Flames - Parte 15

Olá!Antes de mais nada queria dizer que estou sofrendo de pós happy end!Depois de uma semana de alivio por ter dado tudo certo, a tristeza do fim me alcançou. Acho que até por isso escrevi esse cap de uma vez só...Mas enfim. Aqui está ele e não se esqueçam de fazer uma autora deprimida feliz comentando, ok? Boa leitura!

Titulo: Flames

Autora: Roberta Clemente

Classificação: R

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Parte 15

Menos de meia hora mais tarde e Chloe estava de volta ao seu lugar de origem, lugar onde fazia sua mágica acontecer. Era fácil e confortável como voltar para casa depois de uma longa viagem. A Watchtower sempre seria seu refugio, amaria para sempre aquele lugar, mesmo com uma pequena sensação bombeando em seu peito de que algo havia mudado.

De frente para os monitores digitou ferozmente, não perderia nem um minuto, nem um segundo se isso significaria dar mais tempo a Lois para se colocar em perigo. Amava sua prima, mas sua incrível capacidade de entrar em situações de quase morte a fazia pensar seriamente em criar um protocolo só para ela, com um plano de vigília e salvamento somente para ela.

-Vamos lá Torre!Ilumine-nos! - chama a voz distorcida de Oliver pelo comunicador. Que trajado de Arqueiro percorria a cidade, preparado para correr na direção que Chloe apontasse.

-Um minuto, Arrow! Mamãe está trabalhando! - Chloe responde neutra, seus dedos eram tão rápidos quanto seus pensamentos.

Tentando raciocinar como Lois, uma repórter, fez o caminho que sua prima deve ter percorrido parar chegar às pessoas que lhe seqüestraram dias atrás, a Herry!

-Torre!Estamos perdendo tempo! Lois já deve estar longe! - a voz impaciente de Clark invade a conversa.

Chloe deixa um leve suspiro escapar.

-Se alguém que pode, tivesse superado o medo de altura, neste momento estaríamos cobrindo o dobro de terreno na metade do tempo, mas... Eu não estou reclamando, estou? - Chloe responde sem pensar e pode escutar o som abafado de uma risada vindo do comunicado de Oliver e quase pode imaginar a cara contrariada de Clark.

-Será que ela ainda está em Metropoles?  - Oliver muda de assunto.

-Pensando como Lois, ela deve ter ido pelo caminho mais seguro... o caminho verde.

-Kryptonita!  - Clark deduz.

-Exatamente! Nos últimos dois anos o meteoro do Kansas sumiu. O que não foi inalado, absorvido, bebido, injetado, ingerido e afins, simplesmente desapareceu. Pouco tempo depois empresas que quisessem fazer uso tinham que conseguir uma autorização para isso... Adivinhem autorização de quem? – Chloe pergunta com um sorriso de desgosto no rosto.

-Há!Fácil. O governo dos Estados Unidos! - Oliver responde sem humor nenhum na voz.

-Um doce pra você!...Se Lois fez o que acho que fez, ela não perdeu tempo com intermediários, ela foi direto a fonte - Chloe diz com certo orgulho escondido.

-O general! - Clark diz entre um suspiro.

-Mais um doce! A desculpa para justificar o chá da tarde deve ter sido muito criativa se conheço minha prima. E a essa altura ela deve estar com a lista de todos os laboratórios autorizados a usar meteoro no bolso de trás... Eu como não visito meu tio há muito tempo, tenho que fazer isso daqui o que só levou vinte minutos para descobrir que em Metropoles existe um pequeno, pequeno demais para chamar atenção, chamado AA.

-AA? - Clark pergunta confuso.

-Quando Harry encenou a versão dele de “O Tio Sam quer você”, ele disse alguém bem interessante... Que Chackmate não tinha sido a primeira versão da Agencia!Que estavam recomeçando!... - Chloe explica levando parar ir até o outro computador no centro da sala, mas não sem antes sentir um arrepio percorrer o corpo ao lembrar-se de Herry Stein e sua calma perturbadora.

-Checkmate é a jogada final. Amanda deu um passo maior que a perna e eles voltaram ao básico. - Oliver diz com uma risada amarga no final. Lembranças do que tinham feito a Chloe e a ele há mais de um ano e a Chloe agora, ainda estavam frescas em sua memória.

-E onde fica esse laboratório Torre? - Clark pergunta com urgência na voz, o medo de que acontecesse com Lois algo parecido com o que aconteceu com Chloe o deixavam quase cego.

-Sinto muito, mas vai ter que guardar sua capa de chuva Blur! Estou vendo as imagens de satélite, há uma movimentação no local acima do normal, o que significa que o funcionamento do lugar está a todo vapor o que significa que...

-Está fora do jogo escoteiro! – Oliver conclui.

-Exato! - Chloe concorda. - Nós não podemos correr o risco de você ficar preso lá dentro.

-Eu sei! - a voz de Clark é de derrota.

-Ainda mais se ele for pelos ares segundos depois. - Oliver diz firme. Semanas atrás deixaram passar aquela informação valiosa por que não tinham Chloe para ligar uma coisa à outra, mas agora esse erro seria reparado. 

-O que? - Clark pergunta quase chocado.

-Arrow está certo. Checkmate se foi, Harry Stein se foi, mas nada impede de continuarem a colocar gente no lugar dele e usarem este lugar como fachada - Chloe diz apenas informando, não pedindo permissão. Aquela não seria uma solução a longo prazo, mas a curto serviria.

-Pelo menos temos que ter certeza de que Lois esta a salvo - Clark desabafa concordando e parando ao lado de Chloe.

Ela gira assustada, escutando a voz em seu ouvido e ao seu lado ao mesmo tempo. Ela encara Clark e quando vê o olhar genuíno de preocupação em seu rosto fica em silencio, guardando o próximo comentário para ela.

-Ok, Arrow!Qual é o seu status? O laboratório está a apenas dez quilômetros ao sul - ela pergunta se voltando mais uma vez ao monitor, tinha chegado a hora.

-Pronto pra deixar esse fantasma do natal passado definitivamente para trás, Torre - Oliver diz acelerando sua moto pela noite fria de Metropoles.

-Não sem antes tirar o coelho da toca, ok? - ela avisa baixinho, mesmo sabendo que não era necessário.

-Ok!

-Ok! - ela sorri respirando fundo. A adrenalina começava a ganhar força em suas veias, mas no fundo sentia uma ponta de preocupação que ameaçava corroer sua certeza de que daria tudo certo.

Oliver chega rápido ao local depois que Chloe passa as coordenadas. O local era pequeno e discreto, mas bem guardado. Pelo infravermelho Chloe pode ver que a movimentação dentro do prédio praticamente desapareceu, mas guardas continuavam em vigília na porta, a única que Lois deveria também estar observando a espera de uma chance para passar.

-Ok, o laboratório está sob meus pés Torre!  - Oliver informa depois de conseguir chegar ao telhado silenciosamente, sem que fosse notado.

-Procure a entrada de ar, ela está a sua esquerda ou ao menos deveria.

-Não precisa dizer duas vezes, acabei de encontrar - Oliver caminha até a saída de uma tubulação de ar que serviria de entrada para o edifício. - Algum sinal da noiva em fuga?

Não se contendo Chloe deixa um sorriso escapar ao codinome. Ela evita olhar para Clark que para por um segundo atrás dela, continuando em seguida a andar sem rumo pela Torre de Vigilância. 

Ela olha mais uma vez para os pontos vermelhos na tela ao lado. Lois estava muito bem escondida e fora de alcance.

-Não!Ainda não! Mas procure dentro do prédio, só para ter certeza.

-Deixe comigo!- Oliver avisa.

-Certo e...Tenha cuidado! - Chloe se segura para não lembrá-lo da promessa que haviam feito um ao outro, de não correr riscos desnecessários, mas não achou justo. Se pra ela era difícil mandá-lo mais uma vez fazer aquilo, para ele ter que ir deveria ser muito mais.

-Eu sempre tenho e não se preocupe. Eu e você! Vamos voltar a aquela banheira logo.

Chloe morde o sorriso que ameaça tomar conta de seu rosto. É claro que ele se lembraria, mas não conseguia impedir seu coração de bater mais forte contra o peito sabendo que ele estaria se esgueirando em uma tubulação, de novo, indo em direção ao perigo.

Engolindo o nó parado na garganta e não dando chance para tudo sair errado mais uma vez ela examina com atenção a planta do prédio, que é relativamente simples e de apenas dois andares. Apenas três pontos vermelhos se moviam no primeiro, três funcionários provavelmente. 

-Espere um pouco! - Chloe sussurra olhando fixamente um dos pontos vermelhos.

-O que? - Clark se aproxima tentando enxergar também seja lá o que Chloe estivesse vendo.

-Esse - ela aponta para o ponto que se movia mais rápido que os outros e mais rápido também.

-Ele parece estar...

-Entrando e saindo das salas do segundo andar? – ela cerra os olhos – Como se procurasse algo? – ela pergunta erguendo uma sobrancelha e balançando a cabeça em descrença. Havia subestimado a prima.

-Lois!

-A fujona está no segundo andar. E você Arrow?

-Estou pousando em uma sala que derreteria até o pensamento do nosso amigo - Oliver informa assim que sai da tubulação.

-Estou te vendo! E a julgar pela pressa dela você não vai ter que fazer nada além de esperar. Lois vai entrar na sala que você está em três segundos... - ela segura o ar no peito, torcendo em silencio para que fosse mesmo Lois, caso contrário estaria deixando o inimigo se aproximar de Oliver. Os pontos, verde e vermelho se juntam na tela e ela escuta o próprio coração.

-Torre! Estou com a encomenda! – Oliver diz irritado, sua voz ganhando volume por causa do distorcedor. 

Aquela voz e aquele tom fariam uma criança chorar, mas Clark e Chloe escutam ao fundo uma nada feliz Lois Lane. Chloe solta o ar que estava preso escapar. Aliviada e mais alerta também. 

-Permissão para usar tranqüilizante? - Oliver pergunta.

Chloe olha de canto de olho para Clark, apertando os lábios juntos, tentando não rir. Ele esfregava a nuca, visivelmente constrangido.

-Ainda não!Você ainda tem que tirar os dois obstáculos do andar de baixo se quiser fazer de hoje quatro de julho! – Chloe escuta Oliver bufar e Lois perguntar com quem ele estava falando. Oliver não responde nem a nenhuma das duas, mas logo os dois estão se movendo e Chloe acompanha.

Chloe sabia que seria muito mais difícil para Oliver fazer tudo sozinho, cogita chamar reforços, mas mantém seus medos de lado e confia nele, como sempre confiou. E Oliver estava indo muito bem. Afinal ele era o Arqueiro Verde, que tinha feito aquilo centenas de vezes antes de conhecê-la e depois também. E tão rápido quanto ele chegou aos pontos eles foram abatidos. 

-Já que você nos colocou aqui, carregue parte da sua bagunça - a voz dele soa estranho pelo comunicador. - Cinco minutos para o feriado, Torre.

Chloe hesita e depois de um segundo entende que a primeira parte era para Lois. Os quatro pontos juntos na tela mostravam que Oliver e Lois estavam carregando os dois guardas para fora e isso não a deixou surpresa, ainda mais quando um xingamento escapou pela comunicação.

Lois realmente não estava feliz. O lado repórter de Chloe tentou entender, afinal era a matéria dela, mas Lois ignorava o perigo que a rondava e se tivesse que impedir sua história de sair na primeira pagina que assim fosse.

-Estamos do lado de fora! - Oliver avisa.

-Ok- Chloe olha o outro monitor, o com a imagem de satélite e aproxima o máximo a imagem. Queria estar o mais perto possível.

Os guardas que antes estavam cada um em uma extremidade agora tinham se juntado facilitando o serviço. – Hora de usar o tranqüilizante, os alvos estão juntos a sua esquerda.

-OK!Entendido! Lois proteja-se e não banque a esperta, isso aqui vai pelos ares em poucos minutos. – Oliver alerta mais do que avisa.

Chloe sente o corpo de Clark parar ao seu lado, tão apreensivo quanto ela e pronto para correr a qualquer segundo. Eles esperam e é só o que podem fazer. Mesmo com todos os recursos que tinham a disposição, simplesmente esperar. Eles olham Lois se afastar, o suficiente e depois esperam contando o tempo Oliver fazer o mesmo. Eles estavam separados por não haver mais tempo de se encontrarem. Lois ao leste e Oliver ao oeste do edifício. De repente o ponto de Lois começa a se mover em direção ao prédio.

-O que ela está fazendo? - a voz baixa de Oliver soa pela comunicação.

-Ela está voltando! - Chloe quase grita. Faltava menos de dez segundos para a explosão e Lois estava indo direto para ela. -Clark! - Chloe grita, mas Clark já não está mais lá. 

Ela olha para o monitor a tempo de um grande clarão tomar conta da tela e todos os pontos sumirem.  O coração de Chloe bate violentamente contra o peito, ela engole seco, tomada pelo choque. 

-Arrow? – a voz dela sai trêmula.

O silencio é torturante. Um minuto pareceu uma vida. Queria desesperadamente escutar a voz de Oliver e nada, o comunicador estava mudo e as telas pretas. Quando o terror começou a tomar conta Clark surgiu atrás dela com Oliver nos braços. 

Os olhos de Chloe se abriram em pânico ao ver seu melhor amigo colocar um Oliver inconsciente no chão. Ela corre até ele e suas mãos param no ar antes que pudessem tocá-lo.

Ele tinha queimaduras em mais da metade do corpo. Chloe chorou ao ver metade do rosto perfeito de Oliver deformado. Ela corre os olhos por ele só para encontrar mais queimaduras estendidas pelos braços.

-Ollie? –ela chama por ele e nada.

Queria tocá-lo, desesperadamente abraçá-lo, mas não sabia como. Por um instante ela busca os olhos de Clark e os encontra também desamparado.

-Lois? - ela pergunta sem conseguir pensar.

-Eu vou... - Clark desaparece antes mesmo de terminar a frase.

Chloe sabia que logo Clark estaria de volta, mas se vê completamente perdida mesmo assim. Ela se aproxima  quanto pode de Oliver, sentindo seu desespero aumentar cada vez mais. 

-Eu vou cuidar de você! - ela diz passando um braço debaixo dele, tentando não gritar com a sensação da carne queimada do braço dele contra sua pele. 

Era isso. Esse o motivo dela ter nascido com um poder, de ser uma meta humana. Salvar Oliver, agora, nesse instante. Ou de nada serviria.

Fechando os olhos por um segundo tentou fazer o que fazia antes, era fácil. Era só querer, como ela queria agora, salvar o homem que amava, não deveria ter amor maior que esse, pelo menos para ela. Mas nem assim funcionou. Nada mudou, nem uma fibra sua, nem uma luz, nem uma energia se elevou.

-Tudo bem - Oliver sussurra

-Ollie! - Chloe abre os olhos quando escuta a voz que tanto pediu para escutar.

-Tudo bem...se você não conseguir - Oliver a conforta entre um gemido de dor e um meio sorriso mais que forçado.

-Não, não está! - Chloe chora em desespero. De repente raiva começa a correr por suas veias.

Raiva de tudo, de Lois por colocá-los naquela situação, de Clark por salvar Lois e deixar Oliver se ferir, mas principalmente de si mesma, por não consegui usar seu poder quando mais precisava dele. 

Ela aperta os olhos, segurando um grito preso na garganta e sente um vento bater em seu rosto e a voz de Lois chamar por ela.

-Chloe?

Chloe abre os olhos e vê Lois, ela parecia perdida, olhando em volta confusa e culpada quando olhou para Oliver. Ela estava ferida, mas não tão ferida quanto Oliver. Chloe sente um aperto no peito quando olha a mão dela que tentava alcançar Oliver, mas que também hesitava, estava  queimada e vermelha, sangrando em alguns pontos.

Chloe olha melhor e vê a queimadura correr o braço dela até onde começava a manga da blusa. Clark não conseguiu chegar a tempo de impedir que o calor queimasse Lois. Ela deveria estar sentindo muita dor, mas talvez a adrenalina ou mesmo o choque estivessem impedindo. 

Queria confortar a prima também, mas o homem em seus braços precisava mais. Oliver estava a ponto de lhe deixar se não fizesse algo. Ela busca os olhos dele mais uma vez e eles estão calmos. A respiração acelerada, mas o olhar calmo, como se não a culpa-se. 

E Chloe se vê perdida, sem poder fazer o que sabia que podia fazer. O tempo corria e nada acontecia. Tinha que ser agora ou perderia Oliver. Por favor, por favor, por favor. Ela fecha os olhos em resignação, pedindo com cada fibra de seu corpo, com cada batida de seu coração que acontecesse. 

Alguns segundos passaram até que seu corpo começa a esquentar e por um segundo não sabia  diferenciar se o calor vinha de seu desespero ou se realmente estava acontecendo. E então ele cresceu, correndo por seus membros, tomando seu corpo por completo até que rompeu essa barreira se espalhou para sua volta.

Clark e Lois viram com espanto uma luz crescer e se transformar em uma chama branca e engolir o corpo de Chloe até se espalhar pela sala, forçando-os a cobrir os olhos quando também foram tomados por ela.

O calor que aquecia o corpo de Chloe começou a ficar insuportável e ela soube o que estava acontecendo. Lutando para se manter consciente sentiu a pele borbulhar, seus braços e peito estavam em brasa e um grito de dor escapou de sua garganta. Cega pela luz sua visão escureceu.

Oliver sentiu suas forças voltarem de uma vez só. Sabia o que estava acontecendo a sua volta, mas seu corpo já começava a sucumbir aos ferimentos e nada pôde fazer até que aquela luz tomou conta de seu corpo também. Não saberia dizer se sua energia tinha sido retirada ou se uma nova colocada em seu corpo. Só se sentiu flutuar, como se estivesse a deriva em água e percebeu que alguns segundos a dor desaparecera por inteiro e então tudo ficou quieto.

A voz grave de Clark invadiu seus ouvidos, o fazendo perceber melhor tudo a sua volta e foi então que ele notou Chloe ao seu lado, deitada em posição fetal, tremendo descontroladamente e gemendo de dor. Seu coração acelerou várias batidas quando como um clarão entendeu que ela curou suas queimaduras e agora elas eram dela.

-Chloe!Eu te peguei! – ele diz baixinho passando os braços em volta dela, levando-a cuidadosamente para seu peito.

-Chloe? – Lois se joga ao lado da prima, sem entender nada, que lugar era aquele, o que Chloe fazia lá, muito menos o que tinha acabado de acontece. Não se importou com as queimaduras que não existiam mais em seus braços, só se importou com sua prima agonizando de dor nos braços de Oliver.

Chloe não conseguia responder nem entender o que diziam a ela, os murmurinhos eram incompreensíveis. Nada era tão grande quanto uma coisa, a dor insuportável. Que era tão grande que a vontade de gritar ficou parada na garganta, presa.

Quis tanto curar Oliver e Lois que quando seu poder ganhou vida saiu sem controle, curando tudo o que estivesse a sua volta. E como conseqüência tomou as dores dos dois para ela, de uma vez só.

Oliver não conseguiu pensar em nada a ser feito a não ser embalar Chloe em seus braços e falar com ela, tranqüilizá-la. Pra que ela soubesse que não estava e não estaria sozinha até que aquilo passasse. Sabendo que era inútil qualquer remédio ou intervenção médica ele silenciou.

-Shu! Estou aqui com você!

Depois de alguns minutos ela acalmou e os punhos cerrados começaram a ceder. O olhar de Clark e Lois sobre eles começou a pesar e Oliver ergueu a cabeça para encará-los. Quis gritar com os dois, mas manteve a calma, por Chloe.

-Clark – ele chama com o tom de voz brando.

Clark se ajoelha a sua frente, como se esperasse uma ordem sua.

-A cama...hum, ela precisa estar confortável se isso vai demorar. – sua voz é fria e dura.

Clark não diz nada, ele só aceita gentilmente Chloe que é passada aos seus braços. Ele acolhe a amiga, e antes de partir olha para Lois que estava ainda em choque com tudo e muda.

-O que você está esperando?Leve ela! – Lois explode o encorajando, sabendo que ele temia por sua reação a tudo e ao que ele faria em seguida.

Olhando dela para Chloe seu peito apertou com a visão de dor no rosto de sua melhor amiga e então sem se importar como mais nada ele partiu em direção a Torre do Relógio.

Oliver corre para o andar de cima, para onde suas roupas estavam. Sua mente vagava, atravessando a rua, até onde Chloe estaria agora, querendo desesperadamente estar ao lado dela.  Nem mesmo a presença de Lois importava tanto.

Se livrando das roupas queimadas ele desce os degraus em espiral, para encontrar Lois parada no mesmo lugar, olhando em volta paralisada. Ele respira fundo e para na frente dela, ficando entre ela e a porta.

-Lois! Acorda!Você tem que vir comigo! – ele tenta, mesmo com tudo dentro dele gritando para correr para casa, não podia deixá-la assim. – Chloe precisa de você, de nós.

Oliver quase suspira internamente quando a essas palavras os olhos dela o reconhecem. Assentindo Lois segue Oliver para fora da Watchtower. O breve trajeto é feito em silencio pelos dois. Os olhos de Oliver sempre um passo a frente, querendo ganhar do tempo.

Quando o elevador parou na cobertura correu sem hesitar pelo corredor em direção ao quarto. Seu coração acelerado quase parou quando abriu a porta e encontrou Chloe encolhida no centro da enorme cama, chorando baixinho.

Ele quis chorar quando se aproximou, sem olhar para Clark, indo direto para ela. Os olhos dela estavam apertados, como se tentasse a muito custo controlar a dor.

-Ollie! – Chloe sussurra quando percebe a presença dele, mesmo em silencio sabia que ele estava ali.

-Estou aqui! – Oliver deita devagar ao lado dela, passando delicadamente os braços em volta da cintura dela, oferecendo seu peito para ela.

Chloe enrola os dedos na camiseta dele, se agarrando como pode.

-Você precisa dormir!E eu prometo que a dor vai ter passado quando você acordar! – Oliver sussurra, beijando a testa dela e tentando acreditar nas próprias palavras.

Sozinhos eles ficam em silencio. Os minutos correm e a dor impede que Chloe adormeça, mais de uma hora havia passado quando cansada demais seu corpo cedeu. Oliver não a deixou em nenhum momento, nem quando Clark e Lois revezaram entrando e saindo do quarto para ver Chloe. Foi como se eles não estivessem lá. Oliver só tinha olhos para Chloe.

Já era madrugada e ela continuava a dormir profundamente quando Oliver se permitiu afrouxar os braços em volta dela e se afastar suficientemente para ela ter espaço. Ele deitou a cabeça no outro travesseiro, mas manteve uma mão repousando sobre a cintura dela, mantendo o contato.

Cansado e sem saber por quanto tempo ela dormiria deixou o corpo relaxar minimamente ao seu lado e logo também estava dormindo. Acordava assustado, mas logo a visão dela dormindo calma ao seu lado o confortava e acalmava.

E assim passaram horas. O dia já havia amanhecido há muito tempo quando Chloe começou a abrir os olhos. Como se estivesse despertando em um dia qualquer. Sem dor, sem nada a não ser as lembranças da noite passada lhe incomodando, ela sorri quando seus olhos encontraram Oliver dormindo ao seu lado. Sem pensar ela estica o braço para alcançar o rosto dele.

Oliver é retirado de seu sono quando sente o toque dela. Seus olhos abrem assustados para se acalmarem no segundo seguinte. Ela está sorrindo para ele como fazia todas as manhãs que acordaram juntos.

-Oi!

-Oi!

CONTINUA