.” McClane sorriu.

“Odeio você.” Powell falou tirando as algemas do bolso e indo, por cima do corpo, até a Chloe.

“Espera.” Ela disse. “Você tem um saco para provas?” Powell a olhou confuso. “Para a faca?”

“Vou arranjar alguma coisa.” McClane disse escalando as vasilhas e panelas e procurando pela cozinha.

“Agente Especial.” Chloe sorriu para Powell segurando a faca sem jeito. McClane voltou com uma sacola Ziploc e Chloe colocou a faca dentro. Ela então se virou sem ser mandada e colocou as mãos nas costas. Powell a algemou e a levou para fora enquanto McClane informava a central do acontecido.

Sala de interrogatório

“É.” Chloe balançou a cabeça. “Agora que ouvi do seu ponto de vista, posso entender porque estava tão convencida de que eu o tinha matado.”

“Porque você matou.” McClane pontuou.

“Você quer ouvir o meu lado da história?” Chloe perguntou.

“Isso vai ser legal.” Powell disse e Chloe virou para ele sorrindo porque percebeu que ele não estava sendo sarcástico, ele realmente achava que seria interessante.

“Obrigada.”

Restaurante Pipper

Chloe viu Lex sair da mesa e se dirigir para os fundos. Ela se escondeu atrás do menu quando ele passou pela mesa dela e esperou um segundo antes de o seguir. Ela viu a porta no fim do corredor ainda balançando e foi naquela direção. Ela foi impedida por uma garçonete. “Com licença, o que tem lá atrás?”

“A cozinha.” A garçonete sorriu. “Mas é uma área só para funcionários.”

“Tá, eu só preciso ir lá atrás por um segundo.” Chloe sorriu.

“Sinto muito, mas você não pode ir pra lá.” A garçonete sorriu docemente enquanto tentava conduzir Chloe de volta para o salão.

“É, mas só...” Chloe ergueu um dedo e então deu a volta na garçonete e correu para os fundos. Ela chegou até a porta e a empurrou com força só para que a porta batesse em algo e voltasse de volta para ela enquanto um barulho alto de algo quebrando veio lá de dentro. “Só pode ser brincadeira.” Chloe empurrou a porta e viu Lex no chão coberto com panelas e vasilhas e tudo mais que costumava ficar na prateleira.

“Por favor, me diz que eu não matei Lex Luthor com uma porta e algumas panelas.” Chloe se abaixou e começou a tirar as coisas de cima dele, feliz em ver que ela não o tinha, tecnicamente, matado com uma porta. Não, como tinha sido a vida da Chloe nos últimos 146 dias, ela o acertou com a porta e o melhor que pôde concluir foi que ele caiu na mesa atrás dele derrubando panelas, vasilhas, frigideiras e uma faca grande em cima dele. Qualquer outra pessoa em qualquer outro dia teria simplesmente ficado com um hematoma na cabeça e um pouco de vergonha, mas não o Lex, e não hoje. A faca estava profundamente enfiada no peito dele. A garçonete entrou atrás dela e gritou, correndo para fora. Chloe se esticou e puxou a faca bem quando a porta se abriu, revelando Powell e McClane com as armas nas mãos.

Ela olhou para Lex e suspirou. “Você tá começando a me irritar seriamente.” Ele disse para o Lex morto e então olhou para cima, quando Powell tirou as algemas do bolso.

“Te avisei.” McClane sorriu.

“Odeio você” Powell disse.

Sala de interrogatório

“E aqui estamos nós.” Chloe suspirou, terminando sua história.

“Ele foi esfaqueado acidentalmente?” McClane disse. “Essa é a sua história?”

“Foi o que aconteceu.” Chloe sacudiu os ombros.

“Tem uma coisa que me deixou confuso.” Powell falou antes que McClane e Chloe começassem. “Lex está morto, então à meia-noite você vai recomeçar o dia, certo?” Chloe balançou a cabeça. “Então porque se importar em contar essa história pra nós? Porque perder sue tempo nos contanto tudo?”

“E agora você encontrou o ponto da questão.” Chloe sorriu. “Todos os dias as coisas são inerentemente as mesmas, mas sempre há um final diferente, Lex sempre morre de forma diferente, o dia nunca acaba da mesma forma. Mesmo nos dias em que fui presa, nunca foi pelos mesmos tiras, nunca na mesma hora. Então eu aprendi rapidamente que quando um padrão surge, quando as mudanças que eu faço começam a ser iguais, começam a se repetir, eu tenho que prestar atenção porque são obviamente importantes.

“Então o que mudou hoje?”

“Não hoje.” Chloe sacudiu a cabeça. “Trinta dias atrás algo mudou, e tem sido do mesmo jeito desde então, não importa o que eu faça.”

“E o que seria isso?” McClane perguntou.

“Vocês.” Chloe os olhou. “Não é a primeira vez que nos encontramos, não é a primeira vez que vocês me prendem, não é a primeira vez que sento nessa sala.”

“Você está dizendo que já fizemos isso antes?” Powell perguntou incrédulo.

“Eu não contei a história toda, mas sim.” Chloe deu uma olhada na sala em que esteve nas últimas trinta noites. McClane parecia incrédula e Chloe suspirou. “Como está Eva?” Chloe perguntou com um sorriso no rosto. “É o nome da sua filha, não é? Eva? Ela tem dezessete anos, acabou de pegar o papel principal na produção de My Fair Lady do Centro Comunitário e anda pela casa cantando dia e noite, não é? O Centro Comunitário entretanto perdeu os fundos, estão ameaçando fechá-lo e ela está muito chateada com isso. E sonha em entrar para a Julliard.” Powell chegou mais perto de Chloe, intrigado e um pouco assustados. “Ela está saindo com um cara chamado Marcus, você vigia ele.” Chloe disse. “Ele é um esportista.” Powell simplesmente ficou encarando Chloe e ela virou a atenção para McClane.

“E ouvi dizer que você está procurando uma casa, você e seu marido querem mais um quarto agora, certo?” Chloe sorriu. “Parabéns, por falar nisso, sei que você acabou de receber a confirmação do médico essa manhã e dizem que não se deve contar a ninguém até o terceiro mês, mas Powell é seu parceiro, ele realmente precisa saber.”

“Você está grávida.” Powell virou para McClane, que estava piscando e com a boca abrindo e fechando.

“Se você quiser minha opinião.” Chloe se inclinou para frente. “Ouvi dizer que você já reduziu as opções para só duas casas.” McClane balançou a cabeça, muda. “Sei que você gosta mais daquela em Antioch, mas ela tem cupins e o forro é ruim.”

“Mas o corretor imobiliário disse...” McClane falou.

“É, aquele lá ele é cheio de truques.” Chloe sorriu. “Ele já fez isso antes, na verdade. Ele compra casas acabadas, ajeita elas bem bonitas por dentro, mas não se importa com a estrutura, sabe. Ele foi denunciado duas vezes mas acho que alguém do FBI pode finalmente fazer algo sobre isso. De qualquer forma, aquela em Brentwood não parece ser o que você realmente quer, mas a estrutura da casa é boa e o preço dela está baixo o suficiente para que, comprando em depósitos, você poderia consertar o acabamento num tempo suficiente para o bebê, e tem espaço para aumentar. Estou te dizendo, fica com a de Brentwood.” Chloe disse.

“Não entendo como você sabe todas essa coisas.” Powell disse.

“Depois de trinta dias sentada nessa sala eu decidi descobrir um pouco mais sobre meus captores. Não demora muito pra eu fazer pesquisas hoje em dia, alguns minutos no computador, algumas horas dando umas voltas, eu costumava ser uma repórter lembra. Mas ainda não entendo o que é tão especial sobre vocês, sem ofensa.”

“Então você tá dizendo que de repente, não importa o que você faça, você termina o dia sentada nessa sala conosco?” McClane se levantou e começou a andar.

“É exatamente o que estou dizendo.” Chloe se recostou na cadeira. “O que vocês têm haver com isso, por que vocês?”

“Eu pensaria que isso era óbvio.” McClane sorriu e sentou novamente.

“Sério?” Chloe pareceu intrigada. “Por favor, me agrade.”

“Só espere, eu meio que gosto dessa sensação, isso de saber tudo, sensação de onipotência.” McClane sorriu. “É assim que você se sente o tempo todo, sabendo tudo o que vai acontecer.” Powell e Chloe a olharam feio. “Ok, tá legal, talvez não é quem somos que seja importante, e sim o que somos.”

“Nervosos, mentes fechadas, irritantemente convencidos?” Chloe ofereceu.

“Tiras.” McClane suspirou.

“Mesma coisa.” Chloe sacudiu os ombros e dessa vez McClane e Powell olharam feio para ela. “Ok, mas vocês não são os primeiros tiras com quem cruzei caminho desde que isso tudo começou, nem de longe.”

“Não, mas é provável que sejamos os primeiros tiras que na verdade sentaram e ouviram toda essa sua história insana e não ligaram para Belle Reve.”

“Isso é verdade.” Chloe tremeu.

“Alguém ouviu a sua história e chamou Bele Reve, não foi?” Powell perguntou calmamente.

“Mais de uma vez.” Chloe sussurrou. “Ok, então vocês são tiras que na verdade ouviram a minha história e não me acharam maluca, o que isso significa pra mim?”

“Somos tiras.” McClane disse. “Pegamos as pistas apresentadas a nós, formamos conexões e solucionamos casos.”

“Então eu continuo encontrando com vocês pra vocês poderem solucionar isso pra mim?”

“Ajudar você a solucionar isso.” Powell disse acompanhando o pensamente da McClane. “Podemos ajudar você.”

“Como?” Chloe olhou ao redor.

“Vendo coisas que você não vê, achando alguma coisa que você não notou.” O sorriso de Powell cresceu.

“Eu vivi este dia 147 vezes, não há nada que eu não tenha notado.” Chloe fungou.

“Ah, mas há.” Powell sentou, o sorriso tão grande agora que tomou conta de todo o rosto dele. McClane e Chloe esperaram pacientemente Powell continuar. Ele virou para McClane. “Você tem razão, essa é uma sensação incrível.”

“Vocês estão começando a me irritar.” Chloe olhou feio para eles.

“Ok, ok, entendi.” Powell disse. “Tem algo que você perdeu.” Chloe pareceu ainda mais confusa. “Você disse que descobriu que tudo que se repetia de um dia para o outro era importante, como o Lex morrendo, como nós te prendendo.”

“É.” Chloe balançou a cabeça.

“E você disse que a única coisa que nunca mudava desde o primeiro dia era o Lex morrendo. Mas você está errada.” Powell disse a ela. “A morte do Lex não era a única coisa que nunca mudava. Toda manhã, não importa o que você fazia, não importa quantas vezes isso acontecesse, a cafeteira explodia.”

“É, mas...” Chloe ergueu a mão.

“E...” McClane interrompeu, percebendo o que Powell queria dizer. “O vaso, todo dia, não importa o que aconteça, o vaso transborda.”

“Ok, isso é verdade, mas...” Chloe tentou interromper.

“Tem mais uma coisa.” Powell começou a andar. “Outra coisa aconteceu todo dia, não importa o resto.”

“Os vizinhos?” McClane perguntou.

“Não, ela conseguia evitar que eles fossem expulsos.” Powell sacudiu a cabeça.

“Ela evitou que o ciclista fosse atropelado.” McClane suspirou. “Ela evitou que Lois fosse presa.”

“Lois!” Chloe disse de repente.

“Não, você evita que ela seja presa.” Powell sacudiu a cabeça.

“Sim, eu posso evitar que ela seja presa, mas não importa o que eu faça, não importa o que eu diga, não posso evitar que ela invada a LuthorCorp.” Chloe se levantou excitada. “É isso, bem não é isso, não faço idéia do que isso significa, mas é um começo.” Agora ela estava andando para lá e para cá. “Então tudo o que tenho que fazer é impedir que a cafeteira exploda, impedir que Bart use o vaso e impedir que a Lois invada a LuthorCorp e será sexta-feira?” Chloe pausou. “Como isso faz sentido?”

“Não faz.” Powell disse desanimado. “Como alguma dessas coisas afetam Lex Luthor?”

Eles pareceram desinflar, a epifania miraculosa deles agora parecia não existir. “A não ser...” McClane falou, seu rosto se transformando em um sorriso. “Que não seja como elas afetam Lex, seja como elas afetam você.”

“Ok, a cafeteira explodindo interrompe a eletricidade, mas eu ligo de volta então não pode ser isso.” Chloe sacudiu a cabeça.

“Mas ela explode, quero dizer, tem fogo e tudo.” Powell diz.

“Pouco, destrói completamente a cafeteira.” Chloe sacudiu os ombros. “O que me impede de tomar café antes de qualquer coisa. Vou ter que admitir que tenho um vício não saudável por café, mas vinte minutos extras sem café não podem ser tão importantes assim.” Chloe suspirou.

“Ele destrói mais alguma coisa?” McClane perguntou. “O fogo?”

Chloe revirou o cérebro pensando. “A fumaça causa alguns danos ao armário, a geladeira fica chamuscada, mas nada além de um guardanapo molhado...” Chloe hesitou, tinha alguma coisa na ponta da língua. “O Haiku.”

“O poema ruim?” Powell perguntou.

“Oliver o colocou na geladeira como piada e ele foi destruído pelo fogo.” Chloe disse. “E se não for um poema? E se for outra coisa?”

“O que então?” McClane perguntou.

“Não sei, não tinha pensado nesse poema estúpido há cento e quarenta e sete dias.” Chloe suspirou.

“Ok, então descobrimos a cafeteira, e o vaso?” Powell perguntou continuando a conversa.

“O pior dia foi quando ele inundou o apartamento todo.” Chloe disse. “Saiu pelo corredor e tudo, todo o piso foi destruído, mas isso não parece importante porque em alguns dias eu chego a tempo e ele só inunda o banheiro.”

“E o andar de baixo?” McClane perguntou.

“Hã?” Chloe pareceu confusa.

“Lembro de você ter falado para o Bart ver se vazou para o andar de baixo, vazou?”

“Nunca perguntei de novo.” Chloe disse lentamente. “Eu não sei.” McClane sacudiu os ombros e sorriu. “E a Lois?”

“Bem, essa é a mais óbvia de todas.” Powell sorriu para ela. “Você na verdade acertou no primeiro dia.”

“Como assim?” Chloe o olhou confusa.

“A lista.” McClane balançou a cabeça acompanhando. “Todos os dias ela invade a LuthorCorp, todos os dias ela rouba aquela lista de corporações fantasmas, e no primeiro dia você roubou dela.”

Chloe simplesmente ficou lá sentada por um segundo com um sorriso seco no rosto. “Como eu nunca percebi isso? Nada disso?”

“Você estava olhando para tudo como um todo.” Powell sacudiu os ombros. “Acontece, quando você está tão concentrado na finalização você não vê pequenas coisas.”

“Por 147 dias?” Chloe perguntou incrédula.

“Você estava olhando por um ‘túnel’.” McClane deu a desculpa por ela.

“E o que acontece agora?” Powell perguntou.

“Agora? Agora eu descubro o que diabos aquele Haiku estúpido significa, descubro o que a água do vaso estragou e roubo aquela lista da Lois e descubro o que diabos cada coisa tem haver com a outra, e se o Oliver chegar aqui a tempo, eu como mais daquele Tiramisu.” Chloe checou o relógio, eram 23:15.

Quase ao mesmo tempo que Chloe disse isso houve uma batida na porta. Powell olhou para Chloe confuso enquanto McClane levantou e abriu a porta. “Desculpe por interromper, Oliver Queen está aqui para a Srta. Chloe Sullivan. Ele pagou a fiança.”

“Ótimo.” Chloe se levantou. “Ainda temos 45 minutos para pegar um Tiramisu.” Ela bateu as palmas da mão levemente e foi até a porta.

Powell e McClane se olharam sentindo como se tivessem sido dispensados. Eles se levantaram e a seguiram até a entrada. Oliver Queen estava encostado contra o balcão sorrindo e flertando com a policial do turno. Ele se retesou e virou, quase como se pudesse sentir que Chloe estava vindo atrás dele. Ele se virou lentamente e o sorriso falso que ele tinha posto no rosto para a policial estava transformado. Powell viu o sorriso da própria Chloe crescer quando ela o viu. “Ei, parceira.” Ele preguiçosamente colocou um braço ao redor do ombro dela e apertou levemente. “Como foi?”

“Muito bem.” Ela balançou a cabeça. Powell notou o olhar que passo entre eles, um olhar que ele deu a sua parceira inúmeras vezes, um olhar que parceiros dão uns aos outros, parceiros que trabalharam juntos por um longo tempo, onde uma conversa inteira pode acontecer usando apensa expressões faciais. Um olhar que Powell sabia que significava “Te conto depois.”

“Agente Especial McClane, Agente Especia Powell.” Oliver esticou a mão e os dois a apertaram, tendo a sensação de que já o tinham encontrado antes. “Parabéns pelo bebê.” Ele balançou a cabeça para McClane.

“Obrigada.” Ela disse hesitante.

“Você falou pra ela sobre a casa de Antioch?” Oliver perguntou a Chloe.

“Sim.” Ela balançou a cabeça. “Conversamos sobre as casas.”

“Você avisou ele sobre o Marcus?” Oliver perguntou.

“Ele fez mais alguma coisa?” Chloe gemeu.

“O de sempre.” Oliver disse com um tom desgostoso. Ele olhou para Powell. “Três garotas em uma noite.”

“A minha filha?” Powell perguntou com medo.

“Não.” Oliver sacudiu a cabeça. “Ela estava ocupada nos ensaios. Ela tem um belo par de pulmões, não tem?”

“Voz incrível, não é?” Chloe sorriu.

“Obrigado.” Powell sorriu.

“Estou dando um jeito naquele problema de fundos do Centro Comunitário, assim que for sexta-feira, diga pra ela não se preocupar.” Oliver disse a ele. “E sobre o Marcus, posso dar um jeito nele pra você.”

“Você está se oferecendo pra matar o namorado da minha filha?” Powell perguntou cautelosamente.

“O quê?” Oliver pareceu ofendido. “Pareço com Vito Corleone? Bem, sou um pouco como Vito Corleone, poderia fazer uma oferta ao pai dele que ele não poderia recusar, mas mais para uma oferta de emprego fora do estado do que para nadar com os peixes.”

“Obrigado.” Powell sorriu. “Mas acho que vou deixar minha filha tomar as próprias decisões e possivelmente cometer seus próprios erros.”

“Você que sabe, mas a oferta está de pé.” Oliver balançou a cabeça.

“Não que eu vá lembrar disso amanhã.” Powell disse.

“É isso aí.” Chloe disse. “Bem, obrigada pela ajuda pessoal, não teria conseguido sem vocês. Temos que ir, o tempo é a essência do negócio.”

“Hoje?” Oliver olhou confuso. “Lex já está morto.”

“Powell me falou desse lugar italiano, melhor Tiramisu que eu já comi, você tem que experimentar.” Chloe checou o relógio. 23:30. “Se sairmos agora, conseguimos antes da meia-noite.” Ela explicou.

“Mostre o caminho.” Oliver sorriu e acenou o tchau para os agentes especiais antes de seguir Chloe porta afora.

“Quais são as chances de termos acabado de deixar uma delirante psicótica e possivelmente assassina sair pela porta?” McClane perguntou enquanto via Oliver e Chloe descendo os degraus do prédio sorrindo.

“Bem, se acordarmos amanhã, for sexta-feira e lembrarmos de tudo, vamos buscá-la de novo.” Powell sacudiu os ombros.

“É, ok.” McClane suspirou e se virou. “Então, Eva tá na peça da escola? É por isso que você tem murmurado ‘I Could Have Danced All Night’ nas últimas duas semanas?” Ela sorriu.

“Quando você ia me dizer que estava procurando casas?” Powell perguntou. “E grávida?”

“Saquei.” McClane disse se virando e se dirigindo para sua sala. “Então, o que você vai dizer no relatório?”

“Eu digo que não vamos escrever um, esperamos pra ver o que acontece.” Powell disse envolvendo o braço ao redor dos ombros de McClane.

“Então, temos um plano?” Oliver perguntou enquanto ele e Chloe saíam do restaurante italiano, Chloe com uma sacola de Tiramisu. Ela nem esperou, puxou a caixa da sacola e abriu imediatamente. Depois de dar a primeira mordida, ofereceu para Oliver. “Wow, isso é bom.”

“Não é?” Chloe sorriu. “Então o plano, você nunca vai acreditar nisso.” Chloe sorriu e contou a ele o que ela descobriu com Powell e McClane.

“A cafeteira, o vaso e a lista da Lois.” Oliver pegou mais do Tiramisu. “Foi isso que descobriram?” Ele pareceu incrédulo.

“Não é como se tivéssemos outras opções, ou idéias.” Ela pontuou, dando outra mordida e tirando a caixa do Oliver, que já ia pegar mais.

“Ok, mas isso parece um pouco improvável.” Oliver roubou mais.

Chloe parou de andar e se virou para ele. “Oliver, em dois minutos vou acordar no sofá e reviver o dia 16 de Outubro pela centésima quadragésima oitava vez seguida. Nossas vidas são improváveis.”

“Você fala a verdade.” Oliver balançou a cabeça. “E monopoliza o Tiramisu.” Ele se sobressaltou quando Chloe comeu o último pedaço.

“Pegamos mais amanhã.” Chloe assegurou, jogando a caixa na lixeira. Ela olhou para o relógio e sorriu. “Trinta segundos.” Ela se virou para ele. “Te vejo num minuto?” Ela sorriu.

“Te vejo num minuto.” Oliver se inclinou e a beijou.

Chloe fechou os olhos quando os lábios do Oliver tocaram os dela e de repente, eles sumiram.

--

próximo