Drabble: Inside The Lines

Titulo: Inside The Lines

Autora: Roberta Clemente

Resumo: Como vamos nos encontrar, dentro destas linhas?

Ele olhou para o lado e foi como se a cena de um filme se criasse diante dos seus olhos. O relógio pareceu correr de um jeito diferente, as pessoas desacelerarem e sumirem aos poucos e só restar ela, o som da sua voz, sua risada, seu sorriso e sua deliciosa e reconfortante presença.

Oliver riu quando Chloe terminou uma frase e gargalhou. Ficava completamente fascinado e preso quando ela fazia isso, que era cada vez mais frequência, ele tinha notado. Chloe sorria, brincava e ria sem motivo e ele adorava todas as vezes.

Como os seus dentes perfeitamente alinhados ficavam a mostra, a maneira como seu nariz franzia e seu olhos verdes brilhavam. Tudo para terminar com uma pequena careta, um encolher de ombros inocente, doce e um olhar envergonhado ou uma mordida no lábio inferior, como ela estava fazendo agora, enquanto caminhava ao seu lado na calçada.

Oliver fez força para manter as mãos dentro dos bolsos. Tudo o que ele queria fazer naquele momento era parar e tocar seu cabelo, a franja que teimava em se separar de um cacho e deixar os fios macios correr por seus dedos. Percorrer o rosto dela, inalar seu perfume e cobrir os lábios dela com os seus.

Mas não fez, imaginou cada coisa em detalhes, mas não fez. Para o mundo a sua volta ele e Chloe eram amigos, apenas amigos e amigos não faziam em publico o que eles estavam fazendo dentro da sua cabeça, nos seus pensamentos mais intimos. Então se contentou em olhar para ela e admirar cada traço.

Se Chloe lhe fizesse uma pergunta estaria com problemas, mas não se importava. O modo como ela aquecia seu coração e preenchia sua vida que há muito estava vazia, o deixava tão feliz que valia qualquer bronca, puxão de orelha ou ponta pé.

Não podia negar, estava apaixonado por aquela incrivel mulher ao seu lado. E para sua total surpresa, nem um pouco assustado com isso. Pelo contrário. A ansiedade quando sabia que iria encontrá-la, a saudade inesperada e como seu coração parecia dobrar de tamanho quando olhava para ela. Se sentia fazendo sentido pela primeira vez na vida, com um propósito, um motivo para sair da cama todos os dias.

Só precisava convencer Chloe de que o que sentiam um pelo outro não era uma coisa ruim. Que não precisava temer, podiam viver aquilo sem medo, ele não iria a lugar algum. Não queria estar em qualquer outro lugar, tudo nele corria para ela, cada pensamento, ação ou plano. Preferia partir o próprio coração em mil pedaços a machucar o dela... Estava apaixonado, competamente apaixonado, tanto quanto ela.

Ele foi retirado de seus pensamentos quando Chloe simplesmente pulou na sua frente e o encarou, examinou com um olhar desconfiado. Ele encarou de volta, sorrindo para a curiosidade que viu em seus olhos.

“O que?” ele finalmente perguntou, depois de um minuto inteiro em silencio.

Chloe inclinou a cabeça. “Qual o seu problema?”, ela questionou, mudando a expressão. “Estou te entediando?” e perguntou se encolhendo. Ele esteve mudo o caminho todo.

Nunca, Oliver pensou. “Entediado, com você? Nem em um milhão de anos” ele respondeu com um sorriso brilhante.

A preocupação sumiu do rosto dela e Chloe assentiu, mordendo o sorriso. Oliver suspirou. Deus, como ele queria poder tocar aqueles lábios, chegava a doer.

“Ollie?” Chloe se aproximou, segurando a jaqueta dele. Ela viu a mudança em seu rosto, a ponta de sofrimento que cruzou o seu rosto e ela esticou a mão, tocando sua face em um reflexo para confortá-lo.

Oliver fechou os olhos. Apaixonado, definitavamente. Não se sentiria tão consertado ao sentir a pele dela se seu coração não fosse inteiramente dela. E ela não iria contra tudo o que exigiu, contra suas próprias regras se não sentisse o mesmo.

“O que foi?”, ela perguntou calmamente, não queria perturbá-lo, nunca, muito menos quando algo o incomodava. “Posso fazer alguma coisa?”

“Oh, Chloe”, Oliver sorriu, ainda sem abrir os olhos. “Você acabou de fazer” ele abriu os olhos e colocou um mão sobre a dela, não queria perder seu toque.

Chloe relaxou, por um momento ele pareceu melhor e se foi ela a causa ou não, não importava. “Não sei o que eu fiz, mas fico feliz em ajudar”, ela piscou para ele, tomando a sua mão, o puxando com ela. “Vem”

E aquela foi a primeira vez que Chloe o tocou em publico, que demonstrou afeto sem se importar com quem pudesse estar ao redor. Oliver nunca se esqueceria deste momento. Ele significou mais do que ela poderia imaginar, foi o que ele precisou para seguir em frente, lutar por ela, mesmo que ela não pudesse ver seus esforços. Valia a pena.

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