Drabble: Snow White

Titulo: Snow White

Autora: Roberta Clemente

Um estalo no pescoço e Oliver se sentiu ligeiramente melhor enquanto o elevador subia em direção a cobertura. O dia tinha sido cheio. Cheio de reuniões, problemas para resolver e chatos para responder.

Quando as portas abriram soltou um suspiro de alivio. Tudo o que queria era uma cerveja gelada e sua doce e sexy esposa. Algumas horas com ela e estaria pronto para começar tudo de novo no dia seguinte.

Só que assim que colocou os pés para fora do elevador um grito o fez pular e uma capa de DVD foi arremessado em sua direção, parando entre seus pés. Oliver olhou para o objeto com as sobrancelhas quase juntas.

-Bambi? - ele pergunta inclinando a cabeça.

-EU ODEIO BAMBI – Chloe entra gritando, furiosa enquanto lagrimas desciam sem controle por seu rosto.

-Você odeia Bambi? - Oliver pergunta a ela tentando não fazer parecer que aquilo era uma acusação. - Por que? E por que você estava assistindo?

-Por que? Como assim por que? Nós vamos ter um filho Oliver – ela aponta para a barriga redonda de oito meses enquanto começa a chorar de novo.

-Sim, nós vamos – Oliver se aproxima, arriscando um sorriso.

Aquele mês estava sendo o mais difícil em se tratando de crises hormonais. Chloe, a mulher mais forte que conhecia agora chorava em comerciais de sabão em pó.

-Eu preciso saber antes o que ele vai assistir, pra ter certeza de que é seguro. Então eu achei que podia dar um tempo dessa minha horrível rotina de rolar de um lado para o outro e peguei este filme que Lois deu para o bebê...

Chloe volta a chorar cobrindo a boca e Oliver toca os braços dela, massageando e esperando ela continuar.

-E? - ele incita quando ela começa a soluçar.

-E ELA MORRE! A MÃE DO BAMBI MORRE – Chloe explode com a voz afetada pelo choro.

O rosto de Oliver suaviza e ele envolve Chloe em seus braços. Ele a conforta enquanto a leva para o sofá. As emoções dela estavam descontroladas e odiava quando vê-la sofrer mesmo que por coisas bobas, como um filme infantil.

Eles se sentam juntos. Chloe chora agarrada a camisa dele enquanto Oliver a acalma fazendo círculos com a mão em suas costas.

-Sabe. A menos que nosso filho prefira programas de esporte, você vai ter que deixá-lo ver filmes – Oliver diz baixinho.

-Não. Não tenho – Chloe se nega afundando o rosto no pescoço dele.

Oliver ri com a teimosia dela.

-Tudo bem, mas saiba que quando ele ou ela sofrer bullying na escolinha por não saber quem é Mogli, vai precisar de alguém pra culpar na terapia.

Chloe geme puxando a gravata do marido. Ela sabia o que ele estava fazendo.

-OK. Mas Mogli, o garoto criado por macacos, sem pais? - ela choraminga

-Lobos. Mas você está certa. Com a minha história ele vai achar que é algum rito de passagem viver na floresta – Oliver concorda. - Mas se for uma menina, você não vai querer que ela veja os clássicos, como Branca de Neve?

-A garota sem mãe, criada por uma madrasta má que sofre sucessivas tentativas de assassinato? - Chloe levanta a cabeça para olhar para ele, novamente irritada. - Por que Oliver? Por que você está fazendo isso comigo?

Oliver primeiramente fez força para não rir, mas o olhar ferido dela, as lagrimas presas entre os cílios fez seu peito apertar e logo seu instinto o mandou abraçá-la forte e dizer que nada daquilo aconteceria com seu filho, que ele não teria que crescer sem ela, sem nenhum deles.

-Hei, professora. Deixa eu te dizer uma coisa. Essas histórias podem parecer com a de muita gente – ele coloca o cabelo dela gentilmente atrás da orelha. - Com a minha e com a sua principalmente. Então relaxa, por que se aprendi uma coisa com os filmes infantis e contos de fadas é de que as histórias tristes não se repetem.

Oliver ergue o queixo dela, pra que ela olhasse para ele.

-E sempre vem um final feliz em seguida – ele sorri tocando a barriga de sua doce esposa.

Chloe baixa os olhos, assentindo e sorrindo. Convencida ela não responde, em vez disso deita de novo a cabeça do peito seguro dele.

-Por que Lois me odeia Ollie? – ela pergunta depois de alguns minutos, com a voz mais calma e suave.

-Lois não te odeia. Ela só sofre de um caso cronico de falta de noção – ele responde facilmente e Chloe gargalha. Musica para seus ouvidos. - Sério, ela nasceu assim, não podemos culpá-la, mas podemos apoiá-la.

-E supervisionar e monitorar seus presentes – Chloe acrescenta.

-Assim que se fala esposa – ele diz orgulhoso.

FIM