Close Calls

 

Original: Close Calls
Autora: Luminare91
Resumo:  Depois de uma missão não ter ido muito bem, os garotos da LJA estão meio pra baixo e cabe a Chloe os animar.
Classificação: T

1/1

A missão havia sido um sucesso. Mas também foi por um triz. A equipe teve sorte de escapar com ferimentos leves. Lex finalmente estava começando a elevar o nível do jogo quando se tratava de impedi-los. Havia um sistema de segurança secundário do que nenhum deles sabia ou sequer tinha antecipado até Bart acidentalmente cair nele. Os alarmes dispararam pelo prédio inteiro e de repente, seguranças que fariam a maioria das pessoas começarem a chamar por suas mães e correrem apareceram do nada. Portas de aço se fechavam nas saídas e a intervalos intermitentes pelos corredores, prendendo eficientemente a equipe. Foi necessária muita habilidade da parte de Chloe e Victor para desativar o sistema de segurança enquanto os outros faziam seu melhor pra não levarem um tiro. Eles até conseguiram acionar os sprinklers para que AC pudesse abrir manualmente a última porta, que se recusava a abrir não importando a mágica que Chloe e Victor tentavam nos computadores.

Bart, AC e Oliver tinham ido pra Watchtower uns trinta minutos depois, todos na pior. Os nós dos dedos de AC estavam esfolados da luta antes da água aparecer e ele estava mancando um pouco. Bart parecia sem fôlego, o que era muito, considerando que ele podia correr até a floresta tropical e voltar sem nem suar e havia buracos no tênis dele. Do grupo, Oliver definitivamente estava o pior de todos. Tinha um corte no braço, machucados espalhados pelo rosto e provavelmente em outros lugares, e ele mal podia ficar de pé direito por causa de uma pancada nas costelas.

Suspirando, Chloe tirou os olhos de seu computador. O silêncio estava a enlouquecendo. Estava acostumada com os garotos na Watchtower depois de uma missão. Eles cuidariam das feridas e brincariam, relaxando um pouco. Até que em algum momento o Xbox seria ligado e todos os quatro jogariam um contra o outro enquanto Chloe observava de seu computador. Isso inevitavelmente acabaria numa discussão, geralmente interrompida por Oliver ou Chloe. Alguém iria pedir pizza ou outra comida. Eles se reuniriam ao redor da mesa, se empanturrando de comida e trocando histórias sobre a missão ou sobre qualquer coisa que estivessem fazendo na época. Bart ia tentar roubar comida de AC ou Vic, que tentariam bater nele. Haveria gritos, discussões e risada.

Mas naquela noite, eles só ficavam sentados ali. Até mesmo Bart, que não conseguia ficar quieto mesmo se alguém colasse o traseiro dele na cadeira e depois os pés ao chão, estava absolutamente imóvel, olhando pro nada. AC estava de pé perto da janela, um copo de água em sua mão enquanto Vic estava trabalhando em seu computador. Oliver havia desaparecido completamente depois de Chloe ter feito um curativo em seu braço. Não tinha nem parado pra beijá-la, o que, desde que eles ficaram juntos, sempre era uma das primeiras coisas que ele fazia quando chegava de uma missão ou patrulha.

Era oficial. Eles estavam deprimidos.

Não era a primeira vez que passaram por problemas em uma missão, mas a primeira em que estavam completamente despreparados. Chloe sabia que era sorte terem saído inteiros e era óbvio que os garotos estavam remoendo isso.

Batendo na mesa com as mãos, assustando AC, que quase derrubou o copo e derrubou água em sua camiseta, ela se levantou e foi pro centro da sala.

“É isso,” ela explodiu. “Já chega. Todos vocês.”

Victor tirou os olhos de seu computador. “Chega de quê?” perguntou, ficando confuso.

“De ficarem deprimidos!”

“Não estamos deprimidos,” Bart protestou fracamente. Ele se encolheu sob o olhar cheio de ira de Chloe.

“Mesmo?” Ela exigiu saber, encarando-o. “Você não se mexe há uma hora. Da última vez que isso aconteceu, você estava inconsciente! Mesmo dormindo você se mexe constantemente.”

Bart sorriu. “Tem me observado dormir, ‘licious?”

O temperamento dela acalmou um pouco com o sorriso que ele lançava na direção dela, mas ela não deixou isso transparecer. “Você tem idéia de quantas vezes você dormiu no meu sofá? É claro que eu te vi dormir! Bart, você nem foi correndo pegar um burrito desde que chegou, o que quer dizer que você não come há quatro horas! Isso simplesmente não acontece!”

“E você!” ela estourou, virando pra Victor, que afundou na cadeira. “Quando foi a última vez que você não insistiu pra ver as informações que conseguimos por cima do meu ombro? Você sempre fica tão ansioso quanto eu pra começar! E se distrai antes de chegarmos na metade, mas esse não é o ponto. NEM PENSE NISSO!”

AC, que tentava escapar enquanto Chloe estava distraída com Victor e Bart, congelou. Ele parecia apavorado. Chloe nervosa era algo assustador.

“Não pense que vai escapar dessa!” ela sibilou. “Você volta de uma missão e começa a perturbar o Bart. Você não senta aí todo quieto e pensativo. Você joga vídeo game. Você faz alguma coisa. Da última vez que eu te vi deprimido assim, o golfinho Eugene tinha morrido!”

Chloe respirou fundo, forçando-se a ficar calma. “Eu sei que essa foi por um triz e que Lex ficou muito perto de nos superar. Fomos complacentes. Paramos de esperar que ele fizesse algo diferente, o que provavelmente era algo que ele esperava. Mas a questão é que nós saímos, destruímos a fábrica e aprendemos uma lição valiosa. Não há motivos pra agir como se tivéssemos perdido alguém, pra lamentarmos. Da próxima vez que formos, teremos mais cuidado. E pronto.”

Silêncio preencheu a Watchtower. Nenhum dos garotos olhavam pra ela. A respiração dela desacelerou e ela sentiu a raiva se esvair. Finalmente, Bart correu de sua cadeira e deu um beijo na bochecha de Chloe.

“Você é a melhor, ‘licious,” ele disse, sorrindo alegremente,

AC olhou pra TV especulativamente, “Quem quer jogar uma corrida?”

“Ah, tô nessa, isca de peixe,” Victor disse com um sorriso. Os dois rapidamente ligaram o console e logo os sons do jogo de corrida favorito deles ecoaram pela torre.

“Vou ser o vencedor,” Bart gritou. “Assim que eu voltar. Estou morrendo de fome. Mais alguém?”

Victor franziu o nariz. “Nada de comida mexicana. Nem todos nós sobrevivemos de tacos.”

“Você não sabe o que está perdendo, latinha,” Bart retorquiu. “E você, isca de peixe?”

AC olhou pra Bart rapidamente. “Não estou realmente com vontade de comida mexicana.”

Bart revirou os olhos dramaticamente. “Tudo bem. Vocês não sabem o que estão perdendo. E você, Chloelicious?”

Ela sacudiu a cabeça, a mente já em Oliver, que ainda não tinha aparecido. “Estou bem. Não tô com fome.”

Dando de ombros, Bart correu pra fora da torre.

Satisfeita com o fato de que a crise tinha sido evitada – e quem queria mesmo heróis reclamões por perto – Chloe virou e foi pelo corredor. A torre foi significativamente remodelada durante os anos desde que ela se mudou. Não era mais o abrigo de bombas que foi um dia. Cada um dos garotos tinha seu quarto pra quando estavam na cidade ou trabalhavam até tarde, assim como ela. Também havia um cômodo pra todos os equipamentos deles, e uma academia. Chloe imaginou que Oliver estaria em um desses últimos.

Confirmando sua certeza, ela o encontrou, ainda com a roupa de Arqueiro Verde, seu capuz tirado e os óculos no chão, na academia. Os alvos do outro lado do cômodo tinham ao menos uma dúzia de flechas. Ele nem a notou entrar.

Chloe observou silenciosamente enquanto Oliver pegava outra flecha, e a encaixava no arco, puxando num único movimento suave antes de soltar. A flecha voou pela academia, atingindo o centro do alvo.

“Tem alguma razão pra você estar tentando matar os alvos?” ela perguntou.

Oliver não olhou pra ela. “Lex quase levou a melhor,” disse com a voz forçada.

Chloe arqueou uma sobrancelha. “E essa é a razão pra você ficar disparando flechas até arrebentar seus dedos?”

Ele hesitou um pouco antes de erguer o arco e disparar novamente. “Não posso deixar isso acontecer de novo.”

“Você? Você acha que isso é sua culpa?”

“Eu devia ter previsto isso,” ele disse através dos dentes cerrados, segurando com força outra flecha em suas mãos.

“Da última vez que eu chequei,” Chloe disse lentamente, se certificando de que ele estava escutando, “eu era a Watchtower e era você que andava por aí usando uma roupa verde colada-”

“Não é colada,” ele corrigiu automaticamente.

Chloe o ignorou. “É meu trabalho pesquisar as instalações, descobrir como é a segurança e guiar vocês. Mas eu não previ nada disso. Se você quiser culpar alguém, coloque a culpa em mim.”

“Eu sou o líder,” Oliver estourou. “Eu vi que estávamos ficando relaxados e eu não liguei. Estávamos levando a melhor sobre Lex e isso era tudo que importava pra mim. A equipe foi colocada em perigo porque eu fui arrogante!”

“E isso é uma novidade?” Chloe provocou. “Você sempre foi arrogante. Eu já te disse que faz parte do seu charme.”

Oliver não riu. Ela suspirou. “Olha, Oliver. Deixamos nossa guarda baixar, não só você. Vic e eu devíamos saber que tudo estava fácil demais quando hackeamos. Mas simplesmente assumimos que Lex não tinha se incomodado em aumentar a segurança, porque ele nunca tinha feito isso antes. Bart devia ter notado alguma coisa quando quase não havia seguranças, mas ele não notou porque assumiu que o quer que havia naquela instalação ou não era de muito valor pra Lex ou ele achou que nunca a encontraríamos. Diabos, AC devia ter dito alguma coisa quando os históricos foram tão fáceis de encontrar. Não foi só você, fomos todos nós.”

“E se da próxima vez não tivermos tanta sorte?” ele sussurrou.

Então era isso que estava o incomodando. Ela deveria saber. Oliver sempre tinha se preocupado com sua equipe. Era simplesmente o tipo de cara que ele era.

Lentamente, Chloe se aproximou e colocou uma mão nas costas dele. Ele estava tenso, mas relaxou um pouco com o toque dela. “Esse é um risco que vocês correm toda vez que colocam os uniformes,” ela disse baixinho. “Esse trabalho está cheio de ‘e se’. Confie em mim. Eu conheço todos. Eu sento aqui me perguntando essas mesmas coisas toda vez que ajudo vocês numa missão, ou na patrulha. E se minha informação não estiver atualizada? E se tiver mais alguém num beco que não vimos? E se os timers falharem nos explosivos?”

Ela respirou fundo antes de continuar. “Esse que é o problema. Tem tantos ‘e se’ que não podemos ficar os remoendo ou eu por exemplo sentaria num canto murmurando comigo mesma, me preocupando até entrar num estado catatônico. Se você passar todo o seu tempo se preocupando com que pode ou o que poderia acontecer, então tudo que você vai fazer da sua vida é se preocupar.”

Por um longo momento, Oliver só ficou parado ali, não dando nenhum sinal de que tinha a ouvido. Quando vários minutos se passaram, Chloe tirou a mão das costas dele. Mas antes que pudesse virar pra sair, ele pegou seu braço, girando-a e a puxando pra ele. Chloe automaticamente colocou os braços ao redor dele, enterrando a cabeça em seu peito.

“O que faríamos sem você?” Oliver riu baixinho.

“Cairiam na desgraça e implodiriam?” Chloe sugeriu.

Ele riu e a beijou gentilmente. “Mais ou menos isso.”

“Isso,” Chloe franziu as sobrancelhas, “não é um beijo.”

Sorrindo, ele a puxou pra perto de novo, beijando-a até embaralhar os sentidos dela. “Eu não iria querer te desapontar,” murmurou contra os lábios dela antes de descer para o pescoço.

“Você não está desapontando,” ela o garantiu.

Oliver se afastou antes que as coisas esquentassem demais. Depois de Bart ter os pegado semi-nus, eles passaram a tomar cuidado pra não deixar as coisas irem longe demais. Bart tinha resmungado sobre ficar traumatizado pela vida toda e perder sua licious por semanas.

O som de uma pancada alta trouxe a atenção dos dois de volta pra realidade. Chloe suspirou. “Quer apostar que eles estão se matando por causa do Xbox?”

“Tenha dó,” Oliver zombou. “Essa é uma aposta ganha.”

Rindo, os dois correram pelo corredor até a sala principal onde AC e Bart rolavam no chão enquanto Victor os incitava. Ao ver Oliver e Chloe, ele parou abruptamente e correu pra estação Watchtower onde Chloe estava antes analisando as informações.

“Decisão esperta,” ela murmurou.

Oliver sorriu antes de ir até os super-heróis briguentos e tentar separá-los.