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Já se passavam quatro semanas, três dias, sete horas e vinte e um segundos desde que Chloe Sullivan saira da vida dele, Oliver pensou, olhando pro relógio e calculando.
Claro, a sentença não estava totalmente correta. Ela ainda estava na vida dele... de uma forma estranha. Ela ainda era a Torre de Vigilância e ele ainda era o Arqueiro Verde, e portanto, por necessidade, eles tinham que se ver e se falar.
Ele ficava agradecido por ela não estar tornando isso estranho. Ela só falava de negócios, como o usual. Mas ainda doia olhar pra ela, vê-la dia após dia: a mulher que não o queria. As coisas se tornaram estranhamente formais entre eles, e isso o incomodava demais. Ele tinha ido de poder tocar cada centímetro do corpo dela pra praticamente ter que não fazer nada quando estava no mesmo cômodo que ela. Ele estava constantemente lutando contra vontades simples como brincar com os dedos dela, acariciar seus ombros, tirar o cabelo do rosto dela.
Ele era um homem doentio e patético, ele pensou exausto, observando-a no computador do outro lado do cômodo. Como ele deveria seguir assim pelo resto da vida, ele não sabia, mas pelo menos ele podia vê-la, ouvi-la falar e até ocasionalmente rir. Ao menos ele podia saber que ela estava bem, com ou sem ele.
Ele não trouxe o assunto à tona de novo nenhuma vez, e nem ela. Agora, até mesmo Lois tinha desistido de forçar os dois a se ‘reconciliar.’
Era mais fácil quando os outros estavam ali. A LJ proporcionava a distração e fazia a atmosfera mais leve e fácil de lidar. Todo mundo cuidadosamente evitou qualquer conversa que envolvia a súbita mudança no comportamento de Oliver e Chloe um com o outro, e por isso ele também era grato. A dor aguda que parecia de uma facada no começo tinha diminuido pra uma dor maçante, e Oliver assumiu que eventualmente ela iria embora. Ele só podia rezar para que fosse.
No entanto ele se encontrou a observando. Imaginando o que tinha nele que ela não queria. Ele nunca tinha lidado com o tipo de rejeição dela antes e era difícil pra ele. Porque ele não tinha sido bom o bastante pra ela?
Ele sacudiu a cabeça, olhando pra longe pela milionésima vez naquele dia, grato por não ter que conversar muito já que Bart, Victor, AC e Dinah estavam todos lá. Eles estavam se preparando para várias missões ao longo da próxima semana que mais uma vez faria com que todos eles se espalhassem pelo globo. Ele vagamente tinha esperanças que Chloe o mandasse pra Antartida. Frio seria bom.
Ela não fez isso. Ela o manteve em Metropolis. Havia rumores de um traficante de armas na cidade que ela queria que ele resolvesse.
Chloe se acomodou, preparando-se pra uma noite longa. Ela usava a calça do pijama e uma blusa de alça, um cobertor por cima dos ombros pra se aquecer e uma caneca de café quente nas mãos. O laptop estava na frente dela, e ela escutava as vozes do outro lado da linha do comuniador, reportando os vários progressos e empecilhos. AC estava lidando com um furacão na costa da Peninsula Yucatan.Victor estava investigando uma série de falhas de segurança inexplicáveis na rede de bancos sueca, Bart estava checando os reparos de uns trilhos na Russia que estavam destruídos e não deviam estar operando de forma alguma (sabendo que Clark poderia arrancar os trilhos se necessário), e Oliver estava lidando com os vendedores ilegais de armas ali mesmo em Metropolis.
As coisas começaram suficientemente bem, com poucas complicações. Victor foi o primeiro a completar a missão, mandando um e-mail pra Chloe com todas as informações que ela precisava pra denunciar os hackers. AC estaria preso nas próximas semanas com os reparos, naturalmente, mas pelas próximas horas ele estaria ajudando a evacuar as cidades da costa. Bart não tinha muito trabalho com que se preocupar a não ser que um trem aparecesse, mas ele provavelmente ficaria nessa a noite toda. Entretando, Oliver era aquele com quem ela estava no comunicador. Ele seria o que mais provavelmente precisaria da ajuda dela.
E, de fato, muito depois de todos os outros terem encerrado a noite, ela ainda estava recebendo atualizações de Oliver. Tinha levado um tempo pra que eles localizassem o alvo necessário, e então Oliver tinha que perseguir o idiota, que demorou muito mais do que os dois esperavam pra chegar ao local designado do encontro. Depois disso Oliver ficou quieto enquanto ele e Chloe escutavam a conversa, tentando determinar quão grande era a operação e quão profissionais esses caras eram.
Chloe não podia não suspirar, tomando um gole do café em busca de conforto. Ela odiava o jeito que as coisas estavam com Oliver. Antigamente haveria brincadeiras espontâneas pelos comunicadores. Oliver faria uma piada inapropriada e ela tentaria e falharia em não rir. Ou então eles tirariam sarro um do outro até que a situação exigisse seriedade. Tudo com ele tinha se tornado tão formal e artificial, como se eles fossem meros conhecidos.
Ela desejava voltar no tempo e voltar atrás na decisão de começar alguma coisa com Ollie. Ela sentia falta da amizade confortável deles. Ela sentia falta dele, por mais que odiasse admitir. As coisas entre eles sempre aconteciam tão naturalmente, e agora... nada era mais o mesmo. Ela suspirou, sacudindo a cabeça e olhando pro relógio. Uma da manhã.
Ela tinha começado a dormir melhor desde o dia que conversara com Clark, mas ainda não se sentia bem. Ela era incomodada com sonhos estranhos e inquietos que a acordavam no meio da noite só pra ela não se lembrar sobre o que eles eram em primeiro lugar.
Foi enquanto ela estava pensando nisso que aconteceu.
“Problema.”
“O que?”
“Eu fui–” a voz do Arqueiro Verde sumiu e ela ouviu o som de uma luta.
Chloe se levantou num pulo, quase derramando o café.
“Arqueiro? O que está acontecendo aí?”
Nenhuma resposta. Chloe escutava desesperadamente, tentando ouvir o que estava acontecendo lá. Ela estava pronta pra ligar pro Clark a qualquer instante, mas havia a possibilidade de que Oliver só não estava respondendo porque não queria que o ouvissem.
“Arqueiro? Você está aí?”
Nada, e de repente: tiros. Chloe levou as mãos ao coração em pavor gélido. Então a sensação de alívio a inundou, mesmo que só por um momento, quando ela ouviu a voz dele de novo.”
“Torre de Vigilância, fui comprometido. Estou caindo fora.”
“Sem problema, Arqueiro,” ela disse instantaneamente, aparentando mais calma do que sentia. “Vamos te tirar daí.”
Houve o som de mais tiros ao fundo e ela quis vomitar. No que ela tinha metido Oliver? Ela não tinha pensado que a situação iria precisar de qualquer tipo de reforço.
“Você precisa que eu ligue pro Escoteiro?”
“Nada que ele possa fazer,” ele disparou, e ela ouviu o som da moto dele ganhando vida.
“Você pode despistá-los?”
“Tenho que fazer isso, não tenho?” ele brincou. Chloe revirou os olhos. Como ele podia fazer graça de qualquer situação, não importando quão séria fosse, estava além dela.
“Eles estão muito perto?” ela perguntou, e ouviu o som de outro tiro. Oliver deixou escapar um grito de dor.
“Perto.” Ele respondeu com dificuldade.
Chloe entrou em pânico. “Você foi atingido? O que está acontecendo aí?”
“Estou voltando pra casa. Vou tentar despistá-los no caminho.”
“Nem ouse, Arqueiro. A última coisa que precisamos é que eles percebam que você iria naquela direção. Vire na Eisenhower e depois pegue a esquerda no beco. Isso deve te dar algum tempo,” ela instruiu, o dedo percorrendo o mapa da cidade e o pequeno e piscante ponto que representava Oliver.
“Entendido,” a voz dele parecia tensa, como se ele estivesse sentindo dor.
Ela esperou, observando o momento em que ele virou no beco. “Deu certo?” ela perguntou ansiosa quando o viu fazer a curva.
“Não tenho certeza, acho–” a voz dele sumiu e ela ouviu um som abafado e ruidoso antes da conexão ser cortada.
“Arqueiro?” ela chamou, coração disparado.
Silêncio.
“Arqueiro!”
Arqueiro Verde!...responde!
ResponderExcluirAh, acho que isso vai fazer Chloe se declarar quando ver ele a salvo...eeeee
Obrigado pela tradução.
E esperando a continuação.
Quero ver essa tortura do Oliver acabar.
E Chloe dizer que ele não tem nada de errado..Ah!
muh Deus que fic é essa? para! eu quero o resto...
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