A Better Place - 12/17

Titulo: A Better Place

Autora: Roberta Clemente

Classificação: NC -17

Nota: Essa fic tem como base Roulette, com final alternativo. O nome da fic é uma musica da banda VAST

Resumo: E se antes de Oliver entender que Chloe salvou o herói, o mito, o homem tivesse cometido um ultimo erro?

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12/17

O tempo passou diferente nos dias que se seguiram. Em um ritmo e clima todo preparado para os dois. Não era época, mas a chuva continuou a cair. Três dias seguidos e três agradecimentos feitos em silencio a cada manhã.

Era a desculpa perfeita para não fazer nada, para não ter que sair, para ignorar o resto do mundo. Para ficar junto sem ter que pedir. Tudo o que precisavam estava ali dentro daquela casa. Geladeira abastecida para Oliver, um armário com alguns pacotes de café para Chloe, uma cama quente para descansarem eventualmente e muita conversa para ser colocada em dia entre uma coisa e outra.

Chloe não ofereceu em falso quando disse que passaria muito tempo na cama. Ela ignorou por completo o relógio naquele primeiro dia e se concentrou no que estava a sua frente, em suas mãos, Oliver e tempo de sobra.

Sabia que ele iria embora em algum momento, que aquilo não duraria, mas se deu ao luxo de não se preocupar. Pensar demais só lhe trouxe sofrimento antecipado. Seria largada, trocada, esquecida? Foram perguntas como essas que habitaram sua mente desde que era uma menina, como lembretes, de que o que tinha não duraria.

Mas quando viu Oliver em sua cozinha na manhã seguinte e se lembrou de onde estava, de onde estavam, tão longe de casa e ele ainda estava ali, relaxou talvez pela primeira vez na vida.

Então deu a ele e principalmente a ela uma chance de aproveitar o momento. Se ele fosse, quando fosse embora, não teria nenhum arrependimento.

E Oliver era uma companhia deliciosa. Exatamente como sempre pensou que fosse. Podia falar sobre qualquer assunto que ele teria uma opinião bem formada a respeito. Suas histórias eram fascinantes e ouviu cada uma com a atenção de uma criança que ouve a história preferida.

Como era da sua natureza observou atentamente e entendeu que aquele homem na sua cama tinha uma vida de herói. Uma história de altos e baixos, de superação e redenção. E por um segundo se pegou orgulhosa por fazer parte dela.

Seria quase impossível não se despedir dele completamente apaixonada. Sabia disso.Seu corpo já estava apaixonado e caído pelo dele. Na segunda noite pareciam se conhecer de vidas, sabendo aonde tocar, beijar, com que intensidade, qual seria a reação no outro.

Bastou um toque durante o sono para acordar os dois e poucos minutos para ele estar enterrado nela como se nunca mais fosse largá-la. Não esqueceria de um momento em particular. Quando olhou para ele, sobre ela, dentro dela, seu rosto a alguns centímetros envolto na escuridão do quarto e em como se sentiu segura.

Se assustou inicialmente, sabia que se sentir tão a vontade era perigoso, mas depois de alguns segundos lembrou que Oliver não estava ali para partir seu coração e relaxou de novo, esquecendo os próprios pensamentos quando ele sussurrou em seu ouvido e teve um dos maiores orgasmos da sua vida. Se apaixonaria por ele, mais cedo ou mais tarde.

Estava apaixonado. Definitivamente, apaixonado. Oliver soube quando o terceiro dia começou e Chloe ainda estava em seus braços. Não era sonho, alucinação, nem efeito de álcool ou drogas. Ele saiu de Metropoles, a encontrou e agora ele estava na cama dela, com seu corpo descansando sobre o seu calmamente, como se fizessem aquilo desde sempre.

Chloe era o que sempre imaginou que fosse e um muito mais. Podia se lembrar facilmente do momento em que a conheceu no celeiro da família Kent e como aquela pequena loira o deixou curioso. Ela parecia carregar um mundo por de trás daqueles olho verdes e daquele contagiante.

Mas na época estava com Lois e Chloe era a sua prima caçula, então manteve distancia e tudo ou quase tudo sobre ela ele soube por observar de longe. Nem mesmo quando se juntaram tiveram tempo para se conhecerem direito, a vida sempre dava um jeito de virar as coisas em trezentos e sessenta e cada um seguir para um lado antes disso.

Traçando a linha da coluna dela com a ponta dos dedos realizou como Chloe sabia coisas a seu respeito que nem ele mesmo sabia. Ela sabia como sua mente funcionava, conhecia seus defeitos, seus segredos e foi ela quem soube salvar sua vida, o forçando a se salvar.

Se fosse honesto também a conhecia bem, de um jeito que ninguém mais conhecia. Conhecia seus medos, seus pecados e culpas. Sabia que confrontá-la a machucava mais do que ajudava e que as vezes deixá-la refletir era o caminho de lidar com uma dor.

Enfim, sabida seus grandes mistérios, mas não que ela falava durante o sono, que sua pasta de dente era extra forte como seu café, que ela podia invadir o sistema da maior multinacional, provavelmente da NASA, mas não sabia jogar vídeo game ou que tinha fobia de palhaços. Que os dedos de seus pés formigavam depois de um orgasmo, que sua musica preferida era Lady Grinning Soul e O Estranho Mundo de Jack seu filme preferido.

Não sabia de nada disso. Não até três dias atrás quando teve a oportunidade de completar os espaços vazios e fazer daquela Chloe que conhecia e se orgulhava muito por isso, e ainda mais fascinante.

Sem se esquecer de tudo que ainda estava entre eles não teve medo de se aproximar e intimamente ficou aliviado por ela deixá-lo entrar e ficar. Era tudo muito novo e assustadoramente...fácil entre eles, mas sua vontade era de trancar portas e janelas, e não sair daquela casa nunca mais.

Até que nenhum segredo existisse entre eles. Ou pelo menos que tivesse a certeza de que o rosto dela de olhos abertos e fechados era o mesmo. Queria gravá-la em sua mente e foi o que fez quando contou a ela suas histórias durante o jantar que ele preparou, gravando o modo como ela prestava atenção. Como gargalhava das mais bobas o incentivando a desenterrar as que achou que a fariam rir. Como ela ficava um segundo a mais de olhos fechados depois que a beijava, como se saboreasse por mais algum tempo.

Queria decorá-la por inteiro, cada expressão, cada variação de sorriso e risada, cada curva do seu corpo perfeito e como ele reagia quando a tocava, como ele se mexia enquanto ela choramingava debaixo dele, sobre ele de prazer, como ele relaxava e voltava gradualmente a cor normal depois do clímax.

-Hei

Oliver acordou de seus pensamentos com o toque dela em seu rosto. Ele olha para ela sorrindo e apertando o braço que a envolvia.

-Me desculpe, o que você estava dizendo? - ele pergunta torcendo para ela não tentar descobrir o que estava em sua mente e que provavelmente estava estampado em sua testa.

Chloe ergue uma sobrancelha analisando e estudando a expressão no rosto dele. Oliver tinha um sorriso de menino no rosto, de garoto que é pego fazendo arte ou tendo um pensamento pecaminoso. Sorrindo e deixando para lá Chloe deitou de novo a cabeça no ombro dele.

-Eu disse que deveria estar me sentindo culpada – ela repete calmamente.

-Culpa? - ele franze a testa.

-Culpa, por estar adorando essa chuva e por querer que ela continue – Chloe explica encolhendo os ombros.

-Ainda não entendo a culpa – Oliver sente o peito apertar, por medo da resposta.

-A feira Oliver – Chloe levanta a cabeça para olhar para ele. - A feira para salvar a cidade e que deve ter sido um fracasso por causa da chuva – ela o lembra.

-Oh, a feira – ele suspira internamente e sorri com a expressão desamparada que ela fazia pressionando o queixo em seu peito. - Eu posso fazer uma doação a prefeitura se isso te deixa menos culpada.

Chloe desfaz o bico para abrir um enorme sorriso. O que vinha acontecendo muito nos últimos dias. Mas ela revira os olhos em seguida e deita a cabeça no peito dele.

-Não precisa senhor Queen.

-Tem certeza? Tess ganha muito bem, eu posso tirar alguns milhões do salário dela – ele oferece de novo.

-Tenho – ela responde brincando - Mesmo achando que você paga demais a ela. Mas você veio pra Independence com o plano de me levar embora e acabou preso na minha cama, não precisa perder dinheiro também.

Oliver congela. Em nenhum momento passou por sua cabeça o que aquilo poderia parecer. Que ele usaria sexo ou o que tivesse acontecido entre eles para convencê-la de alguma coisa.

-Chloe. O que aconteceu entre nós dois... - ele para se endireitando, queria olhar nos olhos dela para ter certeza de que não seria mal compreendido, quando ela olhou para ele continuou. - Não tem nada a ver com o que vim fazer aqui.

Chloe se assusta com a rapidez com as coisas mudaram, com a seriedade nas palavras e intensidade no olhar dele.

-Ollie. Eu sei!Estava só brincando – ela sorri tentando tranquilizá-lo. - Eu sei que o que aconteceu não tem nada a ver, eu estava lá, lembra?E eu sei que você nunca me levaria para cama só para me convencer a fazer alguma coisa – ela toca o rosto dele.

Oliver suspira aliviado. Ele se inclina para beijá-la.

-Acho que você me conhece não é? - ele murmura dando mais um beijo rápido nos lábios dela.

Assentindo por saber que era a mais pura verdade Chloe olha para o peito dele. Ela reflete por um segundo.

-Você vai me perdoar um dia, Chloe?

Chloe ergue os olhos mais uma vez para encontrar os dele.

-Pelo que?

-Por ter te machucado, tanto que te fiz ir embora – ele diz meio incerto se era hora, achou que sim.

Chloe dá um sorriso triste a ele, de repente se lembrando do que sentiu naquele dia, naquela hora.

-Ollie, eu sei que te culpei, talvez por você ter sido o único a me confrontar sobre isso, mas a verdade... é que não foi sua culpa, só sua culpa. Eu estava infeliz, há muito tempo, tanto que nem me lembro.

Oliver se odeia por fazer a tristeza voltar aos olhos dela, mas vê ali algo a mais.

-Mas o que eu disse...

-Foi o empurrão que eu precisava pra me livrar daquela vida, pra sair do lugar. Doeu muito e machucou demais, mas meu coração não estava inteiro, ele já estava trincado há muito tempo.

-Eu sei – ele diz baixinho voltando a massagear as costas dela. Queria confortá-la. - Agora eu sei. Mas antes, eu era idiota demais para ver outra coisa que não fosse a minha própria miséria, miséria que você me tirou. Eu só me importava comigo e não vi que quem realmente precisava de cuidados era você.

Chloe sente os olhos começarem a arder. Não queria começar a chorar, muito menos no colo dele então deitou mais uma vez a cabeça no peito dele, se escondendo dessa vez.

-Se eu pudesse voltar no tempo faria tudo diferente. Se estivéssemos naquele café agora eu pegaria sua mão, olharia bem nos seus olhos e diria; obrigado Chloe, por me conhecer tão bem...por salvar minha vida. Mesmo jogando um caminhão de três toneladas em mim.

-Ah, vou ter que escutar isso para o resto da vida – ela revira os olhos rindo.

-Vai, junto com minha gratidão eterna – Oliver ri. - Agora pare de interromper meu pedido de desculpa disfarçado de divagação.

-Continue – Chloe diz e fica em silencio, com o coração apertado.

-Obrigado!Eu diria obrigado e nunca mais sairia do seu lado – Oliver termina e a abraça apertado quando sente as lagrimas quente que ela tentava esconder tocar sua pele. Sabia que ela precisava ouvir aquilo, tanto quanto ele dizer.

Chloe fecha os olhos e empurra as lagrimas que já não consegue evitar nem esconder. Não fazia noção do quanto precisava escutar aquelas palavras e acreditar que ela podiam ser verdade. Aquela era uma ferida em estagio de cicatrização, logo não restaria nada além de uma marca.

-Você ainda não me respondeu. Você vai me perdoar um dia? - ele insiste. Precisava do perdão dela.

Chloe sorri e dá um beijo demorado sobre o coração dele antes de olhar para ele com o rosto molhado.

-Eu já te perdoei – ela responde de todo coração.

Oliver solta o ar que estava segurando e sorri. Significava demais para ele, podia acontecer o que fosse entre eles, mas precisava do perdão dela mais que tudo. Agarrando a nuca dela ele se inclina, encontrando a boca dela no meio do caminho.

Chloe continua de olhos fechados quando ele se afasta, saboreando o gosto dele mais um segundo. Quando abre os olhos ele está lhe encarando com um carinho desconcertante. Esse era um daqueles momentos significativos da vida. Que podiam se perder entre os mais simplórios se não prestasse atenção. E era o momento perfeito para dar um passo a frente, seguir em frente.

-Você me responderia caso perguntasse sobre o seu outro “eu”? - ela pergunta timidamente, olhando para ele por baixo.

-Meu outro “eu” você quer dizer o que gosta de brincar de arco e flecha? - ele pergunta incerto, mas com um sorriso crescendo no rosto.

-Tem outro “eu” seu que não seja esse? - ela pergunta cerrando os olhos.

Oliver olha para o alto fingindo pensar.

-Só checando, mas já que estamos falando do mesmo cara durão que lembra muito Robin Hood...

-Ollie – ela belisca o lado dele.

-OK!O que você quer saber? - ele pergunta olhando para ela de novo, empurrando uma mecha da testa dela.

-O que você quiser me contar – ela ergue um ombro

-Certo. Bem, logo que você deu o empurrão magico voltei a treinar...

Oliver contou empolgado tudo o que imaginou por meses que contaria a ela quando estivessem frente a frente, na esperança de que ela se orgulhasse dele. Contou como voltou a ser ele mesmo, a fazer o que tinha nascido para fazer. E que não havia deixado a equipe se desfazer depois de seu resgate. Graças a ela e a espera dela.

CONTINUA...

PS: Façam a autora feliz e comentem