domingo, 12 de setembro de 2010

I'll Explain Everything When it's Friday - Capítulo 9

Bom gente, aqui está o penúltimo capítulo. Nunca escrevi tanto a palavra confuso. =D Esse capítulo bateu o record.

Espero que gostem.

[Personagens e história não nos pertencem.]

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-- 9 --

16 de Outubro de 2008 (Dia 157)

Chloe respirou fundo e abriu os olhos. Ele não estava lá. Ele não estava sentado na mesa de centro como esteve nos últimos 70 estranhos dias. Ela soltou um choro estrangulado. Algo deu errado e isso não fazia sentido. Ela sabia que ainda era quinta-feira, mas toda vez que Lex morria ele voltava quando o dia recomeçava, então onde diabos estava Oliver? “Isso não é justo.” Chloe sussurrou. “Não é justo.” Ela gritou, virando a mesa de centro, quebrando as pernas da mesa. Ela se levantou e jogou todos os itens da mesa do corredor no chão.

Ela olhou na vaga direção do paraíso. “O quê?” Chloe jogou os braços para cima. “Você não achou que eu estava dentro? Não fiz o suficiente? Eu não estava fazendo o suficiente e você tver que me punir? Acha que me tirando ele eu me esforçaria mais?” Ela pegou o abajur da mesa do canto e o bateu contra a televisão, o despedaçando. “Bem, adivinha o quê? Não vai funcionar. Eu desisto. Eu fico sentada nesta sala por um milhão de quintas-feiras e não faço absolutamente nada até você trazê-lo de volta.” Ela respirou fundo. “Está me ouvindo? Traz ele de volta.” Ela jogou o abajur contra a porta de vidro da varanda, despedaçando a porta, e caiu de joelhos.

“Se você não gostou do jeito como decorei podia ter me dito.” Chloe inspirou profundamente e virou a cabeça, se levantando. Oliver estava na porta com dois copos do Starbucks nas mãos. “Café?” Ele perguntou inocentemente.

“Oliver?” Ela perguntou calmamente.

“Sim.” Ele balançou a cabeça.

“Você está vivo?” Ela perguntou.

“Sim.” Ele disse, o alívio evidente em sua voz.

“Solta o café.” Ela disse tão seriamente que ele colocou os copos no balcão e ela se jogou contra ele com tanta força que o empurrou para trás e ele percebeu que se ainda estivesse segurando os copos, os dois estariam cobertos de café.

Quando Chloe se afastou ela deu um tapa nele. “Onde diabos você estava?”

“Pegando café pra você?” Oliver apontou para o copo no balcão.

“Ok, quando você morre, e volta à vida, você não perde tempo pegando café quando há pessoas que pensam que você está morto.” Chloe disse a ele.

“O trânsito estava ruim e eu queria ter certeza de que você não iria ligar a cafeteira.” Oliver pontuou. “Mas prometo, da próxima vez que eu morrer, ligo assim que puder.”

“Você liga, você corre, você rouba uma droga de uma bicicleta se precisar, você não me faz esperar.” Ele a puxou para mais um abraço. “Nunca mais faça isso.” Ela murmurou contra o peito dele enquanto seus dedos agarravam a jaqueta dele.

“Prometo.” Ele sussurrou contra o cabelo dela e deu um beijo na testa dela. Eles ficaram assim por belos dez minutos, simplesmente agarrados um com o outro, quando ouviram uma tosse atrás deles e se viraram para ver os rapazes lá, encarando a bagunça, confusos.

“Tudo bem?” Victor perguntou cautelosamente.

“Está tudo ótimo.” Chloe sorriu enxugando as lágrimas do rosto e se afastando do Oliver. Ela caminhou e surpreendeu Victor, abraçando-o também. “Oliver está vivo, é um dia novinho em folha e eu descobri tudo.” Ela abraçou Bart e AC.

“Ok, bom, isso é ótimo.” AC balançou a cabeça dando um tapinha nas costas dela. “Tem café?”

“Não.” Chloe sorriu e se afastou dele. “Mas estamos trabalhando nisso.”

“Bem, me chamem quando resolverem.” AC se virou de volta para o quarto enquanto Bart e Victor começaram a limpar a bagunça na sala.

“Então, como você quer fazer isso?” Oliver perguntou. “Vamos lá de novo? Talvez esperamos até escurecer?”

“Não.” Chloe disse. “Eu me apressei lá na última vez e você levou um tiro, você morreu. Não vou lá de novo até sabermos tudo o que houver pra saber sobre aquele prédio.” Oliver estava pronto para protestar, mas havia algo nos olhos dela, na voz dela, que mostrou a ele o quanto a morte dele realmente a afetou, e mesmo que ela estivesse com um sorriso no rosto, ela não estava nem perto de estar bem.

“Está ok.” Oliver disse. “Vou ajudar a limpar isso aqui, você vai fazer o que precisa fazer e nos encontramos lá embaixo mais tarde pra trabalhar em um plano.”

“Estou realmente feliz por você não estar morto.” Chloe disse enquanto ele pegava a vassoura. “Não sei o que teria feito se você...”

“Estou feliz por não estar morto, também.” Oliver sorriu para ela.

“É, bem, você está me devendo uma viagem para a Ilha Queen.” Ela brincou para aliviar a tensão.

“Não é esse o nome.” Ele revirou os olhos para ela.

“Deveria ser. É sua, não é uma das mordomias de se ter uma ilha, que você possa colocar seu nome nela?” Ela sorriu.

“Eu não descobri a ilha, Chloe, ela já tinha nome quando eu a comprei.” Ela olhou para ele com expectativa. “Não lembro o nome agora.”

“Você não sabe nem o nome da sua própria ilha.” Chloe fungou. “Seu eu tivesse uma ilha, garanto que lembraria o nome dela.” Ela saiu do apartamento. Eles tinham muito trabalho a fazer.

16 de Outubro de 2008 (Dia 162)

“Ok.” Chloe estava praticamente pulando de um pé para o outro, uma montanha de nervos. “Eu quero duas, repito, duas varreduras toda hora.”

“É, sabemos disso, você falou isso uma centena de vezes.” Bart disse.

“E se eu quiser falo mais uma centena.” Chloe retrucou bruscamente. “Não sabemos onde estamos nos metendo. Passamos os últimos cinco dias analisando cada pedacinho de evidência que encontramos sobre esse lugar, o que não é muito, na verdade não é quase nada. Não temos o layout interno, não temos o manifesto da segurança, não temos a planta, não sabemos nada além de que há guardas lá que gostam de atirar nas pessoas.”

“E como exatamente sabemos disso?” AC perguntou confuso.

“Só sabemos.” Chloe fechou os olhos. “Duas varreduras, por favor.”

“Ok.” Victor balançou a cabeça. “Duas varreduras.”

“Obrigada.” Ela respirou fundo. Ela não ia deixar nada acontecer ao acaso dessa vez, eles não entrariam lá despreparados. Estavam todos uniformizados, equipados e prontos o máximo possível. “Vamos.” Eles esperaram os guardas trocarem de turnos e saíram. Victor abriu a porta da frente e eles deram um jeito no corredor antes de entrar. Quando perceberam que estavam seguros, todos pararam confusos. A porta dava para três corredores, um seguia em frente, um virava à direita e outro à esquerda. Todos viraram para Chloe, era o show dela afinal.

“O que fazemos agora?” Oliver perguntou.

Chloe abriu a boca, e então fechou. “Ok, vamos pensar desde o começo.” Ela começou a andar para lá e para cá. “As conexões. As caixas e a lista da Lois nos trouxeram até aqui.” Ela recapitulou. “E agora estamos aqui e...” Ela olhou para Oliver. “Eu não sei.”

“Não tinha mais nada?” AC perguntou. “Outras pistas?”

“Só aquele Haiku estúpido.” Chloe sacudiu a cabeça.

“Que Haiku?” Victor perguntou.

“Direto através da luz, Gansos perdidos voam contra o vento, Lágrimas plásticas alaranjadas.” Chloe recitou o poema de cabeça. “Poema ruim, definitivamente. Pistas?” Ela sacudiu a cabeça. “Não sei.”

“Você disse ‘direto através da luz’?” Bart perguntou.

“Sim?” Chloe balançou a cabeça.

“Eu digo que devemos ir por ali.” Bart apontou para o corredor à frente.

Todos se viraram para olhar para onde Bart apontava e Oliver sacudiu a cabeça. “Direto através da luz.” Os corredores da direita e da esquerda estavam relativamente bem iluminados, mas a porta no fim do corredor do meio tinha uma luz bem forte brilhando por baixo dela, tão forte que formou uma espécie de aura ao redor da porta, a luz escapava de cada brecha que a porta deixava.

“Eu concordo.” Chloe sacudiu os ombros e caminhou na frente deles, seus olhos constantemente procurando por um guarda. Eles chegaram à porta e Chloe a abriu. Ela se abriu facilmente e eles entraram. A luz era forte a princípio, mas os olhos deles se ajustaram. Havia filas e filas de plantas. Algumas em um solo verde brilhante, outras estavam brilhando por si mesmas. A luz forte vinha de centenas e centenas de lâmpadas solares. “A casinha meteórica dele.” Chloe olhou em volta.

“É por isso que estamos aqui?” AC perguntou.

“Acho que não.” Chloe sacudiu a cabeça.

“Para onde vamos daqui?” Victor olhou em volta intrigado.

“Direto.” Chloe acenou para a porta na frente deles. Eles atravessaram a porta e se confrontaram com um ‘beco sem saída’, um corredor de cada lado deles.

“Esquerda ou direita?” Bart perguntou e Chloe sacudiu os ombros.

“Como era o resto do poema?” AC perguntou.

“Hum, Direto através da luz, Gansos perdidos voam contra o vento.” Chloe recitou. Como se combinado, houve um alto barulho e eles viram o ventilador no fim de um corredor começar a funcionar e soprar para a direita deles. Eles puderam sentir o vento contra eles. “Contra o vento?” Ela perguntou para os outros.

“Ei, estamos só seguindo você.” Victor pontuou.

Chloe se virou para Oliver que sacudiu os ombros. “Vamos contra o vento.” Ele virou em direção ao ventilador e começou a andar. “Acho que os rapazes estão bem impressionados com isso tudo, mas você sabe que assim que chegarmos ao ventilador, acabou, fim da linha.”

“Ainda tenho esperança que a inspiração apareça antes que isso aconteça.” Chloe disse. “Estive tirando coelhos da cartola desde que entrei nesse lugar, e tenho que admitir, estou me achando muito impressionante, mas se eu empacar agora, não vai ser legal.” Oliver riu e Chloe congelou, erguendo o braço para que todos parassem. “Olá inspiração.” Ela apontou para a última porta no fim do corredor e Oliver olhou. “Lágrimas plásticas alaranjadas.” Chloe sorriu. Todos olharam para a pequena janela no topo da porta, para a pequena janela alaranjada.

“Aqui vamos nós.” Oliver acenou com a cabeça para que Victor viesse à frente e fizesse sua mágica na tranca da porta. Victor caminhou até lá esfregando as mãos e então parou. “Não vai dar, chefe.”

“Como assim? Você está me dizendo que existe uma tranca nesse mundo que você não pode arrombar?” Oliver perguntou confuso.

“Posso arrombar.” Victor disse. “Mas vai levar umas duas horas.” Ao ver os olhares confusos ele tentou explicar. “Olha, a tranca da porta da frente era fácil, tudo que eu precisei fazer foi hackear e reescrever a programação para mudar a senha para uma que eu escolhi e a porta abriu.” AC e Bart trocaram olhares que como se eles achassem que isso pareceu tudo exceto fácil. “Essa coisa é bem diferente.” Ele disse. Todos ainda pareciam confusos. “Eu sou digital, isso é analógico.” Ele disse a eles. “Eu sou Blu-Ray, isso é vídeo-cassete.”

“Você não é compatível?” Oliver perguntou.

“Nada é compatível. Nem um Mac, nem um PC, nem eu. Só tem uma programação nessa coisa e é a senha, você não pode mudar, não pode atravessar, você simplesmente tem que saber.”

“Talvez eu saiba.” Chloe deu um passo à frente. “Lágrimas plásticas alaranjadas.” Ela sorriu e apontou para a janela. “Alaranjadas, plásticas, então o que ‘lágrimas’ quer dizer? Um teclado numérico padrão tem um alfabeto homólogo, então ‘lágrimas’ seria...”

“52474627.” Victor sorriu, acompanhando o pensamento. Chloe apertou os números e nada aconteceu. “O número não era longo o suficiente.” Victor disse confuso.

“Adiciona ‘plásticas’.” Bart disse. Eles se viraram para ele. “A janela é de vidro, não de plástico.” Bart bateu nela. “Tenta ‘lágrimas plásticas’.”

Chloe olhou para Victor que pensou no número. “52474627752784227”. Chloe apertou os números e a porta se destrancou e abriu.

“Caramba.” Chloe se virou para olhar para Oliver com uma expressão surpresa no rosto. “Isso não deveria ter funcionado. Como isso funcionou? De jeito nenhum isso deveria ter funcionado.”

“Funcionou.” Oliver disse, também com uma expressão surpresa.

“Você está indo na correnteza mesmo, não está?” Victor sorriu levemente para ela. “Não têm nem idéia do que está fazendo?”

“Nenhuma.” Chloe sorriu para ele. “Mas estou fazendo de forma fantástica.” Ela brincou. Todos riram com ela quando foram interrompidos.

“Já era hora.” Uma voz disse de dentro da sala e a equipe toda entrou e viu um homem jovem, provavelmente não muito mais velho que a Chloe andando para lá e para cá em uma cela de vidro, e uma garota, não, uma mulher, provavelmente com o dobro da idade dele, sentada no chão perto dele. “Não acredito na quantidade de vezes que tive que fazer o dia recomeçar até vocês descobrirem.”

“Você?” Chloe deu um passo à frente. “Você que fez isso?”

“O que você acha, que talvez tenha sido Deus?” Ele sorriu para ela. “Claro que fui eu.”

“Eu... como... por que...” Chloe não conseguia achar palavras, por 162 dias ela tentou descobrir como fazer com que o dia parasse de repetir, mas nunca nem considerou o porquê, ou quem estava fazendo isso.

“Me disseram que você era a única que poderia fazer isso. A única que iria conectar as coisas e nos achar.” Ele olhou para a garota no chão perto dele e fungou. “Não posso dizer que estou impressionado com o seu trabalho até agora.”

“Ei!” Chloe falou bruscamente. Esse cara a colocou num inferno por pouco mais de cinco meses e ainda tinha rancor para reclamar dela. “Já chega. Já vivi cada conseqüência possível que esse dia possa ter, duas vezes. Já fui presa, já fiquei trancada em um hospício, já sofri acidentes de carro, de ônibus e um acidente de barco bem surreal. Já fui espancada, esfaqueada e já levei tiro várias vezes, já invadi lugares, seqüestrei pessoas e quase me convenci de que estava ficando maluca e que nada disso estava acontecendo. Eu estive me matando nos últimos 162 dias para descobrir tudo, então nem começa.”

“Do que ela está falando?” Victor perguntou para Oliver.

“Prometo que explico tudo...”

“Quando for sexta-feira.” Os três terminaram por ele. Chloe esteve dizendo isso a manhã toda, todas as vezes que eles perguntavam alguma coisa.

“É, o que diabos isso significa?” Bart perguntou confuso.

“Vocês acham que isso é um piquenique para mim?” O cara perguntou. “Você não acha que eu revivi os mesmos 162 dias que você, que ambos revivemos? Só que o nosso nunca mudou, nenhuma vez, nem um pouquinho. Nós acordamos no nosso quarto, somos transferidos para esta cela, então passamos por vários e dolorosos testes médicos e físicos, então somos colocados de novo nesta cela e começamos a merda do dia de novo.”

Chloe rapidamente fechou a boca e pareceu duramente punida. “Ok.” Oliver deu um passo à frente. “Talvez devêssemos tirar vocês daí e então podemos continuar com a disputa de ‘eu tive o pior dia’ lá fora. Que tal?”

“Por mim tudo bem.” Bart ergueu a mão.

“Victor.” Oliver disse saindo do caminho para que ele pudesse ir até a tranca da porta.

“Essa eu consigo, mas me dá um tempinho.” Victor abriu o teclado na parede e encarou os cabos como uma pessoa normal encararia um grande bife suculento.

“Explica para mim como isso funciona.” Chloe disse. “Temos algum tempo e eu quero algumas respostas. Chloe Sullivan, por falar nisso, acho que você já sabia disso.”

“É.” O cara fungou. “Sam, Sam Walter, essa é Claire Peterson.” Claire ergueu a mão e acenou fracamente. “É uma longa história.”

“Eu gosto de histórias.” Chloe sentou no canto da mesa do laboratório.

“Eu estou aqui há cinco anos.” Claire se levantou. “Cinco longos anos.”

“Por que você está aqui?” Bart perguntou.

“Desculpa, não entendi...” Claire olhou para ele confusa.

“Seu poder.” Chloe esclareceu. “Qual é o seu poder?”

“Eu posso ver, ver mesmo, conexões.” Claire explicou.

“O que isso significa?” Oliver perguntou. “Como você vê conexões?”

“É como um fio.” Claire disse. “Um fio que só eu posso ver, conectando as coisas, ou as pessoas. Vocês dois...” Claire acenou com a cabeça para Chloe e para Oliver. “Têm um fio vermelho escuro que meio que vem do seu peito e se conecta com o dele.” Chloe olhou para o seu tórax, como se ela fosse ver o fio de que Claire falava se se esforçasse bastante. “E tem mais.” Claire disse. “Vocês tem fios azuis conectados com cada um deles.” Claire indicou os rapazes.

“Por que o dele é vermelho e o nosso azul?” Bart perguntou, meio irritado.

“Ah.” Claire sorriu. “Isso é fácil. As cores são diferentes para cada tipo de relacionamento. Azul é amizade e família.” Bart sorriu orgulhoso ao ouvir isso. “Vermelho é amor.” Então ele franziu a testa e Chloe e Oliver evitaram olhar um para o outro quando Bart se virou para eles.

“Então você vê conexões.” Chloe tossiu.

“É.” Claire disse. “Não só entre pessoas. Entre coisas, lugares, até eventos. Nunca perdi um molho de chaves, se alguém perdesse eu podia achar, era só seguir o fio.”

“Ok, mas como ele se encaixa em tudo isso?” Chloe indicou Sam com a cabeça. “Sam, Sam, o homem-rebobinar?”

“Eu meti ele nisso.” Claire olhou para ele sem jeito.

“Já disse milhares de vezes, não foi culpa sua. Lex já tinha me pegado, até onde eu sei, um laboratório-prisão é tão bom quanto outro.” Sam sorriu para ela.

“Como você trouxe ele para cá?” Oliver perguntou.

“Quando cheguei aqui, só podia ver algumas conexões. Era com a proximidade, se duas pessoas estivessem na sala comigo, eu poderia ver suas conexões. Quanto mais tempo eu passava aqui, quanto mais testes Lex fazia, elas mudaram. Não sei ao certo se meus poderes cresceram ou se eu só aprendi a usá-los melhor, mas de repente eu podia fazer mais, muito mais.”

“Tipo o quê?” Chloe perguntou.

“Eu vejo suas conexões, as pessoas conectadas, mas vejo outras também.” Claire pensou por um segundo. “Tem um fio azul que eu posso seguir até Metrópolis, até o Planeta Diário, até a sua prima Lois, então vejo um dela que posso seguir até Londres, até Lucy. Poderia seguir um da Lucy até outra pessoa, e então outra, e provavelmente poderia até chegar em Metrópolis de novo.”

“Como no ‘Six Degrees of Kevin Bacon’?” Bart perguntou.

Claire olhou para ele confusa por um segundo e então sorriu. “De qualquer forma, um dia eu comecei a ver não só as conexões que já estavam lá, mas também as que poderiam estar lá, as possíveis conexões.”

“Possíveis conexões, como assim?” Oliver perguntou confuso.

“Cada evento, cada momento, cada escolha que você faz tem conseqüências, que levam a outras escolhas, outros momentos, que têm suas próprias conseqüências, e por aí vai.”

“O efeito cascata.” Chloe ofereceu.

“Exatamente. Cada dia você muda uma coisa para mudar outra coisa.”

“Como impedir o acidente com o ciclista fazia com que o Lex chegasse a tempo para o almoço, o que fazia com que ele morresse mais cedo.” Chloe entendeu.

“Sim.” Claire sorriu, percebendo que seria mais fácil explicar devido a tudo que Chloe passou. “É assim, só que o que você via era ação e reação, um evento por vez, eu vejo cada possível resultado de cada possível ação de cada possível evento.”

“Cada possível resultado?” Bart perguntou, impressionado.

“Ela me explicou assim.” Sam se meteu. “Digamos que você chame uma garota pra sair.” Ele olhou para Chloe. “Ou um garoto, no seu caso. Existem duas opções, dois possíveis resultados dessa escolha, ela, ou ele, diz sim ou não.” Todos balançaram a cabeça. “Se ela, ou ele, disser sim, uma possível progressão dessa noite é que você vai sair, jantar, voltar pra casa, talvez para a casa dela. Se ela disser não, não existe mais essa noite. Ao invés disso, você fica em casa, pede o jantar por telefone, assiste um filme, joga vídeo-game. Você pode sair com amigos ao invés disso, pode sair de qualquer forma, só que sozinho, conhecer uma garota completamente diferente.” Sam se virou para Claire. “No momento em que a pergunta é feita, a do sim ou não, Claire vê os resultados na frente dela como um mapa. Ela não sabe como a noite vai ser, mas sabe como a noite vai mudar se você pedir camarão ao invés de bife, se você pedir vinho branco ao invés do tinto, se você pegar a Quarta Avenida, ao invés da Terceira, ela vê isso tudo.”

“Uau.” AC finalmente falou. “Como você não ficou maluca?”

Claire riu rudemente. “Quem disse que não sou?” Ela sorriu para ele. “Eu provavelmente seria se não conseguisse desligar isso, mas eu não vejo isso o tempo todo, só quando eu quero.”

“Então você pode ver cada resultado que este dia pode ter, tudo que pode acontecer, cada possível mudança, cada possível resultado?” Chloe perguntou. “Mas deve ter uma infinidade de possibilidades.”

“É o que você pensa.” Claire sacudiu os ombros. “Mas algumas coisas são esculpidas em pedra. Algumas coisas, alguns eventos, não importa o que você mude, não importa o caminho que você pegue para chegar lá, algumas coisas sempre vão acontecer. Vocês podem chamar isso de destino, de carma, de geléia de morango, não entendo isso mais do que vocês.”

“E o Sam?” Chloe perguntou, tentando fazê-la ter foco.

“Eu não falei para o Lex dessa parte dos meus poderes, porque na primeira vez que isso aconteceu, foi um dia ruim. Eu não tive nenhum progresso nas minhas habilidades em dois meses então Lex estava fazendo vários testes e eu estava pensando muito em uma forma de sair, de escapar. Então de repente eu vi o Sam, claro como o dia na minha mente, e eu sabia, eu sabia que ele era a chave, mas não sabia como. Leva um tempo para o meu poder progredir, mais tempo ainda para eu chegar num ponto em que possa controlá-lo, então eu guardei segredo, me esforcei, e descobri, e na próxima vez que encontrei o Sam, segui as conexões para a minha fuga e percebi que juntos conseguiríamos se combinássemos nossos poderes.”

“Como você conseguiu que ele viesse para cá?”

“Ele estava preso em outra instalação do Lex, lá na Califórnia. Um dia eu falei para o Lex sobre o novo poder que eu tinha adquirido, que eu podia ver como uma coisa aconteceria depois do fato, o que é verdade, mas não toda a verdade. Eu fazia ele forçar uma situação e então ele me mostraria e eu dizia o que tinha acontecido. Por exemplo, ele me levaria para uma sala com um abajur quebrado e café derramado. O primeiro instinto da maioria das pessoas seria invasão, certo? Só que eu seguia as conexões e via que na verdade um gato tinha derrubado o café, se assustado e tentado fugir, batendo no abajur, e por aí vai. Então eu sempre fazia o comentário de que a informação seria mais útil se você pudesse voltar no tempo.”

“Aposto que o Lex pulou com essa, hein?” Victor fungou.

“Dois dias depois o Sam estava aqui.”

“Claire explicou o plano dela para mim, ela usaria o poder dela para descobrir o que precisaria acontecer para que nós conseguíssemos sair e quem poderia fazer com que isso acontecesse, e eu recomeçava o dia até que acontecesse.” Sam explicou. “Ela soube logo que era você.” Ele disse para Chloe. “Mas não era para ser hoje.”

“Como assim?” Oliver olhou para ela, confuso. “Não era para ser hoje?”

“Quero dizer que o plano original era para ser daqui a três meses. Vocês encontrariam um demonstrativo de transferência de outro laboratório, então fariam algumas conexões e encontrariam o laboratório. Mas tivemos que adiantar.”

“Por quê?” AC perguntou.

“Porque hoje o Lex morre.” Sam explicou.

“Disso eu sei.” Chloe suspirou.

“Mas Lex tem uma ordem. Caso ele venha a falecer, todas as pesquisas não essenciais devem ser interrompidas, todos os dados e evidências destruídos, exceto alguns laboratórios e projetos.”

“Deixa eu adivinhar, vocês não estão entre essas poucas exceções.” Victor fungou.

“Desculpa, mas você não viu essa possibilidade?” Chloe perguntou.

“O tempo todo as coisas estão mudando, eventos estão evoluindo e a maioria das mudanças não são tão importantes, mas de vez em quando você vê um parafuso afrouxar e cair e tudo vai por água abaixo.”

“O que foi por água abaixo?” Chloe franziu a testa.

“É isso que estive tentando descobrir desde que isso aconteceu. Está me matando, na verdade.” Claire franziu a testa.

”Ok, então o futuro do Lex de repente mudou e o seu plano teve que ser adaptado, e eu terminei vivendo a quinta-feira 180 vezes.” Chloe suspirou.

“Tinha que ser hoje, e eu tinha que ficar fazendo isso por que para nós, não existe sexta-feira.”

“Eu entendo.” Chloe balançou a cabeça. “Não vou dizer que gosto disso. Então você recomeça o dia e a Claire te diz quais são as conexões?”

“Foi assim que eu entrei? Como eu comecei a lembrar?” Oliver perguntou.

“Isso foi um bug, na verdade.” Sam disse, tímido. “Sabe, eu puxo as pessoas para recomeçar o dia meio que segurando na aura delas, e eu acho que pode-se dizer que quando puxei a Chloe naquele dia, vocês dois estavam... sabe, suas auras estavam meio que entrelaçadas no momento, então eu acabei puxando você também.”

“Ah.” Oliver balançou a cabeça.

“O que você quer dizer com ‘você sabe’?” Bart olhou para Oliver. “O que vocês dois estavam fazendo entrelaçando as auras de vocês?”

“Bart.” AC deu um tapa na nuca dele.

“Bem, eu não ia te puxa na próxima vez, mas Claire disse para puxar, disse que você poderia ajudar, então... aqui estamos nós.” Sam disse.

“Consegui.” Victor sorriu quando a porta de vidro deslizou e abriu. Sam e Claire saíram da cela e sorriram, se abraçando.

“Vamos dar o fora daqui, hã?” Oliver ofereceu.

“Não faria isso se fosse vocês?” Uma voz muito familiar falou de trás deles. Eles se viraram e viram Lex parado ali com um sorriso satisfeito no rosto. “Por que vocês não se afastam da porta e colocam as mãos para cima onde eu possa vê-las.” Ninguém se mexeu e ele puxou um revólver da cintura e apontou para eles.

“Bem, isso é perfeito.” Chloe suspirou e ergueu as mãos.

“Realmente é.” Lex sorriu. “Estou com o time completo, e desmascarado.” Chloe nem tinha percebido, mas em algum momento da história da Claire, todos tiraram os óculos, baixaram os capuzes e ficaram confortáveis. Lex olhou para Chloe. “Srta. Sullivan, por que não estou surpreso em vê-la aqui... bem, agora, este é mesmo Oliver Queen?” O sorriso do Lex cresceu. “Não me surpreendo facilmente Oliver, mas tenho que admitir, não esperava por isso.”

Chloe estava desesperadamente tentando pensar em uma forma de sair dessa quando ouviu, atrás dela, Claire sussurrar no ouvido do Victor. “A tranca da porta.” Ela disse. “Você consegue causar um curto?”

Victor balançou a cabeça levemente e se moveu sutilmente para mais perto dos cabos que ele tinha acabado de desligar. Chloe se moveu para a frente para distrair o Lex. “Você realmente não espera por nada, não é?” Ela perguntou. “Quero dizer, honestamente, você é o cara que caiu duas vezes da mesma ponte dentro de um lago. Se você não espera pelo lago...”

Ele bateu com o revólver no lado da cabeça dela e Oliver pulou para frente bem quando Victor ajeitou os cabos. Ele causou um curto que cortou a energia do prédio. A escuridão foi suficiente para distrair Lex e Oliver o jogou no chão, a arma deslizou para o outro lado da sala. Todos ficaram parados até o gerador começar a funcionar. “Arma?” Oliver perguntou quando a luz voltou, puxando Lex de pé.

“Peguei.” Sam disse do outro lado da sala e todos relaxaram.

“Me dá.” Oliver estendeu a mão e passou Lex para AC e Bart.

“Não posso fazer isso.” Sam sacudiu a cabeça, ainda encarando a arma. Ele a ergueu e apontou para Lex.

“O que você está fazendo, cara?” Victor perguntou.

“Vou matar Lex Luthor.” Sam destravou o revólver.

“Não.” Chloe deu um passo à frente. “Não posso deixar você fazer isso.”

“Não pode?” Todos, incluindo Lex, perguntaram quase simultaneamente.

“Não, eu passei 162 dias, 162 dias que você me fez reviver, praticamente me matando, vendo pessoas que eu amo morrer, para mantê-lo vivo, e nunca funcionou, e não vou deixar você atirar nele quando estou bem aqui.” Chloe ergueu as mãos e se colocou na frente do Lex.

“Você ainda não entendeu.” Sam riu de forma maníaca. “Nunca teve nada haver com o Lex. Nunca foi sobre salvar o Lex. Era sobre me salvar, eu e a Claire. Ele morreu, todos os dias ele morreu mais do que só nos 162 dias que você reviveu. Você não pode mudar isso, não pode impedir isso.” Sam disse.

“Não.” Chloe sacudiu a cabeça.

“É a hora dele de morrer, o dia dele. Não importa o que aconteça isso nunca vai mudar, é o carma dele, ou destino, tanto faz. Então eu acho que se isso vai acontecer de qualquer forma, depois de tudo o que passei, eu deveria fazer isso pessoalmente.” Sam preparou a arma.

“Não é assim que funciona.” Chloe disse, e voltou a atenção para Claire. “É?” Todos viraram para ela. “Você hesitou.” Chloe explicou. “Quando ele disse que não importa o que aconteça, o Lex iria morrer hoje, você hesitou.” Chloe deu um pequeno passo à frente. “Você vê as conexões, você sabe, isso está certo?”

“Eu não...” Claire olhou entre Chloe, Lex e Sam.

“Qual é, você pode ver tudo, pode ver a imagem inteira.” Chloe disse a ela. “Se houver pelo menos um modo, uma coisa que pode impedir que ele morra, você saberia que isso não está certo, que não é o dia dele.” Claire baixou a cabeça. “Eu sei o que ele fez a você, confia em mim, eu realmente sei, e não há nada que possa mudar isso ou fazer tudo ficar bem, mas isso não está certo e você sabe. Claire olhou para Sam se desculpando.

“Sinto muito.” Claire sacudiu a cabeça.

“Tem um modo.” Chloe sorriu aliviada. “Tem algo que pode salvá-lo, não tem?”

“Não, você disse que ele morreria hoje.” Sam olhou para Claire. “Você disse que não tinha saída.”

“Mas você não vê, nós já mudamos tanta coisa.” Claire disse. “Todas as vezes que recomeçamos o dia, isso mudou as coisas. Mudou.”

“Não.” Sam sacudiu a cabeça. “Não, você disse que eles podiam mudar um milhão de coisas e Lex ainda morreria.”

“Tem um jeito.” Claire se corrigiu. “Só um, mas tem.”

“Não é o dia dele de morrer.” Chloe disse.

“É, é sim.” Sam atirou duas vezes, um depois do outro e Chloe e Lex caíram no chão com segundos de diferença. Sam largou a arma, atônito com o que tinha feito e Oliver caiu ao lado de Chloe.

“Oh Deus.” Claire se afastou e Victor, Bart e AC encararam Sam como se não tivessem certeza se o que eles acabaram de ver realmente tinha acontecido. Sam pareceu perceber o que tinha feito e correu para a porta.

“Segura ele.” Oliver gritou, mas nem precisava ter dito nada, AC, Victor e Bart já o tinham pegado antes de ele dar dois passos, e o jogaram no chão, o detendo.

“Você chamou uma ambulância?” Bart perguntou.

Oliver simplesmente sacudiu a cabeça. “Ela está morta.” Ele falou fracamente. “A bala atravessou o coração.”

“Não.” Bart caiu ao lado dele e começou o procedimento de reanimação. Oliver deixou por alguns segundos, mas o afastou.

“Ela está morta.” Ele sussurrou. “Pára com isso, por favor.”

Bart balançou a cabeça lentamente enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto dele. Oliver caiu contra a parede atrás dele. Ele lentamente ergueu a cabeça e olhou para Sam como se estivesse o vendo pela primeira vez. “Recomeça.” Foi tudo o que ele disse, seu olhar perfurando Sam, sua voz seca, morta. “Você pode fazer isso, você pode recomeçar o dia e ela vai voltar.”

“Não, estou livre agora, não vou voltar para aquela cela.” Sam sacudiu a cabeça.

“Sabemos que vocês estão aqui, sabemos onde ir, o que fazer, vamos tirar você de novo.” Oliver disse a ele. “Recomeça o dia.”

“Não.” Sam disse, desafiador.

“Ela...” Oliver enxugou os olhos e se levantou. “Ela fez tudo, tudo o que pôde para ajudar vocês, mesmo quando não sabia o que estava fazendo, e você vai simplesmente deixá-la morrer?” Sam não disse nada. Oliver puxou o arco das costas, colocou uma flecha e acenou com a cabeça para AC e Victor. “Levanta ele.” Ele disse. Eles não se mexeram. “Levanta ele.” Oliver falou bruscamente. Eles levantaram Sam e Oliver esticou a corda e apontou a flecha para a cabeça de Sam. Recomeça o dia, agora.”

Sam olhou para Oliver por um segundo. “Você não vai atirar em mim.”

“Quer testar?” Oliver puxou com mais força o arco.

Sam olhou atrás de Oliver, para Claire. “Diz, tem alguma possibilidade de ele soltar essa flecha?” Ela olhou para Oliver e de volta para Sam e sacudiu a cabeça. “Não.” Sam sorriu.

Oliver baixou o arco e AC, Victor e Bart suspiraram aliviados. “Você está certo, não vou matar você.” Ele largou o arco. “Mas posso te mandar de uma prisão para outra.” Oliver disse.

“Você me coloca em outra cela e eu te faço reviver o dia repetidamente. Reviver o dia até o seu sofrimento ser tão forte que doa até respirar.” Sam o desafiou. “De novo, e de novo, e de novo.”

Oliver sacudiu a cabeça. “Nós já estudamos Metas.” Ele disse. “Claro que voluntariamente, mas já descobrimos algumas coisas. Você sabia que em alguns estágios de coma, a parte do seu cérebro que controla seus poderes se desliga? Se eu estivesse motivado o suficiente, tenho certeza de que conseguiria reproduzir isso.” Ele sorriu. “Colocar você em coma, tirar seus poderes, mas deixar você bem consciente do que acontece ao seu redor. Então esse é o modo como eu vejo as coisas. Você pode recomeçar o dia e passar mais algumas horas naquela prisão, ou você pode vir comigo e passar o resto da sua vida prisioneiro do seu próprio corpo.” Sam olhou para Claire para ver se Oliver realmente faria o que estava ameaçando fazer. “Você não precisa olhar para ela para saber que estou falando a verdade. Você passou 162 dias torturando a mulher que eu amava e agora você a matou. Me testa.” Oliver cruzou os braços e o resto da segurança de Sam pareceu escorrer dele. “Ótimo, agora estamos chegando a algum lugar.” Ele checou o relógio. “Mais três horas.” Ele soou aliviado.

“Não temos que esperar até meia-noite.” Sam disse. “Eu só fazia assim porque estava tentando dar a ela o máximo de tempo possível.”

“Você pode recomeçar agora?” Oliver perguntou e Sam balançou a cabeça. “Então faça.”

Sam olhou para sua cela de vidro e suspirou, balançando a cabeça.

16 de Outubro de 2008 (Dia 163)

Os olhos de Oliver se abriram quando o alarme na mesa ao lado disparou. Ele bateu no botão e o alarme mudou para um programa matutino de rádio. “É um belo dia em Metrópolis.” O locutor falou e Oliver pulou da cama e pegou o telefone. “O sol está brilhando, a cidade está fervendo e não há nenhuma nuvem à vista.” Oliver tinha ouvido o locutor dizer essas exatas palavras 80 vezes e essa era a primeira vez em que ele realmente acreditava nelas. Ele ouviu sua cafeteira começar o café como foi programada, e procurou pelo quarto algo para vestir. O celular da Chloe só chamava e ninguém atendia então ele tentou o do Victor. Ele encontrou um par de calças e uma camisa e pulou pelo quarto tentando colocá-las com uma mão enquanto segurava o telefone com a outra. Victor também não atendia. Ele desligou e tentou o do Bart enquanto calçava os sapatos e se dirigia para a porta. Bart não atendeu e ele nem se incomodou em tentar o do AC, já estava no elevador, apertou o botão para o térreo.

A viajem no elevador foi a mais lenta de toda a sua vida e ele já ficou no topo de alguns dos mais altos edifícios do mundo. Ele saiu na rua e caminhou para o seu carro, só para parar. Trânsito, ele esqueceu do trânsito. Nesse lado da cidade, pelos últimos 80 dias o trânsito tinha estado parado por quarenta e cinco minutos. Ele podia tentar a bicicleta, mas ainda assim levaria bons trinta minutos para chegar lá. A Fundação Ísis era só ha trinta blocos dali, e sem pensar ele saiu correndo pela rua, a única coisa na sua mente era ter certeza de que ele iria chegar ao apartamento dela, ver Chloe deitada no sofá, dormindo profundamente e perfeitamente viva. Ele começou a sentir uma dor no seu lado lá pelo décimo quinto bloco, e percebeu que precisava voltar a correr.

Oliver virou a esquina da rua da Chloe e correu os últimos dois blocos. Quando chegou até a porta teve que parar para recuperar o fôlego, e teve uma pequena crise quando não conseguiu achar as chaves. Ele desperdiçou dois minutos procurando as chaves nos bolsos até achar e mais dois tentando abrir a porta, suas mãos estavam tremendo muito. Ele subiu as escadas dois degraus por vez e já estava com a chave pronta para usar quando chegou até a porta do apartamento. Ele parou, respirou fundo e destrancou a porta, entrando no apartamento. Seus olhos imediatamente foram para o sofá e ele sentiu o ar sair de seus pulmões em uma única respiração. Ela não estava lá. Ela não estava deitada no sofá, com a cabeça inclinada levemente para o lado, o cabelo desarrumado de tanto se virar dormindo. Seu braço não estava pendurado na beira do sofá, quase tocando o tapete enquanto ela dormia, como tinha sido pelos últimos 80 dias, quando ele entrava no apartamento dela.

A porta atrás dele se abriu, mas ele mal notou até ouvir uma voz familiar e se virar lentamente. “Ok, já chega.” Chloe gritou. “Eu achei fofo quando vocês me acordaram, os três pairando sobre mim preocupados. Eu achei bonitinho quando vocês ficaram me seguindo o tempo todo pelo apartamento. Mas os três me seguindo pelo corredor para eu usar o banheiro e esperando do lado de fora, isso já é pura loucura.” Ela disse bruscamente para AC, Victor e Bart, que não deixaram ela ficar a um metro de distância deles desde que ela acordou. “Três metros, é a nova regra.” Ela acenou com a mão e eles deram um passo para trás. “Fica.” Ela comandou e eles se viraram e viram Oliver parado na frente dela. A expressão no rosto dele era ilegível. Ela deu um passo na direção dele e ouvi os rapazes darem um passo na direção dela. “Eles são como filhotinhos, filhotinhos estúpidos que não entendem uma ordem simples.” Ela disse a Oliver sacudindo a cabeça.

O rosto dele se transformou em um sorriso gigante e ele a pegou nos braços e a esmagou contra o peito. Chloe fechou os olhos e afundou nos braços dele, e ele se afastou um pouco para olhar nos olhos dela e então a beijar. Não era um beijo normal, ele vinha do desespero, de um completo e extremo alívio, e ele despejou tudo que tinha nesse beijo. Ele queria mostrar o que sentia por ela, todas as coisas que ele não pôde verbalizar nos últimos meses. Ele queria dizer o quanto a amava e como não poderia viver sem ela. Queria dizer a ela que se sentiu esmagado quando pensou que ela estava morta, que ele não sabia se poderia ter continuado sozinho se ela não tivesse voltado para ele, e ele queria dizer que ela nunca poderia deixá-lo novamente, porque ele simplesmente não funcionava sem ela. Ele queria explicar tudo isso com aquele beijo, e fez um bom trabalho. Eles se afastaram e simplesmente se olharam por um minuto, nenhuma palavra foi trocada, nenhuma explicação dada, e então Chloe balançou a cabeça. “É.” Ela disse a ele. “Eu também.”

“Por que você não atendeu ao telefone?” Ele perguntou a ela.

“Eu fui ao apartamento ao lado por uns vinte minutos para usar o banheiro.” Chloe disse. “Não achei que fosse precisar do telefone.”

Oliver a olhou feio. “O que aconteceu com a regra?” Chloe o olhou, confusa. “Você disse, quando você morre e volta à vida, você não perde tempo pegando café quando tem gente pensando que você está morto. Você liga, você corre, você rouba uma droga de uma bicicleta se for preciso, você não me faz esperar.”

“Uau, você lembrou quase palavra por palavra.” Chloe sorriu e ele a olhou feio. “Eu pensei que você iria ligar e correr, e que se eu também fizesse isso, então nós acabaríamos nos desencontrando se eu corresse para a torre do relógio e você corresse para cá. Então achei melhor ficar aqui.”

“Não faz isso de novo, ok?” Oliver pediu, assim como ela pediu a ele no dia anterior. Chloe balançou a cabeça.

“Cara.” Bart interrompeu o momento romântico de uma forma que só Bart consegue, e quando Chloe e Oliver viraram para ele, ele sorriu. “É quinta-feira de novo.”

Ao ver o olhar confuso do Oliver, Chloe sorriu. “Ah, sim. Eles se lembram de tudo.”

“Então qual é o plano?” Victor olhou para Chloe e Oliver. “Vamos mesmo tirar ele de lá? Não é por nada não, mas eu facilmente deixaria o traseiro dele criar raízes naquela cela.” AC e Bart balançaram a cabeça concordando.

“Eu quero acabar logo com isso.” Chloe sacudiu a cabeça. “Além do mais, ele simplesmente vai recomeçar o dia até fazermos algo sobre isso. E a Claire é inocente em tudo isso, ela não merece.”

“Então o que vamos fazer quando tirarmos ele de lá?” Bart perguntou. “Vamos o deixar ir embora?”

“O que mais podemos fazer?” Oliver perguntou, frustrado. “Se trancarmos ele não seremos muito diferentes do Lex.”

“Que tal aquilo você falou que faríamos ontem, ou hoje, ou tanto faz?” Victor ofereceu.

“O que você disse ontem?” Chloe perguntou, confusa. “Por falar nisso, como você conseguiu que ele recomeçasse o dia? Ele estava livre e o Lex morto.” Ela olhou para Oliver mais de perto. “O que você fez ontem?”

“Eu disse o que precisava dizer para te trazer de volta.” Oliver falou, simplesmente. “E eu faria de novo sem nem pestanejar.”

Chloe queria saber mais sobre o assunto, realmente queria saber o que aconteceu depois que ela morreu, mas podia perceber que a ferida ainda era nova para ele, muito sensível, então deixou para lá. “Então não vamos fazer nada com ele?” Bart perguntou.

“Não.” Chloe sacudiu a cabeça. “Apesar do que aconteceu ontem, do que ele nos fez passar, acho que ele já foi punido o suficiente, não acham?” Ela olhou para cada um dos rapazes por vez, todos sabiam como era estar no lado oposto do Lex nas grades. Eles balançaram a cabeça relutantemente e ela sorriu para eles.

“Ok, então não vamos colocá-lo em coma?” Bart admitiu.

“Colocá-lo em coma?” Chloe repetiu incrédula.

“Então o que você acha se, digo, se acidentalmente, enquanto estivermos no processo de salvá-lo, ele tropeçasse no meu pé, acidentalmente, claro.” Bart ofereceu.

“Então talvez no caminho para o chão, se o estômago dele, sabe, acidentalmente, bater com força no meu joelho ou algo assim. Acidentalmente.” AC sorriu.

“Então talvez, se quando eu estiver o ajudando a se levantar, ele bater a cabeça no canto de uma mesa, ou na parede.” Victor acrescentou.

“Acidentalmente, claro?” Chloe sorriu para os rapazes.

“Não.” Victor sacudiu a cabeça seriamente.

“Só sejam discretos.” Oliver disse a eles e Chloe se virou para ele surpresa. “Ele te matou, Chloe.” Ele se defendeu. “Eu estava pensando em, acidentalmente, atirar uma flecha na direção geral dele, digamos, o ombro ou o pé.”

“Pé, definitivamente.” AC disse. “Sempre acreditam em tiros acidentais no pé.”

“Rapazes, sério.” Chloe riu deles.

“Qual é.” Oliver virou para Chloe. “Você não vai me dizer que não quer se vingar desse cara de alguma forma? Nem mesmo alguma coisa pequena, algo que só você fique sabendo?” Chloe enrugou o nariz e Oliver riu. “Você pensou nisso.”

“Eu estava pensando em talvez ligar para a mãe dele.” Chloe admitiu.

“Oh.” Bart, AC e Victor deram um passo para trás, para longe da Chloe, como se ela tivesse acabado de dizer que é radioativa.

“Chamar a mãe.” AC fez careta. “Que severidade.”

“Você tem uma mente verdadeiramente perversa e eu tenho muito a aprender com você.” Bart se curvou levemente na frente dela e Chloe riu.

“Ok, vamos começar logo com isso. Quanto mais rápido fizermos isso, mais rápido a sexta-feira chegará.” Oliver pontuou.

A terceira tentativa de resgate teve infinitamente mais sucesso desde o começo. Eles entraram pela frente com a facilidade da prática e foram direto para o laboratório como se já tivessem ido ali milhares de vezes. Chloe apertou os números do código e eles entraram na sala juntos. Sam e Claire estavam sentados no chão da cela e se levantaram rapidamente quando Chloe entrou lá com a equipe. “Oh, graças a Deus.” Claire suspirou aliviada e Chloe acenou para Victor destrancar a porta.

“Você voltou.” Sam disse, humildemente, seus olhos em qualquer lugar, menos em Chloe, a garota que ele assassinou no dia anterior.

“Eu prometi.” Oliver disse rigidamente. “Mas agradeça a ela, porque se fosse por mim, eu reviveria esse dia para sempre se significasse que você teria que ficar atrás dessa porta.”

Sam finalmente e relutantemente virou a atenção para Chloe, que estava direcionando Bart para pegar toda informação que pudesse do computador enquanto AC atacava os armários de arquivos. “Sinto muito.” Ele disse depois de um minuto. “Não sou esse tipo de pessoa.”

“Esse tipo de pessoa?” Chloe ergueu uma sobrancelha.

“Uma pessoa egoísta que só se importa consigo mesmo e usa as outras pessoas e...”

“Mata as outras pessoas?” Chloe ofereceu.

“É, e mata as outras pessoas.” Ele balançou a cabeça. “Eu estava desesperado, e eu sei que isso não é desculpa e não há nada que eu possa fazer para compensar e que não mereço seu perdão ou a minha liberdade, mas... obrigado.”

“De nada.” Chloe balançou a cabeça e Victor terminou o trabalho e a porta da cela se abriu.

“Vamos dar o fora daqui, hein?” Sam sorriu.

“Não tão rápido.” Chloe sacudiu a cabeça. “Ainda temos que dar um jeito nesse lugar.” Ela se virou para Bart, AC e Victor, que balançaram a cabeça e saíram da sala.

“Como assim dar um jeito?” Claire perguntou.

“Você vai ver.” Chloe sorriu. Eles foram para fora do complexo, onde Victor estava colocando uma venda e algemas nos guardas do perímetro. Dez minutos depois todos estavam à distância do laboratório e Chloe tirou um dispositivo do bolso. Ela pensou por um segundo e então se virou para Sam e Claire. “Vocês querem apertar isso?”

Sam olhou para Claire, que olhou para o botão, e Chloe assumiu que ela estava usando seus poderes para ver o que aconteceria, quando ela sorriu. “Definitivamente.” Ela balançou a cabeça para encorajar Sam de que estava tudo ok e os dois apertaram o botão. Eles assistiram quando o laboratório explodiu bem na frente deles.

“Ok.” Sam sorriu assistindo o fogo lamber o céu. “Isso foi incrível.”

“Vamos.” Chloe se virou e saiu andando, os rapazes a seguindo e Claire e Sam seguindo eles.

“Então o que acontece agora?” Chloe perguntou a eles quando ela os trouxe para a Fundação Ísis. “Para onde vocês vão?”

“De volta para a escola.” Sam sacudiu os ombros. “Eu estava no meu terceiro semestre na UCLA quando Lex me pegou. Eu gostaria de terminar.”

“E você?” Ela virou para Claire.

“Não sei.” Ela sacudiu os ombros. “Estive naquele lugar por cinco anos. Provavelmente perdi meu emprego e meu apartamento. Não tenho família então... não tenho certeza. Um hotel por enquanto, depois penso em alguma coisa.”

“Vamos nos preocupar com isso amanhã.” Chloe disse. “Que tal vocês levarem eles lá para cima?” Ela pediu para Bart, AC e Victor. “Talvez eles queiram tomar um banho, trocar de roupa, pedir uma comida, assistir um pouco de televisão.”

“Certo.” Bart disse de repente. “Vocês estiveram presos por cinco anos, hein? Então vocês não assistiram televisão desde 2003? Ah, Deus, vocês nunca viram Heroes.”

“O que é Heroes?” Claire perguntou confusa.

“É uma série, sobre pessoas como nós, só que não tão incríveis.” AC explicou.

“É legal, tenho os episódios em DVD, não se preocupem.”

“Eu não estava preocupado.” Sam riu.

“Ah, tem uma garota chamada Claire, e ela também tem poderes... não tão legais como os seus. Espera, você sabe o que é um DVD, não sabe?”

Claire o olhou como se ele fosse estúpido. “Estivemos presos por cinco anos, não quinhentos.”

“Certo.” Ele pareceu aliviado. “Não sei o que ia fazer se tivesse que explicar o que é internet para vocês.”

“Acho que provavelmente devemos voltar ao trabalho.” Oliver gemeu. “Já que todos vão lembrar desse dia amanhã.”

“Não, o que você precisa fazer é chamar um encanador e um eletricista.” Ela pegou a bolsa.

“Para onde você vai?” Oliver perguntou, confuso.

“Ainda tenho trabalho a fazer.” Ela sorriu. “Tenho que impedir que Lois seja presa, tenho que arranjar uma cafeteira nova.” Ela olhou para AC.

“Desculpa.” Ele murmurou. Enquanto Chloe saiu para alimentar o registro da Júlia e segurar o ciclista, Oliver tinha falhado em impedir AC de ligar a cafeteira.

“Tem mais uma coisa.” Sam falou quando ela chegou à porta. “Lex.”

“Certo.” Chloe parou e se virou. “Quase esqueci.” Ela olhou para Claire e Sam. “Então o que tenho que fazer? Roubar a tampa do distribuidor, fazer uma ameaça falsa de bomba, realmente bombardear alguma coisa, isso não seria uma quebra que contrato, como vocês viram, eu estou ok em bombardear coisas.”

“Nada assim.” Claire disse timidamente. “Na verdade, tenho a sensação de que você não vai gostar disso.”

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3 comentários:

  1. Defintivamente eu AMO essa fic. As partes dramáticas, as cômicas, ver a Liga em ação (Bart, Victor e Ac estão ótimos). E Chlollie??? Sensacional com se desenvolveu. E a explicação para a repetição de dias???? Incrivel.

    Super hiper ansiosa para o último capítulo

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  2. No começo até tava me irritando essa repetição toda de dias, mas nesse capítulo ah que alegria, li a parte do Oliver vivo com um sorriso no rosto, e a Chloe viva e o Ollie se declarando com gestos PERFEITO!!
    Vilm@

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  3. um capítulo que mostra perfeitamente o porquê dessa fic ser a melhor multi-chapter e a melhor AU no Chlollie Awards. A Isabel criou uma fic simplesmente fantástica, sempre surpreendente, e com uma narrativa envolvente do início ao fim. E a tradução faz total justiça a fic :D

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