segunda-feira, 29 de março de 2010

Eyes Wide Open, tradução

E mais uma da Tarafina, que se passa seis anos depois dessa temporada. Sooo cute.

Esse era um daqueles momentos onde pela primeira vez na vida dela, não era ela que tinha que viver com o coração partido, mas ao invés disso ela era a causadora. Chloe Sullivan sempre vinha em segundo; ela era negligenciada, subestimada, e geralmente ela era a amiga ao invés da amada. Mas por um instante no tempo, ele fez ela se sentir diferente. Ele a levantara e a colocou no primeiro plano; não acostumada a isso, ela nem percebeu o que estava acontecendo. Chloe tinha amado, sido amada, mas aqueles instantes, aqueles fragmentos de lembranças pouco se comparavam ao que ele dava pra ela, ao que eles compartilhavam.

Num certo momento, ela aceitou a vida como era e parou de tentar ver mais do que as coisas aparentavam ser. Ela era responsável pela comunicação de um grupo de super-heróis que pra falar a verdade estavam apenas começando, ainda encontrando seus lugares num mundo que eles nunca imaginaram que pudesse existir até darem o primeiro passo para tal. Tendo sua parcela razoável de sonhos e expectativas pra sua vida e sem nunca saber o que ela estava destinada a ser até Oliver Queen lhe entregar um comunicador e a planta de um depósito do 33.1, Chloe não cresceu acreditando que ela seria a mágica por trás das cortinas até que um dia ela se tornou isso. E agora, se aproximando de seu trigésimo aniversário, ela entendeu que todos aqueles momentos estranhos em sua vida, os momentos que ninguém acreditaria que aconteciam ou podiam acontecer a não ser que vivessem a vida dela, tornaram-na cega para as coisas mais simples e normais.

Ela tinha 24 anos quando eles começaram o lance deles; naquela época chamavam de amigos-com-benefícios e com o passar do tempo eles nunca pararam pra mudar o título. Olhando pra trás agora ela sabia que a medíocre tentativa deles de ter algo sem emoção e mais físico provavelmente durou só umas semanas, no máximo. Ela não era o tipo de mulher que não se envolvia, que não perguntava e perguntava até que soubesse tudo da pessoa com a qual ela compartilhava a si mesma. E sinceramente, ele era do mesmo jeito. Talvez se ela fosse outra pessoa; uma estreante sem nome ou uma caça-celebridades, ele teria sido capaz de simplesmente aproveitar aquilo pelo que era. Mas sexo se tornou fazer amor e flerte se tornou conversas reais. Ele era aquele pra quem ela recorria, com quem ela compartilhava os segredos, dúvidas, e mesmo os medos que ela raramente admitia pra si.

Quase seis anos e ela não percebeu que o não-relacionamento deles era exatamente o contrário. Ela sempre afirmou que eles viviam separadamente, mas a verdade era que a Torre de Vigilância tinha uma cama que ela não usava há tempos, na verdade essa cama foi tirada de lá pra colocar outras pra quando os garotos estivessem cansados demais pra deixar a base. Ela vivia com ele, compartilhando a cama, o closet e a cômoda dele por pouco mais de cinco anos e ela mentiu pra si mesma o tempo todo. Quando ele a apresentou como sua namorada, ela não ligou; era menos complicado do que explicar que eram ‘apenas amantes.’ E não era como se fossem acreditar neles de qualquer forma; não depois de capas de tablóides, de acompanhá-lo em vários jantares e bailes, de ficar ao lado dele quase 24 horas por dia. Parceira, ela se assegurou; apenas fazia sentido que eles passassem tanto tempo juntos. Que importava se eles compartilhavam quarto de hotéis, todos os cafés da manhã, almoços e jantares, ou se a voz dela estava na mensagem da caixa postal dele? Eles trabalhavam e se divertiam juntos, dura e frequentemente, e talvez o coração dela tenha sido quebrado vezes demais e as defesas dela deixaram-na completa e totalmente cega!

Era primavera, 2016, e ontem Oliver Queen perguntou pra ela de forma bem simples, “Se eu te pedir em casamento você vai admitir que você foi minha esse tempo todo?”

E ela gaguejou, todo o ar deixando-a num grande ímpeto que a fez engasgar. “Q-Que?”

Ele deu um meio-sorriso, mas tinha algo de triste no rosto dele, algo que fez o peito dela doer. Estendendo a mão, ele colocou o longo cabelo loiro dela atrás da orelha. “Eu aceitei que ia levar algum tempo pra você mudar de idéia, mas acho que depois de seis anos ou estamos na mesma página ou você está lendo um livro diferente...” Com os lábios se firmando, ele balançou a cabeça. “Eu amo você... Você sabe disso, você sabia disso esse tempo todo...” Ele olhou pra ela com os olhos penetrantes e então engoliu seco. “Eu escolhi seu anel três anos atrás, mas eu sabia que você não estava pronta... Eu sou paciente, mas não sou idiota.”

Sobrancelhas se franzindo, ela balançou a cabeça negativamente. “Oliver...”

Ele suspirou estremecido. “Eu... Eu pretendo passar o resto de nossas vidas juntos. Eu só gostaria que você percebesse que isso já começou.”

Com isso, ele deixou que ela pensasse. Ele saiu da casa deles, do lar deles, e ele não voltou mesmo horas depois, quando a noite caiu.

Ela sentou no sofá, o laptop deixado de lado, abraçando os joelhos, as sobrancelhas franzidas em concentração. Quando que a pessoa mais atenta do mundo parou de ver o que estava na frente dela? Levou tempo, lágrimas e uma passagem por cada emoção em seu livro pra ela perceber o que aconteceu, o que ela perdeu. As lembranças a atingiram como ondas; manhãs em que ela acordava e o encontrava sorrindo pra ela, o cabelo bagunçado de dormir e uma caneca do café favorito dela em suas mãos, esperando por ela. Noites em que sexo era a última coisa na cabeça dela; em que ela estava cansada ou mentalmente exausta e ele a animaria, fazendo tudo que podia só pra que ela se sentisse melhor. Jantares que ele fazia pra eles, fazendo ela testar sua última mistura enquanto ela se sentava no balcão, os pés balançando pra frente e pra trás. E ela ria quando estava horrivelmente ruim, mas comia por ele ou então pegava os menus de tele-entrega quando simplesmente não dava pra salvar nada. Finais de semana passados a toa no sofá dele de pijamas ou longos passeios pela cidade, de mãos dadas enquanto eles falavam sobre tudo, de manchetes no jornal da manhã até o mais recente inimigo que queria destruir o mundo. Férias, aniversários, feriados; eles passavam tudo isso juntos, sempre tão envolvidos um na vida do outro que nem passou pela cabeça dela que amigos-com-benefícios não faziam isso, não compartilhavam esse tanto.

Era manhã, a chuva caia num temporal, e ela podia vê-lo lá embaixo na rua, mãos enfiadas na jaqueta preta enquanto ele caminhava com a cabeça abaixada. Ele estava tão certo que ela ia dizer não? Ela tinha o magoado tanto assim? Em seis anos, ela sabendo disso ou não, nunca houve outra pessoa pra ela senão ele. Era com ele que ela dançava nos bailes beneficentes que ela ia apenas pra apoiá-lo. Era com ele que ela ria, era ele que ela abraçava enquanto dormia, quem ela ansiava ver antes de dormir e todas as manhãs ao acordar. Seis anos do relacionamento mais forte que ela já teve e mesmo quando ela achava que eles eram apenas amantes, não havia ninguém em quem ela confiasse mais.

Não havia ninguém mais.

Não pra ela.

Levantando do sofá, as lágrimas secando em suas bochechas, ela correu pra porta da frente, escancarando-a e se apressando em descer as escadas. Ele estava no meio delas, os olhos se erguendo pra encontrar os delas, confusos, incertos, e até com medo. Ela se atirou nele, sentiu quando seus braços a envolveram, segurando-a facilmente e eles trocaram de lugar, ela no degrau debaixo, olhando pro rosto que ela conhecia tão bem; cada traço, cada cicatriz, cada centímetro de perfeição masculina. Os braços ao redor dos ombros dele, as mãos na lateral do pescoço e no rosto dele, o polegar acariciando o cabelo dele atrás da orelha. Narizes se roçando, ela olhou pra ele, já que os olhos dele não olhavam pros dela agora.

“Me desculpa,” ela sussurrou, olhos queimando com um jorro de novas lágrimas. “Eu fui idiota e cega e você estava certo... Você estava tão certo...” Ela engoliu seco, forçou a emoção pra dentro para que ela pudesse dizer o que estava entalando a garganta. “Isso começou há tanto tempo atrás; nós começamos antes mesmo de ficarmos juntos...” As sobrancelhas dela franziram em dolorosa sinceridade. “E eu estava com medo; estava com tanto medo de ter amar. Mas eu amava, eu amo, eu só não queria admitir, eu não queria perceber que você podia não sentir o mesmo.”

Ele fez uma careta, franzindo as sobrancelhas. “Como você pode sequer pensar que eu-”

Ela revirou os olhos. “Achei que já tivéssemos estabelecido que eu estava pensando bem pouco,” ela interrompeu com um traço de alegria. “A questão é que eu sei agora. Eu não estou escondendo e eu não estou fingindo. Olhos bem abertos, Ollie...”

Os lábios dele suavizaram-se lentamente, curvando-se nos cantos. “Você sabe que isso quer dizer que eu vou me casar com você, certo?”

Com uma risada, ela sorriu em alívio. “Depois de seis anos, é bom mesmo!”

Rindo, ele a abraçou apertado, enterrando o rosto no cabelo dela. “A idiota mais esperta que eu já conheci, professora.”

Suspirando, ela sorriu. “Cuidado, Queen… A última coisa que você quer é uma esposa amarga e irritante em suas mãos.”

Levantando-a até que as pernas dela envolvessem sua cintura, ele a segurou de modo que seus rostos estivessem colados, a tristeza agora substituída pelo entusiasmo e amor que ela estava acostumada a ver. “Esposa... Gosto de como isso soa.”

“Isso já era bem esperado,” ela sussurrou, se inclinando até que os lábios dele estivessem separados por uma respiração.

Gotas de chuva escorrendo pelo rosto dele, ele sorriu. “E agora você viu a luz.”

“Mm...” ela concordou. “Agora beije sua noiva, Oliver. Ela sentiu sua falta muito mais do que até ela sabia...”

Com uma risada, ele fez isso, e Chloe Sullivan nunca fechou seus olhos pra ele, pra eles, novamente.

5 comentários:

  1. Ai, que delicia.
    Eu li essa fic semana passada, mas meu inglês é péssimo.
    Adorei. Chlollie juntos por 6 anos. Perfeito.
    A descrição da relação deles. Imaginei tudinho.
    Chloe e Oliver no sofá...ah, que cute.

    Eu tb escrevo fics Chlollie, ainda não fiz nenhum assim com tempos de relação.
    Acho que depois que ver mais cenas deles crio coragem.

    ResponderExcluir
  2. bommmmmmm demais, ei roberta tb quero ler suas fics, gente adoro descobri que só viciada em ler essas 'besteiras' ahauahuahau

    muiiito bom

    letícia

    ResponderExcluir
  3. O que seria de mim sem você, hein? AMO suas iniciativa de traduzir fics Chlollie =)
    E essa, pra variar, também ficou linda...parabéns =]

    Mônica

    ResponderExcluir
  4. Roberta, a parte que eu mais gosto da fic é justamente essa: eu imagino perfeita as coisas como ela descreve, é perfeito! Você escreve fics? Que ótimo, um dia eu quero ler uma. Eu escrevo também, só que nunca escrevi sobre Chlollie. Talvez eu faça uma depois ;D Acabei de traduzir uma, mas a fic seguinte, que é da BlueSuedeShoes também se passa no futuro. Talvez inspire a sua ;D

    Letícia, obrigada! Só uma pergunta, você é a Letícia lá da SV Brasil? ^^

    Mônica, mais uma vez obrigada. Comentários como o de vocês só me inspiram a traduzir mais e mais ;D

    ResponderExcluir
  5. Minha também. Eles tão "solitários" juntos.
    Vivendo coisas normais, como qualquer casal, mesmo sem perceber.
    Perfeito.

    Ah,sim. Eu posto em um fórum de fics, mas eu mando uma pra vc. Na verdade faz pouco tempo que comecei a escrever fics Chlollie,estou na quarta. Minha especialidade eram as fics Leyton. Mas me arrisquei.
    E quero ler uma sua tb.

    Que legal, já estou ansiosa para ler.
    E que bom que ajudamos, somos poucas, mas nos encontramos...hehehe

    ResponderExcluir