Drabble: As Much As You Lead

Titulo: As Much As You Lead
Autora: Roberta Clemente

Nota: Ela vai fazer parte da serie de drabbles ainda sem nome, com  You And Me e Snow White, que

você não precisa ler, mas está convidado a fazer.

Chloe tinha deixado de ser a garota insegura há muito tempo, mas desde que se descobriu grávida foi como acordar em uma montanha russa. Na maior parte do tempo se sentia linda e radiante, mas em alguns dias era como se perdesse completamente o controle sobre o próprio corpo e temperamento.

E aquele estava sendo um desses dias. Ela acordou mais sensível que o normal. E em alguns momentos podia jurar ser possível ver a própria pele esticar e inchar se olhasse tempo suficiente.

Até mesmo ficar parada incomodava, estava começando a ficar sem posição e o fato de ser obrigada há passar o dia inteiro sozinha com esses pensamentos e limitações não ajudava muito. De noite tudo que mais queria era que Oliver chegasse logo e consertasse as coisas como sempre fazia.

Depois de um longo banho fez tudo o que pensou que fosse possível para se sentir melhor por fora. Perdeu alguns minutos massageando a pele com um hidratante, secou os cabelos, fez uma maquiagem com mais cuidado e escolheu a lingerie mais bonita, o que significava a mais sexy e provocante que tinha.

Chloe queria se sentir bonita, mas mais que isso, queria que Oliver a achasse bonita. Talvez isso salvasse o fim do dia ridículo que estava tendo. Estava cansada de ser massacrada pelos próprios pensamentos, que diziam descaradamente o quanto ela estava feia e desproporcional.

Oliver chegaria a qualquer momento agora, então Chloe parou na frente do espelho e se examinou mais uma vez. Suas bochechas mais redondas brilhavam como o rosto de uma grávida deveria brilhar e Chloe chegou à conclusão de que deveria ser um reflexo do dia anterior, quando estava inchada, mas feliz e não carente e desesperada por amor como agora.

Seus seios agora fartos eram o que ela definitivamente gostava em si no momento. Sua tábua de salvação. Eles não estavam a ponto de explodir, mas estavam firmes e redondos. Pelo menos dentro do sutiã de renda ela pensou fazendo uma careta para si mesma.

A barriga era o ponto critico. A barriga e tudo a baixo dela. Chloe mal podia ver a própria calcinha, a menos que olhasse pelas laterais que ela queria evitar a todo custo. Não naquele dia. Não precisava da lembrança de que não era uma grávida de revista.  Precisava só que seu marido chegasse e de alguns momentos com ele.

Mas se sentindo momentaneamente culpada Chloe passou as mãos sobre o ventre. Ela estava feliz, era uma mulher feliz. Em um mês estaria segurando seu bebê e nada no mundo a deixava mais feliz. Era só que aquele dia não estava sendo o mais divertido de sua vida. Depois que ele acabasse tudo voltaria ao normal.

O som da porta do elevador correndo tirou Chloe dos seus pensamentos e ela olhou para os lados surpresa. Oliver estava em casa. Ela procurou o robe de seda preto e vestiu antes que ele chegasse perto.

Oliver jogou uma pasta com alguns documentos no sofá e bufou. “Querida, estou em casa” ele anuncia dramaticamente esperando uma resposta igualmente exagerada de sua esposa enquanto se joga contra as almofadas.

“Oh, querido. Você quer seus chinelos. Uma cerveja. Ou talvez... Euzinha?” Chloe entrou na sala com um sorriso, segurando o cinto do robe com as pontas dos dedos.

Oliver levantou a cabeça e engoliu seco quando colocou os olhos nela. Ele se mexeu no lugar enquanto corria os olhos por ela. “A terceira opção, definitivamente a terceira opção” ele respondeu olhando em seus olhos. Ela estava linda e com aquele olhar predatório que fazia todo o sangue dele correr de maneira descontrolada.

“Ótima escolha” ela diz caminhando lentamente até ele. “Por que eu odeio seus chinelos, não tem cerveja em casa e...”, ela deixou a voz sumir na sugestão, desamarrando o robe. “Eu acho que sou muito mais interessante” ela abre e deixa a seda escorregar por seus ombros até o chão. Tudo sem tirar os olhos dos dele. Queria ver cada reação que provocasse.

Oliver puxou uma respiração tensa. Ele mordeu o lábio inferior, correndo os olhos sobre aquele corpo cremoso, não entendendo por que ainda não tinha esticado a mão para tocá-lo quando o seu cérebro lhe mandava desesperadamente fazer aquilo.  Ele continuou a se mexer no lugar. Completamente excitado só com a visão, com o som da voz dela e principalmente com aquele olhar.

Chloe sorriu. Até sem perceber ele melhorava as coisas. Seus olhos grudados em suas pernas, os dentes afundados no lábio e a perda da capacidade de falar. “Oliver?” ela chamou inocentemente o nome dele.

“Sim, sim” ele olhou de novo nos olhos dela. Meio perdido.

“Ainda aqui?” ela perguntou com diversão na voz. Parando entre as pernas dele.

“Definitivamente aqui... Eu não vou a qualquer lugar” ele finalmente conseguiu esticar os braços e puxar Chloe para o seu colo. Ela colocou uma perna de cada lado seu e ele afundou os dedos em suas coxas. A pele dela estava macia, como se fosse sumir entre seus dedos. “Você é mais que interessante Chloe.” Ele sugou o lábio dela antes de Chloe beijá-lo com fome.

Era tudo o que Chloe queria escutar e ver. Ela segurou o rosto dele entre as mãos e o beijou como seu nunca mais fosse ter outra chance. Ela sentiu as mãos dele deixar suas pernas e subir por suas costas e um calor cresceu dentro dela. Precisava de mais contato. Queria tocá-lo mais que tudo.

Ela deixou Oliver abrir seus sutiã e descartá-lo e se mexeu, tentando se pressionar contra ele. A barriga atrapalhou um pouco então ela se inclinou segurando a nuca dele com força, seus seios estavam esmagados contra o peito dele. Ela beijou o pescoço dele e escutou Oliver rir. Ela ignorou e continuou sua tentativa de chegar mais perto. Oliver agarrou seu quadril para ajudar, mas o ventre pontudo de oito meses só tornou o contato mais difícil. Ele dá outro risinho e Chloe para.

“O que?” ela se endireitou para olhar para ele.

“Nada é só que você está...” Ele poderia ter dito qualquer coisa, inventado qualquer desculpa. Escolhido qualquer palavra, mas ele escolheu a mais errada. “... engraçada”

Chloe se afastou e olhou para ele em silêncio. Esperando que ele dissesse mais alguma coisa, qualquer coisa, que completasse e desse outro sentido a aquela afirmação. Mas Oliver não disse nada e o rosto dela se transformou.

“Engraçada? Eu estou nua no seu colo, com tesão, me oferecendo a você. E você me acha engraçada?” Chloe olhou para ele furiosa, mas com os olhos enchendo de lágrimas ao mesmo tempo.

“O que?”, Oliver ficou confuso. Até que ele viu um flash de dor nos olhos dela. ”Não foi isso...” ele parou quando Chloe se empurrou do colo dele e cobriu os seios com as mãos. Ele tinha acabado de estragar a noite.

Chloe procurou em volta por seu robe.  Quando ela o viu no chão e percebeu que seria difícil e ainda mais humilhante tentar pegá-lo ela quase gritou, mas não querendo chorar na frente dele ela virou e correu.

Oliver tentou impedi-la de ir, mas entre reagir e ficar de pé Chloe já tinha conseguido uma vantagem sobre ele. Ele correu atrás dela, mas Chloe chegou primeiro ao quarto e bateu a porta na cara dele.  Ele inutilmente tentou a maçaneta e escutou a porta do banheiro ser batida com a mesma força e raiva.

“Chloe. Por favor, abre a porta” ele pediu primeiro. “Não foi minha intenção te magoar. Me desculpa.” Então ele se desculpou percebendo que ela não o deixaria entrar. “Chloe” ele encostou a testa na porta a espera de uma resposta e escutou seu choro sentido.

Oliver com certeza se chutaria se fosse possível. Por que no mundo ele tinha dito aquilo? Odiava mais que tudo vê-la chorar e ser a causa de seu choro era insuportável. Ele bateu na porta e chamou mais algumas vezes e a cada vez o choro dela parecia aumentar. Então ele desistiu e se afastou.

Sua intenção era sair para patrulhar naquela noite. A semana não tinha sido fácil em Star City, mas de jeito nenhum sairia deixando Chloe daquele jeito e mais. Se aprendeu a não ir para cama bravo um com o outro não sairia para se arriscar como sempre deixando a mulher que amava magoada com ele.

Ele ficou na sala por algumas horas, trabalhando para se distrair, enquanto mantinha um olho na direção do quarto. Quando ficou bem claro que ela não queria falar com ele, nem mesmo estar no mesmo cômodo se deu por vencido e foi para o quarto de hospede.

Só que não conseguiu fechar os olhos por mais de cinco minutos. A preocupação com ela não deixava. Então de meia em meia hora ele caminhava silenciosamente até a porta do quarto e encostava a orelha na porta. Só para ter a certeza de que estava tudo bem, de que ela estava bem.

De manhã ele preparou o café como fazia todos os dias e levou para ela. Chloe podia não querer sair para olhar para ele, mas ela precisava se alimentar. Ele deixou a bandeja na mesa que ficava ao lado da porta.

“Chloe. Você precisa se alimentar” ele encostou a orelha pela décima vez na porta. “Se não quer falar comigo, OK. Eu vou deixar a bandeja com seu café aqui. Por favor, Chloe”  ele se afastou frustrado com o silencio e voltou ao outro quarto.

Quase uma hora depois ele escutou a outra portar ser destrancada. Ele olhou para a sua que estava aberta a espera de qualquer sinal dela. Ele sorriu um pouco mais tranquilo e resolveu levantar mais uma vez.

Para sua surpresa a porta continuava aberta, então ele se aproximou meio hesitante. Ele olhou para dentro e viu Chloe deitada na cama, de costas, encolhida. Seu peito se apertou quando entendeu que ela não queria olhar para ele.

Chloe não se mexeu quando o escutou caminhar dentro do quarto. Estava se sentindo envergonhada. Só queria que ele se vestisse e fosse trabalhar. Não conseguia encará-lo.

“Chloe?” Oliver chamou sem saber por que, era óbvio que ela estava acordada. Ele só não sabia o que fazer. Era totalmente novo para ele Chloe magoada e o evitando. Eles nunca deixavam para depois, se resolviam e seguiam em frente.

Quando ela se encolheu ao som da sua voz Oliver achou que era suficiente. Sem pensar ele subiu na cama e entrou de baixo das cobertas com ela. Ele abraçou Chloe apertado e beijou seus cabelos. Ela estava de costas, mas ele podia ver seus olhos apertados, como se mesmo em seus braços ela quisesse criar uma distancia entre eles. Oliver odiou isso. Odiou ter feito algo que a fizesse achar que era melhor ficar longe dele.

“Fala comigo” ele sussurrou contra a orelha dela. Com toda a paciência que ela precisava.

“Eu não sei se consigo” ela sussurrou de volta uma resposta.

“Então eu falo por nós... Me desculpa, Chloe. Eu não quis te magoar” ele se desculpou mais uma vez. Faria quantas vezes fosse preciso.

“Eu sei que não. Eu só...” ela apertou os olhos, tentando impedir as lágrimas de começarem a cair de novo.

“O que eu disse. Era uma situação... engraçada” ele diz a palavra mais uma vez. “Pensei que nós pudéssemos rir de nós mesmo”

“E podemos. Nós podemos rir de nós, mas quando você riu de mim e não comigo, foi como se eu tivesse quinze anos de novo, me envergonhando diante do garoto que eu gosto” ela cobriu o rosto, podia sentir a pele quente. Aquele dia não estava prometendo ser diferente do anterior. Mas ela não podia se permitir passar horas trancada no quarto, chorando.  

“Eu não ri de você” Oliver se defendeu, mas não sem manter o tom suave e calmo na voz.

Chloe respirou fundo e com alguns esforço girou nos braços dele. Ela parou e olhou nos olhos dele.

“Eu sei que não. Mas Ollie... esta sou eu em alguns dias. Ridícula, hormonal, cheia de dores, inchada, completamente sem sentido e complexada” ela deu de ombros se sentindo vulnerável.

“Oh, Chloe” Oliver olhou o rosto marcado pelo choro e secou suas lagrimas. “Eu não consigo imaginar o que deve ser viver essa experiência que você está vivendo. E se precisar de qualquer coisa. Mesmo que seja surtar ou simplesmente chorar, sem motivo algum. Eu não quero estar em outro lugar que não seja do seu lado” ele roçou o nariz no dela. Afundando os dedos nos cachos dela, trazendo Chloe para o mais perto que conseguisse.

Chloe assentiu emocionada, fechando os dedos na camiseta dele. Relaxando um pouco e pela primeira vez desde que acordou no dia anterior. “Obrigada”

“Não me tranque para fora. Nada me assusta mais do que ver você se afastar de mim.” ele diz o que o atormentou durante toda a noite em claro.

“Eu não vou. Me desculpe.” ela respondeu imediatamente. Se sentindo culpada por seu comportamento, por fazê-lo se sentir excluído.

“Não precisa se desculpar. Só me deixe saber quando estiver tendo um desses momentos e só de olhar para você vou saber se devo te deixar sozinha ou te abraçar.”

“OK” Chloe concordou com um sorriso tímido. Oliver era muito mais do que ela merecia. “Obrigada por consertar as coisas”

“Eu te amo. Mais que tudo, mais que qualquer coisa... Você é a mulher mais linda desse mundo e de qualquer outro” ele disse deixando um beijo gentil nos lábios dela. “Nunca pense que eu te desejo menos só por que seu corpo está mudando. Chloe, eu te quero todos os dias da minha vida.”

Chloe mordeu o sorriso que apareceu de repente em seu rosto. A promessa para o dia tinha acabado de mudar. “Eu também te amo” e o beijou.

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