A Better Place - 8/17

Titulo: A Better Place

Autora: Roberta Clemente

Classificação: NC -17

Nota: Essa fic tem como base Roulette, com final alternativo. O nome da fic é uma musica da banda VAST

Resumo: E se antes de Oliver entender que Chloe salvou o herói, o mito, o homem tivesse cometido um ultimo erro?

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8/17

Chloe não teve dificuldades para dormir naquela noite, estava exausta, mas a certa altura da noite despertou e não conseguiu mais fechar os olhos sem se lembrar. Logo estava repassando e pesando cada grande ponto de sua vida nos últimos meses.

Sem se torturar dessa vez lembrou de como estava infeliz em Metropoles. Como tinha se transformado em uma versão triste de si mesma. Por culpa de alguns, mas se fosse sincera por culpa sua também.

Clark. Dedicou-se arduamente a Clark e no fim foi deixada de lado. Deixou sua relação com ele chegar a um ponto em que se anulou por completo pelo bem estar dele, só pra que ele não partisse de novo.

Lois. Sua prima vivia em um mundo diferente do seu, um mundo mais cor de rosa, sem monstros no armário ou escondidos no porão. Queria poder culpá-la por não saber o que se passava em sua vida, por não saber que seus sorrisos eram interpretados, mas não podia. Só no dia em que Lois soubesse que no mundo havia mais que heróis andando em telhados poderia cobrar algo em troca.

E Oliver. Chloe cobre o rosto com as duas mãos quando lembra dele. Era tão estranho e confuso. Ele conseguia ler seus pensamentos, sabia como se sentia com um olhar, nunca ninguém a leu desse jeito. Nem Clark em seus bons tempos. Mas voltando no tempo e nas coisas que passaram juntos, como compartilharam pequenos e grandes segredos um com o outro e mais ninguém, não era de se estranhar. Só que ele lhe magoou de um jeito que nem Clark fez. Ele a convenceu de que era boa o suficiente para ser uma igual, para humilhá-la em seguida... Só que diferente de todos ele estava lá, longe de casa por ela. Fazendo um grande esforço por ela, como ninguém nunca tinha feito antes. Ele não desistiu dela.

E o que aconteceu naquela noite foi... inesperado, em todos os sentidos. Toda aquela dor e pesar desaparecendo assim que ele a beijou. E o sexo, ainda não conseguia acreditar que tinha feito sexo com Oliver contra a porta da sala. Aquilo foi tão... não ela, mas ao mesmo tempo, tão...eles. Pensando sobre quem ela e Oliver realmente eram, humanos demais, não parecia nenhum absurdo.

Tentando se impedir de sorrir Chloe desvia o olhar do teto,girando na cama e abraçando o travesseiro. Oliver foi embora, mas deixou um rastro para trás. Não precisava fechar os olhos para ter sensação da pele dele contra a sua, escutar a voz grossa e ofegante em seu ouvido ou sentir seu perfume. Não entendia muito bem como tinham chegado a aquele ponto, mas ao mesmo tempo, não podia negar...tinha sido bom.

Largando o travesseiro Oliver gira na cama. Encarando o teto ele se puni por ser tão estupido. O sol já cobria metade, chegando ao lustre e ele continuava lá. Sem acreditar no que tinha acontecido, no que tinha feito.

Ignorando as batidas na porta pela terceira vez e a voz da dona do hotel que parecia preocupada demais com seu silencio, Oliver se perder de novo em seus pensamentos e repentinos sentimentos. Precisava lembrar a si mesmo o que estava fazendo.

Estava lá para consertar um erro terrível, um de seus piores, para ajudar e resgatar uma amiga. Não fazendo mais do que retribuir tudo o que ela fez por ele. Não para tratá-la como uma qualquer. Ela era Chloe.

Era claro em sua cabeça que mesmo que Chloe não tivesse salvado sua vida meses atrás, o feito enxergar realmente que era, estaria lá. Chloe era sua amiga, de sua equipe, motivos suficientemente fortes para mostrar a ela de que estava seguindo o caminho errado. Não?

Ninguém em sã consciência deixaria uma mulher como Chloe se perder. Mas a quem ele queria enganar. O melhor amigo dela, a tão próxima prima permitiram que ela chegasse a esse ponto, tão distante de si mesma. E isso era algo que Oliver nunca conseguiria entender.

Chloe era uma mulher especial, em todos os sentidos. Corajosa e leal, de um jeito que ele nunca tinha visto antes. Como alguém tão pequena conseguia ser tão forte. Colocaria sua vida nas mãos dela se preciso, mesmo antes, quando perdido era ela quem vinha em sua mente quando precisava de alguém, Chloe era quem fazia tudo ficar melhor, quem o consertava.

Mas se ninguém era capaz de enxergar Chloe como ela realmente era, ele enxegava. Ele pôde ver antes e pôde agora, enquanto a observava diariamente. Aquela Chloe ainda estava escondida, debaixo da magoa, do cansaço, da desilusão, ainda podia ver o brilho nos olhos dela e isso o fez continuar.

Só que enquanto a observava, enquanto ficava por perto um antigo pensamento lhe invadiu sem aviso ou lembrete.

Podia se lembrar facilmente, como se tivesse sido ontem que silenciosamente Chloe o perdoou por ter matado Lex e como isso os aproximou. Como ficou fascinado com aquela menina virando mulher, que tão nova tomou decisões e viveu coisas que assustariam qualquer adulto com o dobro de sua idade e isso foi suficiente para querê-la em seu time, ao seu lado. Chloe era incrível e tão rápido quanto ela aceitou seu convite ele passou a vê-la com outros olhos.

Só que em seguida Davis se colocou entre todos e seus sentimentos se perderam com a decepção quando ela fugiu com ele. Aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo, que entre a procura por ela, seu resgate e a morte de Jimmy esse olhar foi substituído por um de culpa.

E como se uma vida tivesse acontecido entre aqueles dias e agora, se pegou redescobrindo Chloe. Cada sorriso que ela dava sem perceber lembrando aqueles famosos de dias antigos, como mesmo sem se envolver ela ainda se preocupava com o que poderia estar acontecendo em Metropoles, e como mesmo machucada e magoada ela o deixou ficar.

Só percebeu o quanto a queria como mulher quando aqueles imensos olhos verdes ficaram a alguns centímetros e ele se sentiu tão atraído que não pôde resistir ao impulso de se entregar.

E foi quando ele estragou tudo. Quando colocou o pouco que tinha conseguido evoluir com ela a perder, tudo por não conseguiu se controlar. Rosnou de raiva e frustração. Ela estava começando a confiar nele, a não odiar sua presença e quando tudo o que ele precisava e devia fazer era ser amigo dela e ele se comportou como...um homem.

Chloe deveria estar lhe odiando ainda mais e com razão. Ela tinha acabado de ser assediada por seu chefe e não precisava de outro fazendo o mesmo em menos de vinte e quatro horas. Ela estava abalada, vulnerável e tudo o que precisava e não conseguiu ser, um amigo, alguém para em quem ela pudesse se apoiar.

Mas como culpá-lo?Se alguém soubesse como resistir a aqueles imensos olhos verdes, quando a centímetros, que o ensinasse, por que ele não sabia como. Não quando de perto ela era irresistível e uma surpresa a cada centímetro de pele.

Seus pensamentos estavam em conflito, há horas, medindo forças. Se culpava por ter estragado tudo quando não conseguiu se controlar, sofria por pensar que a tinha magoado de novo, mas não conseguia se arrepender de verdade por ter cedido ao impulso. Ainda tinha o gosto dela preso a sua boca e a textura da pele macia grudada a seus dedos.

Se impediu de sorrir esfregando as mãos no rosto, levantando da cama em um pulo e correndo em direção a sua mochila. Precisava sair de lá, daquela cidade. Com pressa e sem se preocupar em dobrar jogou as roupas na bolsa, se parasse perderia a coragem de deixar a cidade.

Então um pensamento inesperado o fez acalmar. Deixar Independence seria deixar Chloe, de novo. Sem saber o que fazer largou a mochila na cama e sentou ao seu lado. Não podia continuar estragando as coisas, mas não podia deixá-la assim e se fosse sincero, não queria também.

Uma batida fraca na porta o tirou de seus pensamentos. Oliver esfregou a testa irritado. Era a quarta vez naquela manhã que a Sra. Roberts batia a sua porta e se ele não atendesse logo tinha certeza de que ela usaria a chave mestra para entrar sem convite.

Bufando ele se levantou e andou sem pressa para a porta, segurou a maçaneta por um segundo e se preparou para o sorriso assustadoramente feliz que o esperava do lado de fora. Sem se preocupar em retribuir daquela vez abriu a porta e seu coração pulou uma batida quando quem encontrou parada a sua porta foi ninguém menos que Chloe.

Enquanto Oliver se fazia mil perguntas do lado de dentro Chloe ficou no corredor com apenas uma na cabeça. Batia ou não na porta dele? E depois de minutos intermináveis ela resolveu arriscar antes que sua mente confusa decidisse por ela.

-Chloe – ele diz o nome dela, como se para se convencer de que ela estava ali.

-Oi – ela diz baixo, sem saber como reagir a expressão dele.

-Oi – Oliver responde quando percebe sua demora, depois sorri, o que a faz sorrir também.

-Eu te acordei? - ela não pôde não notar a falta de uma camisa.

-Não, não, estou acordado há algum tempo – ele esclarece sem saber o motivo da pergunta.

Assentindo Chloe tenta descobrir rapidamente o que dizer, seu plano ia até a sua porta, a partir dali estava a própria sorte. Ela morde o lábio.

-Eu, posso entrar?

-Claro!Claro que pode – Oliver dá um passo ao lado, abrindo caminho para ela e respira fundo quando Chloe entra em seu quarto.

Ela dá alguns passos confiantes para dentro e ele não pôde deixar de reparar nela e na diferença de atitude em relação a noite passada e como ela ficava linda sem o uniforme. Desde que chegou a viu vestir a mesma roupa, dia após dia. Agora ela vestia jeans escuro e uma blusa delicada de seda, roxa, com um decote discreto e misterioso. Muito mais parecida com a Chloe que ele conhecia.

Oliver balançou a cabeça quando se pegou lembrando do segundo modelo em que ele a viu, na noite passada. Seus olhos a seguram enquanto ela observava o quarto aparentemente em busca de algo para dizer. E ver seu desconforto o fez se preparar. Ele estava pronto para dizer algo quando ela parou.

-Você está indo embora? - ela pergunta com o coração de repente apertado.

Oliver se dá um soco mentalmente. Esqueceu de tirar a mochila de vista quando foi atender a porta. Ela olha para ele seu peito também se aperta. A esse ponto não poderia nem queria mentir a ela.

-Eu não quero, mas nós sabemos que depois do que aconteceu ontem, você não vai me perdoar e... - Oliver suspira, cansado. - Eu não sei se consigo mais consertar as coisas, então eu estou só... adiantando as coisas.

Chloe olhou bem nos olhos dele, com seu peito dolorosamente apertado agora e se descobriu não querendo que ele fosse embora. Oliver parecia tão cansado de tudo quanto ela, tão no limite quanto ela. Deus, este homem era um suicida há alguns meses e agora lutava por ela.

-Se eu disser que não tem que pedir perdão... você consideraria ficar, por mais algum tempo? - ela pergunta segurando o ar no peito.

Oliver quase sorri em alivio, mas ao ver os olhos dela tão carregados se segurou. Não era justo, nem certo com ela.

-Chloe, eu não vou se você não quiser, mas... Eu sinto tanto por ter deixado as coisas fugir do controle ontem, você não merece ser tratada daquele jeito.

Ela desvia o olhar sentindo o rosto esquentar, queria não se desapontar com a insistência dele em se desculpar, mas não conseguia, mas se ele achava que era preciso a culpa era sua, e sua responsabilidade tirar a dele.

-Olha Oliver, por mais que você queira ser o cavalheiro aqui e ficar com minha parte nisso, eu não vou deixar – ela olha para ele, muito segura do que estava dizendo. - Nós eramos dois lá e uma só vontade.

Oliver engole seco. Não tinha certeza se estava escutando direito. Ela estava lhe isentando de culpa?Ela estava dizendo que quis tanto quanto ele?... De repente seu peito se esvaziou de toda a culpa que carregava e se encheu de expectativa.

-Você não precisa...

-Fingir que está tudo bem? - ela termina por ele sabendo o que ele diria. Ela sorri - Eu não faria isso. Eu sou adulta Oliver, você não me assustou, não teria chegado tão longe se eu não quisesse... Acredite. - ela ergue uma sobrancelha.

-Oh, eu acredito – ele concorda levantando as mãos em rendição. Não contendo seu coração de se aquecer com o leve divertimento em sua voz.

-Ótimo, então já que deixamos claro de que não fui forçada a nada podemos seguir em frente. - Chloe dá de ombros sorrindo.

-Claro! - Oliver aceita, aliviado por ela não odiá-lo.

Ela desvia os olhos dos dele e começa a caminhar pelo quarto, em volta dele, sem muita certeza do que fazer em seguida. Estava indo contra tudo o que vinha acreditando nos últimos meses, de que tinha que ficar longe de todos que a fizeram sofrer.

-Chloe? - Oliver chama por ela quando percebe seu olhar se perder.

-Você quer sair amanhã – ela diz abruptamente, sem ter escutado o chamado dele. Ela olha para ele e vê o seu olhar confuso. - Eu sei que não fui a miss simpatia nos últimos dias, mas vai começar essa feira na cidade amanhã e estão todos animados... Achei que não faria mal explorar a cidade já que estou aqui e com muito tempo livre agora...– a voz dela some quando percebe que Oliver não iria lhe interromper.

Ele estava ocupado demais admirando Chloe. Era o que ele mais queria desde que chegou, ver essa versão dela. Desarmada, falante e aberta a tê-lo por perto. Não podia estar mais agradecido. Então ele vê a hesitação em seus olhos e entende que ela deveria estar fazendo um grande esforço e seu silencio não ajudava.

-A feira – ele diz algo antes que ela corra.

-É, amanhã – ela explica, mais calma. - Você quer me fazer companhia? - ela pergunta olhando nos olhos dele.

-Companhia? - ele repete mantendo o olhar.

-Isso. Como amigo – ela esclarece sorrindo suavemente. - Como... meu amigo... Ollie.

-Como amigo – Oliver sorri ao som de seu apelido, mas não perde o tom de desafio no aviso dela. Ela estaria lhe pondo a prova? - Ok - ele aceita quase em um sussurro e o sorriso dela se abre, iluminando tudo a sua volta, tirando o ar dos pulmões dele.

-Bom – ela continua a sorrir.

-Você deveria fazer mais isso – ele não percebe as palavras saindo. Ainda estava estasiado com o sorriso dela, tão perfeito quanto se lembrava.

-Eu vou fazer – ela sente o rosto esquentar de novo, mas não deixa transparecer. - Se a torta for tão boa quanto disseram que é, esse sorriso não vai sair daqui – ela aponta para o próprio rosto.

-Ok – Oliver concorda assentindo. Ele ri, estava adorando rever essa Chloe.

-Até amanhã então. - Chloe caminha até a porta. - Você pode me pegar na minha casa – ela gira e se assusta quando seu olhos encontram o peito nu de Oliver tão perto. Não tinha percebido que ele estava andando atrás dela.

-Eu sei onde você mora – ele diz segurando o riso.

-Eu sei que você sabe, só não sei como você sabe – ela ergue uma sobrancelha.

-Eu posso ter pedido ao Victor para te rastrear – ele se diverte com o olhar dela. -Ou posso ter simplesmente perguntado a Adele. - ele dá de ombros simplesmente.

O vinco entre os olhos dela somem e Chloe estuda o olhar dele.

-Certo! - ela prefere não insistir no assunto e abre a porta antes de olhar mais uma vez para ele. - Ate amanhã. - e sai.

Ela não espera e Oliver não responde. Ele olha a porta se fechar e respira fundo. Era muito mais do que queria, que poderia querer. Mais uma chance, Chloe estava lhe dando mais uma chance. Não estragaria dessa vez, mas também não esconderia nem mentiria ... Estava seriamente atraído por ela.

CONTINUA...

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