terça-feira, 4 de maio de 2010

Extraordinarily Ordinary, capítulo 1

Finalmente os primeiros capítulos dessa fic. Eu devo postar dois capítulos por semana, intercalando com outras fics pra não ficar cansativo e também porque deixar o final em aberto é a alma do negócio hahahahahaha
Boa leitura.


Prólogo


Eu me lembro de quando achava que eu era normal. Eu me lembro de quando normal parecia normal.
Essas convicções não duraram muito. Em algum momento entre criar o Mural das Esquisitices e descobrir que meu melhor amigo era um alienígena de uma galáxia distante eu percebi que não existia coisa como a normalidade, e mesmo se existisse, eu estava longe dela. Não era que eu era inerentemente anormal como pessoa. Levando tudo em conta, eu era apenas o tradicional, forma de vida baseada em carbono com dois cromossomos X que realmente queria sobreviver ao ensino médio. Bem antes de ser hospedeira de uma tecnologia alienígena que pretendia destruir o mundo, de ser escolhida como objeto de afeição de um monstro alienígena, ou de ser infectada por pedras de meteoro e ganhar temporariamente poderes de cura, eu era fisicamente... Comum. Mas mesmo assim, eu atraia esquisitices e era extraordinariamente consciente das esquisitices do mundo, ao contrário das pessoas felizmente ignorantes ao meu redor.

Isso frequentemente me fazia suspeitar que todos aqueles anos de insanidade estavam me conduzindo pra essa vida, minha vida como Torre de Vigilância, como se de alguma forma eu estivesse sendo fisicamente e mentalmente treinada pra liderar a Liga da Justiça e ninguém além de mim pudesse fazer isso.
Talvez fosse um pouco presunçoso, pensar que eu era a única que podia aguentar ser Torre de Vigilância, mas de alguma forma, eu acho que sabia que isso tinha sido predestinado no momento que coloquei aquele comunicador e a Torre de Vigilância entrou oficialmente online. Tudo que eu passei durante todos aqueles anos, tudo que eu perdi e ganhei, de algum modo me conduziu até aquele momento.

Era estranhamente fácil aceitar o fato de que minha vida nunca seria remotamente perto de normal. Eu não somente aceitei isso; eu abracei a idéia. Eu não mais queria normalidade. Eu queria uma visão mais ampla, um plano maior. Dedicar minha vida a ajudar uma equipe de heróis a lutar pelo bem e salvar o mundo constantemente era o único jeito que eu podia viver. Era quem eu tinha que ser. Era o que eu precisava.
O esquisito tinha se tornado o meu normal.

Capítulo 1

Isso é inacreditável, Oliver pensou. Um acidente de carro? De todas as formas que ele morbidamente tinha imaginado Chloe se envolvendo com o perigo, ele nunca esperava algo tão... Diário pra incapacitá-la. Batidas de carro podiam acontecer com qualquer um, não com Chloe. Sequestros, assassinos do futuro, monstros alienígenas, agentes do Xeque-mate... Que inferno, ninjas, mas um acidente de carro?
Era um jeito insultuosamente mundano pra ela ir parar no hospital. Como que ele tinha conseguido – por algum milagre – mantê-la a salvo de tantas coisas, mas permitido que ela se machucasse numa batida de carro?

“Sr. Queen? Sr. Kent?”

As cabeças de Oliver e Clark ergueram-se ao mesmo tempo pra ver um médico olhando pra eles tranquilamente.

“A Srta. Sullivan está acordada, mas—”

Oliver não ouviu o resto, mas imediatamente correu pro quarto de Chloe aliviado. Clark levantou instantaneamente pra ligar pra Lois e dar as notícias.

Alívio e culpa simultaneamente o inundaram quando a viu se sentando na cama, parecendo bastante esgotada.

“Graças a Deus,” ele disse. “Você quase me deu um ataque cardíaco, Parceira. Como está se sentindo?”

Chloe o encarou inexpressivamente, a boca levemente aberta e... Ela estava corando?

“Eu... Ah... Desculpa,” ela parecia confusa, balançando um pouco a cabeça, “Eu – eu te conheço?” Ela olhou pra ele desamparada, as orelhas ficando vermelhas ao fazer isso.

Oliver ficou congelado na soleira da porta, congelado. Depois de uma pausa muito significativa, ele gritou ainda a encarando “CLARK!” Ele desapareceu do quarto dela.

Chloe o observou sair, tentando lutar contra sua ansiedade. Claramente ela devia conhecê-lo. “Uau,” ela murmurou bem baixo, imaginando quem ele era e como que ela conhecia alguém como ele.

Muitos minutos mais tarde ele reapareceu, dessa vez acompanhado por Clark. E ainda assim não era Clark, não seu Clark de qualquer modo. Esse modelo era muito mais velho, parecendo levemente sofisticado com um terno e gravata e... Aquilo era um passe de imprensa? Bem isso era inesperado. O Clark que ela lembrava exibia um bronzeado de fazendeiro e usava flanela na maioria do tempo, e o cabelo dele nunca estava penteado direito.

Eu acho que muita coisa muda em dez anos, ela pensou secamente.

“Chloe?” Clark disse incerto.

“Oi, Clark,” ela disse estranhamente. “Imagino que o médico te contou?” ela perguntou.

Ele acenou com a cabeça. “Do que você lembra?”

Ela se mexeu, não fazendo contato com os olhos. “Com clareza? Eu me lembro de tudo até o primeiro ano do ensino médio–” os olhos dos dois arregalaram – “e depois disso, bem, eu tenho uns poucos pedacinhos aqui e ali.”

“Pedacinhos?” Clark repetiu incrédulo.

“Sim,” ela cuidadosamente estudou a cerâmica no chão. “Por exemplo, eu me lembro do baile de recepção e daquele tornado. Eu me lembro de Pete se mudando. Da formatura. O ataque cardíaco do seu pai. Pequenos flashes de coisas, mas nada particularmente coerente.”

A boca de Clark estava aberta. “Mas você não se lembra do Oliver?”

Ela arqueou uma sobrancelha pra ele, sem saber de quem ele falava, mas então percebeu que estava se referindo ao homem perto dele. Ela negou com a cabeça, mas parou. Doía um pouco.

“E Jimmy, ou Davis?”

Ela começou a dizer que não, mas daí, “Espera, Jimmy? Eu – Ele não fez estágio comigo... sim! Fiz estágio com ele no Planeta Diário num verão e o conheci ali.”

Aparentemente ela tinha dito alguma coisa digna de um abalo sísmico porque os dois pareciam mortificados.

“Eu–” Clark gaguejou, “Eu devia ligar pra Lois e avisá-la.” Ele saiu do quarto.

Chloe o observou ir duvidosamente. “Ele e Lois se conhecem? Hã. Eu aposto que querem se matar constantemente.” Ela olhou pra Oliver como se esperasse que ele risse ou ao menos sorrisse, mas ele ainda estava parecendo completamente chocado. Ela corou e pigarreou. “Hum... Então qu – quem é você exatamente?”

Oliver abriu a boca, mas nada saiu. Ele balançou a cabeça pra si mesmo. “Me desculpe, eu sou seu... chefe?” Ele parecia não ter certeza do conceito.

Chloe franziu as sobrancelhas numa careta enquanto várias perguntas surgiam ao mesmo tempo. “Chefe? Deus, eu espero que você seja o editor de um jornal. Mas não é estranho pro chefe de alguém visitar essa pessoa no hospital?” ela perguntou pra ele de forma esquisita.

Mais uma vez as palavras falharam com Oliver a princípio, que estava incerto de como lidar com isso. “Somos amigos também.”

“Ah.” Ela parou. “O que eu faço?”

Oliver não tinha idéia de como responder isso. “Bem, você trabalhava no Planeta Diário, se isso faz você se sentir melhor.”

As sobrancelhas dela praticamente desapareceram num único traço. “Trabalhava?” ela repetiu, deixando de lado o fato de que aparentemente isso era algo pelo qual se sentir mal.

“Lex Luthor comprou o jornal e demitiu você.” As palavras pularam pra fora da boca dele antes que conseguisse se conter. Ele não devia chateá-la.

Subitamente uma imagem de Lex Luthor sentado atrás da mesa do editor passou pela mente de Chloe. A cabeça dela começou a doer na medida em que ela se prendia à memória, tentando-se lembrar de qualquer coisa relacionada a ela. “Eu acho... Eu meio que me lembro disso...” a voz dela morreu. “Mas não realmente.” No entanto, ele obviamente estava dizendo a verdade. Isso era o bastante pra ela. Ela o olhou de novo. “Mas o que eu faço agora?” ela perguntou, notando como ele evitou responder essa pergunta em primeiro lugar.

Ele se mexeu, desconfortável. “Eh… você não tem exatamente um nome pro seu cargo.”

Ela estreitou os olhos suspeitosamente pra ele. “Tente.”

Oliver procurou freneticamente por uma explicação que a satisfizesse no momento. Ele tinha que discutir com Clark e com a equipe o que seria feito em relação a isso, mas algo lhe dizia que ela tinha que lembrar sozinha.

“Assistente pessoal?” ele sugeriu corajosamente.

No fim do corredor uma enfermeira quase derrubou sua prancheta, assustada ao ouvir alguém gritar “EU SOU UMA SECRETÁRIA?”

De volta ao quarto Oliver entrou em pânico. “Não... não exatamente. Você é… Bom, é complicado. Vamos te explicar isso depois. Nesse exato momento eu não devo te dar muitas informações de uma só vez. O médico me alertou que isso poderia fazer você entrar em choque. Você apagou por horas.”

Chloe olhou pra ele, apavorada. Uma assistente pessoal? O que diabos aconteceu com ela nesses anos?

“Quem é você?” ela exigiu saber novamente.

“Sou Oliver Queen. Somos amigos bem próximos há muitos anos e você começou a trabalhar pra mim poucos anos depois da gente se conhecer.”

“Como nos conhecemos?”

A boca dele abriu e seus olhos desviaram para o lado num claro desejo de fugir daquela pergunta. Quanto mais tempo ele ficava no quarto, mais Chloe suspeitava que algo claramente estranho estava acontecendo. Ele não estava apenas tentando não sobrecarregá-la de uma vez. Ele estava claramente escondendo alguma coisa. Mas o que? Ela imaginou. É alguma coisa que eu deveria saber, mas esqueci, ou é algo que de qualquer forma eu não saberia? Finalmente, Oliver cerrou os dentes e respondeu. “Eu namorei com sua prima por um tempo – há muito tempo atrás,” ele acrescentou apressadamente. “E aí eu conheci Clark na mesma época e foi assim que acabei conhecendo você.”

Ela fez uma careta, a cabeça começando a doer mais e mais por ela se esforçar pra lembrar. “Como é mesmo que o Clark conhece a Lois?”

“Eles estão–” ele pigarreou “—namorando?”

O queixo de Chloe caiu e ela sentiu uma dor familiar e repentina no peito. Ela viu várias imagens de Clark e Lana passando em sua cabeça de uma só vez enquanto se recordava de ser deixada de lado por causa dela constantemente.

“O qu – o que aconteceu com a Lana?” ela perguntou repentinamente certa de que eles namoraram em algum momento. Sem se importar com o fato de que seu melhor amigo e sua prima estavam namorando e isso era absolutamente impossível de se imaginar.

“Ela – foi embora?” Oliver disse, nem remotamente perto de saber como explicar tudo que aconteceu no que se referia a Lana.

Chloe o encarou, mais uma vez certa de que ele estava escondendo informações vitais. Ela fechou os olhos, frustrada. “Onde está o Clark?” ela perguntou. Ele lhe contaria a verdade, com certeza.

Mas assim que ela pensou nisso, ela subitamente teve convicção de que isso era errado, de que Clark não fazia nada além de esconder segredos dela. Ela revirou os olhos com frustração. Ótimo.

“Então...” Oliver começou, observando-a ansiosamente, “O médico diz que sua memória deve voltar sozinha. Apenas precisamos ficar de olho em você e nos certificar que você não se esforce muito nesse meio tempo. Não deve demorar muito.”

Ela estreitou os olhos pra ele novamente. “O médico falou comigo também. E também disse que existe uma chance de que eu nunca recupere totalmente minha memória.”

Ele deu de ombros. “Eu estava sendo otimista, mas se você quer pensar assim...”

Ela sentiu a própria boca se curvar num sorriso pela resposta dele. Ela tinha a impressão de que aquela frase de alguma forma simbolizava o relacionamento deles... Qualquer que realmente fosse esse relacionamento. Ela olhou pra cima e o encontrou inspecionando-a.
De repente ela se sentiu esmagada por um sentimento de vergonha. Seu rosto ficou vermelho e ela murmurou alguma coisa sobre querer falar com Clark.

Ele concordou e saiu. Quando voltou, Clark e Lois estavam com ele. Lois quase a esmagou num abraço que a fez gritar de dor por causa das costelas machucadas.

“Desculpe,” Lois se desculpou, instantaneamente afrouxando o aperto antes de se afastar completamente. “É só que você me assustou demais, prima. Desculpa por não poder sair do trabalho na hora. Teve um grande escândalo na prefeitura. Mas eu corri pra cá assim que Clark me disse que você estava acordada. Como está sua memória?” ela perguntou.

Chloe sorriu pra prima, que também parecia mais velha e muito mais madura do que ela se lembrava. “Bom... eu lembro que você arranjou um tanque pra ir pra formatura e o general nunca descobriu como.”

Lois sorriu. “Bom, ao menos você se lembra das coisas importantes.” Ela se virou pro Clark. “O que vocês decidiram sobre onde ela vai ficar?”

Chloe olhou pros três. Oliver e Clark se mexeram nervosos. As mãos de Lois foram até sua cintura.

“Vocês não discutiram isso, não é? Sabem que eu vou pro México amanhã. Eu cancelarei se for necessário, mas nenhum de vocês pode cuidar dela?” ela olhou pro Clark com expectativa.

“Lois,” Clark revirou os olhos. “Nós vamos juntos. O que você espera que eu faça?”

Oliver lançou um olhar a Clark que Chloe não entendeu muito bem.

“Eu posso ficar com a Lana...” Chloe sugeriu fracamente. Ela de repente teve uma imagem das duas dividindo um quarto na casa dela. Aparentemente Lana já tinha morado com ela uma vez.

Mas os três que estavam no quarto olharam um para o outro estranhamente. Qual é a deles agindo como se tudo que eu digo fosse completamente bizarro?

“Eh, Chloe, a Lana... se mudou,” Lois disse finalmente. “Não temos notícias dela há uns anos.”

Chloe pareceu triste, mas lentamente concordou com a cabeça. “Ah. Bom, e ficar na fazenda com a Sra. Kent?” ela sugeriu, olhando pro Clark. “Ela provavelmente gostaria da companhia, não é?”

Clark concordou. “Sim, mas infelizmente, ela não fica muito na fazenda ultimamente, Chloe. Minha mãe se tornou uma senadora federal.

Chloe o encarou surpresa. “Ah.”

Lois se virou pra Oliver, mas ele rejeitou instantaneamente. “Nem vem, Lois. Isso é totalmente inapropriado. Ela não faz idéia de quem eu sou.”

Chloe arregalou os olhos pra prima. Porque Lois sequer iria sugerir que ela ficasse com seu chefe? Isso era um processo penal esperando pra acontecer.

“E Dinah?” Clark sugeriu. “Ao menos ela é uma garota.”

“Quem é Dinah?” Chloe perguntou, mas ninguém parecia mais escutá-la.

Oliver balançou a cabeça. “Ambos sabemos que Dinah a envolveria num problema antes que Chloe pudesse piscar, e de qualquer forma, ela está em Paris de novo. Ela vai ficar fora por pelo menos um mês.”

“Quem é Dinah?” Chloe repetiu, mais exigente agora.

“Oliver,” Lois disse, irritada. “Ela provavelmente se lembrará de você em alguns dias, e sua casa é a mais conveniente. Nós sabemos que ela não vai se meter em encrenca com você por perto,” ela lhe lançou um olhar significativo que Chloe não entendeu.

“O que isso quer dizer?” Chloe perguntou, mas novamente ninguém respondeu.

“Eu não acho que seja uma boa idéia,” Clark falou.

Obrigada, Clark.

“Ah nem vem,” Lois o cortou. “Ela ficará perfeitamente bem com o Ollie.”

“E... e ela claramente não pode voltar pra casa dela,” Oliver lembrou, olhando pro Clark com outra daquelas expressões carregadas que pareciam pairar sobre essa conversa.

“Porque não?” Chloe perguntou suspeitosamente.

“Você não deve ficar sozinha,” Clark respondeu rápido demais. Ela suspeitava que não fosse a única razão.
Sim, Clark Kent, homem dos mistérios. A frase absurda se encaixava, ela percebeu, preenchida pela sensação de que ela lutara por anos pra descobrir o que ele estava escondendo.

“Não tem mais ninguém?” Oliver perguntou implorando. Chloe estava do lado dele. Ela não queria ir ficar com o seu chefe do qual ela não se lembrava de nada. Isso não era estranho?

Lois sacudiu a cabeça. “Talvez eu não deva ir,” ela disse tristemente.

“Lois,” Clark a parou. “É você que vem tendo visões de Pulitzers desde que fomos designados pra essa viagem. Eu não me importo. Eu ficarei e tomarei conta dela.”

“Ah pelo amor de –” Chloe revirou os olhos. “Não me façam sentir como uma prioridade ou coisa assim, vocês dois. Aparentemente qualquer que seja essa viagem que vocês estão indo, é importante. Eu ficarei com o cabelo espetado ali se isso for a coisa mais fácil.”
Ela olhou pra todos eles com ar de desafio.

próximo

3 comentários:

  1. Muito engraçado o primeiro capitulo.
    Chloe lembrando da Lana e da Martha, e sendo ignorada...muito bom.

    Oliver cabelo espetado...hahahaha
    Tadinho!

    Indo pro próximo.

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  2. Achei engraçado ele gritando pelo Clark na porta do quarto quando vê que ela não lembra dele. ^^
    E só vai ficando melhor. \o/

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