quarta-feira, 19 de maio de 2010

The Phantom of the Watchtower

Bom gente, eu traduzi essa fic há algum tempo, mas ainda não tinha postado não sei por quê. Então aqui vai. É da Tarafina. É muito bonita apesar de ser meio dramática (ou por ser meio dramática, depende do ponto de vista) e tem um final surpreendente. Se passa num futuro que nós sonhamos, com eles casados (;D) já alguns anos depois da série, digamos. Espero que gostem.

[[Os personagens e a história não pertencem a mim.]]

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The Phantom of the Watchtower

-1/1-

Ela está assustada. Nunca o viu tão abalado assim e não sabe o que fazer pra fazê-lo se sentir melhor. Em um minuto tudo estava bem; tudo estava como tinha que ser. Jantar. Eles iam jantar. Ela ligou pra avisar que estava chegando, mas quando chega lá, ele está arrasado. A mesa feita previamente, com velas e pratos, está virada no chão. Comida mancha o piso, esquecida e esmagada embaixo dos móveis jogados. Ela está de pé no meio disso, tentando evitar que algo fique preso no seu salto; mais porque ela está preocupada em poder mergulhar de cara na caçarola que ele fez da receita dela e que parecia estar gostosa.

O apartamento deles está em pedaços; não é só a sala de jantar, ela nota. Ele destruiu tudo, do piso ao teto. E está sentado no meio de tudo, com as costas contra a parede, joelhos encolhidos e o rosto entre eles.

Há quatro anos que eles estão juntos, há sete se conhecem, e ela nunca o viu tão destruído. Ela já o viu beber até o estupor, jogar fora a dupla-identidade e trocá-la pela fachada bilionária distante e briguenta. Mas as juntas dos dedos dele estão machucadas, sangrando, e a pele dele está manchada, como se enfurecida e dolorida. Os ombros dele estão sacudindo, mas não há lágrimas, não há soluços angustiados. O homem que ela conhecia não está mais ali, o homem que encarava qualquer coisa que viesse em seu caminho e consertava, não importa o que custasse.

Ela se ajoelha ao lado dele e vira a cabeça em dúvida. “Ollie?” Ela espera, mas não há resposta. “Oliver, o que há de errado?”

Perdida. Ela sente como se não houvesse nada que ela pudesse fazer. Ele não responde, nem levanta a cabeça pra olhar pra ela. Ela toca o cabelo dele, massageia o pescoço dele suavemente, mas não há reação. Os olhos dela ficam embaçados de lágrimas, agora ela está realmente preocupada. O que poderia ter acontecido? Foi algo com o grupo? Estaria algum machucado? Morto? Ela começa a hiperventilar, seu peito doendo; foi o Bart? Victor? AC? Dinah? Todos eles? Ela tenta lembrar onde cada um estava; o que estavam fazendo. Foi alguma missão que deu errado? Foi algum erro fatal ou um ataque planejado?

Ele suspira, põe pra dentro uma pesada e irregular respiração e esfrega o rosto. E então ele se levanta e ela levanta com ele. Ele não olha pra ela, porém; nem dá a entender que ela está lá.

“Olha, eu não posso ajudar se não souber o que tá acontecendo... Eu sou boa, mas não consigo ler mentes.”

Nem um sorriso. Ele atravessa a sala, chuta restos do caminho e nem parece se importar.

“Amei o que você fez com o lugar,” ela murmura, o seguindo. “Bem Feng-Shui. O chi é incrível!”

Ela se sente mal pela observação sarcástica quando ele pinça a testa, pausa na mesa dela e fica parado lá, ombros caídos. Ela vai rapidamente até ele então, enrola os braços na cintura dele e repousa a cabeça contra as costas dele. “O que quer que seja... eu tô aqui com você, tá bem?” É tudo que ela pode fazer; tudo que ela pode dizer. Ela gostaria que houvesse mais; deseja que ainda tivesse o poder de cura porque ela não quer nada mais do que tirar dele essa dor.

A mão dele aperta o peito, como se o coração dele doesse e ela desliza a mão dela para cobrir a dele.

Ela não agüenta o silêncio; gostaria que ele falasse, ou gritasse ou qualquer coisa. Nos quatro anos do relacionamento deles, ele nunca foi chamado de quieto. Até na calada da noite, dormindo, ele roncava alto o suficiente para acordá-la às vezes. Geralmente ela dormia com a voz dele; ou quando ele estava no telefone discutindo com algum associado dos negócios do outro lado do país ou compartilhando detalhes da última missão com ela e ela estava muito cansada pra ficar acordada. A voz dele era acalante; poderia levá-la a qualquer coisa. Ela acordava com a voz dele rouca do sono brincando com ela, ela geralmente se acalmava com as palavras gentis murmuradas, se fortalecia com os discursos.

Ela quer forçá-lo a se sentar, a cuspir logo o que o deixou tão machucado. Mas então ele se vira para o outro lado, senta no banco embaixo da escada, cotovelos nos joelhos, olhos analisando a bagunça na frente dele. A expressão dele então é solene, como se ele estivesse se fechando, indo para dentro de si mesmo.

“Não,” ela argumenta, envolvendo o braço ao redor do ombro dele quando senta ao seu lado, o apertando e querendo sacudi-lo. “Fala comigo... Só... Só não faz isso com você... Por favor...” Ela não sabe se agüenta mais uma queda e sabe para onde isso está indo; a bebedeira, as apostas, a perda de si. Ela não pode e não vai deixar isso acontecer com ele; não de novo. Ele é bom demais, não merece isso. “O que quer que seja... nós podemos ajeitar. Podemos consertar...” Ela o encara e não vê mudança nenhuma de expressão, somente a perda desesperadora nos olhos dele, lágrimas na beira, presas. “Vamos, Ollie... Não foi você que disse que o amor salvaria a todos nós? Hmm?” Ela o encara, sentindo seu próprio coração quebrar um pouco. “Tá... Que seja assim... Eu vou amar você o suficiente por nós dois e quando isso acabar, você pode me agradecer uma segunda vez por salvar o seu traseiro de couro.” Nem um sorriso, e os ombros dela caem, um suspiro escapa dela. “Ollie?” ela sussurra.

“Você prometeu,” ele murmura, sua voz rouca, despedaçada.

E então, como uma martelada no plexo solar, ela se lembra.

Ela estava dirigindo; tinha acabado de sair do telefone com ele. “O jantar tá pronto, Parceira, e o seu lugar tá vazio.”

Ela riu. “Estou a caminho, Romeo. Mantenha meu lugar disponível, hein?”

“Como se alguém pudesse substituir você.”

Ela sorriu. “Mantenha isso em mente, se você sair da linha e se lembrar porque ela está ali há tanto tempo.”

“Apesar do sexo enlouquecedor e dos heroísmos?” ele brincou.

“Mm, esses são fatores bem grandes pra nós, não são? É melhor você comprar ume estoque de Viagra pra quando a idade bater na porta.”

Ele riu. “Com você por perto, não vou precisar.”

Sorrindo, ela revirou os olhos. “Ok, eu chego em casa em meia hora no máximo.”

“Vou cobrar isso... Se você se atrasar haverá repercussões...”

Ela mordeu o lábio ao ouvir a promessa nas palavras dele. “Mal posso esperar.”

“Estou olhando o relógio... Se apresse.”

“Tá, tá. Te amo, nos vemos já já.”

“Também te amo. Tchau.”

Não passaram cinco minutos quando ela viu os faróis; quando um carro virou tarde demais, bateu contra ela tão forte que lhe sacudiu os ossos. E então houve um caminho de destruição vermelho, um borrão de luzes e vozes e batimentos cardíacos sumindo. Ela se lembra de ter ficado olhando para o teto da ambulância, pensando nele, em casa, esperando por ela. Ele ia ligar... Como se tivesse ouvido ela, o telefone tocou, estridente no fundo, ignorado pelos paramédicos. Um homem pairou sobre ela, tentando falar com ela.

Eu prometi,” ela tossiu, mexendo a cabeça e tentando respirar.

Mas foi em vão, sem uso. A luz sumiu, o coração parou, as vozes se foram assim como ela.

E então aqui está ela, no seu lar, vendo a desordem que era o marido dela, o amor da vida dela, sentado em um fragmento do que era antes.

“Você prometeu...” Ele engole seco. “Você prometeu que não me deixaria...”

O coração de Chloe pula um batimento, doe no peito fantasma dela. “Eu não o deixei...” ela diz, desejando desesperadamente que ele pudesse ouvi-la. Com lágrimas brilhando nos olhos, ela repousa o queixo no ombro dele, o encara e sussurra, “Eu não vou deixá-lo.” É tudo o que ela pode fazer, tudo o que ela pode oferecer, e ela gostaria que fosse suficiente, o tempo todo sabendo que ela pode estar morta, mas seu coração está vivo e se quebrando, junto com o homem que o reviveu. Ela supõe que viver uma vida após a morte com ele vai ter que servir, mesmo que ele não saiba que ela está lá, que ela vai cumprir com o seu dever. Chloe Queen, fantasma da Watchtower, mantém sua promessa mesmo depois da morte.

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6 comentários:

  1. ahh, eu adoro essa fic! Absurdamente triste, é claro, mas tem algo nela que não sei explicar bem, que vai além do fato de ser linda.
    A tradução ficou incrível, Nathalia ;D

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  2. Ai, também.
    Tinha lido há um tempo atrás em inglês, mas não lembrei de cara, fui lendo e deu um estalo.

    Muito linda...Eu sei que é triste, mas adoro um drama. Imagino as caras de sofrimento do Oliver e é de cortar o coração.E Chloe mesmo depois de morrer volta pra ele.
    De certa forma cumprindo o que prometeu.

    Linda Nathalia!Ótima escolha.

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  3. Obrigada. xD
    Eu tb amo essa fic. E acho que é assim que o Oliver reagiria à morte da Chole, caso isso acontecesse longe dele e não eu uma das missões.

    E realmente, essa fic tem um elemento X que não sei o que é mas faz dela uma das mais legais... rs

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  4. nuss que triste, meu a Tarafina é minha ídola...escreve muito bem!!

    Letícia

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  5. Essa fic eh triste mesmo.... T-T, mas pelo menos aí eles sçao casados,, e outra q eu li cujo final foi O_OOOOOOO NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO. Sabe??

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  6. A Tarafina é melhor nessas fics tristes...

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